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Peça 5 Tiago da Magnum Eletrônica

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2º VARA DO JUIZADO 
ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE VITÓRIA 
 
 
 
 
 
Magnum Eletrônica Ltda., empresa com domicílio na Rua t 89 Qd 18 Lt 20 nº800 no Pedro 
Ludovico, na comarca de Vitória, inscrita no CNPJ/MF 05.790.065/0001- 00, vem à presença de 
V. Exa. com o devido respeito, por intermédio de seu advogado (procuração anexa), cujo escritório 
se localiza na Rua 01 Qd 09 Lt 12 n 80 Jardim dos Palmares, CPC, art. 39, I e art. 26 para, com 
fundamento na lei 9.099, apresentarem a presente 
 
CONTESTAÇÃO 
 
À ação condenatória proposta por Tiago Pires Silva, já qualificado, com base nos fatos e 
fundamentos a seguir expostos: 
 
I - DOS FATOS 
 
Trata-se de demanda em que o autor pleiteia indenização por danos materiais e morais.Argumenta 
a inicial que o autor adquiriu aparelho eletro-eletrônico junto à ré ("toca-CDs"), no valor de R$ 
400,00 (quatrocentos reais) e que, desde o momento da compra, o produto se apresentou 
defeituoso (dano na antena externa).Depreende-se ainda da exordial que: a demanda é ajuizada 
passados quatro meses da compra do bem e não houve qualquer reclamação prévia por parte do 
autor, tendo ele permanecido silente até o presente momento. 
 
Diante disso, pede-se indenização no valor de R$ 600,00 (seiscentos reais), quantia essa que, no 
dizer do autor, seria suficiente para adquirir um aparelho de nível superior e, assim, "compensar os 
contragostos decorrentes da compra do aparelho danificado". 
É a síntese do necessário. 
 
II - DO DIREITO 
 
Com a devida vênia ao autor, o pedido formulado deve ser julgado improcedente. No caso, na 
verdade busca-se verdadeiro enriquecimento ilícito, como a seguir se demonstrará.Por sua vez, 
inicialmente é de se apontar a existência de decadência. 
 
1. DA DECADÊNCIA DO DIREITO DE RECLAMAR PELOS VÍCIOS DO PRODUTO 
 
O direito de reclamar por eventuais vícios existentes no referido bem já foi vitimado pela 
decadência.Como visto no relato dos fatos, o produto já foi comprado há 4 (quatro) meses, sendo 
que o direito de reclamar dos vícios aparentes caduca em 90 (noventa) dias, que corresponde ao 
período de 3 (três) meses.É o que se percebe da simples leitura do disposto no art. 26, II, do CDC 
(Lei 8.078/90).Tal artigo é expresso ao reconhecer como de 90 (noventa) dias o prazo de 
decadência para reclamar de vícios de fácil constatação de bens duráveis.É indubitável que uma 
antena externa quebrada de um equipamento de som se enquadra como um "vício aparente" em 
um "produto durável". 
 
Destarte, certo é que estamos diante da decadência, o que acarreta a extinção do processo com 
resolução de mérito, nos termos do art. 269, IV, do CPC. 
 
2. DA INEXISTÊNCIA DE QUALQUER DANO MORAL (PREVISÃO LEGAL DE TROCA DO BEM, 
DEVOLUÇÃO DOS VALORES OU ABATIMENTO DO PREÇO, EM HIPÓTESES DE DEFEITOS 
NOS PRODUTOS) 
 
Ad argumentandum, na hipótese de não reconhecer a decadência, não resta dúvida de que, no 
caso, inexiste o alegado dano moral.Ora, se um suposto defeito em uma antena de um 
eletroeletrônico der causa a dano moral - especialmente diante da longa inércia do autor, que 
sequer reclamou junto à ré -, então a vida em sociedade será absolutamente insuportável. 
 
Dano moral não é qualquer aborrecimento corriqueiro que todos os que vivem em sociedade estão 
sujeitos. Para que se configure tal espécie de dano, imprescindível uma situação verdadeiramente 
vexatória e capaz de causar angústia.E, no caso concreto, qual o "aborrecimento" sofrido pelo 
autor? Em verdade, nenhum! Por mais que se leia a inicial, não há nada ali que indique um efetivo 
dano. 
 
Outrossim, vale lembrar que o próprio Código de Defesa do Consumidor já prevê solução para o 
caso de produtos danificados. Referimo-nos aqui no art. 18 de tal diploma legal.Como se percebe 
da simples leitura de tal dispositivo, constatado um vício no produto, e caso não sanado tal vício 
pelo fornecedor no prazo de 30 (trinta) dias, pode o consumidor exigir a troca do produto por 
outro (art. 18, I) ou a restituição dos valores pagos, devidamente corrigidos (art. 18, II) ou o 
abatimento do valor (art. 18, III). 
 
Portanto, a própria legislação consumerista traz as soluções para o caso de vício do produto, não 
havendo qualquer previsão em relação ao cabimento de dano moral, o que inviabiliza o pedido 
formulado pelo autor.E a situação é ainda mais gritante no caso concreto, pois não houve qualquer 
atitude da ré em relação ao suposto vício, visto que o autor não formulou qualquer reclamação 
junto a esta empresa.Portanto, inexiste qualquer conduta da ré capaz de ter dado causa ao 
propalado dano, o que afasta qualquer possibilidade de responsabilização civil (CC, art. 186). 
 
III - DO PEDIDO 
 
Ante o exposto, pede e requerem os réus a V. Exa.: 
 
a) o reconhecimento da decadência, com a extinção do processo com resolução de mérito; 
 
b) caso assim não tem V. Exa., a improcedência de qualquer indenização referente a danos morais; 
 
c) protesta provar o alegado por todos os meios de prova previstos em lei, especialmente pelos 
documentos já juntados aos autos. 
 
Termos em que, 
Pede deferimento. 
 
Vitória, 01 de novembro de 2016 
 
_________________________ 
Thayanae Barbosa Vieira - Advogada 
 OAB|GO-12.000

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