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NUTRACÊUTICOS Ana Karoline de Oliveira Costa Nutricionista Gastrônoma Especialista em Nutrição Clínica Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos Histórico • Evolução da ciência da Nutrição: ação de cada nutriente no organismo • Substâncias normalmente presentes nos alimentos- compostos bioativos (CB), ainda não consideradas como nutrientes, mas são importantes, principalmente para redução do risco de doenças. Histórico • Mostrar o alimento com ação de medicamento, ou seja, retornando aos escritos de Hipócrates (460-370 AC) que já afirmava: “Deixe o alimento ser o seu remédio e o remédio seu alimento”. Histórico • Consumo de alimentos para a redução do risco de doenças começou no Japão, na década de 1980, por incentivo de cientistas do Ministério da Saúde e Bem Estar; • Década de 90: FOSHU (Foods for Specified Health Use), promovendo alimentos que conferissem mais saúde à população. Histórico A definição proposta para essa nova categoria de alimentos foi: “Alimentos projetados e processados para suprir funções relacionadas aos mecanismos de defesa do organismo, controle do ritmo corporal e prevenção e recuperação de doenças”. Histórico • Em 1995, o ILSI (International Life Science Institute): “aqueles que melhoram ou afetam a função corporal, além do seu valor nutricional normal”. • Ou seja, alimentos que, além de sua função primordial de nutrir, teriam também características específicas que contribuiriam para redução do risco de doenças. Histórico • Zeisel (1999): Suplementos alimentares que contêm a forma concentrada de um composto bioativo de alimento, apresentado separadamente da matriz alimentar e utilizado com a finalidade de melhorar a saúde, em doses que excedem aquelas que poderiam ser obtidas de alimentos. Histórico • Roberfroid classificou as substâncias que poderiam levar à produção de alimentos funcionais, como: 1) um macronutriente essencial que teria efeito fisiológico específico, como, por exemplo, amido resistente, ácido graxo w3, dentre outros; 2) um micronutriente essencial, desde que ele conferisse um benefício especial, por meio da ingestão de doses acima das DRIs (Dietary Reference Intakes); e, 3) não nutrientes que teriam um efeito fisiológico, tais como oligossacarídeos e fitoquímicos em geral. Legislação brasileira ANVISA (1999) • Alimentos com alegações de propriedade funcional e de saúde Alimentos funcionais Dividem-se em 3 categorias: 1. Reduzem o risco de doenças; 2. Modulam funções do sistema imunológico; 3. Melhoram ou modulam disposição e desempenho físico. Alimentos funcionais • Consumo deve associar-se a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis. • Não fazem referência ao tratamento, prevenção ou cura de doenças. Alegação de propriedade funcional ou de saúde, Segundo ANVISA: • Caráter opcional; • Seguro sem supervisão médica; • Nova propriedade funcional: comprovação científica; • Não são permitidas alegações de cura e prevenção de doenças; • Alegação relacionada ao consumo previsto ou recomendado pelo fabricante. Nutrientes com função reconhecidas pela comunidade científica • Nutrientes intrínsecos ao produto, presentes pelo menos na quantidade estabelecida para o atributo “fonte”, conforme a Regulamentação sobre Informação Nutricional Complementar; • Específicos quanto à função do nutriente objeto da alegação; • Vinculados ao alimento de consumo habitual da população, o qual não deve ser ocasional e nem estar apresentado em formas farmacêuticas. Tipos de alimentos Antioxidantes Prebióticos Probióticos Simbióticos Substâncias que retardam ou inibem significativamente a oxidação de substratos, formando menos compostos reativos Componentes alimentares não digeríveis que estimulam crescimento e ação de bactérias intestinais Bactérias vivas usadas para alterar composição ou atividade da microbiota endógena, modular sistema imune e beneficiar saúde. Produto no qual um Probióticos e um Prebióticos estão combinados Vitaminas E, C, A, Cobre, Zinco, Selênio, Flavonoides e fitosterois. Frutooligossacaríd eos (FOS) Inulina Bactérias pertencentes aos gêneros Lactobacillus, Bifidobacterium e Enterococcus faecium FOS adicionado a um iogurte Probióticos Legislação brasileira ANVISA (2002) • Resolução RDC nº 2, de 2002: Substância bioativa- a definição oficial mais equiparável a nutracêuticos. Essa é definida como nutriente ou não nutriente com ação metabólica ou fisiológica específica no organismo, devendo estar presente em fontes alimentares, seja de origem natural ou sintética, sem finalidade medicamentosa ou terapêutica. Em outros países • Nos EUA, o termo não é reconhecido oficialmente, no entanto, por suas características, poderia ser enquadrado, como um suplemento dietético: muitos produtos com potencial efeito farmacológico, têm sido vendidas livremente como ingredientes de suplementos dietéticos; Em outros países • Na UUEE, um dos princípios do setor é que um produto alimentício não pode ser apresentado como agente modificador ou restaurador de funções fisiológicas do organismo e nem figurar como tratamento de patologias. • Em termos de leis europeias, muitas substâncias seriam classificadas como medicamento em lugar de componentes alimentares. Definição • Pesquisadores e indústria têm usado vários termos similares para expressarem seus conceitos ou para focarem as características do seu produto. Derivam de alimentos funcionais e muitas vezes se sobrepõem: Nutracêutico vem de “Nutriente” + “Farmacêuticos”, Definição Nutricosméticos: pílulas, líquidos e lanches que prometem melhorar a aparência da pele, do cabelo e das unhas, ou simplesmente, ter poder emagrecedor Definição Substâncias que se apresentam numa faixa entre comida e remédio, entre nutriente e medicamento: nutrientes tradicionais e não-nutrientes como as fibras e substâncias que podem contribuir para a prevenção ou mesmo cura de doenças, como o licopeno do tomate, o resveratrol do vinho, os fitoesteróis da casca da uva e que podem estar presentes, ou não, em alimentos Avanços na pesquisa • Pesquisas avançaram e hoje demonstra-se ação para substâncias, tanto de origem vegetal como animal. Porém: • Ocorre difusão de conhecimentos ainda não totalmente conclusivos para a maioria das substâncias estudadas; • A quantidade das substâncias presentes nos alimentos é muitas vezes insignificante para os efeitos pretendidos; • A maioria dos trabalhos realizados com estes compostos utilizou doses purificadas muito mais altas daquelas que seriam normalmente obtidas por meio dos alimentos. Uso contínuo • Uso habitual desses alimentos: • População asiática e consumo de soja- redução dos riscos da osteoporose; Uso contínuo • População do mediterrâneo, alimentação rica em frutas, verduras, azeite de oliva e vinho tinto e redução do risco de DCV, câncer e obesidade. Biodisponibilidade dos compostos ativos • Da mesma forma que para os nutrientes em geral, varia de acordo com a matriz alimentar e com o processamento do alimento. • Considerando apenas o CB isolado, purificado, este também pode ter sua capacidade diminuída para a ação, dependendo do processo de extração utilizado. Toxicidade e segurança • Doses acima das normalmente encontradas poderiam causar efeitos adversos desconhecidos; • Evidência da segurança deve provir de ensaios clínicos em humanos devido às limitações dos ensaios em modelos animais; Toxicidade e segurança • Os testes clínicos mais importantes avaliam a segurança do nutracêutico por comparação entre um grupo que recebe o tratamento com a substância e outro que recebe placebo; • Estudos epidemiológicos avaliam segurança de nutracêuticos, fornecendo dados para determinar evidências de risco à saúde humana associada à ingestão do produto. Exemplos 1) Lipídeos com características funcionais: Fitosteróis com ação sobre o colesterol, reduzindo os riscos de DCV; Exemplos 1) Fitoesteróis: componentes lipídicos das plantas, com estrutura molecular semelhante à do colesterol: Melhoria de distúrbios auto-imunes e diminuição dos níveis de colesterol quando ingeridos em alimentos; Ajudariam a melhorar o diabetes do tipo I e tipo II; Mulheres que ingerem mais fitosteróis seriam menos suscetíveis de desenvolver câncer de mama; Podem diminuir expansão do câncer de mama já instalado como o de próstata e do cólon em modelos animais e em testes "in vitro". Fontes: grãos, sementes, oleaginosas e óleos vegetais. Exemplos 2) Ácidos graxos da família do ômega 3: alguns estudos demonstram sua ação também reduzindo o risco de DCV; Exemplos 2) Ácidos graxos ômega 3: ácido linolênico (α-linolênico); • ALA; EPA; DHA; • Efeitos antitrombóticos, anti-inflamatórios e vasodilatadores; • Benéficos para pacientes com doenças cardíacas, HAS, DM e condições inflamatórias como a colite ulcerativa. Exemplos 3)Polifenóis- frutas e vegetais folhosos- as classes de flavonóides, dos ácidos fenólicos e das lignanas. Exemplos 3) A ação destes compostos na redução do risco de doenças está ligada à atividade antioxidante, e estes CB são também referidos como fitoquímicos. Exemplos 4) Outras classes de CB encontradas em plantas, como glicosinolatos e carotenóides, também apresentam ação antioxidante e podem ser incluídos nesta lista. Exemplos 5) Dentre os micronutrientes, vitaminas como E e C e minerais como selênio e zinco, possuem atividade antioxidante e atuam no sistema imune. Exemplos 6) Dentre as proteínas, os peptídeos do leite podem agir na redução do peso corporal assim como da pressão arterial; Exemplos 7) Dentre as fibras alimentares, algumas tem ação na redução de doenças como a obesidade, e no controle da diabetes. A inulina e alguns oligossacarídeos, com atividade prebiótica, estão incluídos nesse grupo. Conclusão • Muito ainda será descoberto sobre a capacidade destes compostos em agir modificando o risco para doenças ou retardando seu aparecimento. • A ciência vem demonstrando a influência dos nossos genes, alterando nossas respostas tanto em relação aos nutrientes como em relação aos CB. • Desta forma, com este conhecimento, no futuro poderemos indicar uma alimentação mais personalizada, com o objetivo de promover a saúde e a longevidade. Referências • AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Guia para Comprovação da Segurança • de Alimentos e Ingredientes. Disponível em: < http://portal.anvisa.gov.br/documents/33916/395734/Guia+para+Comprova%C3%A7%C3%A3o+da+Seguran%C3% A7a+de+Alimentos+e+Ingredientes/f3429948-03db-4c02-ae9c-ee60a593ad9c> • EDITORA INSUMOS. Funcionais e nutracêuticos: uma breve introdução. Disponível em:< http://insumos.com.br/funcionais_e_nutraceuticos/materias/77.pdf>. • EQUALIV. O QUE SÃO NUTRACÊUTICOS? Disponível em: http://www.equaliv.com.br/nutraceuticos/. • LIRA, C.R.G. ZUCCO, F. NEGRÃO, A.N. SILVA, M.A.S. MURAKAMI, F.S. Nutracêuticos: aspectos sobre segurança,controle de qualidade e legislação. Rev. Bras. Farm., 90(1): 45-49, 2009. Disponível em: < http://rbfarma.org.br/files/pag_45a49_180_nutraceuticos.pdf> • MORAES, F.P. COLLA, L.M. Alimentos funcionais e nutracêuticos: definições, Legislação e benefícios à saúde. Disponível em: < https://revistas.ufg.br/REF/article/viewFile/2082/2024> • NESTLÉ. Fitoesteróis: aliados na redução da absorção do colesterol. Disponível em: https://www.nestle.com.br/site/fazbem/nutricao/d/fitoesterois-aliados-na-reducao-da-absorcao-do-colesterol.aspx. • SAÚDE JÁ. Fitosteróis onde encontrar? Disponível em: http://www.saudeja.com.br/blog/fitoesterois-onde-encontrar. • TALBOT, S.M. HUGHES, K. Suplementos dietéticos para profissionais da saúde. Rio de Janiero: Editora Guanabara Koogan, 2008 • UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA. Nutracêuticos. Disponível em: http://www.uepg.br/fitofar/dados/nutraceuticos.pdf. • UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO. Nutracêuticos. Disponível em: http://www.farmacia.ufrj.br/consumo/leituras/ld_lec_nutraceuticos.htm. • UNIVERSO EDUCAÇÃO FÍSICA PROFISSIONAL. Nutracêuticos: o que Significa? Diisponível em:< http://profissional.universoef.com.br/container/gerenciador_de_arquivos/arquivos/316/nutraceuticos-o-que- significa.pdf> .