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Fichamento Aplicabillidade das normas Constitucionais

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Fundação Universidade Federal de Rondônia 
Disciplina: Direito Constitucional 1
Aluna: Thais Hurtado Vieira
SILVA, José Afonsa da. Aplicabilidade das Normas Constitucionais. 6º ed. São Paulo, SP: Editora Malheiros.
“O direito constitucional manisfeta-se rico de influência da realidade social e política. O sociologismo jurídico exacerba essa influência fática, concebendo a constituição como fato,a antes como norma.” Página 22
[...] “o sociologismo constitucional fundamenta-se nas seguintes afirmações: a) a constituição é primordialmente uma forma de ser e não de dever-ser; b) a cosntituição é imanência das situações e estruturas soscias do presente, que, para uma grande parte do pensamento do século XIX [...] se identificam com situações e relações econômicas; c) a constituição não se sustenta numa norma transcendente [...]; d) [...] a concepção racionalista da constituição gira sobre o momento de validez, a conepção sociológica o faz sobre a vigência, considerada esta como praticidade e efetividade das normas, na verdade como eficácia social da regra jurídica.” Páginas 22 e 23
“Lassalle é exímio representante do sociologismo constitucional. [...] segundo Lassalle, relacionam-se as duas constituições de um país: a real e efetiva, formada pela soma dos fatores reais e efetivos que regem na sociedade, e a escrita, a que, para distinguir daquela, ele denomina folha de papel.” Página 23
“No fundo, a concepção política da consituição revela certa faceta do sociologismo, segundo formulação de Carl Schmitt, que a considera como decisão política fundamental.[...] Schmitt pesquisou, na literatura político-jurídica, todos os sentidos do vocábulo constituição, classificando-os em quatro grupos: a) sentido absoluto; b) sentido relativo; c) sentido positivo; d) sentido ideal.” Página 26
“Em sentido absoluto, a constituição é considerada como um todo unitário, significando: o próprio Estado, o Estado é a constituição, a qual é a concreta situação de conjunto da unidade política ordenação social de um certo Estado, a forma de governo,[..].” Página 27
“Em sentido relativo, a constituição aparece com uma pluralidade de leis particulares; o conceito de constituição fixa-se, aqui, segundo características externas e acessórias, formais, correspondendo ao conceito de lei constitucional concreta.” Página 27
“Em sentido ideal, a constituição identifica-se com certo conteúdo político e social, tido como ideal, nesse caso, só existirá constituição quando um documento escrito corresponder a certo ideal organização política, adotando determinadas ideologias e soluções, consideradas como as únicas legítimas.” Página 27
“Em sentido positivo, a constituição é considerada como decisão política fundamental, decisão concreta de conjunto sobre o modo e forma de existência da unidade política, só sendo possível um conceito de constituição quando se distinguem constituição e lei constitucional.” Página 28
“A constituição em sentido positivo surge através de um ato do poder constituinte; nesse sentido, a constituição só contém a determinação consciente da concreta forma de conjunto pela qual se pronuncia ou decide a unidade política.” Página 28
“Em resumo, para Schmitt a essência da constituição não se acha numa lei, o norma, mas no fundo ou por detrás de toda normatividade está uma decisão política do titular do poder constituinte, isto é, do povo na democracia, e do monarca na monarquia autêntica.” Página 29
“Na concepção jurídica, que interessa ao jurista como tal, a constituição se apresenta essencialmente como norma jurídica, norma fundamental, ou lei fundamental de organização do Estado e da vida jurídica de um país.[...] A constituição é, pois, um sistema de normas.” Página 29
 “A concepção jurídica de constituição coloca-se em posição antagônica à concepção sociológica.” Página 30
“A palavra constituição é tomada por Kelsen em dois sentidos: no lógico-jurídico e no jurídico-positivo. De acordo com o primeiro, constituição significa a norma fundamental hipotética, cuja função é servir de fundamento lógico transcendental da validade da constituição jurídico-positiva.” Pág. 30
“A constituição jurídico-positivo, na concepção kelseniana, equivale à norma suprema, conjunto de normas que regula a criação de outras normas, lei nacional no seu mais alto grau; ou certo docuemento solene, conjunto de normas jurídicas que somente podem ser alteradas observando-se certas prescrições especiais.” Página 31
“García-Pelayo, desde logo, destaca que o direito constitucional vigente, como todo Direito, não é norma pura norma, mas a síntese da tensão entre norma e realidade com que se defronta, e concebe a constituição como parte integrante da ordem jurídica, da ordem estatal e da estrutura política.” Página 32
“ Heller também perquire um conceito unitário de constituição. Contesta o normativismo kelseniano, que priva as normas de seu sentido ser/dever-ser[...]. Página 32
“Para Heller a constituição estatal forma um todo, no qual aparecem, completando-se reciprocamente, a normalidadee a normatividade, assim como a normatividade jurídica e a extrajurídica.[...] diz ser preciso “disinguir, em toda constituiçao estatal, e como conteúdos parciais da constituição política total, a constituição não normada e a normada; e dentro desta, a normada extrajuridicamente e a que é juridicamente”.” Página 33
“[...] a normatividade do direito constitucional só se pode conceber, em última instância, partindo da complexa conexão que existe entre o Direito como norma objetiva e a realidade total.” Página 34 
“[...] Assim, a constituição não normada (realidade sócio-cultural) e a constituição normada (normativa, jurídica e extrajuridicamente) são conteúdos parciais da Constituição política total, configurando elementos estáticos e dinâmicos, normalidade e normatividade, ser e dever-ser.” Página 34
“Mas a constituição não se confunde com o regime político, como certa corrente doutrinária pretende. Ela é sempre normativa. Compreende os elementos jurídicos estruturais da sociedade estatal.” Página 36
“ A constituição em sentido material é concebida, em doutrina, numa acepção ampla e noutra restrita. No sentido amplo, identifica-se com a organização do Estado, com regime político [...].” Página 37
“ Em suma, se todo Estaado existe de certo modo, sob certa forma, esse seu modo de existir, qualquer que seja, é a sua constituição.
[...]
Mais restritamente, a constituição material designa as normas constitucionais escritas que regulam a estrutura do Estado, a organização de seus órgãos e os direitos fundamentais do homem[...].” Página 38
[...] “Constituição formal será, portanto, a peculiar forma de existir o Estado, reduzida, sob forma escrita, a um ou mais documentos solenemente estabelecidos pelo poder constituinte e somente modificáveis por processos e formalidades especiais previstos no texto constitucional.
[...] “Vale, pois, dizer que o conceito, aqui adotado, de constituição formal corresponde ao conceito de constituição escrita e rígida, constituição como norma objetiva, legislada. “Páginas 39 e 40
“O conceito de rigidez, consubstanciado na imutabilidade relativa da constituição, é de fundamental importância na teoria do direito constitucional contemporâneo. Funciona como pressuposto: a) do próprio conceito de constituição em sentido formal; b) da distinção entre normas constitucionais e normas complementares e ordinárias; c) da supremacia formal das normas constitucionais. Constitui, também, suporte da própria eficácia jurídica das normas constitucionais.” Página 40
“Afirma-se, apenas, que uma constituição, no conceito formal, há que ser escrita e rígida, e o máximo que se pode extrair daí é que as constituições juridicamente rígidas são necessariamente escritas”. Página 41
“Rigidez constituição significa imutabilidade da constituição por processos ordinários de elaboração legislativa.” Página 41
“Mas há constituições escritas flexíveis. Tem-se flexibilidade constitucional quando nenhuma forma especial é prevista parasua revisão, sem que se considere seu caráter escrito ou costumeiro.” Página 41
“Mas a constituição rígida,[...] não pode descer a pormenores, a assuntos tidos como de menor relevo, ou que devem constituir apenas desdobramentos de normas e princípios constitucionais. Não pode, nem deve, regular todos os assuntos, todas as instituições políticas; por isso, deixa muitos deles às leis ordinárias, ou complementares. Página 42
“Normas constitucionais são todas as regras que integram uma constituição rígida. Isso não exclui o reconhecimento de disposições de conteúdo constitucional fora desse documento solene estabelecido pelo poder constituinte, que é a constituição dogmática formal.” Página 44
“[...] são normas de direito constitucional material aquelas que versam sobre a estrutura do Estado, funcionamento de seus órgãos, direitos e deveres dos cidadãos; e são normas de direito constitucional formal todas as prescrições que o poder constituinte inseriu numa constituição rígida, pouco importando sua natureza material.” Página 46
“[...] Uma das consequências da rigidez é exatamente transformar em constitucionais todas as disposições que integram a constituição. As normas materialmente constitucionais transmudam-se em normas de direito constitucional formal, às demais, uma vez inscritas numa constituição rígida.” Página 46
“Ora, nossa constituição ainda é de natureza rígida, desde que, nos termo de seu art. 60, só pode ser modificada por processo legislativo diverso do previsto para a formação das outras leis (arts. 61- 69).” Página 47
“Nossa constituição, como a maioria das cartas políticas contemporâneas, contém regras de diversos tipos, função e natureza, por postularem finalidades, mas coordenadas e inter-relacionadas entre si, formando um sistema de normas que se condicionam reciprocamente. Algumas delas são plenamente eficazes e de aplicabilidade imediata; outras são de eficácia reduzida, dependem de legislação que lhes integre o sentido e atue sua incidência; não são de aplicabilidade imediata, mas são aplicáveis até onde possam.” Página 47
“Todas as disposições constitucionais têm a estrutura lógica e o sentido das normas jurídicas. São imperativos que enlaçam dois ou mais sujeitos de uma relação, atribuindo direitos e obrigações recíprocas; quando nada, atribuindo situações de vantagem de vínculo ou desvantagem, como demonstraremos com mais vagar.” Página 51
“As normas jurídicas, inclusive as constitucionais, são criadas para reger relações sociais, condutas humanas; enfim, para serem aplicadas. Aplicabilidade exprime uma possibilidade de aplicação. Esta consiste na atuação concreta da norma, “no enquadrar um caso concreto em a norma jurídica adequada. Submete às prescrições da lei em uma relação da vida real; procura e indica o dispositivo adaptável a um fato determinado. Por outras palavras: tem por objeto descobrir o modo e os meios de amparar juridicamente um interesse humano.” Página 51
“Aplica-se a lei, interpretando, diz Cossio. Mas uma norma só é aplicável plenamente se estiver aparelhada para incidir, o que suscita várias questões, além da interpretação, como: Estará em vigor? Será válida ou legítima? Será apta para produzir os efeitos pretendidos, ou precisará de outras normas que lhe desenvolvam o sentido? Em outras palavras: tem, ou não tem, eficácia?” Página 51
“Juridicamente, no entanto, a aplicabilidade das normas constitucionais (também de outras) depende especialmente de saber se são vigentes, se são legítimas, se têm eficácia.” Página 52
“A vigência, aqui, é tomada no seu sentido técnico-formal de norma que foi regularmente promulgada e publicada, com a condição de entrar em vigor em data determinada.” (Página 52)
“Vigência (do verbo viger, do latim vigere) é, no sentido indicado, a qualidade da norma que a faz exigir juridicamente e a torna de observância obrigatória, isto é, que a faz exigível, sob certas condições. [...] A constituição – e assim as leis em geral – contém uma clausula de vigência; cláusula que determina o momento em que ela começará a vigorar e, com isso, tornar-se apta a produzir os efeitos de seu próprio conteúdo.” (Páginas 52 e 53)
“A teoria jurídica conhece a vacatio legis, que é o período que vai da publicação do ato promulgatório até a efetiva entrada da lei em vigor, “e por duas razões se justifica: porque faz a lei mais e melhor conhecida e porque proporciona, às autoridades incumbidas de fazê-la executar e ás pessoas por ela atingidas, a oportunidade de se prepararem para a sua aplicação.” (Página 53)
“Não é, pois, comum a vacatio constitucionis, mas sua natureza não difere da vacatio legis em geral. Nesse período, a constituição não regula nada; embora já exista juridicamente em sua totalidade, porque, praticamente, só atua o dispositivo que marcou o momento de sua entrada em vigor.” (Página 54)
“Nesse período, portanto, continua a reger os destinos do Estado a lei maior que já existia. Toda lei ordinária que tenha sido criada no período de vacatio constitutionis será inválida se contrariar as normas constitucionais existentes, mesmo quando esteja de acordo com a constituição já promulgada, mas não em vigor.” (Página 54)
“As normas ordinárias e mesmo as complementares são legítimas quando se conformam, formal e substancialmente, com os ditames da constituição.” (Página 55)
“Uma constituição, porém, já é o sistema normativo de grau mais elevado na ordenação jurídica do país. Informa e confere validade a todo o ordenamento normativo nacional, cuja unidade, coesão e conexão de sentido encontram nela seu fundamento. As demais normas jurídicas que dela discordarem ou divergirem são ilegítimas, inválidas, inconstitucionais, e devem ser ineficazes juridicamente, em princípio.” (Página 55)
“O normativismo puro de Kelsen sustenta que a constituição encontra o fundamento de sua validade da norma fundamental, pressuposta e hipotética. E Carl Schmitt diz que a constituição vale em virtude da vontade política existencial daquele que dá, pois toda espécie de normação jurídica – também a normação constitucional – pressupõe tal vontade como existente.” (Página 56)
“A tese de Kelsen é inaceitável exatamente porque repele a interferência do poder na fundamentação da legitimidade das normas.” (Página 56)
“Mas as normas constitucionais, por serem informadoras e condicionadoras da ordem jurídica total, surgem da decisão de um poder especial dimanado da própria soberania do povo, e é o poder constituinte, enquanto as demais normas inferiores, condicionadas, surgem da decisão dos poderes constituídos e derivados.” (Página 57 e 58)
“Quando se trata de estabelecer uma constituição nova, a decisão provém de um poder constituinte originário não limitado juridicamente; se, no entanto, se cuida de modificar uma constituição existente, a decisão, para tanto, pode ser atribuída a própria legislatura ordinária, revestida, então, do poder de reformar ou emendá-la. Nos Estados Democráticos o poder constituinte pertence ao povo. Aliás, sempre pertence ao povo; e , se uma constituição vem de outra fonte, é que ocorreu usurpação.” (Página 58)
“Se a norma não dispõe de todos os requisitos para sua aplicação aos casos concretos, falta-lhe eficácia, não dispõe de aplicabilidade.” (Página 60)
“O normativismo distingue, com precisão, a vigência. Vigência da norma, para ele, pertence à ordem do dever-ser, e não à ordem do ser. Vigência significa a existência específica da norma; eficácia é o fato de que a norma é efetivamente aplicada e seguida; a circunstância de que uma conduta humana conforme à norma se verifica na ordem dos fatos.” (Página 64)
“Em resumo:
I – Positividade do Direito exprime a característica de um Direito que rege, in concreto, a conduta humana, mediante normas bilaterais e atributivas, socialmente postas; pode ser histórico, como atual; opõe-se a direito natural.
II – Vigência do Direito, ou Direito vigente, caracteriza o Direito que rege, aqui e agora, “hic et nunc”, as relações sociais, refere-se ao Direito presente; designa a existência específicade uma norma. Opondo-se ao direito histórico.
III – Eficácia do Direito: toma-se a expressão em dois sentidos. A eficácia social designa uma efetiva conduta acorde com a prevista pela norma [...]. ”(Página 64)
“O caráter imperativo das normas jurídicas revela-se no determinar uma conduta positiva ou uma omissão, um agir ou um não-agir; daí distinguirem-se as normas jurídicas em preceptivas – as que impõem uma conduta positiva – e em proibitivas - as que impõem uma omissão, uma conduta omissiva, um não-atuar, não-fazer.” (Página 67)
“A clássica distinção das normas jurídicas sob o ponto de vista da eficácia – a qual resume todas as outras - é que as separa em normas coercitivas (ius cogens, normas cogentes, taxativas, na terminologia de Del Vecchio) e normas dispositivas (ius dispositivum).” (Página 70)
“Coercitivas, de acordo com a doutrina, são as que impõem uma ação ou uma abstenção independentemente da vontade das partes, classificando-se, por isso, em normas preceptivas (ou, segundo outros, imperativas) e em normas proibitivas.” (Página 70)
“Dispositivas são as que “completam outras ou ajudam a vontade das partes a atingir seus objetivos legais, por que da natureza imperativa do Direito não se segue que ele não leve em conta ou suprima sempre a vontade individual” (Página 70)
“As relações de direito constitucional são relações de poderes entre si e entre estes e sujeitos privados (indivíduos, grupos etc.), estabelecendo direitos, obrigações e deveres de natureza pública, mediante normas que, por princípio, não deixam à atuação da vontade dos agentes constitucionais.” (Página 71)
“Como acontece com quase todos os grandes temas do direito constitucional, foram a jurisprudência e a doutrina constitucional norte-americanas que conceberam e elaboraram a classificação das normas constitucionais, do ponto de vista de sua aplicabilidade em self-executing provisions e not self-executing provisions que os autores divulgaram, entre nós, pela tradução, respectivamente, de disposições (normas, cláusulas) autoaplicáveis ou auto-executáveis, [...] e disposições não autoaplicáveis, ou não auto-executáveis,[...].” (Página 73)
“Segundo a mencionada doutrina, normas constitucionais self-executing [...] são as desde logo aplicáveis, porque revestidas de plena eficácia jurídica, por regularem diretamente as matérias, situações ou comportamentos de que cogitam, enquanto normas constitucionais not self-executing [...] são as de aplicabilidade dependente de leis ordinárias.” (Página 74)
“Cooley conceitua-as do seguinte modo: “Pode-se dizer que uma norma constitucional é auto-executável, quando nos fornece uma regra, mediante a qual se possa fruir e resguardar o direito outorgado, ou executar o dever imposto; e que não é auto-aplicável, quando meramente indica princípios, sem estabelecer normas por cujo meio se logre dar a esses princípios vigor de lei”.” (Página 74)
“Cada norma constitucional é sempre executável por si mesma até onde possa, até onde seja suscetível de execução. O problema situa-se, justamente, na determinação desse limite, na verificação de quais os efeitos parciais e possíveis de cada uma.” (Página 76)
“Não se nega que as normas constitucionais têm eficácia e valor jurídico diversos umas de outras, mas isso não autoriza recusar-lhe juridicidade. Não há norma constitucional de valor meramente moral ou de conselho, avisos ou lições, [...].”(Página 80)
“Enfim, com todas essas discordâncias e posições insustentáveis, a jurisprudência e a doutrina italianas formularam uma classificação das normas constitucionais, quanto à eficácia e aplicabilidade, que assim se apresenta: a) normas diretivas, ou pragmáticas, dirigidas essencialmente ao legislador; b) normas preceptivas, obrigatórias, de aplicabilidade imediata; c) normas preceptivas, obrigatórias, mas não de aplicabilidade imediata.”
“Essa classificação e sua terminologia são falsas e inaceitáveis, pela própria improcedência das premissas em que assentam, pois fundamentam-se na distinção entre normas constitucionais jurídicas e não-jurídicas, que já criticamos. Normas puramente diretivas não existem nas constituições contemporâneas. Em sentido geral, [...] todas as normas jurídicas são dotadas de imperatividade, mesmo as permissivas. [...] as chamadas normas programáticas, tidas pela doutrina supra como diretivas e ineficazes, exercem relevante função na ordenação jurídica do país e têm efeitos jurídicos de suma importância, não se dirigindo só aos legisladores, [...].” (Página 81)
“[...] não há norma constitucional alguma destituída de eficácia. Todas elas irradiam efeitos jurídicos, importando sempre uma inovação da ordem jurídica preexistente á entrada em vigor da constituição a que aderem e a nova ordenação instaurada. O que se pode admitir é que a eficácia de certas normas constitucionais não se manifesta na plenitude dos dos efeitos jurídicos pretendidos pelo constituinte enquanto não se emitir uma normação jurídica ou complementar executória, prevista ou requerida.” (Páginas 81 e 82)
“Em vez, pois, de dividir a normas constitucionais, quanto à eficácia e aplicabilidade, em dois grupos, achamos mais adequado considera-las sob tríplice característica, discriminando-as em três categorias:
	I – normas constitucionais de eficácia plena;
	II – normas constitucionais de eficácia contida;
	III – normas constitucionais de eficácia limitada ou reduzida	
Na primeira categoria incluem-se todas as normas que, desde a entrada em vigor da constituição, produzem todos os seus efeitos essenciais (ou têm a possibilidade de produzi-los), todos os objetivos visados pelo legislador constituinte, porque este criou, desde logo, uma normatividade para isso suficiente, [...]. O segundo grupo também se constitui de normas que incidem imediatamente e produzem (ou podem produzir) todos os efeitos queridos, mas preveem meios ou conceitos que permitem manter sua eficácia contida em certos limites, dadas certas circunstâncias. Ao contrário, as normas do terceiro grupo são todas as que não produzem, com a simples entrada em vigor, todos os seus efeitos essenciais, por que o legislador constituinte, por qualquer motivo, não estabeleceu, sobre a matéria, uma normatividade para isso bastante, deixando essa tarefa ao legislador ordinário ou a outro órgão do Estado.” (Páginas 82 e 83)
Normas de eficácia plena são de aplicabilidade direta, imediata e integral e já possuem regulamentação jurídica.
Normas de eficácia limitada são de aplicabilidade indireta, mediata e reduzida e necessitam de uma posterior regulamentação que lhe atribua eficácia. 
Normas de eficácia contida são de aplicabilidade direta, imediata, mas não integral e estão sujeitas a restrições previstas e dependem de regulamentação que limite sua aplicabilidade e eficácia.
“Baseado nessas circunstâcias, a doutrina estabeleceu uma divisão das normas de eficácia limitada em dois grupos:
Normas programáticas [...] que versam sobre matéria eminentemente ético-social, constituindo programas de ação social (econômica, religiosa, cultural etc.); e
Normas de legislação, como aquela primeiramente apresentada, que não têm conteúdo ético-social, mas se inserem na parte organizativa da constituição.” (Página 84)
“A orientação doutrinária moderna é no sentido de reconhecer eficácia plena e aplicabilidade imediata à maioria das normas constitucionais, mesmo a grande parte daquelas de caráter sócio-ideológico, as quais até bem recentemente não passam de princípios programáticos.” (Página 88)
“A Constituição Federal revelou acentuada tendência para deixar ao lesgilador ordinário a integração e complementação de suas normas. Muitas dessas normas se apresentam em forma de mera autorização ou estatuição de simples faculdade, como as que definem competências de entidades federativas ou de órgãos do governo” (Páginas 88 e 89)
“[...] todas as disposições da constituição se dirigem indistintamente ao legislador, declarando que ela é uma superlei, e, como tal, só obriga o legislador futuro[...].” (Página 93)
“Emverdade, não pode o constituinte regular tudo diretamente, nem é oportuno que o faça; confere ele, então, ao Poder Legislativo ordinário a tarefa de desenvolver princípio fundamental já sancionado na própria norma, mantendo sua supremacia, [...] “o próprio constituinte, em sua soberania, é que limita o seu próprio poder, atribuindo aos órgãos legislativos a incumbência de dar origem a normas que conferem corpo e substância aos princípios diretivos”; mas isso é exceção.” (Páginas 94 e 95)
“[...] uma norma constitucional é auto-aplicável “quando, completa no que detemina, lhe é supérfluo o auxílio supletivo de lei, para exprimir tudo o que intenta, e realizar tudo o que exprime”. (Página 99)
“Completa, nesse sentido, será a norma que contenha todos os elementos e requisitos para a sua incidência direta. Não se trata de regular a matéria em si, mas de definir certas situações, comportamentos ou interesses vinculados a determinada matéria.” (Página 99)
“[...] são de eficácia plena as normas constitucionais que: a) contenham vedações ou proibições; b) confiram isenções, imunidades e prerrogativas; c) não designem órgãos ou autoridades a que incumbam especificamente sua execução; d) não indiquem processos especiais de sua execução; e) não exijam a elaboração de novas normas legislativas que lhes completem o alcance e o sentido [...].” (Página 101)
“As normas constitucionais de eficácia contida e de eficácia limitada estabelecem conduta jurídica positiva ou negativa com comando certo e definido, incrustando-se entre as regras organizativas e limitativas dos poderes estatais, e podem conceituar-se como sendo aquelas que, desde a entrada em vigor da constituição, produzem, ou têm possibilidade de produzir, todos os efeitos essenciais, relativamente aos interesses, comportamentos e situações, que o legislador constituinte, direta e normativamente, quis regular.” (Página 101) 
“A peculiaridade das normas de eficácia contida configura-se nos seguintes pontos:
São normas que, em regra, solicitam a interveção do legislador ordinário, fazendo expressa remissão a uma legislação futura;
Enquanto o legislador ordinário não expedir a normação restritiva, sua eficácia será plena;
São de aplicabilidade direta e imediata, visto que o legislador constituinte deu normatividade suficientementea os interesses vinculados à matéria de que cogitam;
Algumas normas já contêm um conceito ético juridicizado, como valor societário ou político e preservar, que implica a limitação de sua eficácia;
Sua eficácia pode ainda ser afastada pela incidência de outras normas constitucionais se ocorrerem certos pressupostos de fato (estado de sítio, por exemplo).” (Páginas 104 105)
“Normas de eficácia contida, portanto, são aquelas em que o legislador constituinte regulou suficientemente o interesses relativos a determinada matéria, mas deixou margem à atuação restritiva por parte da competência discricionária do Poder Público, nos termos que a lei estabelecer ou nos termos de conceitos gerais nelas enunciadas.” (Página 116)
“São elas de aplicabilidade imediata e direta. Tendo eficácia independente da inerferência do legislador ordinário, sua aplicabilidade não fica condicionada a uma normação ulterior, mas fica dependente de limites (daí: eficáciacontida) que ulteriormente se lhe estabeçam mediante lei.” (Página 116)
“II – Classificação das normas constitucionais de princípio
[...] as normas constitucionais de eficácia limitada são de dois tipos: a) as definidoras de princípio institutivo ou organizativo, que, temos chamado de normas constitucionais de princípio institutivo; b) as definidoras de princípio programático, ou, simplesmente, normas constitucionais de princípio programático.” (Página 118)
“Quando falamos em normas definidoras de princípio institutivo, a palavra “princípio” se apresenta na acepção própria de começo ou início, isto é, são normas que contêm o início ou esquema de determinado órgão, entidade ou instituição, deixando a efetiva criação, estruturação ou formação para a lei coplementar ou ordinária, como dá exemplo o art. 33 da constituição:” a lei disporá sobre a organização administrativa e judiciária dos Territórios”.” (Página 119)
“A caracterização fundamental das normas constitucionais de princípio institutivo está no fato de indicarem uma legilação futura que lhes complete a eficácia e lhes dê efetiva aplicação.” (Página 123)
“O legislador constituinte reconhece a conveniência de disciplinar certa matéria relativamente à organização de instituições constitucionais, mas [...] limita-se a traçar esquemas gerais (princípios, como começo) sobre o assunto, incumbindo ao legislador ordinário a complementação do que foi iniciado, segundo a forma, os critérios, os requisitos, as condições e as circunstâncias previstos na norma mesma.” (Página 125)
“São [...] normas constitucionais de princípio institutivo aquelas através das quais o legislador constituinte traça esquemas gerais de estruturação e atribuições de órgãos, entidades ou institutos, para que o legislador ordinário os estruture em definitivo, mediante lei.” (Página 126)
“As normas constitucionais de princípio institutivo, como as programáticas, são de eficácia jurídica limitada.
[...]
Com efeito, as normas constitucionais de princípio institutivo podem ser impositivas ou facultativas.
Impositivas ão as que determinam ao legislador (...) a emissão de uma legislação integrativa (...).” Página 126
Facultativas ou permissivas, isto é, não impõem uma obrigação; limitam-se a dar ao legislador ordinário a possibilidade de instituir ou regular a situação nelas delineado (...).” (Página 127)
“[...] as normas impositivas estatuem a obrigatoriedade de o legislado emitir uma lei, complementar ou ordinária, na forma, condições e para os fins previstos; as normas facultativas apenas lhe atribuem poderes para disciplinar o assunto, se achar conveniente – isto é, dão-lhe mera faculdade, indicando ser possível regular a matéria -, do que deflui, para ele, dsicricionariedade completa quanto à iniciativa dessa regulamentação; mas, uma vez tomada a iniciativa, a regra constitucional é vinculante quanto aos limites, forma e condições nela consignados.
[...]
Qual a natureza da obrigação constitucionalmente imposta ao legislador no sentido de emitir normas integrativas? (...) aquela obrigatoriedade é de pequena eficácia, visto que, ao menos juridicamente, não se pode constranger o legislador a legislar, nem mesmo naqueles casos em ue lhe é prefixo prazo.” (Página 128)
“Se o comando impositivo não for cumprido, a omissão do legislador poderá constituir um comportamento inconstitucional, que agora é sindicável e controlável jurídica e jurisdicionalmente.” (Página 129)
“ (...) as normas constitucionais de princípio institutivo entram em vigor juntamente com a constituição (...).
[...]
A norma constitucional dependente de legislação também entra em vigor na data prevista na constituição. Sua eficácia integral é que fica na dependência da lei integrativa. Tais normas, desde que entram em vigor, são aplicáveis até onde possam, devendo notar-se que muitas delas são quase de eficácia plena, interferindo o legislador ordinário tão-só para aperfeiçoamento de sua aplicabilidade.” (Página 130)
“(...) normas permissivas, em regra, abrem a possobilidade de regular, organizar ou instituir situações diferentemente das previstas em outras normas ou princípios constitucionais. (...) se o legislador não se utilizar da faculdade que lhe é outorgada, prevalecerão as situações instituídas nas normas ou princípios excepcionados.” (Página 134)
“As normas constitucionais de princípio institutivo são aplicáveis independente de lei prevista, enquanto possam (...). Mas sua completa aplicabilidade depende da promulgação de lei integrativa.” (Página 135)
“O embate entre liberalismo, com seu conceito de democracia política, e o intervencionismo ou o socialismo repercute nos textos das constituições comtemporâneas, com seus princípios de direitos econômicos e sociais comportando um conjunto de disposições concernentes tanto aos direitos dos trabalhadores como à estrutura da economia e ao estatuto dos cidadãos.” (Página 136)
“Regras jurídicas programáticas são aquelas em que o legislador, constituinte ou não, em vez de editar regra jurídica de aplicação concreta, apenas traça linhas diretoras, pelos quais se hão de orientar os Poderes Públicos. A legislação, a execução e a própria Justiça ficam sujeitas a esses ditames, que são como programas dados à sua função.” (Página 137)
“(...) podemos conceber como programáticas aquelas normas constitucionais através das quais o constituinte, em vez de regular, direta e imediatamente, determinados interesses, limitou-se a traçar-lhes os princípios para serem cumpridos pelos seu órgãos (legislativos, executivos, jurisdicionais e administrativos), como programas das respectivas atividades, visando à realização dos fins sociais do Estado.” (Página 138)
“As normas programáticas se localizam entre as de eficácia limitada. (...) elas impõem certos limites à autonomia de determinados sujeitos, privados ou públicos, e ditam comportamentos públicos em razão dos interesses e serem regulados; e, assim sustentamos, contra a doutrina corrente, seu caráter imperativo e seu caráter vinculativo.” (Página 139)
“As normas programáticas são de grande importância porque procuram dizer para onde e como se vai, buscando atribuir fins ao Estado, esvaziado pelo liberalismo econômico. (...) Não é fácil realizar a justiça social num sistema em que predomina a concentração da riqueza. (...) A Constituição de 1988 é mais incisiva no conceber a ordem econômica sujeita aos ditames da justiça social para o fim de assegurar a todos existência digna.” (Página 141)
“As normas são preceitos que tutelam situações subjetivas de vantagem ou de vínculo, ou seja, vinculam pessoas ou entidades à obrigação se submeter-se às exigências de realizar uma prestação, ação ou abstenção em favor de outrem. Os princípios são ordenações que se irradiam e se imantam os sistemas de normas.” (Página 142)
“XV- Natureza dos direitos sociais
Certa correnteconcebe os direitos sociais não como verdadeiros direitos, mas comogarantias institucionais, negando-lhes a caracterísitca de direitos fundamentais. A doutrina mais consequente, contudo, vem refutando essa tese, e reconheece neles a natureza de direitos fundamentais, ao lado dos direitos individuais, político e do direito à nacionalidade.
[...]
A Constituição seguiu essa doutrina, incluindo-os entre os direitos fundamentais no seu Título II. Não lhes tira essa natureza o fato de ua realizaçãopoder depender de providênias positivas do Poder Público. Por isso, caracterizam-se como prestações positivas impostas às autoridades públicas pela Constituição.” (Página 151)
“Crisafulli, que dissecou sucessivamente a temática das normas prograáticas, sustentou-lhes a juridicidade (e a eficácia, ainda que reduzida), argumentando que enunciam verdadeiras normas jurídicas e, por isso, são tão preceptivas como as outras; regulam comportamentos públicos destinados. Ppor sua vez, a incidir sobre as matérias que lhes são objetos.” (Página 153 e 154)
“As normas programáticas (...) tendem a instautar um regime de democracia substancial, ao determinarem a realizaçãode fins sociais, através da atuação de programas de intervenção na ordem econômica, com vistas à realização da justiça social e do bem comum.
[...] 
São normas que contêm, além dos princípios esquemáticos para atuação legislativa futura, também princípios gerais informadores de toda a ordem jurídica. Donde deflui que elas, consubstanciando um compromisso entre forças políticas contrárias, estão na base mesma do regime político.” (Página 156)
“As normas programáticas como princípios gerais informadores do regime político e de sua ordem jurídica dá-lhes importância fundamental, como orientação axiológica para a compreensão do sistema jurídico nacional. (...) têm elas uma eficácia interpretativava, porquanto apontam os fins sociais e as exigências do bem comum, que constitue vetores da aplicação da lei.
A interpretação jurídica resulta numa compreensão valorativa, num juízo de valor que decorre da intuição das tendências sócio-culturais da comunidade, e fundamenta-se nos ‘cânones axiológicos que pertencem à ordem jurídica vigente.” (Página 157)
“(...) outro efeito notabilíssimo das normas constitucionais programáticas, como exprime Balladore Pallieri, que concluiu: “Prescrevem à legislação ordinária uma via a seguir, não conseguem constranger, juridicamente, o legislador a seguir aquela via, mas o compelem, quando nada,a não seguir outra diversa. Seria inconstitucional a lei que dispusesse de modo contrário a quanto a Constituição comanda.E. além disso, uamvez dada execução à norma constitucional, o legislador ordinário não pode voltar atrás.” (Página 158)
INTRUMENTOS DA EFICÁCIA CONSTITUCIONAL
“A Constituição de 1988 preocupa-se com sa eficácia e aplicabilidade; para tanto, preordenou alguns instrumentos. Tais instrumentos visam à eficácia e aplicabilidade de todas as normas de direitos e garantias fundamentais.” (Página 164)
XXIV – O art. 5º, § 1º, da Constituição
“Por regra, as normas que consubstanciam os direitos fundamentais democráticos individuais são de eficácia contida e aplicabilidade imediata, enquanto as que definem os direitos sociais tendem a sê-lo também na constituição vigente, mas algumas, especialmente as que mencionam uma lei integradora, são de eficácia limitada e aplicabilidade indireta.” (Página 165)
XXV – Mandado de injunção 
“Este é instrumento que, correlacionado com o citado § 1º do art. 5º da Constituição, torna todas as normas constitucionais potencialmente aplicáveis diretamente.
[...]
Sua função seria fazer valer, no interesse do impetrante, um direito ou prerrogativa previsto em norma constitucional cujo exercício em geral é inviabilizado pela falta de regulamentação.” (Páginas 165 e 166)
XXVI – Inconstitucionalidade por omissão
 Inconstitucionalidade por omissão verifica-se nos casos em que são praticados atos legislativo ou executivos requeridos para tornar plenamente aplicáveis normas constitucionais que postulam lei ou providência administrativa ulterior que para que os direitos ou situações nelas previstos se efetivem na prática.” (Página 166)
XXVII – Iniciativa popular
“ O exercício da iniciativa popular também pode contribuir para a elaboração de leis ordinárias ou complementares integradoras da eficácia de normas constitucionais. Ela é prevista no art. 61, § 2º, nos termos seguintes: “A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.” (Página 166)
“O estudo das situações jurídicas deve partir da consideração dos interesses e da sua proteção da ordem jurídica. ” (Página 168)
“Interesse [diz Carnelutti] não é um juízo, mas uma posição do homem; precisamente a posição favorável à satisfação de uma necessidade. ” (Página 168) 
“Os meios para a satisfação das necessidades do homem são os bens. Se interesse é a situação de um homem favorável à satisfação de uma necessidade, [esclarece Carnelutti] esta situação se verifica, portanto, a respeito de um bem: homem e bem são os dois termos da relação, que chamamos interesse. “ (Página 168)
“Quando o Direito não protege certos interesses, não os tem como valor digno de sua tutela, dizem-se interesses juridicamente irrelevantes. Aqueles interesses que o Direito tem como valor digno de tutela são os juridicamente relevantes. Nesta classe, distinguem-se os simples interesses, as expectativas de direito, os interesses legítimos, os direitos condicionados e os direitos subjetivos. As situações jurídicas subjetivas envolvem a consideração desses interesses juridicamente relevantes, e sua proteção é tanto mais intensa quanto mais eficazes forem as normas que as têm como objeto. 
[...]
A noção de interesse e suas espécies permite-nos dizer, com Barile, que as “situações ativas conferem direitos subjetivos, perfeitos, direitos condicionados, interesses legítimos, interesses simples, poderes e faculdades”.
[...]
“A situação passiva [diz Carnelutti] consiste na subordinação de um interesse realizada mediante uma medida jurídica. ” (Página 169)
“Por sua vez, [conclui Carnelutti] a situação jurídica ativa, [...] consiste na prevalência de um interesse, através de uma medida jurídica”. 
Crisafulli prefere falar em situações subjetivas negativas ou de vínculo e em situações subjetivas positivas ou de vantagem, em vez de situações subjetivas passivas e situações subjetivas ativas, respectivamente.
A situação subjetiva de vantagem consiste na possibilidade, reconhecida pela norma jurídica, de o indivíduo ou entidade realizar certo interesse por ato próprio ou exigindo ação ou omissão de terceiros. A situação subjetiva de vínculo consiste no dever ou na obrigação de submeter-se o indivíduo (ou entidade) às exigências de realizar uma prestação, ação ou abstenção. ” (Página 170)
“As normas constitucionais de eficácia plena regulam diretamente situações, comportamentos e interesses. Impõem, por si, uma ação ou omissão. Sendo de aplicabilidade imediata, oferecem todos os elementos necessários à realização ou vedação dos interesses e situações nelas previstos. Geram, quase sempre, direitos subjetivos para os indivíduos ou entidades a que conferem uma situação subjetiva de vantagem. Nem todas preveem uma sanção específica; mas quando desrespeitadas, dão lugar a um julgamento de inconstitucionalidade. ” (Página 171)
“Normas constitucionais de eficácia contida tutelam valores de alta relevância para os indivíduos. Traduzem elas uma limitação ao poder público em suas relações com os governados. Consubstanciam quase todos os direitos fundamentais e democráticos do homem e as garantias a esses direitos.
Os interesses aí protegidos constituem valores-meios do Direito: segurança jurídica, ordem, certeza. A segurança de poder ir e vir sem ser molestado arbitrariamente. A certeza de que nosso lar não pode ser invadido, a não ser em casos especialíssimos autorizados pela própria Constituição. A segurança e a certeza de que seremos igualmente protegidos ou punidos pela lei, sem distinção de raça, cor ou situação social. 
Por que tais interesses se revelam como valores importantes para a ordem social, as normas constitucionais oferecem instrumentos diretos à sua proteção: habeas corpus, mandado de segurança, direito de petição, habeas data, mandado de injunção. ” (Página 172) 
“As normas de princípio institutivo [...] são de eficácia limitada. [...] os interesses por elas protegidos o são com intensidade diminuta, mas não quer dizer que não criem situações jurídicas subjetivas.
[...]
O art. 18, § 2º, da Constituição é um caso típico. Diz-se, ali, que a criação de Territórios Federais bem como sua transformação em Estado serão regulados por lei complementar. ” (Página 173)
“Das normas programáticas, em geral, derivam vínculos para o legislador, para o administrador e para o juiz. ” (Página 174)
“Mas não só o legislador está obrigado a agir de acordo com os ditames programáticos. Com eles, é o estadomesmo, como sujeito unitário, que se autolimita, obrigando-se, para com a coletividade, a perseguir certos fins e, portanto, a assumir a proteção de certos interesses. ” (Página 175)
“Uma constituição é um conjunto sistemático e orgânico de normas. Em regra, apresenta-se como um todo unitário, uma codificação de normas, organizadas coerentemente, que o poder constituinte julgou fundamentais para a coletividade estatal. Pensamo-la com uma organização dos poderes supremos do Estado, como um conjunto de normas jurídicas com determinado conteúdo, com certas garantias formais, e, enfim, como algo que, em sua estrutura e funcionamento, está condicionado por ideias políticos, e como uma forma através da qual o poder político-social se converte em poder estatal. ” (Página 179)
“Pinto Ferreira [...] destaca que, em geral, “ esses primeiros atos legislativos e constitucionais compunham-se de duas partes principais: um Bill ou Declaration of Rights, declarando os direitos individuais dos cidadãos, ao lado dos seus direitos políticos, e um Plan of Government, estatuindo os princípios fundamentais da divisão e equilíbrio dos Poderes, segundo doutrina de Bolingbroke, Locke e Montesqueu. ” (Página 181)
“1)Normas constitucionais orgânicas são as que contêm os elementos orgânicos dos Estado e do poder;
2)Normas constitucionais limitativas, as que contêm os elementos limitativos do poder, consubstanciado especialmente o elenco dos direitos democráticos e individuais do homem, bem como as garantias constitucionais desses direitos;
3)Normas constitucionais sócio-ideológicos, as que consubstanciam os elementos ideológicos, de compromisso, de natureza econômica e social, das constituições contemporâneas;
4) normas de estabilização constitucional, as consagram os elementos destinados a assegurar a solução de conflitos constitucionais e a defesa da constituição ;
5) normas constitucionais de aplicabilidade, as que regulam os elementos formais de aplicabilidade da constituição. ” (Página 183)
“As normas que compõem o elemento orgânico são, geralmente de eficácia plena e de aplicabilidade imediata.
[...]
Essas normas constitucionais procuram exprimir a parte substancial daquilo que se costuma denominar de constituição material, hão que ditar preceitos desde logo incidentes sobre o assunto de que cogitam, sob pena de abrirem oportunidade a conflitos constitucionais insolúveis.” (Página 184)
“[...] essas normas constitucionais orgânicas consubstanciadas nos arts. 18 a 135 de nossa Carta Política, são predominantemente de eficácia plena e aplicabilidade imediata, muitas existem a respeito das quais o constituinte preferiu simplesmente debuxar princípios e esquemas, deixando para o legislador ordinário a complementação de sua eficácia, mediante uma normatividade ulterior.” (Página 185)
“As normas limitativas impõem restrições e deveres aos poderes governantes e, em contrapartida, conferem direitos subjetivos aos governados. Situam-se predominantemente entre os dispositivos que estatuem sobre declarações dos direitos fundamentais e democráticos e garantias constitucionais desses direitos.” (Página 188)
“A eficácia das normas constitucionais sócio-ideológicos (que em nossa Carta Constitucional Básica, se acham entre os arts. 170-232) merece exame atento, dado que é aí que se localizam as disposições incômodas, [...] em virtude do quê propera acentuada tendência de considerá-las, todas ou quase todas, de natureza programática e de nenhuma eficácia [...].” (Página 192)
“As constituições são feitas para perdurar regendo as estruturas, situações, comportamento e condutas que suas normas têm como aferidas aos valores jurídicos necessários à convivência social na comunidade a que se referem.
[...]
A defesa da constituição deve passar à frente de qualquer lei, por ser a lei que constitui o Estado, depois de construído. Além de ser defendida contra as violações, reage a Constituição contra as tentativas de mudança que não atenderem às regras sobre reforma.” (Página 195)
“Rigidez constitucional e inconstitucionalidade das leis. São dois sistemas técnicos das constituições modernas destinadas a assegurar sua estabilidade contra as investidas do legislador ordinário.
[...]
A rigidez refere-se à maior dificuldade da mudança das constituições e confere às sua normas supremacia jurídicaem relação às demais regras jurídicas da ordenação estatal. Impede sua modificação por via de legislação ordinária ou complementam e gera a invalidade ou ineficácia das leis e atos que a infringirem.” (Página 196)
“As constituições costumam certas normas e princípios que consdicionam aspectos de sua aplicabilidade. [...] a doutrina dá o nome de elementos de aplicabilidade da constituição, e nós chamamos simplesmente de normas de aplicabilidade da constituição.
Assim são o preâmbulo, as disposições transitórias, as disposições sobre a promulgação, publicação e momento inicial de vigência da constituição.” (Página 201)
“Preâmbulo. É a parte que precede o texto articulado das constituições.” (Página 202)
“Disposições transitórias. Trazem um conjunto de normas geralmente separado do corpo da constituição. Essa é a melhor técnica, porque se trata de regular e resolver problemas e situações de caráter transitório, geralmente ligados à passagem de uma ordem constitucional a outra. Fazem parte integrante da constituição.” (Página 204)
“As normas transitórias têm o mesmo valor jurídico das normas constitucionais permanentes. Quer isso dizer que são normas constitucionais. Têm, em regra, eficácia plena e aplicabilidade imediata. [...] Mas sua eficáci é transitória e sua aplicabilidade se exaure com o desaparecimento da situação excepcional regulada.” (Página 205)
“Para Kelsen a ordem jurídica é um sistema de normas, e, quanto a saber quando uma noma pertence a determinada ordem jurídica, é problema estreitamente ligado à razão de validade de cada uma considerado o sistema referido como de natureza dinâmica. Uma norma deric sua validade de outra norma jurídica superior; e esta, de outra norma superior a ela,e assim de grau em grau, até a norma fundamental, “que é o fundamento de validade de todas as normas pertencentes a uma ordem jurídica”. ” (Página 210)
“[...] a ordem jurpidica será aquele complexo de normas que, enlaçadas por uma relação de fundamentação ou derivação, constitue uma estruturanormativa específica. Se dermos ênfase estruturalista ao conceito, poderemos conceber a ordem jurídica como reunião de normas vinculadas entre si por uma fundamentação unitária.
[...] uma norma é válida quando é criada de acordo com o procedimento previsto em outro grau superior, o que tra duas consequências importantes: a)a exigência de compatibilidade entre as normas petencentes à mesma ordem jurídica; b) a exigência de uma norma suprema que fundamente a validade de todas as outras.” (Página 212)
“No Brasil é a Constituição Federal que fundamenta a validade de todas as regras jurídicas da União, dos Estados e dos Municípios. Uma lei estadual vale enquanto se conforma com a esfera de competência do Estado para regular determinada matéria. Se uma lei federal ivade a competência estadual ou municipal, torna-se inválida e inconstitucional.” (Página 214)
“As nomas da ordem jurídica fundamentam sua validade na constituição, sob dois aspectos: a)formalmente, enquanto devem ser formadas por autoridades criadas de acordo com ela, dentro da esfera de competência e conforme o procedimento por ela estabelecido; b)materialmente, enquantoo conteúdo de tais normas deve ajustar-se aos preceitos da constituição. Nisso se manifesta o princípio da supremacia das normas constitucionais na ordem jurídica nacional [...], e isso é o primeiro sinal de sua eficácia, quer em relação às normas que lh precedem, quer quanto às que se lhes seguem.” (Página 216)
“Uma constituição, quando entra em vigor, não sendo a primeira, encontra normas jurídicas vigendo validamente, por força do regime constitucional precedente.” (Página 218)
“Aparece, então, a questão da continuidadeda legislação anterior, que muitas constituições resolvem expressamente, determinando ou confirmndo-lhe a eficácia, quando não as contrarie explicita ou implicitamente. É o chamado princípio da continuidade da ordem jurídica precedente naquilo em que atende ao princípio da compatibilidade com a nova ordem constitucional.” (Página 219)
“Toda constituição é feita para ser aplicada. Nasce com o destino de reger a vida de uma nação, construir uma novaordem jurídica, informar e inspirar um determinado regime político-social.” (Página 225)
“Não é admissível que uma constituição permaneça parcialmente desaplicada e se prologue um vácuo e uma fase de incerteza do Direito.” (Página 226)

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