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Trabalho Teorias da Imagem

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Wilyans Oliveira Pereira
O caráter visual dos trabalhos do Hans Donner para o “Fantástico”
Trabalho apresentado à professora Malu, regente da disciplina Teorias Da Imagem, como requisito para obtenção da nota final do quarto crédito. 
UESC
Comunicação Social- Rádio e Televisão
2013
O caráter visual dos trabalhos do Hans Donner para o “Fantástico”
As aberturas dos anos de 1983, 1987 e 1994 respectivamente do “Fantástico, O Show da Vida” revista eletrônica dominical da TV Globo, todas criadas pelo design austríaco Hans Donner trazem elementos que merecem atenção e, o presente trabalho analisará a partir do código, estética e linguagem o trabalho realizado pra o “Fantástico”.
Foi nos anos 80 que as aberturas do programa tornaram-se superproduções com cenários inovadores e futurísticos, fazendo a união dos efeitos de computação gráfica ao elemento humano através das coreografias. Está década fora tida como um divisor de águas para a emissora, uma vez que a mesma passou a investir fortemente no seu sistema de computação gráfica tridimensional, todas essas inovações deram uma identidade visual/icônica e publicitária a emissora; característica que não se tinha em nenhuma de suas concorrentes nos pais. E, toda essa inovação plástica advém do austríaco Hans Donner e sua equipe de criação.
A primeira abertura em questão criada por Donner refere-se a do ano de1984, que foi um sucesso de crítica e também de repercussão. A inspiração para a criação desta vinheta vem dos filmes de ficção científica, e as formas em três dimensões dos desenhos do artista holandês com o objetivo de criar um produto gráfico que interferisse com a geometria empregada nas formas e com o produto criado propriamente falando. Para ajudar no trabalho que até então Hans Donner vinha desenvolvendo forma convocados Richard Chuang, Glenn Entis e Carl Rosenthal três designs norte-americanos que eram especialistas em modificar textura, luz, coloração e volume de desenhos e imagens gráficas.
De inicio se percebe o jogo com as formas geométricas por meio dos feixes de luz com a cor do arco-íris que corta várias vezes uma grande pirâmide que logo em seguida origina cinco plataformas que flutuavam no espaço, entrando acima deles um corpo de balé que dança ao som da música tema do programa, os bailarinos assumem visualmente e, esteticamente o formato de formas geométricas. Os figurinos, muito ousados e arojados foram criados por Silvia Trenker, seus figurinos representaram também o fetichismo estético, do belo, artístico e lúdico. 
Em 87, Hans Donner cria sua segunda abertura para “O Show da Vida”. Os elementos que comporão representavam os elementos da natureza (ar, terra, água e fogo), os primeiros habitantes do planeta que foram interpretados pelo corpo de balé do Terceiro Mundo, grupo do coreografo Ciro Barcelos e por modelos da TV Globo. No inicio desta nova vinheta a modelo e atriz Isadora Ribeiro e Ciro Barcelos aparecem emergindo das águas do lago Mono Lake - Califórnia (EUA). Nas cenas posteriores, o balé aparece dançando em cima das montanhas da Escócia, nas geleiras no Alasca, numa caverna na Turquia, nas dunas do deserto do Saara e sobre os rochedos do Grand Canyon nos Estados Unidos, ficando reservada a cena final um sobrevoo da câmera sobre a Floresta Amazônica, subindo até o céu de onde focalizava a imagem do planeta Terra surgindo o logo do “Fantástico”.
Esta abertura levou cerca de um ano para ser criada e três meses para ser feita. Os cenários que aparecem nas imagens foram todos criados nos galpões da Tv Globo e pelos estúdios Herbert Richers. O lago Mono Lake, por exemplo, foi recriado usando um imenso tanque de água de aproximadamente cinco metros de diâmetro, já as dunas, o Grand Canyon e as montanhas escocesas foram reproduzidas em maquetes. Todo o resto foi gravado na cidade do Rio de Janeiro. 
Quando todas as maquetes haviam ficado prontas surge à problemática do posicionamento das imagens e dos bailarinos para que tudo parecesse verossímil. A solução foi usar o zoom das câmeras. No ano de 1994 o “Fantástico” passou por profundas modificações estéticas no cenário e na vinheta que fora feita totalmente com o uso da computação gráfica, sem o elemento humano que até então era presente nas anteriores. Em seu novo trabalho para a TV Globo que o design tem como “um dos maiores desafios de sua carreira” o balé e a paisagens desapareceram dando lugar a criaturas aladas que empunhavam tochas que provocavam imensas chamas de fogo. O logotipo ganhou novo formato e está em volta de uma manequim virtual.
As mensagens que as aberturas criadas por Hans Donner para o “Fantástico” que é não somente a transmissão de uma informação, mas também o estabelecimento do canal de comunicação, demonstração de emoções, e, etc. O conjunto dessas relações é tido como “funções da linguagem”. Entre as funções da linguagem encontra-se a que é típica a publicidade sendo, portanto a função conotativa ou apelativa em que seu objetivo é a persuasão do destinatário seja influenciada no seu comportamento, a função que sobressai é a conotativa ou apelativa (ênfase no receptor). Para ter ênfase sobre seu receptor Hans Donner fez uso da persuasão apresentando bons argumentos e fazendo, claro, analogias. As estratégias de “manipulação” do publico através da linguagem persuasiva que mantém a estética deste meio calando o receptor e deixando falar apenas o fetiche das técnicas empregadas para convencê-lo, por meio das analogias criadas pelo produto exposto, vendido e comprado por meio de uma linguagem mais intimista, portanto coloquial apelando para os sentimentos, emoções e fraquezas do destinatário. 
Com o uso da metalinguagem prezando pela ênfase no código, no processo de construção dos produtos reforçada pela ênfase na mensagem com o intuito de persuadir chamando a atenção para a própria mensagem; as vinhetas criadas pelo Hans Donner trazem o elemento associativo, presente em qualquer produto publicitário. O elemento associativo é o elo do raciocínio que ligas as ideias na publicidade. Hans Donner utilizou em seus dois primeiros trabalhos para o “Fantástico” a relação de semelhança, aquela que conduz o pensamento do que está sendo observado, que é nítido quando se veem as duas aberturas e, é possível inferir elementos do mundo histórico nas imagens captadas para as mesmas. A relação de semelhança com o real é transposto não somente pelas imagens a música tema do programa também se enquadra na categoria de discurso deliberativo que a partir do pensamento aristotélico opera na “sintonia do futuro” buscando sempre o convencimento por meio de uma introdução ao que será visto. Esta característica aparece nas três vinhetas em questão (imagens fantásticas que canalizem a atenção do receptor). Neste ponto o trabalho de Hans Donner sempre fora tido como “exórdito”, pois assume justamente a função de introduzir ao que será visto visando captar a atenção de quem está vendo construindo uma narrativa que se adéquo ao contexto ao qual será inserida, tirando fatos de outros momentos históricos, a exemplo do mito das pirâmides egípcias reiteradas na abertura de 1983. 
 	A abertura de 1983 fora criada para substituir as aberturas com um visual mais carnavalesco até então concebido para o programa. Na abertura Hans fatiou as pirâmides e provocou todo tipo de reação no público da época este seu primeiro trabalho para TV Globo, tem um viés nitidamente dionisíaco, já que meche com o emocional do receptor, predominando entre as funções da linguagem a emotiva e poética. Tendo em vista o que McLuhan postulou acerca dos meios quentes ou frios. Pode-se afirmar que para despertar uma enorme carga emocional no receptor Hans fez uso dos meio frios que requerem menos esforço em decodificação para conquistar o receptor, contudo esta abertura tem um jogo com elementos da história egípcia, segundo Hans Donner:
“A história da abertura não acaba aí. Explicaram-me, depois, que ninguém pode brincar com figuras milenares como as pirâmidessem sofrer sérias consequências. Na abertura, eu fatiava as pirâmides, uma por uma, e misturava-as todas. Apareceram notas na imprensa sobre aquela abertura muito tempo antes de ela ir ao ar. O resultado disso foi que eu recebi inúmeras cartas advertindo-me para não fazer aquilo. Mais tarde disseram-me que a morte tinha passado por mim. O que me salvara fora eu ter usado muita luz e todas as cores do arco-íris; se não fosse por isso, eu teria sido eliminado pela natureza." (retirado do site oficial do design).
Mesmo que de maneira “inocente” de brincar com as pirâmides, percebe que houve a reiteração através de provas (indícios) do mundo real para associação de elementos do passado, aconselhando quem vê para que compre aquele fantasioso mundo e entre com ele nessa história. Por meio das imagens dispostas na abertura em questão fica nítida a sagacidade da equipe em conceituar a temática do mundo fantástico remetendo ao mundo histórico criando de alguma forma um efeito de realidade fantástico para o mundo real, propriamente falando. As imagens dialogam não só com o mundo, mas em primeiro lugar com o interlocutor da mensagem se apoiando em um repertório cultural prévio para construir uma realidade que emudeça o destinatário.
Em termos imagéticos o interlocutor fora convidado a viajar em uma narrativa construída através de formas geométricas e efeitos especiais explorando o ludismo, por meio do conteúdo novamente da associação visual. O ludismo foi explorado dentro de um contexto de unicidade fazendo com que, o receptor esqueça-se de qualquer outro assunto e, foque somente no jogo com as pirâmides, geometria e efeitos especiais, porém sempre dentro do tema central que neste caso é o fantasioso. Esta abertura representou a prática fiel da linguagem publicitária, uma vez que convidou, mostrou, persuadiu e convenceu gerando um significado totalmente pierciniano de signo, já que de certa perspectiva criou um significado único para cada pessoa que a viu e também se dirigiu, criando na mente do receptor um signo muito mais forte, caracterizando, portanto a abertura de Hans Donner como um signo melhorado, a partir da atribuição de um significado (fantasioso lúdico).
O segundo trabalho do Hans Donner para a TV Globo a abertura do “Fantástico” para o ano de 1987 novamente veio com elementos típicos da linguagem dionisíaca brincando novamente com algumas formas geométrica e com os elementos da natureza despertando novamente o fantasioso e lúdico no destinatário no processo de recepção. Em termos visuais a linguagem publicitária também foi construída por meio da associação de elementos do real, porém de maneira bem hiperbólica dispondo o corpo de balé como primeiros habitantes do mundo, nascendo de dentro das águas do lago Mono Lake nos EUA, as imagens reforçam o caráter místico adotado pelo Hans Donner para simbolizar como o ser humano surgiu no planeta, ou melhor, mostrar a partir do seu olhar como o ser humano surgiu no planeta e, assim ajudar a compor a metalinguagem no trabalho em questão.
Essa abertura aparenta ser vítima do seu próprio processo de criação, pois representa um desafio para superar o jogo com o mito e as formas da pirâmide da abertura do ano de 83, contudo na abertura de 87. Hans Donner traz a intertextualidade conversando com o trabalho anterior, intertextualidade notada rapidamente nas cores dos figurinos de ambas as aberturas ajudando a compor o caráter visual da abertura em questão. O jogo com a movimentação das câmeras claramente ajudam a dar maior grandiosidade, uma vez que houve a necessidade de convencer o telespectador que o “Show da Vida” era uma aventura fantástica aos quatro cantos do planeta. A música tema novamente em novos arranjos, agora mais dinâmica é usada para trazer o receptor para uma abertura de linguagem fria com o intuito de persuadir quem vê e levá-lo para fora do mundo real. Mais do que estética os produtos criador pelo Hans Donner tratam-se de mercadorias que estão à venda para que o destinatário compre a ideia ali passada predominando novamente a linguagem conotativa/ apelativa. Em termos figurativos as imagens desta vinheta se confundem com os conteúdos abstratos (temas), na questão dos seres humanos surgindo da terra ou da água nos lugares mais remotos da terra realizando coreografias e dando grandes saltos, com conteúdos concretos (figuras), ou seja, aquilo que é real neste caso os cenários que utilizados para representar os elementos terrestres mostrados no inicio da abertura. A instância visual é o que constrói novamente o significado dos seus trabalhos.
A vinheta de 1994 é de toda a mais dionisíaca, suas imagens assumem facilmente um caráter de sonho, ludibriando que as vê. O caráter emocional brinca com os jogos visuais, sendo a estória criada por Hans Donner mistura elementos concretos (homem, natureza, formas geométricas) com conteúdos abstratos (seres da mitologia, pessoas com asas). O significado das imagens para muitos dos receptores foi construído em cima do sonho. 
A estética destes produtos, neste caso também audiovisual propõe a misticidade e também a contemplação do belo em si, assumindo outra proposição que é pertinente ao código visual, ou seja, a contemplação. Particularmente a contemplação é uma das características citadas por Walter Benjamin na sua obra “A obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica” nesta obra segundo o mesmo a aura do objeto advém a partir da contemplação do mesmo, e, é perdida quando não “mais possua nenhum traço de sua função” que constitui sua unicidade, portanto utilidade. Walter Benjamim também é inovador ao dizer que a arte precisa ser libertada de sua função ritual para que ela mesma assuma significado próprio, está é outra característica que pode ser reiterada nas vinhetas do “Fantástico” nos respectivos anos em questão, em outras palavras é necessário enxergar além do culto para que as mesmas construam significados unilaterais ou multilaterais para seu receptor. De fato fazer peças publicitárias trata-se de uma arte a serviço do convencimento do receptor. 
A autenticidade que Donner trouxe para seus trabalhos constitui sua presença onde é vinculada, como espécie de demarcação de território. A autenticidade é tudo que ela pode deixar extravasar para seu receptor final “desde sua duração material até seu poder de testemunho histórico”. O testemunho da historicidade sempre é pertinente em peças publicitárias independente do meio onde é vinculado, este testemunho comporta-se como um baú onde ficam guardadas todas as características sinestésicas que o meio publicitário suscita em seu processo para a recepção.
Voltando a estética dentro do trabalho criado para o “Fantástico”, a mesma funda-se como um divisor entre o real e o abstrato, ou seja, entre o que é chamado de estético e artístico, sem poder analisá-los simultaneamente. Esta relação é difícil de entender na medida em que essas duas características estão ligadas de alguma maneira, porém conjuntamente não se reconhecem. A estética por si só confere um ar misterioso e intocável a arte publicitária pensamento de Benjamim que retorna nesta reflexão, enquanto a arte é concebida pelos signos que domina a ideia que deu origem e forma ao trabalho realizado para as vinhetas de abertura do “Show da Vida”. A estética pensada para a idealização dos respectivos projetos estabelece a barreira já mencionada anteriormente, porém agora ao redor do próprio produto audiovisual/publicitário como mecanismo de criação de uma esfera de significação única e válida somente a este contexto: o dionisíaco. 
Para dar prosseguimento ao trabalho é necessário enfatizar a utilidade do código visual para o homem que vai muito além da interpretação de signos e formas presentes no dia-a-dia, sua utilidade caracteriza por fazer parte para a produção do que é tido como belo, ou seja, a função estética do visual que inclui inúmeras variáveis tais como: sentimentos, temática proposta, interpretação por parte da recepção, críticas; etc. O código visual desenvolvidos nos trabalhosdo Hans Donner passeia bem entre o belo e o utilitário. Belo, pois desperta heterogêneas sensações, sentimentos e emoções nos diferentes receptores. E, utilitário, uma vez que é casualmente empregado como meio de vinculação de mensagens temáticas tendo em vista que elas assumem duas funções que contribuem para o seu sucesso uma subjetiva (belo) e outra objetiva (utilitária) quando atingem o sucesso em recepção, critica e financeira tais peças em muitos casos passam a ser chamadas de “obras de arte”, dentro do contexto em que estão inseridas, assim funcionam muito bem como também de comunicação visual. Expandir o alfabetismo visual para enxergar publicidade como obra de arte ou simplesmente para uma interpretação mais minuciosa dos ícones que rodeiam a vida em sociedade é fundamental, pois só assim se é capaz de ver além da barreia que tal desconhecimento do código visual proporciona, e, assim expandir o conteúdo significativo que permeia o mundo.
O contexto assume uma função importante dentro do espaço visual de comunicação, assim como a relação com a irracionalidade dos meios quando muito bem empregados. “Uma das tragédias do avassalador potencial do alfabetismo visual [...] é a função irracional [...] situação parecida que se verifica no uso dos meios de comunicação, câmeras, cinema e televisão”. (DONDIS; Donis, 2003, pg. 17). A partir da passagem acima se percebe que é também no meio televisivo que a função irracional da publicidade é levada com mais afinco até as ultimas forças para gerar diferentes sensações sinestésicas. A irracionalidade, portanto caracteriza-se como um dos motores da máquina publicitária e também televisiva e também como função materialista dos meios empregados dentro do contexto. Esta irracionalidade advém da falta de normas dentro deste meio depreendendo uma complexidade para com o código visual. Que a estética constitui o visualmente belo, nas obras em questão isto é inegável, contudo existe outro fator aliado à mesma trata-se do valor de mercadoria. Independente do formato em que é disposto para o meio a publicidade é tão logo uma mercadoria, quanto uma roupa adquirido em uma loja, por exemplo. O fator mercadológico é empregado pelo próprio valor de culto que se pretende fiar no belo, verdadeiro, original ou autêntico. O desejo de apreciação da publicidade apenas por sua beleza cai por terra com a entrada do fator de mercado, conferindo ao receptor um suposto poder de autoridade, julgamento e aprovação.
Por fim, as três aberturas criadas pelo design Hans Donner fazem uso das figuras de linguagem, tão importante no meio publicitário. As metáforas usadas para contar o fantasioso, seja fatiando as pirâmides ou usando seres humanos para recriar elementos da natureza, por exemplo, é o que fazem com que tais trabalhos sempre sejam lembrados. O exagero do real também fez com que chamasse a atenção de tal trabalho de pesquisa. Para por em prática suas ideias, foi necessário utilizar as hipérboles ampliando o significado do fatiamento das pirâmides ou do surgimento dos primeiros seres humanos na terra. Em seus trabalhos a linguagem é antes de tudo, autoritária para convencer de que aquele mundo, disposto sobre a forma imagética de fato existe e, é palpável.
Em pouco mais de um minuto as aberturas do “Fantástico” através da sua música tema e das imagens foram capazes de despertar diferentes sensações e seduzir através de um vasto universo de possibilidade de interpretações; cada uma sendo única a cada mediador neste processo de recepção. Cabe salientar que a TV imprime à publicidade a “mediação videotecnólogica” proposta por Guilherme Orozco, já que a televisão possui um representalismo permitindo mostrar uma “realidade” de maneira fidedigna ao que fora proposto pelos seus idealizadores. O poder de convencimento de tais trabalhos foi reforçado pela linguagem altamente denotativa da televisão, dificultando que o telespectador percebe que está sendo “usado” para fins comerciais. A apelação emotiva usada pela publicidade é percebida nas aberturas do programa em questão resultado de um trabalho árduo e de uma combinação de todas as suas possibilidades técnicas.
Os trabalhos realizados para o programa em questão tem um viés totalmente dionisíaco brincando com temas concretos dentro de uma realidade onírica, mas sempre querendo mostrar esta realidade construída para o real de maneira palpável. O aspecto visual nestas peças é utilizado como recuso persuasório representando uma linguagem que passa pelo signo, objeto e pensamento. Em termos de signos estes trabalhos levaram para o interpretante dimensões que provocaram na mente, não somente a qualidade de percepção das imagens sob a forma de signos, mas também provoca uma reação ativa ao exercício da associação (atividade relacional) no âmbito do repertório que compõem cada receptor explorando o universo da linguagem para o fim da interpretação dos códigos e signos. Sob a forma de um realismo fantástico que Hans Donner fez muito bem em seus trabalhos para a Rede Globo de Televisão.
Referências Bibliográficas:
DONDIS, Donis A. Sintaxe da Linguagem Visual. SP: Martins Fontes, 2003.
In: LIMA, Corta. Teoria de Cultura de Massa. Paz e Terra, 2010.
http://www.hansdonner.com/portuguese/tsstory/index.htm. Acessado em 24/11/2013. 
http://memoriaglobo.globo.com/programas/jornalismo/programas-jornalisticos/fantastico.htm. Acessado em 24/11/2013
*Também foram usados como referência todos as textos debatidos em sala de aula para o desenvolvimento do trabalho em questão.

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