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Teoria da Imagem na Semiótica

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TEORIA DA 
IMAGEM 
Rafaela Queiroz Ferreira Cordeiro
O que é imagem
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Identificar o panorama geral dos sentidos atribuídos à imagem.
 � Definir a imagem como signo estudado pela semiótica.
 � Explicar a imagem como signo icônico e signo plástico.
Introdução
A imagem está constantemente presente na sua vida. Ela corresponde 
a uma das formas de você se expressar e se comunicar, não é mesmo? No 
entanto, durante a história, vários sentidos têm sido atribuídos à palavra 
imagem, o que torna difícil defini-la. Vista como perfeição e semelhança 
pela filosofia judaico-cristã e como sombra por Platão, a imagem é um 
discurso visual. Para o campo da semiótica, ela se caracteriza como 
um signo que pode trazer diferentes sentidos e que se manifesta de 
formas muito variadas. Uma imagem pode ser, por exemplo, ícone, índice 
e símbolo. Além disso, pode estar no entremeio e na mistura dessas 
mesmas classificações.
Neste texto, você vai refletir sobre o que é a imagem. Também vai 
conhecer algumas noções da semiótica que são importantes para o 
estudo da imagem como um signo. Além disso, vai identificar algumas 
caracterizações da imagem como signo icônico e plástico.
A imagem
A imagem faz parte da sua vida, não é? O seu cotidiano é estruturado por 
uma civilização de imagens, em alusão à expressão usada por Joly (2007). 
Assim como o discurso verbal, o discurso visual é marcadamente presente na 
forma como você se comunica. Ora, muito antes de pronunciar as primeiras 
palavras, você recorria às imagens para se expressar. Imagem e comunicação, 
portanto, representam elementos humanos inseparáveis e que dominam, desde 
os antepassados das cavernas, as trajetórias históricas do homem. No entanto, 
como definir esse elemento imagético? O que é uma imagem? Compreender 
esse importante elemento de expressão cultural é também uma maneira de 
compreender como o homem transmite e consome mensagens, isto é, como 
se comunica. Nesse sentido, é importante você ter em mente que a contem-
poraneidade é uma época gerida por uma diversidade de imagens virtuais 
que oferecem às pessoas novas experiências e relações com o mundo sem 
necessariamente exigir que elas saiam da frente do computador.
Além disso, a compreensão sobre o uso e a produção de imagens permite 
ter mais “consciência” sobre suas várias formas de utilização e fabricação. 
Afinal, como você sabe, boa parte das imagens a que tem acesso não são 
naturais. Assim, essa “consciência” é uma possibilidade de você construir 
um olhar crítico sobre as imagens, se afastando um pouco de uma postura 
ingênua. Ler uma imagem é interpretar convenções, histórias, significados, 
valores culturais e morais de uma dada época e sociedade. Desse modo, o 
estudo da imagem é, acima de tudo, uma tentativa de distanciamento de um 
papel meramente “passivo” sobre a mensagem produzida e/ou fabricada na 
imagem, papel esse que algumas vezes as pessoas julgam ter e que, por isso, 
é preciso subverter.
O que é uma imagem?
Em virtude do amplo uso do termo imagem (JOLY, 2007), apresentar uma 
definição simples que abarque por completo esse universo é uma tarefa bastante 
difícil, para não dizer impossível. Aliás, o próprio uso da palavra “imagem” 
pode trazer significados distintos. Alguns a confundem com a televisão e a 
publicidade, mas esses veículos apenas fazem uso da imagem. De forma mais 
específica, você pode considerar que a TV é um médium e a publicidade é 
um conteúdo que pode fazer uso ou não de imagens – assim como os jornais 
impressos fazem uso delas. Além disso, existe também publicidade radiofô-
nica, não é mesmo? Essa confusão pode se dar porque tanto o meio televisivo 
quanto o conteúdo publicitário fazem uso de numerosas imagens em larga 
escala. Assim, é preciso que fique claro que imagem, televisão e publicidade 
são distintas. 
Resolvida essa confusão tão comum na atualidade, a noção de imagem ainda 
pode se mostrar vaga para muitos. Para uma compreensão mais aperfeiçoada 
sobre essa noção, pense no seguinte: quando se fala em imagem, o que vem 
à sua cabeça? De maneira geral, a imagem aponta para um discurso que tem 
traços visuais e que é produzido por um sujeito. Seja um grafite encontrado nos 
O que é imagem2
muros das cidades, seja uma fotografia armazenada na pasta do computador, 
seja uma capa de revista com a atriz “do momento”, seja um desenho feito 
por uma criança, você compreende todas essas expressões humanas como 
imagens, não é mesmo?
Na filosofia judaico-cristã, a imagem é vista como semelhança e perfeição: 
o homem é criado à imagem de Deus. Em Platão (427/428 a.C.–347 a.C.), 
especificamente na sua famosa obra A República, a imagem já surge como 
uma noção relacionada à representação de um objeto segundo: “[...] chamo 
imagens, em primeiro lugar, às sombras; em seguida, aos reflexos nas águas 
ou à superfície dos corpos opacos, polidos e brilhantes e todas as represen-
tações deste gênero.” (PLATÃO apud JOLY, 2007, p. 13). Nos fundamentos 
da filosofia ocidental, a imagem surge, assim, como sombra. Da perfeição à 
representação: essa seria uma forma breve de identificar que desde sempre a 
imagem constitui a memória histórica do homem.
Platão foi um filósofo célebre da Grécia Clássica e discípulo de Sócrates. Ele é muito 
conhecido pela passagem intitulada A alegoria da caverna, a qual se encontra na obra 
A República. Naquela passagem, o filósofo grego faz uma reflexão sobre a imagem, o 
conhecimento e a realidade a partir do ponto de vista de que as imagens às quais os 
homens têm acesso, que são percebidas pelos sentidos, são ilusórias e aparentes. Isto 
é, são as “sombras” das coisas do mundo e por isso não constituem o conhecimento 
“real” dos objetos. 
De maneira geral, é possível destacar três reflexões propostas por Platão. A primeira é 
a doutrina das ideias. Segundo ela, o conhecimento sensível obtido a partir das coisas 
não tem o mínimo valor de verdade, além de que esse mesmo conhecimento poderia 
se tornar um obstáculo à própria verdade. A segunda é a doutrina da superioridade 
da sabedoria sobre o saber, cuja meta final é a realização da justiça entre os homens. 
A última, por sua vez, é a doutrina da dialética como procedimento científico, cujo 
método investigativo reconhece uma ideia para depois dividi-la em partes específicas.
Fonte: Abbagnano (2007b), Santaella e Nöth (1998).
Em termos semânticos gerais, a noção de imagem é determinada por dois 
polos opostos: o primeiro traz a imagem direta perceptível; o segundo, a 
imagem mental simples, isto é, sem ser evocada por estímulos visuais. Essa 
dualidade semântica das imagens, conforme explicam Santaella e Nöth (1998), 
entre o perceptível direto e o mental se relaciona à dualidade que existe entre 
3O que é imagem
percepção e imaginação, relação esta que faz parte do pensamento filosófico 
ocidental. Para os gregos, a imagem, definida como eikon, se referia a todo 
tipo de imagem – das pinturas até as estampas de um selo, além das imagens 
espelhadas e sombreadas. Estas últimas eram categorizadas como imagens 
naturais, enquanto aquelas, artificiais. Além da distinção entre imagem verbal 
e imagem mental, havia também a diferenciação entre imagem e modelo. Por 
meio dessa polarização, se discutia a oposição entre a imagem e o objeto ao 
qual ela se referia. 
Na atual tipologia da imagem, você pode ainda observar a presença dos 
elementos relacionados ao perceptível direto e ao mental. Esses elementos 
circulam entre o ser e o parecer, isto é, entre a imagem e o seu objeto, proposto 
pelos gregos. A esse respeito, há em Mitchell (1986 apud SANTAELLA; 
NÖTH, 1998) uma interessante distinção entre cinco tipos de imagens, que são: 
(1) imagens gráficas (desenhadas, pintadas, esculpidas), (2) imagens óticas 
(espelhos, projeções), (3) imagens perceptíveis (dados de ideias, fenômenos), 
(4) imagens mentais (sonhos, lembranças, ideias, fantasias) e (5) imagensverbais (metáforas, descrições).
Ora, a polaridade entre a imagem como representação mental e como 
imaginação mental se dá em muitas sociedades e culturas, o que se reflete 
nas opiniões divididas sobre o que é uma imagem. Quando mentais, as ima-
gens – sejam elas ideias ou modelos (reflexão encontrada em Platão), sejam 
elas sonhos (em Freud) – são bastante valorizadas. Afinal, geralmente são 
apresentadas como a essência das coisas e vistas como próximas do divino. 
Já quando se fala nas imagens visuais, a discussão se mostra mais polarizada, 
porque alguns as veem de forma cética e condenam a sua idolatria. 
O conceito de imagem para a semiótica
No âmbito da semiótica, a imagem é definida como um signo. Peirce (apud 
JOLY, 2007), contudo, não fica apenas nessa definição e faz com que a noção 
de imagem entre ainda na classificação como uma subcategoria do ícone. No 
entanto, para você entender essa concepção, precisa compreender inicialmente 
o que é um signo. Dito de outro modo, para compreender a noção de imagem 
estudada pelo campo semiótico, é importante fazer uma breve leitura sobre a 
noção de signo, tão cara à semiótica. 
O que é imagem4
O que é um signo?
Mourão (2011) afirma que o teólogo e filósofo Agostinho (354 a.C–430 a.C) 
tratava o signo como uma posição. Posteriormente, os escolásticos o tratavam a 
partir da seguinte categorização: formal e material. O signo formal é a própria 
coisa representada, isto é, o conceito. Já o signo material é o que representa 
o representado e que, por associação, remete ao representado. Além disso, a 
representação do signo material pode se dar de modo natural – por exemplo, 
a fumaça que se liga a um fogo gerado – ou artificial – por exemplo, nas pa-
lavras de uma língua que surgem da convenção humana. Em Ferdinand de 
Saussure (2006), o signo é constituído por um significante e um significado. 
A respeito dessa última caracterização sobre a natureza do signo, é importante 
um percurso teórico explicativo maior, que você vai ver a seguir.
De maneira geral, a escolástica diz respeito à filosofia cristã da Idade Média. Em 
termos literais, essa expressão significa filosofia da escola, pois no início desse período 
o professor de artes liberais se chamava scholasticus. Posteriormente, essa designação 
foi atribuída ao professor de filosofia ou teologia que dava aulas na escola do convento 
ou da catedral e, após, na universidade. Como questão fundamental, se buscava levar 
o homem a entender a verdade revelada. Para isso, se exercitava a atividade racional 
para ascender a essa verdade religiosa.
Também, por extensão, se pode atribuir à escolástica uma segunda definição: 
qualquer filosofia que assuma a tarefa de defender uma certa tradição ou verdade 
religiosa. Para isso, a escolástica faz uso de uma filosofia já estabelecida e conhecida, 
de tal modo que, por meio dela, se possa ilustrar uma verdade específica.
Fonte: Abbagnano (2007a).
O signo para Saussure
Ferdinand de Saussure (1857-1913) foi um linguista suíço e representante do 
paradigma estruturalista europeu que trouxe importante contribuição para a 
fundação do campo linguístico como ciência. Em boa parte da sua jornada, 
ele se dedicou a estudar a língua. Do seu ponto de vista, a língua não era o 
único sistema de signos que servia para a comunicação. Desse modo, ele 
propunha a semiologia como uma ciência geral que se dedicaria a estudar os 
5O que é imagem
signos. Dentro dela, estaria a linguística, responsável por investigar o sistema 
linguístico. Do estudo dos sons ao dos signos linguísticos, Saussure (2006) 
descreveu a natureza do signo como uma entidade psíquica formada por duas 
faces que são indissociáveis, a saber, um significante (imagem acústica) e um 
significado (os conceitos). Ora, o que Saussure (2006) destacava na sua reflexão 
é que o vínculo que une uma coisa a um nome ou um nome a uma coisa faz 
parte de uma atividade que está longe de ser simples. Para ele, os termos que 
constituem o signo linguístico são ambos psíquicos e estão unidos no cérebro 
por um vínculo associativo: “[...] o signo linguístico une não uma coisa e uma 
palavra, mas um conceito e uma imagem acústica.” (SAUSSURE, 2006, p. 80). 
A imagem acústica a que Saussure se referia não era o som puramente físico, 
mas a impressão psíquica do som, ou seja, a representação que o som produz. 
Essa imagem é, assim, sensorial. As palavras da língua são imagens acústicas. 
Isso fica mais claro, por exemplo, quando você está calado, contemplando os 
seus pensamentos, ou quando está sozinho a falar com você mesmo mental-
mente. Você pode fazê-lo sem abrir a boca, não é? O seu discurso se realiza, 
assim, interiormente, por meio dessa imagem. O outro termo da associação, 
o conceito, é mais abstrato na opinião do linguista. No entanto, esses dois 
elementos ou duas faces estão unidos de forma íntima: quando você pensa 
em árvore, a imagem acústica (o significante) não está ligada a uma árvore 
“real”, mas ao conceito (significado) de árvore que você aprendeu por meio 
da sua experiência com a língua. Essa relação é arbitrária ou convencional, 
ou seja, não há uma justificativa natural para dizer que o significante (ou a 
sequência de sons produzida pela palavra) árvore se liga ao significado de 
uma árvore “real”. Todavia, no caso de um retrato desenhado ou pintado, esse 
signo seria motivado pela semelhança (JOLY, 2007). Na Figura 1, você pode 
ver uma representação do signo linguístico de Saussure.
Figura 1. O signo linguístico de Saussure.
Fonte: Adaptada de Saussure (2006, p. 80-81).
O que é imagem6
Conforme Joly (2007), foi somente após quase um século que os estudiosos con-
seguiram se libertar da supremacia do modelo linguístico. Contudo, esse modelo 
continua sendo importante para se compreender os vários aspectos das mensagens.
O signo para Peirce
Charles Sanders Peirce (1839–1914) foi um filósofo norte-americano que 
elaborou uma teoria geral dos signos, chamada de semiótica, por meio de uma 
tipologia mais geral e vasta. Para ele, o signo apresenta uma materialidade que 
pode ser percebida pelos sentidos (PEIRCE, 2014). Assim, é possível vê-lo – 
como um objeto, uma cor, um gesto –, ouvi-lo – como uma música, um ruído, 
um apelo verbalizado –, cheirá-lo, tocá-lo ou saboreá-lo. De maneira geral, 
a particularidade do signo é a seguinte: ele está presente para dizer outra 
coisa que está ausente (JOLY, 2007). Na perspectiva de Peirce (2014), tudo 
pode ser signo na medida em que constrói algum tipo de significado, o qual 
varia conforme a cultura e o contexto em que se insere o sujeito que vivencia 
o signo. Logo, um objeto “real”, no mundo, não é um signo necessariamente 
por se constituir como um objeto no mundo. Isso não define o signo. Esse 
objeto “real”, contudo, pode ser um signo quando significar algo ou outra coisa 
para alguém por meio de alguma relação estabelecida.
A palidez exibida na face de um sujeito pode ser um signo de que ele está doente, 
passando mal, ou de que viveu uma grande emoção. Os sons emitidos por um falante 
da língua portuguesa são signos que você reconhece e compartilha como conceitos 
que aprendeu como falante nativo dessa língua. O cheiro de bolo de chocolate que 
você sente permite inferir, por exemplo, que alguém está cozinhando. Uma mensagem 
enviada pelo Whatsapp por um antigo amigo pode ser um signo de saudade. Esses 
são alguns exemplos de como os signos se caracterizam pela relação de significação 
que estabelecem com o sujeito, relação essa influenciada pelo contexto cultural e 
social e pelas experiências de mundo.
7O que é imagem
Portanto, na visão de Peirce (2014), o signo é definido por meio de um 
modelo triádico – e não por dois polos como para Saussure. Há, assim, a face 
perceptível do signo, também conhecida pela terminologia representamen ou 
significante, que constitui aquilo que o signo representa, isto é, o objeto ou 
o referente. E há também o que o signo significa, chamado de interpretante 
ou significado. ConformeJoly (2007), essa triangulação do signo elaborada 
por Peirce representa a dinâmica do signo, pois sua significação se dá tanto 
em função do contexto quanto da expectativa do sujeito. Na Figura 2, você 
pode ver uma representação do signo de Peirce.
Figura 2. O signo de Peirce.
Fonte: Adaptada de Joly (2007, p. 36). 
Os diferentes tipos de signos
No texto O que é o signo?, datado de 1894, Peirce apresenta exemplos cotidianos 
elaborados a partir de três estados da mente, a saber, sentimento, reação e lei, 
e ainda por meio de suas misturas (JORGE, 2007). É importante destacar que 
esses estados são guias em direção ao conhecimento. Assim, esses três estados da 
mente – sentimento, reação e lei – são a base para que ele elabore posteriormente 
os três tipos de signos (ícone, índice e símbolo) que fazem parte do processo 
de representação do homem. É importante você saber que Peirce buscava com-
preender como se dava a relação entre os objetos do mundo e o pensamento. 
Para ele, o racionalismo não seria suficiente para compreender o real (JORGE, 
O que é imagem8
2007). Assim, os conhecimentos que tinha como físico e matemático foram de 
grande utilidade para a formulação da sua teoria semiótica. Na perspectiva dele, 
o signo mediaria os significados de três formas, como você vai ver a seguir.
Os três tipos de signos caracterizados por Peirce (apud JORGE, 2007) 
são: ícone, índice e símbolo. Nessa categorização, o autor aponta para a 
seguinte ideia: “[...] a experiência prévia conecta o entendimento da ideia 
ligado às palavras [...]” (PEIRCE, 1894 apud JORGE, 2007, p. 46). Ou seja, a 
experiência que cada pessoa tem se relaciona com a sua compreensão sobre as 
ideias, os conceitos, que se ligam às palavras. Experiência, ideias e palavras 
são termos-chave para a reflexão de Peirce sobre o signo. Afinal, é na relação 
dos objetos com os sujeitos por meio da linguagem que se observam diferentes 
formas de significar e representar a realidade. Nessa classificação, os signos 
são distinguidos conforme a função que apresentam na relação entre o signi-
ficante (representamen) e o objeto representado ou referente. O significado 
ou interpretante não faz parte, portanto, dessa relação (JOLY, 2007). 
Considera-se que o ícone é o signo cujo significante possui uma relação de 
analogia com o objeto que representa. Tendo em vista que há diferentes tipos 
de analogia, há diferentes tipos de ícone, entre os quais você pode considerar 
o diagrama, o desenho figurativo e a metáfora, além da própria imagem. O 
desenho de uma casa ou uma maçã são ícones, uma vez que se assemelham 
a uma casa e a uma maçã. Porém, essa similitude pode não ser visual: o som 
do galope de um cavalo pode ser um ícone, assim como uma textura que 
indica o veludo, por exemplo. O índice (ou indício) corresponde aos signos 
que apresentam uma relação causal de contiguidade física com os objetos que 
representam. Eles constituem o caso dos signos naturais. Como exemplos, 
você pode considerar a fumaça como indício de uma queimada; uma nuvem 
cinza, de uma chuva em porvir; pegadas na areia, de que alguém passou pelo 
caminho marcado. Já o símbolo constitui o tipo de signo que mantém com o 
seu objeto ou referente uma relação de convencionalidade. O famoso signo da 
pomba branca, que representa a paz na humanidade, bem como as bandeiras e 
os hinos, que representam os seus respectivos países, e as palavras nas línguas 
são exemplos de símbolos (JOLY, 2007).
As imagens como signos icônicos e plásticos
Na perspectiva da imagem como signo, ela pode ser observada tanto como um 
signo que representa um aspecto do mundo visível quanto como um signo que 
representa a si mesmo como uma figura pura e abstrata, conforme explicam 
9O que é imagem
Santaella e Nöth (1998). Assim, no campo semiótico que estuda a imagem, 
a forma de observá-la, seja da primeira ou da segunda maneira, refletirá na 
dicotomia entre signos icônicos e signos plásticos. Essa dicotomia também é 
conhecida e estudada por meio das terminologias icônico × pictural, figurativo 
× plástico e figurativo × abstrato.
A imagem como signo icônico
Atribui-se convencionalmente à imagem as características clássicas de se-
melhança e imitação, em especial desde a época do filósofo Agostinho. As 
imagens observadas a partir dessa caracterização, isto é, como semelhança de 
signos retratados, são classificadas como ícones. Há, no entanto, controvérsias 
a respeito dessa caracterização restrita de imagem. Se você pensar a respeito da 
pintura abstrata, por exemplo, que é realizada sem um necessário referencial 
“concreto” no mundo, isto é, sem função icônica, pode classificá-la como um 
signo plástico. Além disso, se imagens representadas de maneira semelhante 
são determinadas como ícones, é importante destacar que nem todos os signos 
icônicos são imagens visuais. Para Peirce (apud SANTAELLA; NÖTH, 1998), 
a categoria de ícone é elaborada em termos mais amplos e engloba também 
as formas que não são visuais, como as acústicas, táteis, olfativas e ainda as 
conceituais de semelhança sígnica. 
Como você sabe, o ícone se caracteriza como o tipo de signo cujo significante possui 
uma relação de analogia com o objeto. Tal relação pode se manifestar de diversas 
formas. Assim, as relações com o mundo podem ser elaboradas por meio de vários 
ícones, como táteis, olfativos, acústicos, etc. A identificação de algum objeto pelo odor, 
pelo paladar ou pelo toque seria uma forma de relacionar por analogia o significante 
com o objeto representado.
Assim, o traço de similaridade entre o signo da imagem e o objeto que 
ela representa (objeto de referência) é um dos motivos que faz com que haja 
– não só no passado, mas também no presente – uma ampla significação (ou 
polissemia) do conceito de imagem. No modelo triádico de signo elaborado por 
Peirce (apud SANTAELLA; NÖTH, 1998), o signo da imagem é identificado 
como um significante visual (chamado de representamen por Peirce). Esse 
O que é imagem10
significante ou representamen remete a um objeto (de referência ausente) e 
evoca no observador/espectador (chamado de interpretante por Peirce) um 
significado ou uma ideia de objeto. É interessante você notar que o princípio 
de semelhança permite ao observador unir esses três elementos que constituem 
o signo (representamen, objeto e interpretante). Na Figura 3, você pode ver 
um esquema que resume o que você acabou de estudar. 
Figura 3. Os três elementos que constituem o signo de Peirce.
Você pode encontrar a noção de imagem na denominação de cada um desses 
elementos: (1) muitas vezes quando se fala em fotografia se quer dizer que a 
imagem fotográfica designa o representamen, isto é, que o significante visual 
(representamen) é identificado com a própria imagem fotografada porque aquele 
é semelhante a ela; (2) quando se faz referência a uma ideia ou uma imagem 
imaginada, ocorre uma referência à imagem como interpretante porque a 
imagem na mente se refere à própria ideia, como se a produzisse “mentalmente”; 
e (3) ao se apontar para uma imagem qualquer e caracterizá-la como “imagem 
original”, dizendo que dela se fez uma cópia, a noção de imagem é designada 
como o próprio objeto de referência. Desse modo, com base em Santaella e 
Nöth (1998), se pode designar a imagem por meio desses três elementos – seja 
pelos três em conjunto, seja por cada um individualmente. Ao fazer isso, “[...] 
fecha-se o círculo da polissemia semiótica de uma maneira que nos lembra o 
princípio de Peirce da interpretação do signo como um processo circular de 
semiose infinita.” (SANTAELLA; NÖTH, 1998, p. 38). 
11O que é imagem
A noção de signo plástico permite a análise semiótica de imagens que não 
representam alguma coisa, ou seja, de imagens que se configuram como si 
mesmas. Nesse sentido, é importante você se lembrar de que há também ima-
gens icônicas que se caracterizam como signos plásticos (nesse caso, além da 
semelhança com o objeto, tais imagens representam a si mesmas). Por exemplo,diante de uma mancha de tinta vermelha no chão, você poderia dizer: “isto é 
vermelho” e “isto representa a cor vermelha”. Na primeira afirmativa, estaria 
fazendo referência a um signo plástico, pois é a imagem do vermelho que se 
configura como a imagem vermelha em si. Na segunda, a um signo icônico, 
porque a mancha vermelha se assemelha à cor vermelha. Embora possa não 
parecer à primeira vista, o signo plástico apresenta expressão e conteúdo 
próprios. No entanto, o significado do conteúdo de cada imagem caracterizada 
como signo plástico vai depender do olhar que o observador/espectador oferece 
às qualidades como forma, cor, composição interna e textura. De maneira geral, 
estudar a natureza dos signos plásticos é algo desafiador, pois ela não parece 
ser tão nítida ou evidente como a natureza dos signos icônicos (EDELINE et 
al., 1992 apud SANTAELLA; NÖTH, 1998).
A imagem do triângulo mostrada na Figura 4 pode se caracterizar como 
um signo icônico – no caso de se assemelhar ao objeto de referência – e/ou 
um signo plástico – se representar a imagem em si mesma. É interessante 
você observar que a composição do triângulo, a textura em 3D, a cor dourada, 
o jogo de luz e sombra nas partes superior x inferior e externa x interna da 
imagem, o enquadramento na diagonal, entre outros elementos, são aspectos 
que agregam significado ao conteúdo da imagem e que podem variar de 
observador para observador.
O que é imagem12
Figura 4. Um signo icônico.
Fonte: science photo/Shutterstock.com. 
Considerações finais
A partir das discussões estabelecidas neste capítulo, você aprendeu so-
bre a noção da imagem como signo para o campo da semiótica. Passando 
pelas ideias de perfeição e sombra atribuídas pela filosofia judaico-cristã 
e ocidental, respectivamente, entender a imagem como signo é também 
explorar as suas múltiplas possibilidades de significação. Além disso, como 
você viu, não existe um signo puro. A classificação que Peirce propõe, por 
exemplo, sobre os três tipos de signos (ícone, índice e símbolo) é útil para 
se compreender a imagem, as suas distintas formas de se manifestar e o seu 
funcionamento (JOLY, 2007). O mesmo ocorre com a tipologia dos cinco 
tipos de imagens proposta por Mitchell (1986 apud SANTAELLA; NÖTH, 
1998). Desse modo, é importante que você veja tais proposições como pon-
tos de partida de análise que apresentam gradações, e não como máximas 
teóricas fechadas e dominantes. 
13O que é imagem
Certos ícones podem também ter a sua parcela de símbolo – um desenho realista sobre 
uma maçã vermelha atende a critérios de perspectiva. O índice, por sua vez, pode ter 
uma dimensão de ícone ao se apresentar de forma semelhante ao objeto – os vestígios 
de pneus parecem com os próprios pneus. Além disso, os signos convencionais de 
uma língua podem apresentar um tom icônico – é o caso das onomatopeias. 
Fonte: Joly (2007).
O que é imagem14
ABBAGNANO, N. Escolástica. In: ABBAGNANO, N. Dicionário de filosofia. 5. ed. São Paulo: 
Martins Fontes, 2007a. p. 344-345.
ABBAGNANO, N. Platonismo. In: ABBAGNANO, N. Dicionário de filosofia. 5. ed. São 
Paulo: Martins Fontes, 2007b. p. 765.
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Leituras recomendadas
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