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Le is e d ecr eto s qu e reg em a s us ten tab ilid ade no Bra sil Legislação e desenvolvimento sustentável Módulo 4 Responsabilidade Social 2 Módulo 4 - Legislação e desenvolvimento sustentável Objetivo de estudo: Esperamos que ao final do estudo desse módulo você seja capaz de apresentar o histórico da Legislação Ambiental no Brasil, discutir sobre a importância da legislação no regimento da sustentabilidade no Brasil, apresentar o conceito de meio ambiente e os impactos sofridos nos últimos anos, contextualizar o surgimento do mercado de carbono e discutir sua aplicabilidade, compreender a importância da inserção da educação ambiental em ambientes de ensino e relacionar a prática da educação ambiental a uma proposta de ensino multidisciplinar. 3 Módulo 4 Responsabilidade Social Leis e decretos que regem a sustentabilidade no Brasil Nos estudos do módulo II anteriores apresentamos o surgimento e a preocupação com o desenvolvimento sustentável a nível global. Essas questões permeiam não só o cenário ambiental como também o econômico e, sobretudo, o social. No primeiro tópico deste novo módulo apresentaremos um breve histórico da educação ambiental no mundo e no Brasil, destacando as leis e decretos que regem a sustentabilidade em nosso país. Vamos então continuar nessa caminhada rumo ao desenvolvimento sustentável e a uma melhor qualidade de vida. Direito Ambiental Não são recentes as preocupações com o meio ambiente. Até a instituição do Governo Geral, em 1548, aplicava-se a legislação do Reino, as Ordenações Manuelinas, cujo Livro V, no título LXXXIII, proibia a caça de perdizes, lebres e coelhos e no título “C” tipificava o corte de árvores frutíferas como crime. Após 1548, o Governo Geral passou a expedir regimentos, ordenações, alvarás e outros instrumentos legais, o que marca o nascimento do Direito Ambiental. Com o domínio espanhol, foram aprovadas as Ordenações Filipinas, em 11 de janeiro de 1603, que disciplinaram a matéria ambiental. Essas ordenações “previam, no Livro V, no título LXXV, pena gravíssima ao agente que cortasse árvore ou fruto, sujeitando-o ao açoite e ao degredo para a África por quatro anos, se o dano fosse mínimo; caso contrário, o degredo seria para sempre”. A primeira lei de proteção florestal foi o Regimento do Pau-Brasil, em 1605: exigia autorização real para o corte dessa árvore. Uma Carta Régia de 13 de março de 1797 preocupava-se com a defesa da fauna, das águas e dos solos. Em 1799, surgiu nosso primeiro Regimento de Cortes de Madeiras, que estabelecia rigorosas regras para a derrubada de árvores. Em 1802, por recomendação de José Bonifácio, foram baixadas as primeiras instruções para reflorestar a costa brasileira. Em 1808, foi criado o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, como uma área de preservação ambiental, considerada nossa primeira unidade de conservação, destinada a preservar espécies e estimular estudos científicos. D. João VI expediu a ordem de 9 de abril de 1809, que prometia a liberdade aos escravos que denunciassem contrabandistas de pau-brasil, e o decreto de 3 de agosto de 1817, que proibia o corte de árvores nas áreas circundantes do Rio Carioca, no Rio de Janeiro. Ainda José Bonifácio, nomeado intendente Geral das Minas e Metais do Reino, solicitou à Corte o reflorestamento das costas brasileiras, sendo atendido. Em 17 de julho de 1822, a conselho de José Bonifácio, o Imperador extinguiu o sistema de sesmarias, deixando de prevalecer o prestígio dos títulos de propriedade em favor da posse e ocupação das terras. A vantagem do sistema, ao democratizar o acesso à terra para quantos pretendiam explorá-la, foi diminuída pela desvantagem: o posseiro se utilizava do fogo para limpar a área e preparar a terra, destruindo os recursos naturais. A situação permaneceu até 1850, com o advento da Lei 601, a primeira Lei de Terras do Brasil, que considerava crime punível com prisão de 2 a 6 meses e multa a derrubada de matos ou o ateamento de fogo. Além disso, também estabeleceu a responsabilidade por dano ambiental fora do âmbito da legislação civil. O infrator submetia-se, além das sanções penais, a sanções civis e administrativas. Para a legitimação da posse, exigia- se “princípio de cultura”, não se considerando assim os simples roçados, derrubadas Módulo 4 Responsabilidade Social 4 ou queimas de matos ou campos. Esse princípio não foi consagrado na ocupação da Amazônia. Os ocupantes ali de imediato promoviam desmatamento, plantavam alguma coisa e, em seguida, pediam o reconhecimento pelo governo, na execução do PIN – Programa de Integração Nacional, hoje reconhecido como um dos grandes responsáveis pela devastação da Amazônia. Logo no início da fase republicana, em 1895, o Brasil subscreveu o convênio das Egretes, em Paris, responsável pela preservação de milhares de garças que povoavam rios e lagos da Amazônia. Pelo Decreto 8.843, de 26 de junho de 1911, foi criada a primeira reserva florestal do Brasil, no antigo Território do Acre. Em 28 de dezembro de 1921, foi criado o Serviço Florestal do Brasil, sucedido pelo Deparamento de Recursos Naturais Renováveis, este pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal – IBDF e, atualmente, pelo Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - Ibama. No que toca à defesa ambiental, surgiram os primeiros códigos de proteção dos recursos naturais – florestal, de mineração, de águas, de pesca, de proteção à fauna. O Código Florestal de 1934 impôs limites ao exercício do direito de propriedade. Até então os únicos limites eram os constantes no Código Civil quanto ao direito de vizinhança. A elaboração do I Plano Nacional de Desenvolvimento, aprovado pela Lei 5.727, de 4 de novembro de 1971, incluiu entre as suas inovações o PIN – Programa de Integração Nacional e o PROTERRA – Programa de Redistribuição de Terras e Estímulos à Agro- pecuária do Norte e do Nordeste, experiências que se mostraram negativas do ponto de vista preservacionista. A má repercussão levou o governo a uma revisão de conceitos na elaboração do II Plano Nacional de Desenvolvimento, aprovado pela Lei 6.151, de 4 de dezembro de 1974, adotando medidas de proteção ao meio ambiente. Seguiram-se, então, diversas leis e medidas: combate à erosão, Plano Nacional de Conservação do Solo, criação das Estações Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental, estabelecimento de diretrizes para o zoneamento industrial, criação da Secretaria Especial do Meio Ambiente. Veio, em seguida, o III Plano Nacional de Desenvolvimento, aprovado pela Resolução nº 1, de 5 de dezembro de 1979, do Congresso Nacional, que trouxe avanços ainda maiores para o Direito Ambiental, entre os quais a criação do Conselho Nacional do Meio Ambiente – Conama. Também merece referência o estabelecimento da responsabilidade objetiva nos casos de danos nucleares (Lei 6.453/77). Dois passos de grande importância vieram com a Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981, que estabeleceu a Política Nacional para o Meio Ambiente, com a instituição da Polícia Administrativa Ambiental. Entre as medidas adotadas está a exigência do estudo de impacto ambiental e o respectivo relatório (EIA/Rima) para a obtenção de licenciamento em qualquer atividade modificadora do meio ambiente. Outro passo importante foi a edição da Lei 7.347, de 24 de julho de 1985, com a instituição da Ação Civil Pública, importante instrumento de preservação ambiental. Aqui devemos render homenagens ao Ministério Público do Estado de São Paulo. A Constituição Federal de 1988 deu um passo gigantesco na evolução do direito brasileiro ao dedicar um capítulo específico ao meio ambiente, inserido no Título VIII – Da Ordem Social, considerado um dos mais importantes e avançados da Constituição de 1988. Ela toma consciência de que “a qualidade do meio ambientese transformara num bem, num patrimônio, num valor mesmo, cuja preservação, recuperação e revitalização se tornaram num imperativo do Poder Público, para assegurar a saúde, o bem-estar do 5 Módulo 4 Responsabilidade Social homem e as condições de seu desenvolvimento. Em verdade, para assegurar o direito fundamental à vida”. As normas constitucionais assumiram a consciência de que o direito à vida, como matriz de todos os demais direitos fundamentais do homem, é que há de orientar todas as formas de atuação no campo da tutela do meio ambiente. Como bem de uso comum do povo, o meio ambiente deve ser defendido e resguardado por todos, sem necessidade de invocar a intervenção estatal. Encontra-se entre os direitos difusos, especialmente protegidos por ação civil pública, nos moldes definidos pela Lei 7.347, de 24 de julho de 1985. Também não se cuida apenas de um direito, mas de um dever. Apenas a participação consciente e responsável das gerações presentes poderá ser um instrumento eficaz para que elas próprias e as futuras gerações possam viver um ambiente ecologicamente equilibrado. Amplie seus conhecimentos sobre a lei do Direito Ambiental. Acesse http://bdjur.stj.gov.br/xmlui/bitstream/handle/2011/141/Direito_Ambiental.pdf?sequence=1 Saiba mais Após a leitura do documento original, você deve ter percebido que a expressão “meio ambiente ecologicamente equilibrado” implica a proteção e restauração dos processos ecológicos essenciais, assim definidos pelos cientistas especializados na área: preservação da biodiversidade, dos Parques Nacionais, como o Parque das Sete Cidades, e de outros espaços territoriais carentes de especial proteção, ação preventiva para evitar degradação do meio ambiente, como ocorre na construção de grandes obras públicas, como estradas e barragens, a proteção da fauna e da flora, sobretudo em relação às espécies em perigo de extinção. A Constituição Federal dedicou norma específica quanto à mineração. Em um país rico em minerais em quantidade e diversidade, o desenvolvimento nacional reclama a sua utilização, mas, ao mesmo tempo, mostram-se necessárias providências para a salvaguarda da natureza. Busca-se o equilíbrio entre dois valores importantes: o desenvolvimento nacional, indicado como um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, e a proteção do meio ambiente. A exploração mineral acarreta danos à natureza. As minas auríferas utilizam o mercúrio, metal pesado e prejudicial às espécies. Daí porque se exige que tal exploração obrigue o interessado a promover a recuperação do meio ambiente degradado (§ 2º). Módulo 4 Responsabilidade Social 6 A preocupação com a preservação do meio ambiente, restringindo-se o uso dos recursos naturais, levou o poder público a considerar patrimônio nacional alguns sistemas ecológicos: a Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira (§4º). Nada impede que o legislador inclua outras áreas. Não há no direito brasileiro uma definição legal de “patrimônio nacional”, mas a consequência é clara: autoriza o estabelecimento de restrições legais para tornar efetiva a preservação do meio ambiente. O Supremo Tribunal Federal já decidiu que esse preceito, além de não haver convertido em bens públicos os imóveis particulares abrangidos pelas florestas e pelas matas nele referidas, também não impede a utilização, pelos próprios particulares, dos recursos naturais existentes naquelas áreas que estejam sujeitas ao domínio privado, desde que observadas às prescrições legais e respeitadas as condições necessárias à preservação ambiental. O objetivo de preservação foi estendido aos estados, ao considerar indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas em ações discriminatórias, se necessárias à proteção dos ecossistemas naturais (§ 5º). Terras devolutas são terras públicas que poderiam ter sido regularmente adquiridas por particulares, que, entretanto, deixaram de fazê-lo por falta de interesse ou pelo não atendimento de alguma formalidade legal. A preocupação com os acidentes nucleares, sobretudo depois do vazamento ocorrido na usina de Tchernobil, na antiga URSS, levou o constituinte a estabelecer a exigência de que as novas usinas que vierem a instalar-se deverão aguardar a edição de lei para definir a sua localização (§ 6º). Além desses dispositivos, reunidos no capítulo específico, a Constituição Federal também se ocupou do meio ambiente em outras passagens: ampliou o objeto da ação popular para alcançar os atos lesivos ao meio ambiente (art. 5º, LXXIII); ao dispor sobre os princípios gerais da atividade econômica, incluiu entre eles a defesa do meio ambiente (art. 170, VI); no mesmo capítulo, dispôs: “O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em coope- rativas, levando em conta a proteção do meio ambiente...” Em outro capítulo, ao dispor sobre a função social da propriedade rural, incluiu entre os requisitos a serem observados “a utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente” (art. 186, II). Ao tratar das atribuições do Sistema Único de Saúde (SUS), deferiu-lhe a competência para “colaborar na proteção do meio ambiente...” (art. 200, VIII). Além disso, ao conceituar “terras tradicionalmente ocupadas pelos índios”, entre elas arrolou “as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar” (art. 231, § 1º). Como resultado da evolução da legislação ambiental no Brasil, em junho de 1992 realizou-se no Rio de Janeiro a Conferência das Nações Unidas Sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como Rio 92, evento de repercussão mundial, da qual resultaram cinco documentos: a) Declaração do Rio de Janeiro (Carta da Terra), com 27 princípios fundamentais sobre o desenvolvimento sustentável; b) a Declaração 7 Módulo 4 Responsabilidade Social de Princípios sobre Florestas; c) a Convenção sobre Biodiversidade, sobre a proteção das riquezas biológicas, principalmente florestais; d) Convenção sobre o Clima, sobre medidas para preservação do equilíbrio atmosférico, com o uso de tecnologias limpas, e controle da emissão de CO2; e) Agenda 21, que é um guia de cooperação internacional sobre recursos hídricos, resíduos tóxicos, transferência de recursos e tecnologias para os países pobres etc. Depois da Rio 92, continuaram os atos legislativos favo- recedores de uma política favorável ao meio ambiente. A legislação referente ao Imposto Territorial Rural (Leis 8.874/94 e 9.393/96) traz incentivo para as áreas de preservação florestal. Mais tarde, veio a Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, a Lei dos Crimes Ambientais, que inclusive estabelece a responsabilidade penal das pessoas jurídicas. Essa breve análise das normas ambientais demonstra que tem sido constante a evolução do da legislação am- biental em nosso país, buscando a adoção de institutos adequados ao estabelecimento de uma política efetiva com vista à preservação dos bens naturais, culturais, paisagísticos, históricos, turísticos e outros para o uso desta e das gerações futuras. É importante, porém, que sejam assinados convênios entre as unidades federativas e as ONGs voltadas para a defesa do meio ambiente, sobretudo na preservação das áreas verdes e dos lençóis aquíferos. Apesar de toda legislação e da preocupação em preservar o meio ambiente, assusta-nos o aumento, a cada dia, de focos de incêndio que destroem florestas, trazendo danos ao meio ambiente, à saúde pública e à preservação das espécies animais e vegetais. Tudo entendido até aqui? A partir do que foi discutido neste tópico, esperamos que você e toda a população se empenhe em uma verdadeira cruzada para que se conscientizem da necessidade de mudar a mentalidade predadora para uma política de desenvolvimento sustentável,com a conciliação dos interesses do desenvolvimento com o dever de todos em deixar para as futuras gerações um país do qual todos possamos nos orgulhar, inclusive quanto à qualidade de vida do seu povo. Conferências internacionais sobre o Meio Ambiente http://www.ecclesia.com.br/biblioteca/fe_e_meio_ambiente/principais_conferencias_internacionais_ sobre_o_meio_ambiente_e_documentos_resultantes.html Eco 92 http://www.objetivo.br/portal/frm_conteudo.aspx?codConteudo=31&tituloanterior=Roteiros+para+E studo Severn Suzuki” da Organização das Crianças em Defesa do Meio Ambiente http://www.youtube.com/watch?v=5g8cmWZOX8Q Indo Além Módulo 4 Responsabilidade Social 8 Entre em contato com o Orientador Acadêmico através da Sala do Orientador na sala de aula virtual, ou consulte o Quadro Horários de Atendimento presencial ao aluno, disponível no Mural da Lara para saber os dias e horários do plantão do Orientador no laboratório de Informática da sua unidade UNISUAM. Dúvidas Para verificar seu rendimento no estudo do conteúdo do Modulo IV dessa disciplina, realize os exercícios online. Saiba que essa atividade soma ponto com a Prova Online na A2 Bom estudo ! Exercícios Anexo - Atividades Responsabilidade Social Bloco de notas e anotações Este espaço é para você anotar suas observações com relação a disciplina estudada. Importante: Leia todas as orientações passo a passo no “Tutorial do Aluno” de como realizar suas Atividades. M eio am bie nte , me rcado do carbono, ati vo s e pa ssiv os a mbien tais Legislação e desenvolvimento sustentável Módulo 4 Responsabilidade Social 2 Meio ambiente, mercado do carbono, ativos e passivos ambientais Neste tópico vamos discutir o conceito de meio ambiente e, mais uma vez, aprofundar os impactos causados nos ambientes naturais em nosso planeta. Além disso, trataremos de alguns encontros importantes que ajudaram a fundamentar as discussões acerca da emissão de gases tóxicos na atmosfera. Daremos maior ênfase ao mercado de carbono e seus preceitos. Você sabe o que significa meio ambiente? O termo meio ambiente é considerado, pelo pensamento geral, sinônimo de natureza, local a ser apreciado, respeitado e preservado. Porém, é necessário um ponto de vista mais profundo sobre esse termo, estabelecer no ser humano a noção de pertencimento ao meio ambiente, com o qual possui vínculos naturais para a sua sobrevivência. Por meio da natureza, reencontramos nossas origens e identidade cultural e biológica, uma espécie de diversidade “biocultural”. Outra definição sobre o termo meio ambiente o coloca no significado de recurso, de gerador de matéria-prima e energia. Nessa segunda definição, a educação ambiental trabalha a noção de consumo responsável e solidário, na defesa do acesso às matérias-primas do meio ambiente de forma comum para todos. Na terceira concepção da palavra, quando falamos em meio ambiente no seu curso de problemáticas e questões surgem as pesquisas e as ações em prol das soluções sobre perdas e destruições que desfavorecem o equilíbrio natural de um determinado meio. Meio ambiente, no sentido de ecossistema, é um conjunto de realidades ambientais, considerando a diversidade do lugar e sua complexidade. Como lugar onde se vive, é referente à vida cotidiana: casa, escola, e trabalho. Como biosfera, surge para explicar a interdependência das realidades socioambientais em todo mundo; a Terra é a matriz de toda vida. Meio ambiente também pode designar um território de uso humano e das demais espécies. Toda pesquisa e educação ambiental devem considerar todos os significados sobre o termo meio ambiente. De acordo com a resolução Conama 306/2002, “meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influência e interações de ordem física, química, biológica, social, cultural e urba- nística, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. Na ISO 14001:2004 encontra-se a seguinte definição sobre meio ambiente: “circunvizinhança em que uma organização opera, incluindo-se ar, água, solo, recursos naturais, flora, fauna, seres humanos e suas inter-relações”. Uma organização é responsável pelo meio ambiente que a cerca, devendo, portanto, respeitá-lo, agir como não poluente e cumprir as legislações e normas pertinentes (ISO 14001). 3 Módulo 4 Responsabilidade Social Apesar de haver na Norma referência sobre a responsabilidade das organizações com o meio, muitas fábricas que possuem principalmente atividades ou processos danosos ao meio ambiente e que passam a sofrer restrições no seu país de origem devido às leis locais acabam se transferindo ou mudando essa produção para outro país onde não haja impedimento ou lei específica. A maior parte destes países está em desenvolvimento, e seus governantes, interessados na entrada de capital na sua economia, acabam submetendo a população aos riscos ambientais que são gerados. Isso está começando a mudar, com a conscientização de que tudo está interligado no planeta e com a pressão de grupos ambientalistas e organizações internacionais que trabalham pela igualdade e respeito à vida. No Art. 225 da Constituição Federal há a seguinte frase: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e as futuras gerações”. A sociedade como um todo é responsável pela preservação do meio ambiente; então é preciso agir da melhor maneira possível para não modificá-lo de forma negativa, pois isso terá consequências para a qualidade de vida da atual e das futuras gerações, entendendo que: “o meio ambiente concebido, inicialmente, como as condições físicas e químicas, juntamente com os ecossistemas do mundo natural, e que constitui o habitat do homem, também é, por outro lado, uma realidade com dimensão do tempo e espaço”. Essa realidade pode ser tanto histórica (do ponto de vista do processo de transformação dos aspectos estruturais e naturais desse meio pelo próprio homem, por causa de suas atividades) como social (na medida em que o homem vive e se organiza em sociedade, produzindo bens e serviços destinados a atender “às necessidades de sobrevivência de sua espécie”. O espaço ocupado pelo homem está a todo o momento sofrendo modificações relacionadas ou impostas pelo próprio homem; elas podem ser danosas ao meio quando não adminis- tradas corretamente. A crise ecológica revela uma crise ética em nossos dias, uma crise de valores, uma crise de relações humanas e de convivência com as demais criaturas. Daí a importância da educação ambiental para a responsabilidade e o respeito à vida. Tal educação afirma valores e ações que contribuem para a transformação humana e social e para a preservação ecológica. Ela estimula a formação de sociedades socialmente justas e ecologicamente equilibradas, que conservam relações de interdependência e diversidade. A educação ambiental deve gerar, com urgência, mudanças na qualida- de de vida e maior consciência de conduta pessoal, bem como harmonia entre os seres humanos. Essa educação ambiental está diretamente relacionada ao posicionamento das empresas em contribuir para o desenvolvimento de tecnologias que diminuam a poluição ambiental. Os fatos que configuram o que se chama de crise ecológica são conhecidos e foram objeto de muitos estudos científicos e relatórios globais de instituições internacionais: a explosão demográfica, o efeito estufa e o aquecimento da atmosfera, o aumento da emissão de Módulo 4 Responsabilidade Social 4 gases poluentes que rarefazem a camada de ozônio, a presença crescente de elementos químicos venenosos nos rios e mananciais, o comprometimento dos lençóis freáticos,o desmatamento e a erosão do solo, a extinção de uma multiplicidade de espécies e o desequilíbrio dos ecossistemas. Você contribui para a preservação do meio ambiente? Vamos conferir? Coloque o lixo que é reciclável na lata azul e o que não é reciclável na lata vermelha. Atividade Online Continuando... É bem provável que a consolidação dessas tendências conduza ao comprometimento da qualidade de vida e da sobrevivência de populações e a lutas distributivas, nacionais e internacionais, ampliando a violência privada, ao emprego de armas químicas e bacte- riológicas e de armas nucleares táticas que, por sua vez, só agonizarão a crise ecológica. O sensível aumento da degradação ambiental no planeta pode tornar-se ameaça endêmica ou epidêmica à qualidade de vida humana, principalmente no tocante às mudanças do clima mundial. O avanço científico associado às fortes evidências de alterações no clima do planeta efetivou uma resposta internacional concreta, que culminou na aprovação da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (CQMC), durante a Convenção das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento Sustentável, ocorrida no Rio de Janeiro em 1992. Reconhecendo a mudança do clima como “uma preocupação comum da humanidade”, os governos que a assinaram tornaram-se partes da Convenção, propondo-se a elaborar uma estratégia global para proteger o sistema climático para as gerações futuras. Na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a partir de estudos científicos, estabeleceu-se que a principal causa da elevação da temperatura do planeta estava no aumento das concentrações de gases com alto teor de compostos de enxofre, resultantes principalmente da queima de combustíveis fósseis. A partir dessa Convenção e com objetivo de encontrar saídas para o problema ambiental do aquecimento global, diversas conferências têm sido realizadas; a de maior destaque foi a COP-3 (Conferência das Partes nº 3), realizada em dezembro de 1997, na cidade de Quioto, no Japão, evento que resultou no estabelecimento do Protocolo de Quioto. Contudo, apenas em 16 de fevereiro de 2005 o Protocolo entrou em vigor, 90 dias após sua assinatura pelo presidente da Rússia, Vladmir Putin, quando então foi possível 5 Módulo 4 Responsabilidade Social cumprir os requisitos para tal, ou seja, ter sido ratificado por 55 nações-parte que respondam por pelo menos 55% das emissões globais, tornado-se norma internacional de observância obrigatória pelos países signatários, que são mais de 140 em todo o mundo, correspondendo a 61,6% das emissões globais. O Protocolo de Quioto, em linhas gerais, tem como objetivo frear a elevação da temperatura do planeta, por meio da diminuição da emissão do dióxido de carbono (CO2) e de cinco outros gases causadores do efeito estufa, provenientes principalmente da queima de combustíveis fósseis e da destruição dos ambientes naturais. Diante do atual cenário mundial, em que a geração de energia é amplamente baseada em petróleo e carvão, esse é um árduo desafio; contudo, é necessário para proteger o sistema climático e preservar a sadia qualidade de vida para as gerações atuais e futuras. Nesse instrumento foram estabelecidas metas específicas de redução de emissão de gases causadores do efeito estufa (GEEs) em pelo menos 5% em relação aos níveis emitidos pelos países em 1990. Veja aqui de que maneira cada um dos países cuja conduta se pretende regular através desta norma, deverá agir para atingir os objetivos firmados. • formular programas nacionais e regionais adequados para melhorar a qualidade dos fatores de emissão, que contenham medidas para mitigar a mudança do clima e medidas para facilitar uma adaptação adequada à mudança do clima; • cooperar na promoção de modalidades efetivas para o desenvolvimento, a aplicação e a difusão destes programas e tomar as medidas possíveis para promovê-los; • facilitar e financiar, conforme o caso, a transferência ou o acesso a tecnologias, know-how, práticas e processos ambientalmente seguros relativos à mudança do clima, dentre outras práticas previstas no Artigo 10 do Protocolo de Quioto. Foram estabelecidos também os meios para o cumprimento dessas metas, chamados mecanismos de flexibilização, arranjos técnico-operacionais para utilização por parte de empresas ou países. Eles oferecem facilidades para que as partes (países) possam atingir seus limites e metas de redução de emissões. Tais instrumentos têm ainda o propósito de incentivar os países em desenvolvimento a alcançar um modelo adequado de desenvolvimento sustentável. São três os mecanismos de flexibilização previstos: Comércio de emissões, realizado entre os países listados em seu Anexo I, de maneira que um país que tenha diminuído suas emissões para valor abaixo de sua meta transfira o excesso de suas reduções para outro país que não tenha alcançado tal condição; Mecanismo de desenvolvimento limpo; e Implementação conjunta, ou seja, implantação de projetos de redução de emissões de GEEs em países que apresentam metas no âmbito do protocolo. Apenas o MDL aplica-se ao Brasil. A saber, o Artigo 12 do Protocolo de Quioto prevê um mecanismo flexível, ou seja, uma alternativa ou forma subsidiária para que os países do Anexo I que não tenham Módulo 4 Responsabilidade Social 6 condições de promover a necessária redução de gases em seu território possam atingir suas metas de redução de emissão de gases de efeito estufa, estimulando ao mesmo tempo o desenvolvimento estruturado daqueles países que não tenham atingido níveis alarmantes de emissão de poluentes. Consiste basicamente na utilização das reduções atingidas pelos países em desenvolvimento (entre os quais está o Brasil) pelos países desenvolvidos para o cumprimento de suas metas obrigatórias. Beneficia tanto os países desenvolvidos relacionados no Anexo I como os países em desenvolvimento, por meio do sistema denominado Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL); aqui a tentativa de reversão do aquecimento global ganha contornos de negócio lucrativo. Nesse mecanismo são confeccionados projetos que auxiliam a redução de emissão de carbono, gerando créditos. Essas reduções certificadas de emissões ou certificados de redu- ção, conhecidos popularmente como “créditos de carbono”, podem ser usados por empresas, entidades ou países do Anexo I para atingir suas metas de redução de emissões, ou seja, poderão ser comercializados. Constata-se que o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo será realmente capaz de pro- porcionar benefícios substanciais para o desenvolvimento sustentável em conformidade com o próprio propósito do mecanismo. Para os países em desenvolvimento, pode ocorrer a preocupação com necessidades econômicas e ambientais imediatas, e a perspectiva de tais benefícios devem proporcionar forte estímulo para participar da implementação do MDL. De acordo com as normas estabelecidas os projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo devem atender concomitantemente as seguintes condições: Veja aqui a) participação voluntária; b) implicar redução adicional à que ocorreria sem a sua implementação; c) contribuir para o desenvolvimento sustentável do país em que seja implementada; d) demonstrar benefícios reais, mensuráveis a longo prazo, relacionados com a mitigação da mudança do clima. Ou seja, as atividades de projeto do MDL e as reduções de emissões de gases de efeito estufa ou aumento de remoção do CO2 a elas atribuídas deverão ser submetidas a um processo de aferição e verificação por meio de instituições e procedimentos estabelecidos na COP-7. Os projetos de MDL somente estarão aptos a gerar certificados de emissão reduzida se 7 Módulo 4 Responsabilidade Social Amplie seus conhecimentos. Acesse o site http://progressoverde.blogspot.com/2008/01/projetos-de-mdl-aprovados-pela-onu.html Saiba mais a redução for efetivamente certificada por organismos competentes, o que significa que os projetos de MDL deverão ser submetidos a um processo de aferição e verificação com critérios técnicos rigorosos por meio de procedimentos estabelecidos na COP-7. A primeira etapa para a aquisição dos “créditos de carbono” é a elaboração do projeto de MDL, o qual deve conter obrigatoriamente a descrição do negócio em todas as suas nuances; a metodologia que será utilizada para “fazer a conta” dos “créditos de carbono” (essa metodologia deve ser previamente aprovada pela ONU); e a forma de monitoramento do projeto. Feito o projeto, este deve ser validado por uma entidade operacional designada (EOD), ente privado devidamente inscrito na ONU (como por exemplo, a ISO). O projeto já validado deverá receber então uma carta de aprovação concedida pelo país onde se encontra o projeto, através da autoridade nacional designada. No caso brasileiro, foi formada uma comissão interministerial que tem como objetivo regular a questão dos “créditos de carbono” no País e emitir a carta de aprovação para os projetos de MDL. Com a carta de aprovação, o projeto é remetido à ONU para que seja registrado no Conselho Executivo do MDL. A próxima etapa é o monitoramento do projeto; após a realização de verificação, feita novamente pela entidade operacional, o projeto obterá a certificação de emissões reduzidas, as quais poderão ser vendidas no mercado. Sendo assim, a redução certificada de emissão (RCE) é uma unidade emitida pelo Conselho Executivo do MDL (da ONU), em decorrência da atividade de um projeto de MDL, e representa a não emissão de uma tonelada métrica equivalente de dióxido de carbono pelo empreendimento. Frisa-se, a partir dos pilares do direito privado que cuida do estudo das coi- sas, que podemos classificar os “créditos de carbono” concedidos mediante a entrega das reduções certificadas de emissões (RCEs) como bens incorpóreos, imateriais ou intangíveis, tendo em vista que estes não têm existência física, mas são reconhecidos pela ordem jurídica (Protocolo de Quioto), tendo valor econômico para o homem, uma vez que são passíveis de negociação. O termo mercado de carbono é utilizado para denominar os sistemas de negociação de unidades de redução de emissões do GEEs. No âmbito do Protocolo de Quioto há dois tipos de mercados de carbono: mercado de créditos gerados por projetos de redução de emissões (projetos de mecanismo de desenvolvimento limpo e projetos de implementação conjunta), e mercado de permissões. Módulo 4 Responsabilidade Social 8 É importante ressaltar que ainda não existe o mercado “oficial”, ou seja, em conformidade com as regras estabelecidas pela ONU; está em fase de regulamentação. Na última Conferência Internacional das Partes (COP) é que se estabeleceu a forma de registro dos projetos, faltando ainda a regulação das outras etapas. No entanto, muitas empresas já possuem projetos de MDL, em diferentes etapas do procedimento. Um exemplo é a Companhia Açucareira do Vale do Rosário, que possui um projeto de MDL envolvendo a cogeração de energia obtida a partir do bagaço da cana-de-açúcar; já existem compradores para os “créditos de carbono” que serão gerados. Apesar de o mercado oficial da ONU ainda não estar em funcionamento, mercados paralelos surgiram; ali, projetos privados são negociados em bolsas de carbono localizadas principalmente nos EUA, possuindo, no entanto, regras e parâmetros diferentes dos adotados pela ONU em razão do Protocolo de Quioto. No entanto, os preços alcançados nesses mercados (por volta de US$ 5,00/ton.) são considerados baixos por alguns especialistas, pois se espera que o mercado regulado pela ONU tenha preços mais convidativos. Um mercado de carbono paralelo também está em fase de implantação no Brasil, como noticiado pela imprensa, organizado pela Bolsa de Mercadorias & Futuros/Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, em convênio com o Ministério do Desen- volvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), visando estimular o desenvolvimento de projetos de MDL e viabilizar negócios no mercado ambiental de forma organizada e transparente. O primeiro passo foi a criação do Banco de Projetos de MDL, um sistema eletrônico que registrará projetos de redução de carbono que já tenham sido validados por uma entidade operacional designada ou que ainda estejam em fase de estruturação. Os investidores também serão pré-qualificados e cadastrados na Bolsa para divulgar suas intenções em adquirir no mercado de créditos a serem gerados por projetos de MDL Podemos perceber que, frente a esses novos desafios inicialmente estabelecidos em Quioto, as empresas que se encontram nos países industrializados sofreram significativo impacto, uma vez que deverão atingir metas determinadas de emissão máxima de gases poluentes. Caso ultrapassem suas respectivas quotas, a alternativa dada a esses países é a utilização do mecanismo de compensação estabelecido no Protocolo, segundo o qual as empresas dos países industrializados poderão comprar os chamados “créditos de carbono” de empresas localizadas em países em desenvolvimento. Estimava-se que a partir de 2008, quando efetivamente passaram a valer as regras do Protocolo, aproximadamente US$ 13 bilhões seriam movimentados no mercado inter- nacional para que se financiassem projetos de aprisionamento de carbono. O Brasil tem capacidade de absorver grande parcela desses investimentos por meio de empresas que explorem atividades que se enquadrem nos critérios do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) e que viabilizem juridicamente seu projeto. Tais investimentos aquecem a possibilidade de ampliação de iniciativas sustentáveis na atividade industrial em diversas áreas. Um dos setores que mais desperta a atenção dos empreendedores, principalmente do setor sucroalcooleiro, é a possibilidade de cogeração 9 Módulo 4 Responsabilidade Social de energia elétrica pelo aproveitamento do bagaço de cana. Trata-se de um dos melhores exemplos de aproveitamento de energia renovável para projetos que tenham em vista a injeção monetária externa decorrente das regras do Protocolo de Quioto. No Brasil, no setor energético, já existe uma gama de projetos para a geração de energia por fontes renováveis e alternativas de cogeração, objetivando assim a redução da utilização dos combustíveis fósseis, um dos principais agentes no agravamento do efeito estufa. Uma atividade também passível de adequação ao Protocolo é a do trata- mento de resíduos, com a transformação de lixões em aterros sanitários, aproveitando o metano liberado na decomposição do lixo para a produção de energia elétrica. Outro mercado atrativo é o do reflorestamento, já que o Brasil possui grandes reservas naturais em seu território, além da maior floresta tropical do mundo. Apesar de parecer no mínimo estranho falar em comercialização de “créditos de carbono”, após um breve estudo sobre o tema não nos restam dúvidas de que o Protocolo de Quioto é uma iniciativa mundial que promete trazer inúmeros benefícios de ordem ambiental, econômica e social. Principalmente quando se trata dos mecanismos de flexibilização, em especial, o MDL, torna-se possível reduzir as emissões globais de GEEs; ao mesmo tempo, abre-se im- portante alternativa para o desenvolvimento sustentado dos países emergentes. Assim, se por um lado é um importante passo para o desenvolvimento de uma política global de desenvolvimento sustentável, por outro é uma formidável oportunidade negocial que deve ser observada com criteriosa análise por empresários brasileiros. As empresas brasileiras possuem grandes possibilidades de viabilizar projetos de MDL; contudo, para o Brasil solidificar seu potencial de atração de investimentos será necessário tomar algumas medidas urgentes.Uma das principais se refere à definição da natureza jurídica do crédito de carbono, que dará ensejo à definição de outras questões que hoje são controversas: a tributação que deverá recair sobre os CERs; a contabilização destes no balanço das empresas; e a regulação do fluxo de recursos para o Brasil e para o exterior decorrente de negociações com CERs. Essas providências trarão maior segurança aos investidores nesse mercado. Na competição por atração de investimentos, cabe às autoridades brasileiras o papel de incentivar esse mercado. O país que sair na frente deverá colher os frutos do pioneirismo. Nesse sentido, a celeridade das providências visando fomentar esse mercado deverá ter papel decisivo na captação de investimentos. Módulo 4 Responsabilidade Social 10 Mercado de Carbono http://www.cebds.org.br/cebds/pub-docs/pub-mc-carbono.pdf Mudanças climáticas: Mercado do Corbono http://www.mudancasclimaticas.andi.org.br/node/141 Indo Além Entre em contato com o Orientador Acadêmico através da Sala do Orientador na sala de aula virtual, ou consulte o Quadro Horários de Atendimento presencial ao aluno, disponível no Mural da Lara para saber os dias e horários do plantão do Orientador no laboratório de Informática da sua unidade UNISUAM. Dúvidas Para verificar seu rendimento no estudo do conteúdo do Módulo IV dessa disciplina, realize os exercícios online. Saiba que essa atividade soma ponto com a Prova Online na A2 Exercícios Anexo - Atividades Responsabilidade Social Bloco de notas e anotações Este espaço é para você anotar suas observações com relação a disciplina estudada. Importante: Leia todas as orientações passo a passo no “Tutorial do Aluno” de como realizar suas Atividades. Pr áti ca da resp onsa bilidad e ambiental em am bie nte s fo rma is e n ão formais de ensino Legislação e desenvolvimento sustentável Módulo 4 Responsabilidade Social 2 Prática da responsabilidade ambiental em ambientes formais e não formais de ensino Nos tópicos anteriores você estudou os aspectos relacionados à origem do termo sustenta- bilidade, algumas leis e decretos que regem o Direito Ambiental e o mercado de carbono. Neste último, veremos a proposta de uma educação pautada em questões relacionadas aos problemas ambientais, com o objetivo de formar cidadãos mais preocupados com essa problemática. Além disso, este trabalho visa conscientizar a sociedade de seu papel na construção de um planeta mais saudável. No final deste tópico, você perceberá que também é responsável pela formação desses indivíduos e verá a importância dessa conscientização global. Podemos começar? Qualquer proposta de ação em meio ambiente precisa ser realizada por uma ótica multidisciplinar, mas desenvolvendo um processo de trabalho interdisciplinar. Sabemos que o desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades. Ele contém dois conceitos-chave: - conceito de necessidades, sobretudo as necessidades dos pobres do mundo, que devem receber a máxima prioridade; - a noção das limitações que o estágio da tecnologia e da organização social impõe ao meio ambiente, impedindo-o de atender às necessidades presentes e futuras. O processo de caminhar para um desenvolvimento sustentável subentende que é preciso minimizar os impactos adversos sobre a qualidade do ar, da água e de outros elementos naturais a fim de manter a integridade global do ecossistema. O desenvolvimento sus- tentável também requer a promoção de valores que mantenham os padrões de consumo dentro do limite das possibilidades ecológicas a que todos podem aspirar. Esse tipo de desenvolvimento é mais do que crescimento. Ele exige uma mudança no teor qualitativo do crescimento, a fim de torná-lo menos intensivo de matérias-primas e de energia e mais equitativo em seu impacto. Os profissionais da área deverão saber lidar com questões como o uso inteligente dos recursos naturais, a redução das infrações ambientais e a destinação final adequada dos rejeitos. Eles também poderão estruturar e modular programas de educação ambiental para empresas e comunidades, uma vez que a educação ambiental no trabalho pode se transformar num programa educacional completo e pode ser dada com eficácia e ser adaptada, com baixo custo, às necessidades de qualquer organização. A educação ambiental requer mudança de comportamento e de atitudes em relação ao meio ambiente interno de qualquer organização e externo a ela. A Recomendação 96 da Conferência das Nações Unidas de Estocolmo, em junho de 1972, já reconhecia o desenvolvimento da educação ambiental como elemento-chave para o combate às crises ambientais no mundo. No plano nacional, desde 1981 a Lei 6938, já completando vinte anos no alvorecer do terceiro milênio, dispõe sobre os fins, mecanismos de formulação e aplicação da Política Nacional de Meio Ambiente e consagra 3 Módulo 4 Responsabilidade Social a educação ambiental em todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade. Como vimos nos estudos anteriores, vários documentos foram criados a partir da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, a Rio 92, entre eles a Agenda 21, que apresenta plano de ação para o desenvolvimento sustentável a ser adotado pelos países a partir de uma nova perspectiva de cooperação internacional. Educação Ambiental A educação ambiental é identificada como instrumento de revisão dos conceitos sobre o mundo e sobre a vida em sociedade, conduzindo os seres humanos à construção de novos valores sociais, à aquisição de conhecimentos, atitudes, competências e habilidades para a conquista e a manutenção do direito ao meio ambiente equilibrado. O índice de sustentabilidade ambiental, lançado em janeiro de 2000 como parte do encontro anual do Fórum Econômico Mundial, é um valioso esforço para medir a habilidade das economias para conseguir desenvolvimento ambientalmente sustentável. A evolução do conceito de educação ambiental acompanhou a evolução do conceito e da percepção de ambiente. Evoluiu de um enfoque mais ecológico no sentido das ciências biológicas para uma dimensão que incorpora as contribuições das ciências sociais fundamentais para a melhoria do ambiente humano. Assim, pode-se pensar o ambiente e a educação ambiental de forma a reduzi-los aos aspectos relativos a fauna, flora, ar, solo e água Pode-se, no entanto, ampliar o conceito e adotar o modelo que aborda os aspectos políticos, éticos, sociais, científicos, econômicos, tecnológicos, culturais e ecológicos, por exemplo. Todavia, compartilho de um pensamento no qual o ponto de partida é o ambiente interno de cada ser humano. Não no sentido antropocêntrico, mas porque parto do princípio de que o ambiente interno de cada ser humano está conectado com o planeta e com o cosmos. É onde começa a compreensão do conceito de rede e de Módulo 4 Responsabilidade Social 4 interconexão, de interdependência, de teia da vida. A Conferência de Tbilisi considera a educação ambiental como: “um processo permanente no qual indivíduos tornam-se conscientes do seu ambiente e adquirem conhecimento, valores, habilidades, experiên- cias e a determinação para agir individual e coletivamente, prevenindo e resolvendo problemas presentes e futuros.” Assim como o ambiente precisa ser percebido na sua totalidade, a educação ambiental também precisa ser vista e praticada na sua integralidade. É comum a prática de uma educação ambiental voltada para o cuidado externo, com o oikos: nosso planeta-casa. No entanto, a primeira casa habitada pelo ser humano é constituída pelo seu próprio ser, seu próprio corpo. A visão do corpo como oikos é encontradatanto na cultura oriental quanto na tradição indígena ou cristã. Dessa forma, a educação ambiental precisa ser praticada tanto nas diferentes dimensões do ambiente interno de cada um (físico, mental, emocional, espiritual) quanto nas dimensões do ambiente externo (relacionamentos interpessoais e com a as demais manifestações da natureza). Nestes tempos em que a informação assume papel cada vez mais relevante, ciberespaço, multimídia, internet, educação para a cidadania representam a possibilidade de motivar e sensibilizar as pessoas para transformar as diversas formas de participação na defesa da qualidade de vida. Nesse sentido, cabe destacar que a educação ambiental assume cada vez mais uma função transformadora, na qual a corresponsabilização dos indivíduos torna-se um objetivo essencial para promover um novo tipo de desenvolvimento – o desenvolvimento sustentável. Entende-se, portanto, que a educação ambiental é condição necessária para modificar o quadro de crescente degradação socioambiental. O educador tem a função de mediador na construção de referenciais ambientais e deve saber usá-los como instrumentos para o desenvolvimento de uma prática social centrada no conceito da natureza. Desenvolvimento sustentável A problemática da sustentabilidade assume, neste novo século, um papel central na reflexão sobre as dimensões do desenvolvimento e das alternativas que se configuram. O quadro socioambiental que caracteriza as sociedades contemporâneas revela que o impacto dos humanos sobre o meio ambiente tem tido consequências cada vez mais complexas, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos. O conceito de desenvolvimento sustentável surge para enfrentar a crise ecológica; pelo menos duas correntes alimentaram o processo: uma, centrada no trabalho do Clube de Roma, reúne suas ideias, publicadas em 1972 sob o título de Limites do Crescimento; segundo elas, para alcançar a estabilidade econômica e ecológica propõe-se o congela- mento do crescimento da população global e do capital industrial, mostrando a realidade dos recursos limitados e indicando forte viés para o controle demográfico. 5 Módulo 4 Responsabilidade Social A segunda está relacionada à crítica ambientalista ao modo de vida contemporâneo, e se difundiu a partir da Conferência de Estocolmo, também em 1972. Tem como pressu- posto a existência da sustentabilidade social, econômica e ecológica. Essas dimensões explicitam a necessidade de tornar compatível a melhoria nos níveis e qualidade de vida com a preservação ambiental. Surgem para dar resposta à necessidade de harmonizar os processos ambientais com os socioeconômicos, maximizando a produção dos ecos- sistemas para favorecer as necessidades humanas presentes e futuras. A maior virtude dessa abordagem é que, além da incorporação definitiva dos aspectos ecológicos no plano teórico, enfatiza a necessidade de inverter a tendência autodestrutiva dos processos de desenvolvimento no seu abuso contra a natureza. O Relatório Brundtlandt, também conhecido como Nosso futuro comum, defende, a partir de 1987, a ideia do “desenvolvimento sustentável”, indicando um ponto de inflexão no debate sobre os impactos do desenvolvimento. Não só reforça as necessárias relações entre economia, tecnologia, sociedade e política como chama atenção para a necessidade do reforço de uma nova postura ética em relação à preservação do meio ambiente, caracterizada pelo desafio de res- ponsabilidade tanto entre as gerações quanto entre os integrantes da sociedade dos nossos tempos. Na Rio 92, o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Susten- táveis e Responsabilidade Global colocou princípios e um plano de ação para educadores ambientais, estabelecendo relação entre as políticas públicas de educação ambiental e a sustentabilidade. Enfatizaram-se os processos participativos na promoção do meio ambiente, voltados para sua recuperação, conservação e melhoria, bem como para a melhoria da qualidade de vida. É importante ressaltar que, apesar das críticas a que tem sido sujeito, o conceito de desenvolvimento sustentável representa importante avanço, na medida em que a Agenda 21 global, como plano abrangente de ação para o desenvolvimento sustentável no século XXI, considera a complexa relação entre o desenvolvimento e o meio ambiente numa variedade de áreas, destacando sua pluralidade, diversidade, multiplicidade e heterogeneidade. As dimensões apontadas pelo conceito de desenvolvimento sustentável contemplam cálculo econômico, aspecto biofísico e o componente sociopolítico como referenciais para a interpretação do mundo e para possibilitar interferências na lógica predatória prevalecente. O desenvolvimento sustentável não se refere especificamente a um problema limitado de adequações ecológicas de um processo social, mas a uma estratégia ou um modelo múltiplo para a sociedade que deve levar em conta tanto a viabilidade econômica como a ecológica. Num sentido abrangente, a noção de desenvolvimento sustentável reporta-se à necessária redefinição das relações entre sociedade humana e natureza, e, portanto, a uma mudança substancial do próprio processo civilizatório, introduzindo o desafio de pensar a passagem do conceito para a ação. Pode-se afirmar que ainda prevalece a transcendência do enfoque sobre o desenvolvimento sustentável radical mais na sua capacidade de ideia força, nas suas repercussões intelectuais e no seu papel articulador de discursos e de práticas Módulo 4 Responsabilidade Social 6 atomizadas que, apesar desse caráter, tem matriz única, originada na existência de uma crise ambiental, econômica e social. O desenvolvimento sustentável somente pode ser entendido como um processo no qual, de um lado, as restrições mais relevantes estão relacionadas à exploração dos recursos, à orientação do desenvolvimento tecnológico e ao marco institucional. De outro, o cresci- mento deve enfatizar os aspectos qualitativos, notadamente os relacionados à equidade, ao uso de recursos – em particular da energia – e à geração de resíduos e contaminantes. Além disso, a ênfase no desenvolvimento deve fixar-se na superação dos déficits sociais, nas necessidades básicas e na alteração de padrões de consumo, principalmente nos países desenvolvidos, para poder manter e aumentar os recursos-base, sobretudo os agrícolas, energéticos, bióticos, minerais, ar e água. Assim, a ideia de sustentabilidade implica a prevalência da premissa de que é preciso definir limites às possibilidades de crescimento e delinear um conjunto de iniciativas que levem em conta a existência de interlocutores e participantes sociais relevantes e ativos por meio de práticas educativas e de um processo de diálogo informado, o que reforça um sentimento de corresponsabilidade e de constituição de valores éticos. Isso também implica que uma política de desenvolvimento para uma sociedade sustentável não pode ignorar nem as dimensões culturais nem as relações de poder existentes, muito menos o reconhecimento das limitações ecológicas, sob pena de apenas manter um padrão predatório de desenvolvimento. Tudo entendido até aqui ? A sociedade sustentável Atualmente, o avanço para uma sociedade sustentável é permeado de obstáculos, na medida em que existe restrita consciência na sociedade a respeito das implicações do modelo de desenvolvimento em curso. Pode-se afirmar que as causas básicas que provocam atividades ecologica- mente predatórias são atribuídas às instituições sociais, aos sistemas de informação e comunicação e aos valores adotados pela sociedade. Isso implica principalmente a necessidade de estimular a participação mais ativa da sociedade no debate dos seus destinos, como uma forma de estabelecer um conjunto socialmente identificado de problemas, objetivos e soluções. O caminho a ser desenhadopassa necessariamente por uma mudança no acesso à infor- mação e por transformações institucionais que garantam acessibilidade e transparência na gestão. Existe um desafio essencial a ser enfrentado, e está centrado na possibilidade de que os sistemas de informação e as instituições sociais se tornem facilitadores de um processo que reforce os argumentos para a construção de uma sociedade sustentável. Para tanto é preciso que se criem todas as condições para facilitar o processo, suprindo dados, desenvolvendo e disseminando indicadores e tornando transparentes os procedimentos por meio de práticas centradas na educação ambiental que garantam os meios de criar novos estilos de vida e promovam uma consciência ética que questione o atual modelo de desenvolvimento, marcado pelo caráter predatório e pelo reforço das desigualdades socioambientais. 7 Módulo 4 Responsabilidade Social A sustentabilidade, como novo critério básico e integrador, precisa estimular perma- nentemente as responsabilidades éticas, na medida em que a ênfase nos aspectos extraeconômicos serve para reconsiderar os aspectos relacionados com a equidade, a justiça social e a própria ética dos seres vivos. A noção de sustentabilidade implica, portanto, uma inter-relação necessária de justiça social, qualidade de vida, equilíbrio ambiental e ruptura com o atual padrão de desen- volvimento. Nesse contexto, a educação ambiental aponta para propostas pedagógicas centradas na conscientização, na mudança de comportamento, no desenvolvimento de competências, na capacidade de avaliação e na participação dos educandos. A educação ambiental propicia aumento de conhecimentos, mudança de valores e aperfeiçoamento de habilidades, condições básicas para estimular maior integração e harmonia dos indivíduos com o meio ambiente. Nesse sentido, a relação entre meio ambiente e educação para a cidadania assume papel cada vez mais desafiador, demandando a emergência de novos saberes para apreender processos sociais que se complexificam e riscos ambientais que se intensificam. As políticas ambientais e os programas educativos relacionados à conscientização da crise ambiental pedem cada vez mais novos enfoques integradores de uma realidade contraditória e geradora de desigualdades e que transcendem a mera aplicação dos conhecimentos científicos e tecnológicos disponíveis. O desafio é, pois, formular uma educação ambiental que seja crítica e inovadora, em dois níveis: formal e não formal. Assim, a educação ambiental deve ser acima de tudo um ato político voltado para a transformação social. Seu enfoque deve buscar uma perspectiva holística de ação, que relaciona o homem, a natureza e o universo, tendo em conta que os recursos naturais se esgotam e que o principal responsável pela sua degradação é o homem. Os grandes desafios para os educadores ambientais são: de um lado, o resgate e o desenvolvimento de valores e comportamentos (confiança, respeito mútuo, respon- sabilidade, compromisso, solidariedade e iniciativa); de outro, o estímulo a uma visão global e crítica das questões ambientais e a promoção de um enfoque interdisciplinar que resgate e construa saberes. Vale ressaltar que quando nos referimos à educação ambiental, situamo-la em contexto mais amplo, o da educação para a cidadania, configurando-a como elemento determinante para a consolidação de sujeitos cidadãos. O desafio do fortalecimento da cidadania para a população como um todo – e não para um grupo restrito – concretiza- se pela possibilidade de cada pessoa ser portadora de direitos e deveres e de se converter, portanto, em ator corresponsável na defesa da qualidade de vida. O principal eixo de atuação da educação ambiental deve buscar, acima de tudo, a solidariedade, a igualdade e o respeito à diferença, com formas democráticas de atuação Módulo 4 Responsabilidade Social 8 baseadas em práticas interativas e dialógicas. Isso se consubstancia no objetivo de criar novas atitudes e comportamentos diante do consumo na nossa sociedade e de estimular a mudança de valores individuais e coletivos. A educação ambiental é atravessada por vários campos de conhecimento, o que a situa como uma abordagem multirreferencial; a complexidade ambiental reflete um tecido conceitual heterogêneo, em que os campos de conhecimento, as noções e os conceitos podem ser originários de várias áreas do saber. A dimensão ambiental representa a possibilidade de lidar com conexões entre diferentes dimensões humanas, propiciando entrelaçamentos e múltiplos trânsitos entre múltiplos saberes. A escola participa, então, dessa rede como uma instituição dinâmica com capacidade de compreender e articular os processos cognitivos com os contextos da vida. A educação insere-se na própria teia da aprendizagem e assume papel estratégico nesse processo. Podemos dizer que a educação ambiental, na escola ou fora dela, continuará a ser uma concepção radical de educação, não porque prefere ser a tendência rebelde do pensamento educacional contemporâneo, mas sim porque nossa época e nossa herança histórica e ecológica exige alternativas radicais, justas e pacíficas. E o que dizer do meio ambiente na escola? Você deve estar se fazendo essa pergunta. Pode-se dizer que um processo de reconstrução interna (dos indivíduos) ocorre partir da interação com uma ação externa (nature- za, reciclagem, efeito estufa, ecossistema, recursos hídri- cos, desmatamento) na qual os indivíduos se constituem como sujeitos pela internalização de significações que são construídas e reelaboradas no desenvolvimento de suas relações sociais. A educação ambiental, como tantas outras áreas de conhecimento, pode assumir, assim, parte ativa de um processo intelectual constantemente a serviço da comunicação, do entendimento e da solução dos problemas. Trata-se de um aprendizado social baseado no diálogo e na interação em constante processo de recriação e reinterpretação de informações, conceitos e significados que podem se originar do aprendizado em sala de aula ou da experiência pessoal do aluno. Dessa forma, a escola pode transformar-se no espaço em que o aluno terá condições de analisar a natureza em um contexto entrelaçado de práticas sociais, parte de uma realidade mais complexa e multifacetada. O mais desafiador é evitar cair na simplificação de que a educação ambiental poderá superar uma relação pouco harmoniosa entre os indivíduos e o meio ambiente mediante práticas localizadas e pontuais, muitas vezes distantes da realidade social de cada aluno. Cabe sempre enfatizar a historicidade da concepção de natureza, o que possibilita a construção de uma visão mais abrangente e que abra possibilidade para uma ação em busca de alternativas e soluções. E como educação ambiental se relaciona com cidadania? Cidadania tem a ver com identidade e pertencimento a uma coletividade. A educação ambiental, como formação e exercício de cidadania, refere-se a uma nova forma de encarar 9 Módulo 4 Responsabilidade Social a relação do homem com a natureza, baseada numa nova ética, que pressupõe outros valores morais e uma maneira diferente de ver o mundo e os homens. A educação ambiental deve ser vista como um processo de permanente aprendizagem que valoriza as diversas formas de conhecimento e forma cidadãos com consciência local e planetária. O que tem sido feito em termos de educação ambiental? A grande maioria das atividades é feita dentro de uma modalidade formal. Os temas predominantes são lixo, proteção do verde, uso e degradação dos mananciais, ações para conscientizar a população em relação à poluição do ar. A educação ambiental que tem sido desenvolvida no país é muito diversa, e a presença dos órgãos governamentais como articuladores, coordenadores e promotores de ações é ainda muito restrita. No caso das grandes metrópoles,existe a necessidade de enfrentar os problemas da poluição do ar, e o poder público deve assumir papel indutor do processo. A redução do uso do automóvel estimula a corresponsabilidade social na preservação do meio ambiente, chama a atenção das pessoas e as informa sobre os perigos gerados pela poluição do ar. Mas isso implica a necessidade de romper com o estereótipo de que as responsabilidades urbanas dependem em tudo da ação governamental, e os habitantes mantêm-se passivos e aceitam a tutela. O grande salto de qualidade tem sido feito pelas ONGs e organizações comunitárias, que têm desenvolvido ações não formais centradas principalmente na população infantil e juvenil. A lista de ações é interminável, e essas referências são indicativas de práticas inovadoras preocupadas em incrementar a corresponsabilidade das pessoas em todas as faixas etárias e grupos sociais quanto à importância de formar cidadãos cada vez mais comprometidos com a defesa da vida. A educação para a cidadania representa a possibilidade de motivar e sensibilizar as pessoas para transformar as diversas formas de participação em potenciais caminhos de dinamização da sociedade e de concretização de uma proposta de sociabilidade baseada na educação para a participação. O complexo processo de construção da cidadania no Brasil, num contexto de aumento das desigualdades, é perpassado por um conjunto de questões que necessariamente implica a superação das bases constitutivas das formas de dominação e de uma cultura política calcada na tutela. O desafio da construção da cidadania ativa configura-se como elemento determinante para constituição e fortalecimento de sujeitos cidadãos que, portadores de direitos e deveres, assumam a importância da abertura de novos espaços de participação. Atualmente, o desafio de fortalecer uma educação ambiental convergente e multirrefe- rencial é prioritário para viabilizar uma prática educativa que articule de forma incisiva a necessidade de enfrentar concomitantemente a degradação ambiental e os problemas sociais. Assim, o entendimento sobre os problemas ambientais se dá por uma visão do meio ambiente como um campo de conhecimento e significados socialmente construído, que é perpassado pela diversidade cultural e ideológica e pelos conflitos de interesse. O aluno precisa ser situado nesse universo de complexidades; seus repertórios pedagógicos devem ser amplos e interdependentes, visto que a questão ambiental é um problema híbrido, associado a diversas dimensões humanas. Módulo 4 Responsabilidade Social 10 Os professores devem estar cada vez mais preparados para reelaborar as informações que recebem, especialmente as ambientais, a fim de poder transmitir e decodificar para os alunos a expressão dos significados sobre o meio ambiente e a ecologia nas suas múltiplas determinações e interseções. A ênfase deve ser a capacitação para perceber as relações entre as áreas e como um todo, enfatizando uma formação local/global, buscando marcar a necessidade de enfrentar a lógica da exclusão e das desigualdades. Nesse contexto, a administração dos riscos socioambientais reforça cada vez mais a necessidade de ampliar o envolvimento público por meio de iniciativas que possibilitem o aumento do nível de consciência ambiental dos moradores, garantindo a informação e a consolidação institucional de canais abertos para a participação numa perspectiva pluralista. A educação ambiental deve destacar os problemas ambientais que decorrem da desordem e da degradação da qualidade de vida nas cidades e suas regiões. À medida que se observa cada vez mais dificuldade de manter a qualidade de vida, é preciso fortalecer a importância de garantir padrões ambientais adequados e estimular uma crescente consciência ambiental, centrada no exercício da cidadania e na refor- mulação de valores éticos e morais, individuais e coletivos, numa perspectiva orientada para o desenvolvimento sustentável. A educação ambiental, como componente de uma cidadania abrangente, está ligada a uma nova forma de relação ser humano/natureza, e sua dimensão cotidiana leva a pensá-la como somatório de práticas e, consequentemente, entendê-la na dimensão de sua potencialidade de generalização para o conjunto da sociedade. Cremos que essa generalização de práticas ambientais só será possível se estiver inserida no contexto de valores sociais, mesmo que se refira a mudanças de hábitos cotidianos. A problemática socioambiental, ao questionar ideologias teóricas e práticas, propõe a participação democrática da sociedade na gestão dos seus recursos atuais e potenciais e no processo de tomada de decisão para a escolha de novos estilos de vida e a construção de futuros possíveis, sob a ótica da sustentabilidade ecológica e da equidade social. Torna-se cada vez mais necessário consolidar novos paradigmas educativos, centrados na preocupação de iluminar a realidade desde outros ângulos; isso supõe a formulação de novos objetos de referência conceituais e principalmente a transformação de atitudes. Programa de Gestão ambiental http://pga.pgr.mpf.gov.br/pga/educacao/que-e-ea/o-que-e-educacao-ambiental Ministério do Meio Ambiente http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=20 Uma definição sobre educação ambiental http://www.reacaoambiental.com.br/?p=279 Indo Além 11 Módulo 4 Responsabilidade Social Entre em contato com o Orientador Acadêmico através da Sala do Orientador na sala de aula virtual, ou consulte o Quadro Horários de Atendimento presencial ao aluno, disponível no Mural da Lara para saber os dias e horários do plantão do Orientador no laboratório de Informática da sua unidade UNISUAM. Dúvidas Para verificar seu rendimento no estudo do conteúdo do Módulo IV dessa disciplina, realize os exercícios online. Saiba que essa atividade soma ponto com a Prova Online na A2 Exercícios Anexo - Atividades Responsabilidade Social Bloco de notas e anotações Este espaço é para você anotar suas observações com relação a disciplina estudada. Importante: Leia todas as orientações passo a passo no “Tutorial do Aluno” de como realizar suas Atividades.
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