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psicologia desenvolvimento aprendizagem 1

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Prévia do material em texto

Aurivar Fernandes Filho
Psicologia do desenvolvimento 
e da aprendizagem
0303
Sumário
CAPÍTULO 1 – Psicologia: Contribuições para o Desenvolvimento Humano ..........................05
Introdução ....................................................................................................................05
1.1 A Psicologia e suas Relações com a Educação .............................................................05
1.1.1 A Psicologia: um resumo histórico e seus avanços ...............................................05
1.1.2 A Psicologia na Educação e suas Contribuições ..................................................08
1.2 O Desenvolvimento como um Processo: Aspectos Importantes .......................................11
1.2.1 O Desenvolvimento Humano como um Processo .................................................11
1.2.2 Aspectos Relevantes no Desenvolvimento Humano .............................................15
Síntese ..........................................................................................................................18
Referências Bibliográficas ................................................................................................19
0505
Capítulo 1
Introdução
A psicologia é um ramo do conhecimento científico que contribui para o entendimento do sujeito 
e de seu comportamento. Deste modo, pesquisas e teorias da psicologia ajudam pessoas, e seto-
res públicos e privados por meio da psicologia organizacional e clínica. Mas, você já se pergun-
tou quais são as contribuições da psicologia para a educação e para sua prática pedagógica?
A partir do momento em que a psicologia adquiriu o status de ciência, delimitando seu objeto de 
estudo – a subjetividade –, percebeu-se que ela poderia contribuir com o fator humano em es-
paços como as escolas. Assim, investiu-se em pesquisas que pudessem auxiliar na compreensão 
do desenvolvimento humano e de suas implicações na aprendizagem. 
Você sabe quais foram as bases teóricas que deram origem aos conhecimentos advindos da psi-
cologia da educação na compreensão da aprendizagem? Quais são os aspectos importantes do 
desenvolvimento humano? 
Ao estudar o material aqui apresentado, você compreenderá a importância da ciência psicoló-
gica na prática dos professores e mediadores dos processos de aprendizagem, tendo por base o 
desenvolvimento humano. Vamos lá?
1.1 A Psicologia e suas Relações com a Educação
Qual é a contribuição da psicologia para a educação? Essa é uma pergunta que instiga os 
alunos dos cursos de licenciatura a procurar compreender a importância da ciência psicológica 
no que diz respeito à aprendizagem, ao desenvolvimento humano e às práticas pedagógicas de 
modo geral.
Para ajudá-lo a compreender quais são as contribuições da psicologia para a educação e como 
estas matérias se relacionam, vamos traçar, no tópico a seguir, um histórico da ciência psicoló-
gica e de seus avanços. Deste modo, você perceberá como esse percurso influenciou a maneira 
como compreendemos o ser humano. 
1.1.1 A Psicologia: um resumo histórico e seus avanços
Para compreender a contribuição da ciência psicológica, é importante conhecer um pouco da 
história da psicologia, e de sua trajetória até se tornar influente na educação. Assim, iniciamos 
definindo a psicologia como a “[...] ciência que se concentra no comportamento e nos processos 
mentais.” (DAVIDOFF, 2001, p. 6). Sua base científica tem origem no século XIX, quando Gus-
tav Fechner pesquisava a psicofísica – relação entre estímulo físico e sensação. Não somente 
os experimentos (fator importante para a validação de um conhecimento como científico), mas 
também a utilização da matemática na pesquisa sobre a mente humana fundamentavam seu 
trabalho.
Psicologia: Contribuições para 
o Desenvolvimento Humano
06 Laureate- International Universities
Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem
Igualmente, outros importantes personagens contribuíram para o estabelecimento da psicologia 
como ciência. Um deles foi Wilhelm Wundt, considerado o fundador da psicologia científica. 
Inicialmente, os conhecimentos psicológicos estavam associados à filosofia e, por isso, o pes-
quisador desejava que a psicologia fosse reconhecida como ciência. Para tanto, Wundt criou o 
primeiro laboratório de pesquisa em psicologia, em Leipzig na Alemanha, em 1879. Nele, es-
tudava os processos da consciência humana, por meio do método intitulado introspeccionismo, 
de acordo com o qual um sujeito indicava as sensações percebidas no corpo quando estimulado 
(BOCK, 2001).
Wilhelm Wundt foi fisiologista, nasceu em 1832 e faleceu em 1920. Ainda, atuou 
como professor de fisiologia da Universidade de Heidelberg, na Alemanha, fundando o 
primeiro laboratório de psicologia no mundo. Suas pesquisas foram importantes para 
conferir à psicologia o status de ciência no entendimento dos processos mentais.
VOCÊ O CONHECE?
Entretanto, surge outro interessado em estudar a consciência humana: William James. Diferente 
de Wundt, James interessava-se pela consciência humana e por sua relação com o dia a dia das 
pessoas, buscando compreender como ela auxiliava o ser humano em suas experiências cotidia-
nas, conforme suas necessidades. Considerado um observador da vida mental, trabalhava por 
meio de experimentos. Era a favor de uma psicologia mais prática, que tentasse “[...] captar o 
“temperamento” da mente em funcionamento.” (DAVIDDOF, 2001, p. 11). 
Até então, a psicologia era vinculada à fisiologia, e os métodos usados por seus precursores 
ainda lhe garantiam o título científico. Com o tempo, outros pesquisadores trouxeram novos 
questionamentos e rumos à ciência psicológica. No século XX, James Watson indicou a necessi-
dade de ater-se aos comportamentos passíveis de serem observados, possibilitando seu estudo 
e a realização de testes. A esta altura, em 1912, surge o behaviorismo – do inglês, behavior 
(comportamento). 
Figura 1 − O Behaviorismo e os comportamentos observáveis.
Fonte: Shutterstock, 2015.
07
Outros representantes, como Skinner, foram significativos para a aprendizagem. Não obstante, 
um novo personagem surge para marcar a história da psicologia: Freud, médico neurologista de 
Viena, na Áustria, preocupado com o entendimento das neuroses. Freud trouxe à tona questões 
que envolviam o consciente e o inconsciente. Além disso, sua teoria contribuiu para a compre-
ensão do desenvolvimento humano, abordando a estrutura do aparelho psíquico ou da perso-
nalidade no livro A interpretação dos sonhos, de 1900. Dessa maneira, surge a psicanálise, que 
muito contribuiria para pensar a sexualidade como fator importante da personalidade.
A sexualidade é proposta como parte do desenvolvimento infantil, ideia que, embora não aceita 
pelo meio acadêmico num primeiro momento, hoje faz parte das nossas conversas e vivências 
em sala de aula, não é mesmo? O assunto é discutido nos mais diferentes espaços – em casa, 
na sala de aula e nas mídias de modo geral –, fazendo parte da realidade do aluno e compondo 
sua personalidade.
GARCIA-ROZA, Luiz Alfredo. Freud e o inconsciente. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1985. 
O livro aborda a origem, os principais aspectos da história da psicanálise e seus con-
ceitos mais importantes. Uma ótima leitura para aqueles que desejam conhecer a teoria 
psicanalítica e sua influência de modo aprofundado.
NÃO DEIXE DE LER...
Outra abordagem de grande relevância para compreensão do sujeito é a Psicologia da Gestalt 
(do alemão, forma). Seus fundadores foram Max Wertheimer (1880-1943), Wolfgang Köhler 
(1887-1967) e Kurt Koffka (1886-1941). Os três teóricos estabeleceram a doutrina por volta do 
ano 1912, buscando entender o comportamento humano por meio da percepção dos estímulos 
físicos pelos sujeitos, bem como as alterações de percepção ocasionadas por numa ilusão de 
ótica.Mas, pare e pense: você consegue ver o mundo ao seu redor do mesmo modo que seus 
amigos, professores, ou familiares o veem? Lógico que não! Essa foi uma das grandes preocu-
pações da Gestalt.
Uma forma de entender como funciona a percepção frente a um estímulo seria por meio da re-
alização de um teste. Observe a figura a seguir!
Figura 2 − A Psicologia da Gestalt e as Percepções.
Fonte: Shutterstock, 2015.
08 Laureate- International Universities
Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem
Provavelmente você viu um rosto, um sofá, piso, quadros ou ainda, um rosto de mulher com 
boca, nariz, óculos e brincos. Desse modo, podemos entender o interesse da Psicologia da Ges-
talt nas diferentes percepções sobre uma mesma imagem ou estímulo, e na resposta da seguinte 
pergunta: por que as pessoas veem coisas diferentes, a partir do mesmo estímulo?
Essa mesma pergunta pode povoar os pensamentos de muitos educadores, que, ao prepararem 
uma aula com recursos, tempo e assuntos predefinidos, de modo que todos possivelmente com-
preendam, percebem, ao chegar à sala de aula, que alguns alunos aprendem rápido, uns têm 
grande dificuldade e outros simplesmente não conseguem aprender. Por quê?
A resposta a essa pergunta consiste no objeto de estudo da psicologia, que inicialmente era o ser 
humano: a consciência humana ou o comportamento humano e, atualmente, a subjetividade. 
O termo foi utilizado por melhor descrever o objeto de estudo das psicologias – não de somente 
uma – nas mais diferentes abordagens (comportamental, psicanálise, Gestalt etc.), como “[...] o 
mundo de ideias, significados e emoções construído internamente pelo sujeito a partir de suas 
relações sociais, de suas vivências e de sua constituição biológica; é também fonte de suas ma-
nifestações afetivas e comportamentais.” (BOCK, 2001, p. 28).
Todavia, deficiências visuais, como baixa visão, cegueira, daltonismo, entre outras, também são 
relevantes para a compreensão individual dos alunos quanto ao seu modo de responder aos estí-
mulos visuais. Aproximar-se dos educandos pode ser vital para escolher atividades que atendam 
a essas necessidades.
Por que psicologias e não psicologia? O “s” foi acrescentado ao título, pois a psicolo-
gia é uma ciência com várias abordagens e linhas teóricas (cognitivo comportamental, 
existencialista, Gestalt, psicanálise, humanista, sócio-histórica etc.) que estudam a sub-
jetividade; porém, cada uma enfatiza um ou mais fenômenos psicológicos que funda-
mentem a teoria e os métodos escolhidos para compreender o sujeito. É importante 
destacar que, por conta disso, a psicologia é considerada uma ciência pré-paradigmá-
tica, ou seja, ainda não possui um único entendimento do mesmo fenômeno.
NÓS QUEREMOS SABER!
Em outras palavras, a subjetividade é um modo particular pelo qual nos constituímos, e somos 
reconhecidos pelos outros. Você entende a importância do termo na compreensão do sujeito? 
Essa compreensão influenciará nosso olhar sobre o aluno, seu desenvolvimento e aprendizado 
e sobre as particularidades do seu modo de ser e de ver o mundo ao redor. Um ótimo começo 
seria conhecer sua história de vida, reconhecendo que seu nome e sobrenome estão carregados 
de subjetividade, portanto, de características únicas e individuais!
Mas em que momento a psicologia se aproximou da educação e contribuiu, com seus conheci-
mentos, com as práticas educativas e metodologias de ensino? Veremos nas próximas páginas! 
1.1.2 A Psicologia na Educação e suas Contribuições
A psicologia adquiriu seu status de ciência por meio de pesquisas e conhecimentos científicos 
que podem ser utilizados nos diversos espaços em que seu objeto de estudo, a subjetividade, está 
presente, colaborando de modo significativo com a educação. 
A aproximação da psicologia com essa área teve início no século XIX, quando ela distancia-se 
da filosofia – mesma época em que Wundt cria o primeiro laboratório de psicologia no mundo, 
contribuindo para a obtenção do status de ciência. Assim, pesquisadores como James McKeen 
09
Catell (1860-1944) e Granville Stanley Hall (1844-1924) são considerados os grandes precur-
sores da aplicação da psicologia à educação. Conheça suas contribuições no quadro a seguir.
Catell Hall
Desenvolveu importantes pesquisas sobre:
• diferenças individuais frente às reações;
• testes mentais capazes de medir juízos 
simples;
• memória; e
• velocidade motora.
Ainda, criou um método para ensinar a ler 
que utiliza primeiramente palavras considera-
das mais simples, e não as letras do alfabe-
to.
• Pesquisou a psicologia infantil, utilizando 
o questionário como meio de compreen-
são do pensamento infantil.
• Apontou o desenvolvimento, as necessi-
dades e características das crianças como 
pontos de partida para a educação.
• Fundou uma revista de grande repercus-
são nos campos da psicologia e da pe-
dagogia, a Pedagogycal Seminary, sendo 
chamada posteriormente de Journal of 
Genetic Psychology.
Quadro 1 − Contribuições de Catell e Hall da Psicologia da Educação.
Fonte: Salvador, 2000.
Observe que os dois pesquisadores iniciaram o processo de produção de conhecimentos psico-
lógicos para aplicação na educação por pontos importantes como: memória, desenvolvimento, 
necessidades, leitura. Estas ainda são fontes de atenção e preocupação nas escolas e na forma-
ção pedagógica, não é mesmo? 
Já no século XX, surge a Psicologia da Educação como área que “[...] inclui trabalhos e pesquisas 
sobre a aprendizagem, os testes mentais, a medida do comportamento, a psicologia da criança 
e a clínica infantil, tudo referido direta ou indiretamente à problemática educativa escolar.” (SAL-
VADOR, 2000, p. 26). Surge a primeira revista da área, a Journal of Educational Psychology, em 
1910, a qual em sua primeira edição informa:
[...] de acordo com nossos propósitos, interpreta-se o termo “psicologia educacional”, num 
sentido amplo, como aquilo que cobre todas as fases de estudo da vida mental relacionadas 
à Educação. Considera-se, pois, que a psicologia educacional inclui não só o campo bem 
conhecido que integra o livro-texto convencional – a psicologia das sensações, o instinto, a 
atenção, os hábitos, a memória, as técnicas e a economia da aprendizagem, os processos 
conceituais, etc. −, mas também os seguintes aspectos: os problemas de desenvolvimento 
mental (a herança, a adolescência e o inesgotável campo do estudo da criança); o estudo das 
diferenças individuais, do “retardo e da precocidade” no desenvolvimento; a psicologia da 
“classe especial”. (BAGLEY; SEASHORE; WHIPPLE, 1910 apud SALVADOR, 2000, p. 27).
Devemos atentar para o fato de que essa publicação de psicologia educacional abrangia pes-
quisa e reconhecimento científico. Mais uma vez, assuntos de interesse da psicologia no ano 
de 1910 correspondem aos mesmos temas abordados em cursos de formação de professores, 
seminários e especializações da atualidade. Você consegue reconhecer o debate desses temas 
no seu cotidiano?
Não somente isso, mas também outros pontos favoreceram a importância da psicologia da 
educação, tal como o uso de testes para medir e avaliar os déficits de inteligência por Alfred 
Binet (1857-1911). Por sua vez, considerado um dos primeiros psicólogo da educação, Edward 
Thorndike (1874-1949) utilizou experimentos para elaborar provas que aferissem os resultados 
na matemática ou na língua de origem.
10 Laureate- International Universities
Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem
De modo semelhante, o psicólogo e pedagogo Édouard Claparède (1873-1940) influenciou 
a educação ao realizar pesquisas relacionadas à psicologia da criança na Universidade de 
Genebra. Ele criou o instituto Jean-Jacques Rousseau, em 1912, e suas contribuições foram ex-
tremamente importantes para os fundamentos da educação na contemporaneidade, apontando 
que “[...]a educação deveria ter como eixo a ação e não apenas a instrução pela qual a pessoa 
recebe passivamente os conhecimentos.” (GADOTTI, 1999, p. 154).
Certamente você percebe a relação entre os conceitos e teorias de Claparède, e aqueles discu-
tidos e trabalhados pelo filósofo e educador Paulo Freire (1987; 1996), que critica a educação 
bancária e opressora, e argumenta em favor de uma educação libertadora e autônoma, que 
possibilite ao aluno desenvolver uma consciência crítica. Assim, percebe-se que a psicologia 
associou seus conhecimentos e técnicas à realidade e às necessidades educacionais. 
Além disso, a psicologia da educação aproxima-se de outros ramos da psicologia, como a so-
cial, bem como de outras disciplinas que auxiliarão na análise da educação, abordando outras 
áreas, como economia, sociedade e tecnologia aplicadas à educação. À medida que novas 
necessidades apareciam, novas teorias que pudessem corresponder à realidade da educação 
foram desenvolvidas. A psicologia adentrou campos específicos, como a aprendizagem e o de-
senvolvimento humano, por meio de grandes autores que estudaremos com maior profundidade 
ao longo da disciplina. 
No final da década de 1960, a psicologia da educação adotou como objeto de estudo os pro-
cessos de mudança comportamental, tendo como foco as atividades escolares. Nesse sentido, 
o trabalho da psicologia nesses ambientes foi definido como o entendimento das mudanças e 
processos psicológicos causados nas pessoas que participam de atividades educativas (SALVA-
DOR, 2000).
Mais do que isso, Salvador (2000) esclarece que o objeto de estudo da Psicologia da Educação 
tem três dimensões, e cada uma delas persegue determinados objetivos. Acompanhe! 
•	 Dimensão teórica ou explicativa: compreende os processos e mudanças observados nas 
práticas escolares.
•	 Dimensão tecnológica ou projetiva: planeja e cria atividades que mobilizam as pessoas 
envolvidas na aprendizagem de modo eficaz.
•	 Dimensão técnica ou prática: resolve problemas que porventura dificultem os processos 
educativos.
É importante perceber que muitas das práticas metodológicas e intervenções desenvolvidas no 
campo da educação receberam contribuições da psicologia. Como o objeto de estudo é compre-
ender as mudanças dos processos psicológicos nas práticas educativas, o trabalho da psicologia 
da educação está diretamente ligado a melhorias e ao aumento da compreensão, servindo de 
apoio teórico para que o educador possa auxiliar seus alunos na aprendizagem. Mas, como ela 
não trabalha sozinha, há outros ramos do conhecimento aplicado que auxiliam nos processos 
educativos, tais como a Psicologia da Aprendizagem e do Desenvolvimento.
Conforme aponta Bock (1999, p. 113), a Psicologia da Aprendizagem “[...] transforma a apren-
dizagem em um processo a ser investigado.”. Nesse sentido, a autora argumenta que a psico-
logia discutirá as diversas possibilidades de se aprender, por meio de teorias que auxiliem a 
compreensão dos processos, os limites e fenômenos psicológicos envolvidos. 
A Psicologia do Desenvolvimento “[...] pretende estudar como nascem e como se desenvolvem 
as funções psicológicas que distinguem o homem das outras espécies.” (DAVIS; OLIVEIRA, 1994, 
p. 19). Por meio desses estudos, é possível compreender as etapas e processos pelos quais os 
alunos – adultos, adolescentes ou crianças – passam.
11
Assim, percebemos que a psicologia contribui, através de técnicas, métodos e teorias, com a 
reflexão sobre a aprendizagem e com os atores envolvidos nesse processo. Daqui em diante, 
passaremos a estudar o desenvolvimento humano e suas implicações na aprendizagem. 
O site da Revista Psicologia da Educação da Pontifícia Universidade Católica de São 
Paulo, do programa de pós-graduação em Psicologia da Educação, oferece um pe-
riódico científico que aborda temas atuais da psicologia da educação no formato de 
resenhas, artigos, relatórios, entre outros materiais. O conteúdo foi disponibilizado 
na base de dados Scielo, e por isso, merece ainda mais ser levado em considera-
ção. Acesse: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_serial&pid=1414-
-6975&lng=pt&nrm=iso>.
NÃO DEIXE DE LER...
1.2 O Desenvolvimento como um Processo: 
Aspectos Importantes
Aprendemos que a vida é um ciclo: nascemos, crescemos, desenvolvemo-nos e morremos. Con-
tudo, apenas afirmar que a vida funciona de forma cíclica não nos ajuda a entender o desenvol-
vimento humano. Assim, propomos as seguintes questões: como se dá o desenvolvimento huma-
no? Quais são os aspectos envolvidos neste processo? Qual é a sua influência na aprendizagem 
dos alunos?
Nesta segunda parte do capítulo, refletiremos sobre os aspectos envolvidos em nosso desenvol-
vimento, e que influenciarão na aprendizagem de modo geral, afinal, trata-se de um processo 
contínuo, não é mesmo? 
1.2.1 O Desenvolvimento Humano como um Processo
Provavelmente, ainda quando criança, você fez o experimento de acompanhar o crescimento de 
uma planta, certo? Naturalmente, um feijão, não foi? Muitos de nós, acompanhando seu cres-
cimento passo a passo, ficamos impressionados com como aquilo que havíamos aprendido em 
sala de aula era nitidamente visível aos nossos olhos. Mas, e com o ser humano, como acontece, 
como ele se desenvolve? 
12 Laureate- International Universities
Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem
Figura 3 − O desenvolvimento humano.
Fonte: Shutterstock, 2015.
A figura 4 apresenta o desenvolvimento de uma menina em algumas etapas: infância, adoles-
cência e fase adulta. Como pano de fundo, vemos os processos pelos quais passamos a fim de 
atingir a maioridade e independência profissional e pessoal. Note que a educação formal (a 
escola) faz parte desse processo de desenvolvimento, o que é interessante e, ao mesmo tempo, 
representa uma grande responsabilidade para nós, educadores.
O desenvolvimento é “[...] o processo através do qual o indivíduo constrói ativamente, nas re-
lações que estabelece com o ambiente físico e social, suas características.” (DAVIS; OLIVEIRA, 
1994, p. 19). Ou seja, o desenvolvimento está relacionado com as questões internas e externas 
do indivíduo. Anteriormente, o termo era associado apenas à infância. Em seguida, os teóricos 
dessa linha de pensamento reconheceram que os vários estágios pelos quais os seres humanos 
passam constituem um desenvolvimento que se desenrola ao longo de toda a vida.
Por conta disso, o desenvolvimento humano é apresentado por diversos autores de maneiras 
diferentes, conforme os referenciais teóricos utilizados. Aqui, citamos algumas terminologias uti-
lizadas para classificar o desenvolvimento humano em fases, de acordo com as idades biológicas 
correspondentes. Entenda, porém, que esta é apenas uma das formas de demarcação.
Fases Terminologia Idades
1ª
2ª
3ª
4ª
5ª
6ª
7ª
Criança recém-nascida
Do nascimento até 2 anos
2-12/15 anos
12-15 a 18/20 anos
20-60 anos
60 anos até morte
----------------------
Época do nascimento
Primeira infância
Segunda infância
Adolescência
Idade adulta
Velhice
Época da morte
Quadro 2 − Etapas do Desenvolvimento Humano.
Fonte: Gondra e Garcia, 2004. 
13
O ciclo apresentado pode auxiliar os professores quanto ao que se espera de cada fase da vida 
e de suas respectivas idades, de acordo com a realidade ocidental. 
Agora, pare um pouco e reflita: de que maneira a faixa etária referente ao desenvolvimento de 
meus alunos pode me ajudar a planejar minhas aulas? Uma resposta seria: estudar as caracte-
rísticas referentes a cada faixa etária, ou fase do desenvolvimento humano, é importante para 
escolher os métodos, brincadeiras e recursos adequados. 
Especificamente, podemos concluir que um professor do Ensino Infantil não fará uso da mesma 
metodologia ou linguagem com os alunos do Ensino Médio, justamente porque seus alunos estão 
em momentos diferentesdo ciclo de vida, e têm necessidades e aspirações distintas. Entender isso 
demonstra conhecimento e respeito com relação às etapas do desenvolvimento de seus alunos.
Existem alguns aspectos que interferem no processo de desenvolvimento, a saber, ambiente,	
hereditariedade e maturação. Para melhor ilustrar a influência mútua da hereditariedade e do 
ambiente, veremos alguns trechos do artigo de Vera Bussab (2000), intitulado Fatores heredi-
tários e ambientais no desenvolvimento: a adoção de uma perspectiva interacionista, acerca do 
estudo com gêmeos.
Gêmeos parecem preencher todos os requisitos para atender ao raciocínio básico dos estudos 
de genética do comportamento. A comparação de gêmeos idênticos versus gêmeos fraternos, 
criados juntos ou em separado, parece permitir a concretização, em ambiente natural, de todos 
os controles experimentais necessários para o estudo de efeitos do ambiente e da genética. 
Entretanto, muitas dificuldades devem ser consideradas. A ideia de igualdade de ambiente 
requer a consideração de aspectos muito diferenciados. Nem mesmo o ambiente intrauterino 
de gêmeos idênticos é completamente comum. Por exemplo, quanto ao envelope placentário, 
todos os gêmeos fraternos são dicoriônicos − desenvolvem-se em envelopes separados − 
enquanto cerca de 70% dos gêmeos idênticos são monocoriônicos. Gêmeos idênticos que se 
desenvolvem no mesmo envelope placentário diferem dos gêmeos idênticos que se desenvolvem 
em envelopes separados. Curiosamente, os gêmeos idênticos monocoriônicos, embora tendam 
a nascer com pesos mais diferentes entre si, são os que mais tarde vão apresentar maiores 
semelhanças psicológicas (Spitz, 1996), o que é um complicador do raciocínio que opõe 
hereditariedade e ambiente. Ainda nessa mesma linha, ser criado junto pode significar coisas 
diferentes para diferentes pares de gêmeos. Há indícios de que gêmeos monozigóticos criados 
juntos tenham um ambiente mais semelhante que os dizigóticos criados juntos, pois tendem a 
estudar mais na mesma classe, e a partilhar mais atividades extracurriculares (Spitz, 1996). Mais 
instigante ainda é a constatação de que gêmeos idênticos são tratados de modo mais parecido 
do que os fraternos: mesmo quando criados em separado, por pais diferentes, relatam histórias 
mais semelhantes de criação (Harris, 1998). Trata-se de efeito indireto dos genes. Crianças 
com determinadas características genéticas, como timidez, provocam reações típicas nos pais, 
irmãos e amigos. O produto final resulta do efeito direto e indireto do traço. As diferenças 
entre gêmeos idênticos têm de ser atribuídas a efeitos ambientais As semelhanças entre gêmeos 
idênticos requerem considerações mais complicadas. Embora exijam cuidados de interpretação, 
estes estudos têm evidenciado resultados interessantes. Estratégias metodológicas permitem 
avaliações do efeito da herança e correções dos efeitos ambientais. As diferenças entre as 
correlações de gêmeos idênticos criados juntos e as correlações de gêmeos idênticos criados 
em separado aponta a magnitude da influência genética, bem como a do ambiente, para cada 
traço psicológico investigado. Ao contrário do que se costuma pensar, estes planejamentos 
servem para esclarecer também o efeito do ambiente (Bouchard, 1997). (BUSSAB, 2000, p. 
233-243)
Conforme observado no artigo da doutora em psicologia experimental, Vera Silvia Raad Bussab, 
alguns pesquisadores buscaram compreender o efeito da genética e do ambiente através do es-
tudo de gêmeos idênticos e fraternos. Para tanto, isolaram os gêmeos de forma que fosse possível 
verificar questões relacionadas à personalidade e à criação. Contudo, os estudos mostraram 
que os dois fatores (genética e ambiente) podem influenciar diretamente no desenvolvimento dos 
bebês, sem que um deles possa ser desconsiderado.
Ainda que seja comum ver filhos gêmeos usando roupas iguais e, no caso de serem idênticos, ser 
mais difícil identificar quem é quem, não podemos descartar a subjetividade de cada um deles, 
suas histórias, emoções, seus nomes diferentes.
14 Laureate- International Universities
Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem
No quadro abaixo, identificamos os fatores anteriormente citados e suas correspondências.
Hereditariedade	ou	
Genética
Meio	ou	Ambiente Maturação
Características 
transmitidas de pais 
para filhos (cor dos 
olhos ou cabelo, 
etnia etc.) por meio 
dos genes.
Estímulos externos:
• químicos, como alimenta-
ção, uso de drogas etc.;
• sensoriais: percebidos por 
meio dos cinco sentidos 
(olfato, paladar, visão, 
tato e audição); 
• culturais: conjunto de 
padrões, costumes, gê-
neros e comportamentos 
esperados de cada região 
ou país.
Corresponde a uma série de padrões 
no comportamento, dependentes do 
corpo e do sistema nervoso, estando 
ligados:
• à hereditariedade ou genética, indi-
cando potencialidades e limitações;
• às características individuais, isso é, 
cada indivíduo se desenvolve a seu 
modo e ritmo. Um ótimo exemplo 
seria perceber quando as crianças 
falam e andam pela primeira vez, 
pois são aspectos particulares e 
subjetivos que dependem também 
do meio e de seus estímulos.
Quadro 3 − Influências no Desenvolvimento Humano.
Fonte: DAVIDOFF, 2001.
Você reconhece a influência dos fatores citados no desenvolvimento humano? A genética e o 
meio são fatores importantes para compreensão do desenvolvimento dos alunos, que estarão 
também sob a influência dos educadores. As características individuais, a cultura e os demais 
pontos abordados no quadro acima correspondem a particularidades que envolvem a aprendi-
zagem de um modo geral.
Vamos pensar no trabalho do professor, compreendendo o desenvolvimento de seus alunos. Leia 
a seguir a matéria retirada da Revista Escola, em que são indicados sistemas de ensino no mun-
do, tomando como exemplo um educador da Finlândia.
Formação completa
Vesa-Pekka Sarmia trabalha numa
escola pública da Finlândia onde
leciona para grupos de dois a seis
estudantes com di�culdades de
aprendizado. Para poder ensinar essas
turmas, ele cursou uma graduação
especí�ca, com duração de cinco anos
em período integral. As aulas ocorrem
no contraturno e duram uma hora e
meia. O grau de di�culdade de cada
aluno determina quantos dias ele vai frequentar as aulas. No início do
reforço, a tarefa de Sarmia é identi�car o principal problema do estudante:
se é de ordem psíquica, familiar ou de aprendizado. “Minha função é
auxiliar essas crianças a se manter no mesmo nível que seus colegas do
curso regular. É grati�cante.”
“Ajudo a nivelar as diferenças sociais que
se re�etem na escola” (Vesa-Pekka Sarmia,
professor de reforço na Finlândia).
Foto: matti Bjrkman
Figura 4 – A Finlândia é um exemplo de excelência no ensino.
Fonte: MARTINS; SANTOMAURO; RATIER, 2008.
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No trecho em destaque, o educador realiza atividades de ensino voltadas especificamente para 
crianças com dificuldade de aprendizagem, e podemos observar que a carga horária é deter-
minada de acordo com as necessidades do aluno. Há uma preocupação com aspectos ligados 
diretamente ao desenvolvimento humano dos alunos, ou seja, com o ambiente (aspectos sociais 
que se refletem em sala de aula), e com a maturação do educando (necessidades e característi-
cas individuais quanto ao ritmo e à aprendizagem).
NÃO DEIXE DE VER...
Nell, drama de 1994, dirigido por Michael Apted. O filme conta a história de uma 
mulher – interpretada por Jodie Foster − encontrada numa casa abandonada e que foi 
privada do contato com humanos devido à morte prematura de sua mãe. O filme mos-
tra a influência do ambiente, da hereditariedade e da maturação no desenvolvimento 
de Nell. Além disso, a história ilustra como tais aspectos influenciaram na linguagem, 
na comunicação e nas expectativas geradas pelo novo ambiente em que foi inserida.
O planejamentode atividades, a preparação de avaliações e a escolha dos métodos utilizados 
para auxiliar os alunos na aprendizagem são parte do cotidiano profissional de um professor. 
Mas o diferencial está justamente na atenção que o educador dedica à subjetividade de seus 
alunos, ou seja, quando o educador observa o nível que os alunos têm de compreensão dos 
assuntos, a cultura da qual os alunos provêm, suas necessidades e estímulos imprescindíveis para 
que estejam em sala de aula. Todos esses elementos acompanham cada aluno, desde a infância 
até a maturidade.
Um ponto de grande repercussão no desenvolvimento de um indivíduo é a cultura, pois influencia 
atitudes, valores e interesses por meio de normas quanto ao vestir e ao portar-se (CARRARA et al, 
2012). O ambiente em que seus alunos vivem é incessantemente atravessado por essas normas 
assimiladas, portanto, não podemos desconsiderar a cultura e sua potencial influência!
Além disso, a inclusão faz parte da realidade das escolas, logo, o professor pode educar e me-
diar a aprendizagem de alunos que apresentem dificuldades, sejam elas genéticas ou sociais. 
Nesse sentido, os fatores que influenciam no desenvolvimento humano servirão como ponto de 
partida para o planejamento das atividades em sala de aula. Pergunte-se: quais são as dificulda-
des dos meus alunos? Existe algum aluno com uma necessidade particular? As respostas dessas 
perguntas são os elementos-chave para sua atuação em sala de aula, atentando para os aspec-
tos que influenciam o desenvolvimento e, consequentemente, a aprendizagem.
Entrementes, existem alguns aspectos considerados importantes no reconhecimento do desenvol-
vimento humano, e que nós discutiremos agora.
1.2.2 Aspectos Relevantes no Desenvolvimento Humano 
O desenvolvimento humano abrange vários aspectos que se entrelaçam ao longo de nossas 
vidas. Um exemplo que serve de pontapé inicial para a discussão destes aspectos, que estão 
presentes desde a infância e se relacionam com a fase adulta, é a letra da música dos grandes 
compositores Toquinho e Elifas Andreato (1986):
16 Laureate- International Universities
Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem
BOM SER CRIANÇA
É bom ser criança 
Ter de todos atenção 
Da mamãe, carinho 
Do papai, a proteção 
É tão bom se divertir 
E não ter que trabalhar 
Só comer, crescer, dormir, brincar
É bom ser criança 
Isso às vezes nos convêm 
Nós temos direitos 
Que gente grande não tem 
Só brincar, brincar, brincar 
Sem pensar no boletim 
Bem que isso podia nunca mais ter fim
É bom ser criança 
E não ter que se preocupar 
Com a conta no banco 
Nem com filhos pra criar 
É tão bom não ter que ter 
Prestações pra se pagar 
Só comer, crescer, dormir, brincar
É bom ser criança 
Ter amigos de montão 
Fazer cross saltando 
Tirando as rodas do chão 
Soltar pipas lá no céu 
Deslizar sobre patins 
Bem que isso podia nunca mais ter fim
A letra da música apresenta sentimentos nostálgicos em relação à infância. Não é de admirar 
que o título seja É bom ser criança. Ademais, os autores fazem uma comparação entre o que é 
ser criança e o que é ser adulto, mas, mais do que isso, eles expõem os aspectos físico-motores, 
sociais, intelectuais e afetivo-emocionais necessários para entendermos o desenvolvimento hu-
mano.
Conforme Bock (1999), esses aspectos podem ser definidos da seguinte maneira:
•	 Físico-motores: dizem respeito à maturação do corpo ao manusear objetos e exercitar 
o corpo. No texto, podemos apontar o deslizar de patins, o soltar pipas, e o correr como 
partes dessa capacidade de manipulação do corpo.
•	 Sociais: referem-se à interação com outras pessoas, ou à dificuldade de interação. Na 
letra da música, os autores indicam a existência de um “montão de amigos”, entretanto, 
algumas crianças encontram problemas nesse quesito, seja por questões internas ou do 
próprio meio.
•	 Intelectuais: como o próprio termo indica, abrange o raciocínio. O autor indica a 
existência de boletim como parte da realidade da criança (de todas as idades, na 
verdade). Entretanto, nas brincadeiras a criança explora o raciocínio e o pensamento.
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•	 Afetivo-emocionais: referem-se aos sentimentos e a sua relação com a realidade, 
incluindo a sexualidade. Esse aspecto diz respeito à atenção, ao cuidado e ao carinho 
oferecido por todos e sobretudo pelos pais.
É preciso entender que esses aspectos estão inter-relacionados e perpassam todo o desenvolvi-
mento humano, que, por sua vez, influencia o entendimento da aprendizagem como um processo 
importante nas práticas educativas. 
CASO
Caroline é uma garota de 14 anos que acaba de ser transferida para uma nova escola porque 
apresentava problemas de relacionamento na instituição em que estudava anteriormente. Seus 
novos professores relatam que a aluna tem dificuldade de concentrar-se nas aulas, e no relacio-
namento com seus novos colegas, isolando-se e não conversando com ninguém. “Está sempre 
cabisbaixa e pede para ir embora constantemente”. Por conta disso, suas notas no primeiro bi-
mestre foram baixas. Assim, após conversarem com a coordenadora pedagógica e com a direto-
ra da escola, os professores descobriram que a aluna sofria bullying na escola de onde veio, sem 
jamais ter comunicado a prática aos pais por medo de represália dos colegas de sala. Sabendo 
disso, os professores decidiram realizar atividades que pudessem inserir a aluna em sala de aula, 
atentando para suas dificuldades e para as interferências em seu desenvolvimento, apontadas 
pelo profissional que realiza seu acompanhamento psicológico.
A partir desse caso, podemos perceber que a jovem Caroline não repete uma das principais 
características que pessoas que estão no mesmo período de desenvolvimento que ela (adoles-
cência) repetem: a busca por pares, ou seja, a busca por colegas com interesses compartilhados 
(aspectos afetivo-emocionais e sociais). Além disso, o rendimento da aluna nas avaliações foi 
ruim (aspecto	intelectual). Saber o que havia acontecido ao longo de seu desenvolvimento foi 
fundamental para compreender que este dependia dos aspectos que estavam interferindo em sua 
aprendizagem.
Por conta disso, precisamos entender que um indivíduo não é somente um organismo biológico, 
mas que sofre alterações ambientais. Mais ainda, que essas alterações podem influenciar positiva 
ou negativamente seu desenvolvimento e aprendizado, por isso, precisamos olhar para as subje-
tividades que se nos apresentam!
Por que se estuda o desenvolvimento e a aprendizagem em conjunto? Você deve ter 
percebido que ambos são processos, fazem parte de nossas vidas e auxiliam ou podem 
ainda interferir um no outro. A compreensão do desenvolvimento humano ajudará a 
perceber possíveis dificuldades na aprendizagem por meio dos aspectos físico-motores, 
sociais, intelectuais e afetivo-emocionais, já apresentados. Tal entendimento permitirá 
ao educador planejar e desenvolver atividades educativas compatíveis com o grau de 
maturação de cada um de seus alunos.
NÓS QUEREMOS SABER!
Síntese
•	 A psicologia como ciência se origina no século XIX, quando Wilhelm Wundt (considerado 
o fundador da psicologia científica) cria o primeiro laboratório de pesquisa em psicologia 
do mundo, em Leipzig, na Alemanha, no ano de 1879, marco da psicologia científica. 
•	 A subjetividade, e não o ser humano em si, passa a ser considerada como objeto de 
estudo da psicologia. O termo foi utilizado por melhor descrever o objeto de estudo das 
psicologias e de suas abordagens, tais como comportamental, psicanálise, Gestalt etc.
•	 O interesse da psicologia pela educação tem origem no século XIX, quando esta começa 
a se distanciar da filosofia. Seus principais representantes foram: Catell, que desenvolveu 
pesquisas sobre as diferenças individuais, os testes mentais, a memória, entre outros; e 
Hall, ao pesquisar a psicologiainfantil e apontar o desenvolvimento como ponto inicial 
para a educação. No final da década de 1960, a psicologia da educação adota os 
processos de mudança comportamental como objeto de estudo. Esse objeto possui três 
dimensões: teórica ou explicativa (compreende os processos de mudança observados 
nas práticas escolares); tecnológica ou projetiva (planejamento e criação atividades 
eficazes); e técnica ou prática (resolução de problemas que dificultam os processos 
educativos).
•	 A Psicologia da Educação está ligada a outros ramos do conhecimento aplicado que 
auxiliam nos processos educativos, tais como a Psicologia da Aprendizagem – que 
transforma a aprendizagem em um processo a ser investigado –, e a Psicologia do 
Desenvolvimento – que estuda como nascem as funções psicológicas.
•	 O desenvolvimento é descrito com um processo relacionado às questões internas e 
externas do indivíduo. Anteriormente estava vinculado somente à infância, porém hoje, 
é entendido como parte de todo o ciclo de vida.
•	 O desenvolvimento sofre influências da hereditariedade ou genética (características 
transmitidas pelos genes), do meio ou ambiente (químicos, sensorial ou cultura) e da 
maturação (série de padrões de comportamento, envolvendo genética e características 
individuais).
•	 Por fim, os aspectos relevantes para o entendimento do desenvolvimento humano são: 
físico-motores (aspectos físicos), sociais (interação com outras pessoas), intelectuais 
(abrange o raciocínio) e afetivo-emocionais (sentimentos e sua relação com a realidade, 
incluindo a sexualidade).
Síntese
1919
Referências
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CARRARA, Sérgio et al. Gênero	e	diversidade	na	escola: formação de professores/as em 
gênero, orientação sexual e relações étnico-raciais. Livro de conteúdo. Versão 2009. Rio de Ja-
neiro: CEPESC; Brasília: SPM, 2009.
DAVIDOFF, Linda L. Introdução	à	psicologia. 3. ed. Tradução: Lenke Peres. São Paulo: Pearson 
Makron Books, 2001.
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FREIRE, Paulo. Pedagogia	do	oprimido. 9. ed. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 1981.
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GADOTTI, Moacir. História	das	ideias	pedagógicas. São Paulo: Ática, 1999.
GARCIA-ROZA, Luiz Alfredo. Freud	e	o	inconsciente. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1985
GONDRA, José; GARCIA, Inára. A arte de endurecer “miolos moles e cérebros brandos”: a ra-
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Acesso em: 13 abr. 2015.
MARTINS, Ana Rita; SANTOMAURO, Beatriz; RATIER, Rodrigo. Países com melhores sistemas 
de ensino podem inspirar soluções. Revista	Nova	 Escola, edição 216, out. 2008. Disponí-
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SALVADOR, César Coll et al. Psicologia	do	ensino. Tradução: Cristina Maria de Oliveira. Porto 
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Bibliográficas

Outros materiais