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Teoria do Conhecimento em João Duns Scotus

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João Duns Scotus
Teoria do Conhecimento
Escrito por Jéverson de Andrade tendo por base Manual de Filosofia Franciscana. 
Características principais:
Distanciamento da corrente aristotélico-tomista.
Surgimento da atividade do sujeito na cognição e a preferência do singular ao universal.
SUJEITO E OBJETO DO CONHECIMENTO
Inteligência capaz de conhecer X Objeto intelectivo
A divergência no período escolástico sobre a predominância do objeto ou do sujeito cognocente. Seja pela potência cognoscitiva de um objeto ou a realidade conhecida de outro.
Para Duns Scotus, o sujeito e o objeto é indispensável para aquisição do conhecimento, da mesma forma o rigor e objetividade, característico de Scotus, para se alcançar o valor desses dois fatores.
Scotus é precursor de um novo caminho entre orientações extremas. De um lado, a orientação platônico-agostiniana representada por Henrique de Gand, pondo toda relevância ao ato intelectivo da alma, menosprezando o valor do objeto; e de outro lado, Godofredo de Fontaines com os princípios aristotélicos, onde o conhecimento se dá, da potência ao ato, pelo mover do objeto. Scotus rejeita ambas as tendências extremistas. 
Para o Doutor Sutil, a filosofia de Henrique Gand despreza a condição necessária do objeto, visto que esta possui valor autêntico para aquisição do conhecimento. Equivale fazer do sujeito um infinito de potência. Já a orientação de inspiração aristotélica de Godofredo de Fontaines, coloca toda tônica do ato cognoscitivo no objeto. Para Scotus, essa premissa menospreza a iniciativa da inteligência e aniquila qualquer dignidade espiritual.
Scotus afirma que a questão do conhecimento se encontra conjuntamente na inteligência (alma) e no objeto; juntos convergem simultaneamente e integralmente na produção de um mesmo efeito: o conhecimento. Para isso ele constrói uma teoria: causas eficiente parciais. 
Excluindo qualquer tendência que prioriza o objeto ou intelecto, afirma que esses dois princípios simultaneamente bastam. Apesar de ele reconhecer a importância da simultaneidade das causas, ele assume que as relações entre elas não são idênticas. 
Pode acontecer:
Ex aequo: sendo da mesma natureza produzem a mesma eficiência. Ex.: dois cavalos puxando uma mesma carroça.
Causa essencialmente ordenada: as causas parciais não correspondem em igual medida. A segunda depende da primeira ou vice e versa e ambas devem agir ao mesmo tempo. Ex.: um cavalo muito forte e robusto que puxa uma carroça sozinha que normalmente são necessários dois ou três cavalos.
A ordenação pode assumir duas modalidades: pode acontecer que uma delas receba da outra sua eficiência causal, ou o contrário, que cada um seja independente na sua eficiência.
Para o primeiro caso o exemplo da mão, bola e taco. A força do taco que meche a bola é dada pela mão.
 Para o segundo caso, trata-se de pais para a geração da prole. Duas causas ordenadas dotadas, cada uma, de casualidade própria. 
Através de seu minucioso rigor, chega à conclusão que cada causa, em sua perspectiva ordem, de maneira absoluta, que a inteligência é mais perfeita que o objeto; pois o conhecimento depende essencialmente do dinamismo e intencionalidade da inteligência. Esta é indispensável em todos os atos de conhecimento, enquanto o objeto concorre somente na produção daquele ato intelectual concreto que é em si considerado. 
O conhecimento procede da alma; o objeto age conjuntamente com a inteligência, este agir ao mesmo tempo é intendido como agir em auxilio de.
O Doutor Sutil afirma que o objeto não passa de uma espécie de instrumento da inteligência – intrumentum ipsius intellectum. 
CONHECIMENTO INTUITIVO E CONHECIMENTO ABSTRATO
Rompendo com a corrente aristotélica, Duns Scotus considera o singular mais importante que o universal. Pois se trata de um conhecimento direto e imediato; sem interposição de imagem ou representação inteligível.
O singular em si mesmo é cognoscível. Para ele, a inteligência humana se encontra em no estado atual – pro statu isto –, isto é, condicionada pela lei dos sentidos.
Anterior e indiferente à singularidade e a universalidade, Scotus introduz uma nova compreensão: natura communis. No objeto se abstrai o conhecimento da natureza individual; no intelecto, depois de abstraída, existe uma natureza universal.
O que recebemos dos sentidos é concretamente singular, mas para que a inteligência passe do singular para o universal é preciso que haja uma coisa comum que sirva de fundamento. A inteligência não se orienta para a singularidade, mas para a natureza comum, para isso surge um novo modo de pensar as formas de abstração: Scotus atribui certa capacidade criadora à inteligência do agente, ou seja, ele reconhece à inteligência humana uma intencionalidade ilimitada, natural e aberta ao conhecimento da totalidade do ser.
O OBJETO PRÓPRIO DO CONHECIMENTO HUMANO
Duns Scotus, procura estabelecer qual é o objeto primeiro na própria natureza que determina o horizonte cognoscitivo do entendimento. Através das duas grandes correntes, o Doutor Sutil abre caminho para uma nova compreensão. Ele começa negando de a essência material dos seres materiais (neste caso, Deus) seja o objeto próprio e adequado da inteligência humana; para ele, o objeto formal, primeiro e adequado de nossa inteligência, é o ser enquanto ser. Ou seja, todos os seres cognoscíveis podem ser objeto de nosso conhecimento, isso inclui os ser infinito (Deus).
 
Ou seja, o objeto primeiro e adequado da inteligência é o ser em toda a plenitude, todos os âmbitos da existência, tanto material como imaterial, tanto real como possível.
A cognição da metafísica é dada pelo conceito unívoco do ser. Para Duns Scotus, podemos saber que estamos diante de um ser, sem que saibamos se ele é infinito ou finito, desta forma temos um conceito simples e anterior sobre a compreensão de sua finitude ou infinidade.
Antes e acima de toda realidade criada situa-se o ser unívoco e posteriormente se distribui as categorias clássicas, que Duns Scotus define em três classes de transcendentais: 
Predicados de todos os seres: atributos conversíveis com o ser, ou determinações do ser em: unidade, verdade, bondade e beleza.
Transcendentais disjuntivos: finito e infinito, necessário ou contingente, absoluto ou relativo, etc.
Perfeições puras: são determinações que, por sua natureza, não admitem qualquer restrição ou limitação, como: o ser, a vida, a inteligência, a liberdade, pois não implica necessariamente imperfeiçoes, podendo ser ditas por natureza quando do ser finito quanto do ser infinito.
CONHECIMENTO DO SINGULAR
Para Scotus, a inteligência humana é capaz de conhecer os seres singulares em sua singularidade, pois a inteligibilidade corresponde à entidade. A singularidade é o mais alto grau de unidade e atualidade no ser cognoscível, visto que o singular e o menor grau.
No entanto, conhecer algo em sua singularidade é conhecer parcialmente, mas conhecendo-a como singular, corresponde conhecer em sua totalidade. O homem é capaz de conhecer imediata e intuitivamente a existência do singular, mas não conhece imediatamente e por si só toda a singularidade do individuo.
Para Duns Scotus, a inteligência não é um tabula rasa, na qual não há nada escrito, mas é uma realidade em ato, um princípio de atividade cognoscível.

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