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A PESQUISA ESCOLAR NA INTERNET

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A PESQUISA ESCOLAR NA INTERNET
Têm-me chamado a atenção algumas críticas que ora se debruçam sobre como os alunos em geral, sejam da instituição do ensino público, sejam do particular, realizam suas pesquisas escolares por meio da rede mundial de computadores – a Internet.
Costuma-se dizer, no âmbito das discussões (ou seriam reclamações?) de alguns mestres - professores e coordenadores – que os alunos não sabem fazer pesquisas. Diz-se, até, que eles erram tanto que ainda incluem o endereço do site onde ‘capturaram’ os dados solicitados.
Particularmente, penso que a assertiva merece algumas reflexões. Parto, desde logo, rompendo com esse estigma de dizer que os alunos não sabem fazer pesquisa, para acentuar o reverso da questão: os alunos sabem fazer pesquisa, sim, já que encontram o tema proposto, apontando-se, até, a fonte.
E em que pesa a crítica dos nossos mestres? Bem, com o intuito de tentar compreender, coloco-me na linha de frente, ‘vou à escola’ (hipoteticamente), pego o material, adentro na sala, sento-me na cadeira, junto ao bureau e exponho as diretrizes da pesquisa que quero que os alunos façam: ‘vocês precisam pesquisar, na internet, sobre o ciclo das enchentes no Rio São Francisco’, por exemplo. A essa altura, nem sei se o coitado do rio consegue sofrer enchentes, de tanto maltratado.
É provável que após as explicações de como deva ser elaborada a pesquisa, algum aluno indague a respeito de alguma questão, como, por exemplo, se é para fazer capa para o trabalho. Devo confirmar com um sim ‘bem redondo’.
Então, na data programada, ou com duas ou três prorrogações, os alunos entregam suas pesquisas. Levo-as para casa, leio-as e, por fim, quase ponho um zero em todo mundo, pois percebi que a pesquisa é ipsi litteris, tal qual está escrita nas ondas da net. Acho aquilo um absurdo. Eles encontraram o assunto e simplesmente imprimiram, de acordo com o famoso ‘copiou/colou’. Alguns até informaram o site como fonte de pesquisa, pode? Alguns alunos escreveram a caneta, mas o texto era igual ao de outros. E agora, o que fazer? Ah! Eles vão ter de refazer.
Bem, como professor, penso que durante alguma conversa informal, na sala dos professores, eu deva comentar com meus caros colegas a respeito da ocorrência considerada desastrosa. Claro que meus pares concordaram comigo, unanimemente: esses alunos não sabem pesquisar na internet. É necessário levar o assunto à reunião de pais e mestres, para debatermos o assunto e assim podermos encontrar alguma solução. Mas onde essa estaria?
Até que uma jovem senhora, dentre os demais professores, pede a palavra e diz: ‘gente, eu penso que todos têm razão quanto às suas reclamações. Mas, por outro lado, penso que a gente deveria pensar sobre o assunto sob outra perspectiva, outro olhar, antes de expor para os pais e até mesmo para os próprios alunos a situação.
Segundo a professora, devemos analisar o problema a partir do ângulo de nossas próprias dificuldades e limitações no trato da elaboração de texto, a partir das pesquisas trazidas pelos alunos, pois, segundo ela, se os textos trazem resposta à proposta apresentada pelos professores, para a realização da pesquisa, isso significa que, no fundo, os alunos atingiram o objetivo. Veja que a professora deixou claro que a pesquisa deveria ser da internet, não se valendo de livros e revistas. Assim, talvez a questão esteja em sabermos passar para nossos alunos como eles devem trabalhar a pesquisa, com a elaboração de um texto a partir do que foi pesquisado, ou seja, a produção do seu texto a partir do texto encontrado na internet. É possível que a maioria resista à elaboração da nova tarefa, por outro lado, é possível que, também, alguns se proponham a realizá-la, sem maiores problemas.
Se, de um lado, os alunos terão uma nova tarefa, que é a elaboração de um texto de próprio punho, a partir do resultado da pesquisa, o professor terá também a atividade de analisar a sua produção, sob o enfoque da pesquisa elaborada por cada aluno, e assim terá de verificar a coesão e a coerência do texto, a ortografia, a acentuação, e outras questões.
Se de início todos reclamarão, indistintamente, pelo fato de o trabalho ter ficado mais complicado, mais cansativo, por outro lado, ao fim de todas as tarefas, muitos irão reconhecer quantos benefícios essa nova forma de ver a análise dos dados encontrados na pesquisa trará à formação de todos, professores e alunos, com ganhos recíprocos. É fundamental, portanto, que os professores sejam flexíveis e estejam ou se tornem aptos e capacitados para lidar com a elaboração e produção textual, para que seus alunos possam enxergar quantos ganhos passaram a conquistar a partir dessa nova visão de aprendizado.
Por Antônio Porfírio Filho

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