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RECURSOS
I – CONCEITO:
1.” É um meio processual estabelecido para permitir a impugnação de qualquer despacho ou sentença, renovando-se o juízo na instância superior, a fim de permitir a maior fiscalização da deliberação do juízo a quo” (Bento de Faria)
2. “É o ato do sujeito processual destinado a anular ou reformar jurisdicionalmente uma resolução anterior, mediante novo exame total ou parcial da causa pelo mesmo juiz ou outro diferente ou por superior”(Florian) 
3. O recurso é a providência legal imposta ao juiz concedida à parte interessada, objetivando nova apreciação da decisão ou da situação processual, com o fim de corrigi-la, modificá-la ou confirmá-la.
II – FINS DO RECURSO: O Recurso destina-se a sanar:
1. Os defeitos graves ou substanciais da decisão
2. A injustiça da decisão
3. A má apreciação da prova
4. A errônea interpretação das pretensões das partes
5. A errônea apreciação dos fatos e das circunstâncias
III - PRESSUPOSTOS: Em regra, o recurso pressupõe dualidade de instâncias a inferior –
 juizo a quo, de quem se recorre e a superior- juízo ad quem- para quem se recorre.
IV – ESPÉCIES: Diante de nosso Código duas são as espécies de recursos:
O Voluntário: Constitui a regra. Se o recurso objetiva a reforma ou modificação de um pronunciamento, é natural que fique na dependência de quem foi prejudicado por ele. À parte é conferida ampla liberdade de interpô-lo; é a ela somente a ela que cabe dizer se concorda ou não com a decisão proferida. Nem ao Ministério Público se tira essa liberdade.
Obrigatório: São recursos dos quais o juiz não pode declinar. São os recursos de oficio que, obrigatoriamente, devem ser interpostos pelo juiz e têm em vista da sentença que conceder o habeas corpus.
 Nestes casos fundamenta-os o interesse público relevante, de modo que se busca o exame pela instância superior, com o fito de manter ou reformar a decisão. O recurso é, então, interposto na própria sentença, que concede ou não o habeas corpus. É ex officio o recurso; é interposto pelo próprio juiz que vem a ser, então, o recorrente sendo recorrida a parte objetivada pela decisão, isto é, o réu ou acusado.
V – TIPOS:
1- Recurso em Sentido Estrito
2- Apelação
3- Embargos 
4. Revisão
5. Do Recurso Extraordinário
6. Da Carta Testemunhável
7. Do Habeas Corpus
VI – QUEM PODE RECORRER?
 Se o recurso é o remédio que tem por finalidade restaurar o interesse da parte ferida pela pretensão legal, compreende-se que, em princípio, só possa ser interposto por quem foi prejudicado. Consoante isso, o Código no art. 577 declara quem pode recorrer:
O Ministério Público
O Querelante
O Réu, seu procurador ou defensor
O Assistente
 O Ofendido, seu cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
VII - QUANDO À PARTE NÃO INTERESSA RECORRER:
 De modo geral é o interesse da parte que predomina em matéria de recurso.
 Não existe esse interesse:
Quando o recorrente alega razões respeitantes à outra parte.
2. A decisão não é suscetível de ocasionar-lhe prejuízo
3. Ou, embora injusta, a decisão lhe seja vantajosa. Ademais, o prejuízo há de resultar do dispositivo ou conclusão da decisão e não dos motivos que a fundamentam. Embora errônea a motivação, se o dispositivo não prejudicar a parte, inexiste razão de recurso.
VIII- O RECURSO PODE ABRANGER:
1. A decisão em sua integralidade: O recorrente pleiteia a reforma completa da sentença.
2. Pode objetivar exclusivamente uma parte: Como é o caso de o Ministério Público apelar por achar a pena aplicada branda.
3. Pode versar somente um incidente ou pormenor do processo
4. Pode, ainda, ter por objeto a mudança de uma situação processual, como é
 o caso do habeas corpus, quando se procura libertar o acusado por excesso de tempo na instrução.
IX – MEIOS PELOS QUAIS SE INTERPÕE O RECURSO:
 O recurso é interposto por:
1. Petição: Se interposto por petição, deverá ela ser submetida a despacho até o último dia do prazo para recurso e junta aos autos no o dia imediato a este, devendo o escrivão certificar no termo da juntada a data da entrega.
2. Ou por termo nos autos assinado pelo recorrente ou por seu representante. Quando for o próprio réu e não souber escrever, deverá alguém fazê-lo a seu rogo, na presença de duas testemunhas. Lavrado e assinado o termo, o escrivão deverá apresentá-lo ao juiz, no máximo, até o dia seguinte ao último do prazo para o recurso.
 O art. 133 da Constituição Federal não impediu os recursos interposto diretamente pelo condenado, não sendo necessária a intervenção de advogado, continuando a mesma sistemática do Código.
X – NO CASO DO RECURSO SER INTERPOSTO QUANDO CABERIA OUTRO, COMO PROCEDER?
 Interposto um recurso por outro, não será a parte prejudicada por isso, salvo se agiu de má-fé. Interposto um recurso por outro, deve o juiz, reconhecendo o equívoco mandar que se processe de acordo com o rito correspondente ao recurso devido. E isso poderá fazê-lo pois, seja interposto o recurso por petição, seja por termo, dele tomará conhecimento. Assim, se o juiz põe fim ao processo por haver ocorrido extinção da punibilidade, pelo decurso do lapso prescricional e o M.Público apela, ao invés de recorrer em sentido estrito, não ficará prejudicado o recurso, devendo o juiz mandar que se siga o rito do recurso em sentido estrito.
 Há que considerar, entretanto, que a liberalidade legal está sujeita, evidentemente, à exigência de que o recurso cabível ainda pudesse ser interposto pela parte, ou seja, não se tenha esgotado o prazo para a sua interposição.
Ressalva do princípio é também o da má-fé do recorrente no mais das vezes, por haver a parte perdido o prazo do recurso adequado, usando, então, cavilosamente, de outro.
XIV – E QUANDO, POR ERRO, FALTA OU OMISSÃO DE FUNCIONÁRIO O RECURSO NÃO TIVER SEGUIMENTO OU NÃO FOR APRESENTADO NO PRAZO DEVIDO?
 O recurso, também, não fica prejudicado, porque não é justo que o interessado sofra prejuizo em virtude da conduta de outrem, quando não concorreu para a desobediência à lei. A expressão funcionário não se refere, exclusivamente, aos da justiça mas, a outros como o diretor da cadeia que, recebendo, em tempo hábil a petição interposta pelo condenado, deixa-a em sua gaveta, dela só se lembrando quando já esgotado o prazo para a apresentação.
XV – PODE HAVER DESISTÊNCIA APÓS A INTERPOSIÇÃO DO RECURSO?
 Interposto pelo Ministério Público, a lei não faculta a desistência ou, noutros termos, se o promotor de justiça interpuser recurso, não pode mais abrir mão dele, não pode desistir. O que fundamenta este princípio é de que, assim como M.P. não goza da disponibilidade da ação, não deve gozar da disponibilidade do prosseguimento do recurso. 
XVI – ALCANCE: A fim de evitar iniquidades e decisões contraditórias, o Código, como outras leis, dispõe no art. 580, acerca da extensão ou alcance ao recurso, no caso de concurso de pessoas, pois refere-se ao art. 29 do C.P. 
 Trata-se, assim, dos casos de concurso de agentes, isto é, da participação de duas ou mais pessoas no mesmo delito devendo, então, ter, em princípio, o mesmo destino. O objetivo da lei, como se depreende, é a decisão favorável ao co-participe recorrente, pois outra não pode ser a interpretação em face do verbo aproveitar por ela usado.
 Ela estende, consequentemente, essa decisão ao co-delinquente que não recorreu. Ex. Um crime de furto qualificado, por ter sido cometido com destruição ou rompimento de obstáculo. Proferida a condenação, um dos réus apela, conformando-se o outro com a sentença. Julgando o recurso, o tribunal dá-lhe provimento, em parte, declarando não ter ocorrido aquela qualificadora e, consequentemente, o crime passa a ser furto simples, cuja pena é mais branda. Salta aos olhos que a decisão deve alcançar também o réu que não recorreu, pois o crime é o mesmo, sendo de elementar justiça que a desclassificação lhe aproveite, não se podendo pretender que o mesmo delito ora seja qualificado (por uma circunstânciaobjetiva, ou seja, do fato) e ora seja simples.
 Já o mesmo não se verifica quando se trata de motivos de caráter, exclusivamente, pessoal. Se um co-réu pleiteia diminuição de pena, por ser maior de setenta anos e lhe é reconhecida essa atenuante, evidentemente, não beneficia aos outros co-participes. 
 Assim, pois, se no recurso de um co-responsável, for proferida decisão que declare inexistente o crime, extinta a punibilidade ( tal a causa extintiva), nulo o processo, desclassificado o delito, etc..., a decisão aproveita aos réus que não recorreram.
 Não sucederá o mesmo se a razão de decidir for motivo de caráter individual: imputabilidade, idade, estado civil, etc... 
 RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 
 I – CONCEITO: O Código de Processo Penal denomina recurso em sentido estrito o mesmo que o de Processo Civil e a Lei de Execução Penal (Art.197) chamam de agravo de instrumento. Também conhecido como recuso criminal.
 Da expressão primitiva, recurso de agravo, ficou no campo civil somente o nome agravo e no penal a designação recurso que, para distinguir dos recurso em sentido amplo, foi chamado de recurso em sentido estrito. Na linguagem forense também é chamado recurso criminal
II –CABIMENTO: 
 O Código Processo Penal segue a orientação casuística apontando, no Art. 581, I a XXIV, as hipóteses de recurso em sentido estrito. 
 Prevê casos em que o agravo é de petição (Art. 581, I,III,IV,VI,VIII e X) e, independentemente desses, admite-o sempre que o recurso não prejudique o andamento do processo. Ora daí, o agravo é de instrumento, isto é, o recurso não sobe nos próprios autos mercê de simples petição, mas é instruído com traslado das peças que as partes julguem necessárias ao conhecimento e à decisão da superior instância.
A rigor, esse recurso não deveria caber de sentença. Mas o C.P.P. usa dessa última denominação (sentença) no sentido lato (decisões interlocutórias), medieval e não no sentido estrito, romano e, por isso, se vê obrigado a admiti-lo para “despachos, decisões ou sentenças” nos casos enunciados. Assim é que, chamando de sentença a pronúncia, que é mera decisão interlocutória, ele concede que de tal “sentença” se possa interpor o recurso em sentido estrito (Art. 581, IV)
Agravo de instrumento = Recurso no sentido estrito
III – ESPÉCIES, CASOS E EFEITOS:
Aparece, no Código, recursos (Stricto Sensu), voluntários e oficiais (juiz).
 O recurso ex officio sobe sempre nos próprios autos (Art.583,I) Já foi dito em que casos cabem (Arts. 574, I; 746-da decisão que conceder a reabilitação) da decisão que concede habeas corpus.
2. Caberá recurso no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença
Que não receber a denúncia ou a queixa: Como foi dito, ao ser estudada ação penal, o juiz rejeita a denúncia ou a queixa quando inepta, por não conter os requisitos do art. 395 Incs. de I a III do C.P.Penal).O recurso sobe nos próprios autos.
 Note-se que o recurso é apenas da decisão que repele; da que aceita a denúncia ou a queixa não cabe recurso em sentido estrito.
 Se o denunciado entende que o ato do juiz é ilegal ou abusivo (não injusto, mas ilegal ou abusivo; da justiça ou do juiz, julgará ao final), pode socorrer-se do habeas corpus para trancamento de ação.
 Se a denúncia ou queixa é recebida em relação a um (ou uns) acusado e rejeitada em relação a outro (ou outros), o recurso sobe por instrumento (Art.583,III).
II – Que concluir pela incompetência do juizo: Cabe ao juiz, em primeiro lugar, dizer de sua competência (Art.109) Se ele decide pela incompetência, a qualquer das partes legitimadas, na forma do art.577, para recorrer, é dado impugnar sua decisão. O recurso pode subir nos próprios autos por não prejudicar o andamento do processo (Art. 583,III)
 Observe-se que, o recurso só se funda neste inciso II quando o juiz motu próprio se dá por incompetente. Se ele o faz em resposta à exceção de qualquer das partes, o fundamento do recurso está no inciso III.
III – Que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição (não é exceção): O juiz quando julga procedente a arguição de que é suspeito, remete os autos a seu substituto (Art.99) e dessa decisão não cabe recurso. No que respeita, porém, às demais exceções (incompetência, ilegitimidade de parte, litispendência e coisa julgada) da decisão afirmativa do juiz, cabe recurso em sentido estrito, que sobe nos próprios autos. A arguição de incompetência é uma exceção. Só as partes arguem.
III – Que pronunciar ou impronunciar o réu: Em regra, o réu não pode recorrer da pronúncia sem se apresentar à prisão, a menos que já esteja preso. Nos crimes de infanticídio e aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento (C.P. arts. 123 e 124) entretanto, ele poderá fazê-lo em liberdade desde que preste fiança (Art.585). Se o réu for primário e de bons antecedentes, poderá o juiz deixar de decretar-lhe a prisão (em virtude da pronúncia) ou revogá-la se já estiver preso(preventivamente ou em flagrante).
 O recurso da pronúncia sobe nos próprios autos quando só há um pronunciado.
 Sobe em traslado (Art.583, parágrafo único) quando há mais de um pronunciado e:
- Algum não recorre
Algum ainda não foi intimado
 O recurso da pronúncia suspende, tão-somente, o julgamento (Art. 584 §2º). Consequentemente, todos os atos posteriores à pronúncia e anteriores ao julgamento prosseguem normalmente.
 O recurso da impronúncia sobe nos próprios autos:
-Se o réu é um só
Se há mais de um co-réu e todos são impronunciados
 Sobe em traslado: se há mais de um réu e algum é impronunciado e outro pronunciado, mas nem todos recorrem.
 O recurso da impronúncia, não impede que o réu seja posto imediatamente em liberdade (art. 584,§ 1º)
 Se o Ministério Público não recorre da impronúncia, no prazo de 5 dias (Art.586) contados da intimação ou do dia em que esse órgão, antes da intimação, manifestar nos autos ciência inequívoca da decisão, o ofendido ou qualquer das pessoas enumeradas no art.31 ( cônjuge, ascendente, descendente ou irmão) poderá recorrer. 
 Na visão de Tornaghi, o prazo para esse recurso é de cinco dias contados do dia seguinte ao último do M.P. (Art.586) e não o de 15 dias, do parágrafo único do Art.598, cuja aplicação, neste caso, a lei não ordena (Súmula 210 do S.T.F).
V – Que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento
 de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar prisão em
Flagrante – 
Fiança: Nos casos relativos á fiança e previstos neste inciso, o recurso não tem efeito suspensivo, diversamente do que ocorre nas hipóteses, também atinentes à fiança, tratadas no inc. VII
2. Prisão Preventiva: A prisão preventiva pode ser requerida pelo M.P. ou pelo querelante, isto é, pelo autor em ação privada. Se o juiz denega o pedido, de sua decisão cabe recurso em sentido estrito. Não é parte legítima para recorrer a autoridade policial que representa ao juiz, no sentido de ser decretada a prisão preventiva de um indiciado em inquérito. E não o é por dois motivos:
Primeiro: Porque não está incluída entre aqueles que o art.577 considera partes legítimas para recorrer;
Segundo: Porque o inc. V do art. 581, fala em decisão que indeferir requerimento de prisão preventiva e a autoridade policial, como se vê no art. 311, não requer, representa. O recurso, nesse caso, não tem efeito suspensivo.
Prisão em Flagrante
 Em todas as hipóteses previstas no inc. V do art. 581, o recurso em sentido estrito, sobe por instrumento. 
 Declara o Código que, nesse caso, o recurso não é para o Tribunal de Justiça (art.582). Esqueceu-se de dizer a quem é dirigido. Parece que a lei quis dar competência ao juízo, imediatamente superior à autoridade que concede, nega, arbitra, etc...a fiança. Se essa for o delegado de polícia,o recurso não será dirigido ao Tribunal, mas ao juízo competente para o processo. Se o ato for de juiz de instância inferior, o recurso irá para o tribunal competente, de justiça, Regional Federal; se for do relator, em tribunal, o recurso será para o Tribunal (art.577,b) .
VI – Foi revogado com base na Lei nº 11.687 de 9 de junho de 2008. Era o caso do recurso ex officio cabível no caso da Absolvição Sumária ou Liminar, do qual agora, cabe o recurso voluntário de apelação por parte do M.P.
VII – Que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor:
 O disposititivo prevê duas hipóteses:
Quebramento da Fiança: É o fracionamento de seu valor em duas metades, uma das quais é perdida em favor do Estado como sanção pelo inadimplemento da obrigação contraida pelo afiançado de comparecer quando legalmente intimado para qualquer ato do processo, ou como consequência automática da prática de outra infração penal na vigência da fiança. No primeiro caso o quebramento não ocorre se o afiançado prova, imediatamente, ter havido motivo justo para não se apresentar. Quebrada a fiança, o réu tem de se recolher à prisão, seguindo o processo à sua revelia, enquanto não for preso.
 A interposição de recurso da decisão que julga quebrada a fiança suspende a perda da metade do seu valor, mas não o dever de recolher-se à prisão. Se for provido o recurso , a fiança subsistirá em todos os seus efeitos: o réu será devolvido à liberdade e a perda da metade do valor da fiança não se concretizará. 
2. Perda total do valor da fiança: Entender-se-á perdido, na totalidade, o valor da fiança se, condenado, o réu não se apresentar à prisão. A perda não é consequência da sentença condenatória, mas do fato de o condenado não se oferecer à prisão. Se ele comparece para se recolher, a fiança não é perdida: “deduzidos os encargos a que o réu estiver obrigado”, isto é, relativos ao pagamento das custas, do quatum do dano e da multa eventualmente aplicada, “ o saldo será entregue a quem houver prestado a fiança”.
 O recurso, nesse caso, tem efeito suspensivo (art.584) e sobe nos próprios autos, uma vez que não prejudica o andamento do processo (art.583, III).
VIII – Que decretar a prescrição ou julgar por outro modo extinta a punibilidade: A prescrição não é decretada, ela ocorre e é declarada em sentença. E bastaria dizer: Que julga extinta a punibilidade. A prescrição é uma das causas extintivas.
 Em princípio são partes legítimas para interpor o recurso: O M.P. nos crimes de ação pública, o querelante, nos de ação privada. Em caso de ação pública, se o M.P. não recorre, o direito de fazê-lo passa ao ofendido, a seu ascendente, descendente, cônjuge ou irmão.
 A interposição do recurso não impede que o réu seja, imediatamente, posto em liberdade se estiver preso.
 Questão interessante é a de saber se o próprio réu pode recorrer. Se ele entende que a causa de extinção de punibilidade não existe e que pode pretender uma sentença absolutória ao fim da instância, parece legítimo e relevante o seu interesse na reforma da decisão. O parágrafo único do art.577 a contrário sensu, enseja o recurso (qualquer recurso) a quem é parte legítima (art.577, caput) “e tem interesse na reforma da decisão”.
 O recurso não tem efeito suspensivo e sobe nos próprios autos, salvo se houver mais de um réu e a prescrição houver ocorrido para um(ou uns) e não para outro(ou outros); por exemplo, por um ser maior de 70 anos, o prazo prescricional é, para ele, reduzido à metade) C.P. Art 115
IX – Que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa extintiva da punibilidade: Seria suficiente falar em causa extintiva da punibilidade, não se enxergando por que razão é feita referência específica a uma dessas causas, que é a prescrição.
 Este inciso completa o anterior; cabe recurso tanto da decisão que declara extinta a punibilidade quanto da que denega o pedido de declaração.
 Mas no caso da decisão que julga extinta a punibilidade os autos não vão ser necessários na primeira instância até que o tribunal julgue o recurso, ao passo que, no caso da decisão que nega a declaração de estar extinta a punibilidade, o processo continuará uma vez que o recurso não tem efeito suspensivo e os autos deverão permanecer na instância inferior, subindo o recurso por instrumento.
X – Que conceder ou negar o habeas corpus: Da decisão que concede o habeas corpus é obrigatório o recurso, de ofício, do juiz (Art. 574,I) e facultado o voluntário da parte, isto é, do acusador, que é quem tem interesse nele.
 O recurso em sentido estrito é, em regra, da decisão do juiz de primeiro grau. Por isso se o habeas corpus é concedido, originariamente, pelo tribunal (de justiça, de alçada, Regional Federal), da decisão concessiva não cabe recurso em sentido estrito. Da decisão que nega a ordem o único recurso cabível é o voluntário. Nesse caso, excepcionalmente, cabe recurso para o Superior Tribunal de Justiça da decisão denegatória proferida por outro tribunal originariamente ou em grau de recurso.
 O recurso, nos casos desse dispositivo, sobe nos próprios autos do habeas corpus e não há que se falar em efeito suspensivo.
XI – Que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da pena: Se a suspensão é negada na própria sentença condenatória, o réu pode reclamá-la, como preliminar, na apelação. Se o é pelo juiz da execução, pode subir nos próprios autos, pois então não prejudica o andamento do processo( art. 583,III) que já está acabado. Nesse último caso, o recurso tem o rótulo de agravo. O recurso não tem efeito suspensivo.
XII – Que conceder, negar ou revogar livramento condicional: Antes da Lei 7.210/84, o recurso da decisão que concedia livramento condicional tinha efeito suspensivo; o da que o denegava ou revogava não tinha esse efeito. Se o juiz concedia livramento a quem não preenchia os requisitos legais, o recurso interposto pelo M.P. evitava a liberação imediata. A Lei de Execução Penal, no Art. 197 generalizou a ausência do efeito suspensivo.
XIII – Que anular o processo da instrução criminal no todo ou em parte: Ambas as partes são legítimas (Art.577) mas só tem interesse na reforma da decisão (art.577, parágrafo único) a que for prejudicada com a anulação. Sobe o recurso por instrumento e sem efeito suspensivo.
XIV – Que incluir jurado na lista geral ou desta excluir: Diversamente do que acontece nos demais casos de recurso em sentido estrito, neste o prazo para recorrer é de 20 dias, contado da publicação definitiva da lista (arts. 439, parágrafo único e 586, parágrafo único do C.P.P.) E, em lugar de dirigido ao Tribunal de Justiça, ele o é ao presidente desse tribunal (Art. 582, parágrafo único) Pode recorrer, além de qualquer das partes, o jurado incluído na lista ou dela excluído. Sobe por instrumento esse recurso e sem efeito suspensivo.
XV – Que denegar a apelação ou a julgar deserta:
Se estão preenchidos os requisitos de admissibilidade da apelação, o juiz a recebe; se não, ele a denega. Da decisão que a recebe não é necessário recurso, porque o tribunal de segunda instância reaprecia a questão da admissibilidade. Da que denega a apelação, sim, cabe recurso.
 Observe-se que, o recurso, nesse caso, é somente para a decisão denegatória da apelação interposta. Se o que se negou foi recurso em sentido estrito, o remédio é a Carta Testemunhável (Art.639,I)
 Quanto ao recurso extraordinário, se a decisão do presidente do tribunal recorrido é denegatória do recurso, cabe também o recurso em sentido estrito, mas com outro rótulo: agravo (de instrumento)
B. O juiz julgará deserta a apelação se o condenado fugir depois de a haver interposto (art. 595) ou se não pagar as custas do processo nos prazos fixados em lei ou marcados pelo juiz ( 806 § 2º).
 Em ambas as hipóteses deste inc. XV o recurso terá efeito suspensivo e poderá subir nos próprios autos, uma vez que isso não prejudica o andamento do processo, masaté o facilita.
XVI – Que ordenar a suspensão do processo em virtude de questão prejudicial: A lei só concede recurso da decisão que ordena a suspensão do processo, não da que a nega. Se o caso é de suspensão obrigatória (art.92) e apesar da seriedade e do fundamento da arguição, o juiz prepotente, ignorante ou corrupto, nega a suspensão, não há recurso. Pode, entretanto, caber habeas corpus se a decisão atentar contra a liberdade de ir e vir do acusado. Sobe o recurso por instrumento e sem efeito suspensivo.
XVII – Que decidir sobre a unificação das penas (Art. 75§§ 1º e 2º)
 REVOGADO. Neste caso cabe AGRAVO EM EXECUÇÃO. 
XVIII – Que decidir o incidente de falsidade: O recurso não tem efeito suspensivo e sobe por 
 instrumento. 
XIX- Que decretar medida de segurança depois de a sentença transitar em julgado. REVOGADO. Neste caso cabe AGRAVO EM EXECUÇÃO (ART.197 LEP)
XX – Que impuser medida de segurança por transgressão de outra- REVOGADO. Neste caso cabe AGRAVO EM EXECUÇÃO (ART. 197 DA LEP)
XXI – Que mantiver ou substituir medida de segurança, nos casos do art. 774 – Sem aplicação em face de não subsistir em nosso Direito Penal o sistema duplo binário (extinto na reforma de 1984), que permitia a aplicação concomitantemente de pena e medida de de segurança 
XXII – Que revogar medida de segurança: REVOGADO. Cabe AGRAVO DE EXECUÇÃO (ART.197 DA LEP)
XXIII- Que deixar de revogar a medida de segurança, nos casos em que a lei admita a revogação: REVOGADO. CABE AGRAVO EM EXCUÇÃO (ART.197 DA LEP).
XXIV – Que converter a multa em detenção ou em prisão simples: REVOGADO. Sém aplicação em face da modificação do Código Penal que veda a conversão de multa em pena privativa de liberdade
 PROCEDIMENTO NO CASO DO RECURSO VOLUNTÁRIO
I – PRAZO: O recurso é, em regra, interposto no prazo de 5 dias que começa a correr:
1. Da intimação
2. Da audiência ou sessão em que for proferida a decisão, se a ela estiver presente a parte.
3. Do dia em que a parte manifestar nos autos ciência inequívoca da sentença ou despacho.
 Na contagem do prazo não se considera os dias a quo (dia em que começa a correr).
 Na hipótese da decisão incluir jurado na lista geral ou dela o excluir, o prazo para a interposição é de 20 dias.
II – INSTRUMENTO: Quando o recurso houver de subir por instrumento, a parte indicará, no respectivo termo ou em requerimento avulso, as peças dos autos de que pretenda traslado. Será este extraído, conferido e concertado no prazo de 5 dias e dele constarão sempre a decisão recorrida, a certidão de sua intimação, se por outra forma não for possível verificar-se a oportunidade do recurso e o termo de interposição (art.587 e parágrafo único)
III – RAZÕES: Dentro de 2 dias, contados da interposição do recurso ou do dia em que o escrivão, extraído o traslado, o fizer com vista ao recorrente, esse oferecerá as razões e, em seguida, será aberta vista ao recorrido por igual prazo.
 Se o recorrido for o réu, será intimado do prazo na pessoa do defensor (Art. 588 e parag. Único).
 Se o recorrente for o M.P. e houver assistente de acusação, esse poderá arrazoar também (Art.271 do C.P.P)
IV – CONCLUSÃO: Com a resposta do recorrido ou sem ela, “o recurso será concluso ao juiz” (art. 589 do C.P.P.). Teria sido mais correto dizer que os autos serão conclusos ao juiz. A falta de razões enfraquece o recurso mas não o elimina.
V – REFORMA OU CONFIRMAÇÃO: Nos dois dias seguintes ao recebimento dos autos de recurso(que podem ser os próprios autos de processo ou os do instrumento), o juiz dever retratar-se ou manter a decisão. Esse é um ato em que se conhece o verdadeiro juiz: sereno, desapaixonado e superior, a ponto de reconhecer a razão do recorrente e de voltar atrás, quando for o caso, sem vaidade pessoal. Se o recurso não subir nos próprios autos, o juiz pode mandar instrui-lo com traslados que lhe parecerem necessários, além dos apontados pelo recorrente e recorrido.
 Conquanto a lei não exija expressamente, convém que juiz fundamente sua decisão, especialmente se reforma a anterior, isto é, a recorrida.
VI – REFORMA DA DECISÃO. RECURSO DO RECORRIDO: Se o juiz reformar a sua decisão e o recorrido se julgar agravado, ou seja, prejudicado pela decisão reformadora e se dessa couber recurso, pode ele recorrer. O recurso será por simples petição.
 Nesse caso o juiz não pode retratar-se novamente, voltando à primitiva decisão. Só o tribunal poderá julgar esse novo recurso que para ele subirá nos próprios autos ou traslados. O juiz poderá dobrar o prazo dado ao escrivão, passando-o de 5 para 10 dias se entender que seria impossível a extração do traslado no tempo regular.
VIII – MANTENÇA DA DECISÃO. SUBIDA DOS AUTOS: Se o juiz mantém a decisão, os autos sobem ao tribunal competente para o julgamento do recurso dentro de 5 dias contados da publicação da resposta do juiz a quo. A entrega pode ser feita ao tribunal por funcionário do cartório ou ao correio. O costume é agir da primeira forma quando o juízo a quo fica na capital, pois ai também está o tribunal ad quem; da segunda maneira, quando a comarca do juízo a quo não é da capital.
VIII – RESTITUIÇÃO DOS AUTOS: Publicada a decisão do recurso pela instância ad quem, os autos serão restituídos ao juízo a quo, dentro de 5 dias.
 DA APELAÇÃO
I – CONCEITO: É o recurso normal das decisões definitivas ou com força de definitivas proferidas em 1ª instância, quando a lei não estabelece outro recurso para o caso.
II – TIPOS:
Principal: Atinge as sentenças de absolvição ou de condenação, portanto, sentenças no sentido etimológico: decisões sobre o mérito.
2. Subsidiária: Refere-se às decisões terminativas não contempladas entre as que são objeto de recurso em sentido estrito ou também quando o ofendido ou qualquer das pessoas enumeradas no art. 31, ainda que não se tenha habilitado como assistente, pode interpor apelação, quando não interposta pelo M.P.
3. Plena: Quando interposta em relação a todo o julgado.
4. Limitada: Quando em relação a parte do julgado. Mas, fala-se ainda em limitada no sentido de que as partes só podem recorrer uma vez pelo mérito nos crimes dolosos contra a vida da competência do júri. Pois, não cabe segunda apelação pelo mérito das decisões do júri, ainda que interposta pela defesa, quando a primeiro o foi pela acusação ou vice e versa.
III – FORMAS DE INTERPOR A APELAÇÃO:
Por petição
Por termo nos autos
Por qualquer meio desde que fique clara a manifestação de recorrer por “cota nos autos”, sendo assim irrelevante a forma estabelecida pois basta por o “ciente e respeitosamente apelo”.
Também a apelação interposta pelo próprio réu sem ser arrazoada pelo defensor produz efeito de recurso.
Discute-se se pode haver apelação verbal no processo crime. No processo penal não há qualquer impedimento em que se faça a apelação oral, consignada no termo de audiência ou na ata de julgamento, pois as razões devem ser apresentadas posteriormente ou, até mesmo, na 2ª instância.
IV – PRAZO: O prazo para apelar é de 5 dias contado da intimação da parte ou do defensor. Não basta a intimação do réu mas também a de seu defensor para que se inicie a contagem do prazo recursal.
V – O RÉU FORAGIDO PODE RECORRER? Pode através do seu defensor constituído, mormente quando necessite recolher-se a prisão.
VI – O M.P., em regra, não pode recorrer em favor do réu por lhe faltar legítimo interesse e por não ser parte sucumbida, mesmo quando tenha pedido sua absolvição, pois o real interesse é da defesa.
VII – A falta de razões de apelação acarreta a nulidade, já que são indispensáveis em face do princípio de ampla defesa e da motivação do recurso. Contudo, a apresentação tardia das razões constitui mera irregularidade e não impede sua apreciação. As razões podem ser apresentadas também na 2ª instância e oralmente através da sustentação oral.
VIII – A Lei 5941/73 possibilitou o réu apelar em liberdade sem sequer prestar fiança, desde queprimário e de bons antecedentes, o que deve ser reconhecido na sentença.
IX- EFEITOS: 
 Se a sentença for condenatória:
Devolutivo
Suspensivo da execução da sentença que constitui, atualmente, a regra, sendo o réu primário e de bons antecedentes.
3. Extensivo- Quando tratando-se de concurso de agente os motivos do recurso, não sendo de caráter pessoal mas geral, apresentam co-réus não recorrentes. 
X – EXTINGUE-SE O RECURSO:
Anormalmente pela fuga do réu que estiver preso e, mesmo depois de recapturado, sua apelação será considerada deserta.
Pelo não pagamento das custas nas ações exclusivamente privadas
Pela desistência ou renúncia quando se trata de ação privada, pois o M.P. não pode desistir, em face do princípio da indisponibilidade
XI – O ofendido, cônjuge, ascendente, descendente ou irmão, ainda que não habilitado como assistente de acusação, poderá recorrer no prazo de 15 dias, desde que esgotado o prazo do M.P. para interpor a apelação.
 O prazo de 15 dias se estende também para o assistente do M.P. apelar.
 DO PROTESTO POR NOVO JÚRI (ART. 607 E 608- REVOGADOS PELA LEI Nº 11.689 DE 9 DE JUNHO DE 2008)
 DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS RECURSOS EM SENTIDO ESTRITO E DAS APELAÇÕES NOS TRIBUNAIS DE SEGUNDA INSTÂNCIA: DOS EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE
I – ADMISSIBILIDADE: Dois problemas surgem no que respeita à admissibilidade dos embargos infringentes e de nulidade:
Que acórdãos são embargáveis? 
 - Há quem entenda que a colocação desses embargos no capítulo referente ao julgamento da apelação e do recurso em sentido estrito não significa que eles sejam cabíveis apenas dos acórdãos proferidos naqueles dois tipos de recursos, pois a lei se teria limitado a acrescentar no art. 609, ao lado da apelação e do recurso em sentido estrito, os embargos infringentes e de nulidade, mas não teria dito que embargáveis são apenas os acórdãos proferidos em grau de apelação ou de recurso strictu sensu. 
 - A lei nº 1720-B ao introduzir no C.P.Penal esses embargos, não mudou a epígrafe do Cap.V: Continua ele a disciplinar “ o processo e julgamento dos recursos em sentido estrito e das apelações”. Se no corpo do capítulo está dito que cabem os embargos quando não for unânime a decisão da 2ª instância desfavorável ao réu, deve-se entender e até subentender-se que se trata de decisões proferidas em grau de apelação ou de recurso em sentido estrito.
2. Quais os pressupostos do cabimento dos embargos? O cabimento dos embargos infringentes e de nulidade pressupõe:
A) Que a decisão seja de 2ª instância: Os embargos são cabíveis contra decisões de tribunais de 2ª instância, mesmo no caso da competência originária. Nessa hipótese pode admitir-se que os embargos são mais úteis, pois a decisão não foi objeto de nenhum recurso.
B) Que a decisão seja desfavorável ao réu 
C) Que a decisão seja plurânime: Se não ocorre voto vencido, também não há como pedir o reexame para a adoção da tese nele contida. Mas não é necessário que o voto vencido (ou os votos vencidos) seja (sejam) contrário (contrários) aos vencedores; basta que sejam diferentes. Ex. Se todos votam pela manutenção da sentença condenatória, mas um dos juízes exclui uma causa de aumento de pena, há divergência e ela é suficiente para que seja embargada a decisão nesse ponto (embargos parciais).
 Se houver vários pedidos cumulados (p.ex. Um pedido de condenação por apropriação indébita e outro por estelionato), a cada um corresponde uma decisão, embora todas estejam contidas no mesmo acórdão. Para efeito de embargos, cada decisão deve ser considerada separadamente.
II –SOLUÇÃO DOS EMBARGOS: Na decisão dos embargos, o tribunal pode ficar com os votos vencedores ou com os vencidos (ou o vencido, se for um só). Não lhe é dado adotar uma terceira solução qualitativa. Permite-se-lhe, no entanto, dar provimento aos embargos para chegar a uma solução quantitativamente intermédia. Ex. Se o réu é condenado pela maioria a 6 anos de reclusão e, por um voto a 3 anos, cabem embargos nesse ponto. Dando-lhes provimento, o tribunal pode adotar o voto vencido, mas também lhe é possível aceitar as ponderações desse quanto a uma atenuante e não quanto a outra e por isso baixar a pena para 5, para 4 anos. O que não pode é aumentar para mais de 6 nem diminuir para menos de 3.
III - EFEITOS : Não diz a lei quais os efeitos dos embargos. Quanto ao devolutivo e ao extensivo, não há dúvida que os tem.
E o suspensivo? Tornaghi no silêncio da lei entende que os embargos infringentes e de nulidade não suspendem a execução do acórdão embargado.
IV – COMPETÊNCIA: Nos casos de apelação, recurso stricto sensu ou embargos infringentes e de nulidade, a competência é determinada pela lei de organização judiciária de cada unidade da federação, respeitado o princípio de duplo grau de jurisdição e o art. 582 do C.P.P., quanto ao recurso, nos casos dos incs. V,X e XIV do art. 581.
V- PROCEDIMENTO- Várias hipóteses podem ocorrer:
Processo Sumário ou Sumaríssimo: O procedimento em caso de contravenção é sumaríssimo, (embora a lei assim não rotule) ( Lei 9099/95) e no do crime punido com pena que não seja a reclusão (ainda que alternativamente cominada é sumário (art. 531). Nos recursos em sentido estrito e nas apelações, nesses processos, os autos, ao subirem a instância superior, são mandados aos Procurador-Geral que tem o prazo de 5 dias para dar o parecer . O art. 611 negava vista ao Procurador quando o recurso fosse de habeas corpus, mas esse dispositivo foi revogado pela Lei 552/69.
 Em seguida vão ao relator (designado ou sorteado, conforme a Lei de Organização Judiciária e o regimento Interno do Tribunal), que tem 5 dias para estudá-lo e elaborará o relatório. Findo esse prazo, ele pedirá designação de data para o julgamento do recurso e inclusão na pauta.
 No dia marcado, anunciado o julgamento pelo Presidente e apregoada as partes, com a presença destas ou à sua revelia, o relator fará a exposição do feito e, em seguida, o Presidente concederá, pelo prazo de 10 minutos, a palavra aos advogados ou às partes que a solicitarem e ao Procurador-Geral, quando requerer, por igual tempo.
2. O Habeas Corpus (original ou em grau de recurso) não entra em pauta e é julgado na 1ª sessão.
3. Processo Comum- No caso de crime punido com pena de reclusão (ainda que só alternativamente) o procedimento é comum (Liv II, Tit.II)
 A apelação, entretanto, diverge um pouco:
Os autos vão ao Procurador-Geral para opinar em 10 dias.
Dali são mandados ao relator para, também, em 10 dias exarar nos autos o relatório
Passarão, em seguida ao revisor (cuja função está expressa no próprio nome) que examinará o processo em 10 dias e pedirá a designação de dia para o julgamento (e inclusão na pauta)
O tempo para os debates será de 15 minutos para cada parte.
VI –EXCESSO DE PRAZO: Os motivos da demora deverão ser declarados nos autos sempre que ao procurador ou aos juízes for impossível observá-los.
VII – DECISÃO POR MAIORIA: O tribunal decidirá pelo maior número de votos. Havendo empate no julgamento do recurso, se o Presidente do Tribunal, Câmara, Turma não tiver tomado parte na votação, proferirá o voto de desempate; no caso contrário, prevalecerá a decisão mais provável ao réu.
VIII – CONFERÊNCIA DE ACÓRDÃO: O acórdão será apresentado à conferência na 1ª sessão seguinte à do julgamento ou no prazo de 2 sessões pelo juiz incumbido de lavrá-lo
IX – “ Jus Novarum”. No julgamento de apelação poderá o tribunal, Câmara ou Turma proceder a novo interrogatório do acusado, reinquirir testemunhas ou determinar outras diligências.
X – NOVA CLASSIFICAÇÃO: Na conformidade do art. 617, o Tribunal, Câmara ou Turma atenderá nas suas decisões ao disposto nos arts. 383,386 e 387, no que for aplicável, não podendo, porém, ser agravada a pena quando somente o réu houver apelado da sentença. O Prof. Tornaghi discorda do S.T.F. que proíbe a aplicação de medida de segurança em 2ª instância, quando somente o réu houverapelado.
 O art. 617 do C.P.Penal se refere expressamente à impossibilidade de agravar a pena. Medida de segurança não é pena, e a prova disso é que a lei permite, a substituição da pena por medida de segurança, no caso do art. 98 do C.P. e na hipótese do art. 183 da Lei de Execuções Penais. Por outro lado, figure-se hipótese do réu apelar de sentença condenatória em razão de sua imputabilidade. Se o tribunal der provimento ao recurso, ficará impedido de aplicar a medida de segurança?
XI – NORMAS COMPLEMENTARES: Os regimentos dos tribunais estabelecerão as normas complementares para o processo e julgamento dos recursos e apelações. Note-se que só se admitem normas que preencham as da lei sem lhe mudar o espírito.
DA REVISÃO CRIMINAL
I – CONCEITO: É o remédio dado pela lei para o desfazimento da coisa julgada no caso de ser ou de ficar evidente a ocorrência do erro judiciário.
II – QUEM PODE INTERPOR ESTE RECURSO? É um recurso privativo do réu, por ele próprio interposto ou por seu procurador ou, em caso de morte, por seu cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
III – Contra as decisões proferidas, normalmente, cabe algum recurso, pois o Estado preocupa-se no sentido de que uma boa justiça seja feita. Contudo, se a decisão não foi objeto de recurso, dá-se o que se chama de coisa julgada que só poderá ser enfrentada através da revisão.
IV – A NATUREZA JURÍDICA: Tem sido objeto de controvérsias. Alguns entende tratar-se de um recurso misto ou sui generis (misto de ação e recurso) pois tem cabimento contra o processo findo, não se tratando, assim, de simples recurso, já que é interposto contra sentença irrecorrível.
 Outros alegam que aproxima da rescisória na esfera civil, porque se destina a desfazer os efeitos produzidos pela sentença transitada em julgado .
 No atual processo penal, a revisão está inserida no Título “Dos Recursos em Geral” e e como tal tem sido tratada.
V- O FUNDAMENTO DA REVISÃO: Está justamente na imutabilidade da sentença transitada em julgado que, no caso, poderá ser revista para restabelecimento da justiça substancial. Por isso só em algumas hipóteses pode ser admitida a revisão.
VI - Sempre foi da tradição do nosso direito a revisão somente em favor do réu ( pro reo) das sentenças condenatórias transitadas em julgado, não havendo revisão em favor da sociedade (pro societate) das sentenças absolutórias injustas.
VII – Se o réu for revel, para que a sentença venha a transitar em julgado há necessidade da intimação pessoal do seu defensor constituído ou nomeado.
VIII – Se o réu for absolvido com fundamentação diversa daquela que tenha sustentado no processo, não lhe assiste o direito de requerer revisão, segundo entendimento jurisprudencial, por maioria de votos. O fundamento do voto vencido foi no sentido de que o erro da capitulação do decreto absolutório deveria ser revisto justamente dada a sua repercussão na esfera civil, com efeito na reparação do dano.
IX – A primeira condição para se admitir a revisão: É a existência de uma condenação passada em julgado, sendo indiferente que a decisão tenha se tornado definitiva pela decorrência do prazo sem apelação do réu ou pela condenação em instância superior.
X – PRAZO DE REQUERIMENTO DA REVISÃO: Transitada em julgado a sentença, a revisão pode ser requerida a qualquer tempo depois de cumprida a pena imposta ou mesmo após a morte do réu com o propósito de reabilitar-lhe a memória.
XI – CASOS EM QUE CABE A REVISÃO – ART. 621: Diz a lei “ A revisão dos processos findos será admitida.” Processo findo é aquele cuja sentença se tornou preclusa; no caso, preclusa pelo trânsito em julgado. Não é necessário que hajam sido esgotados os demais recursos. Se o condenado, regularmente intimado da sentença deixa escoar o prazo da apelação sem a interpor, opera-se o trânsito em julgado.
 Se a decisão é de tribunal, em segundo grau e se cabe Recurso Extraordinário, o trânsito em julgado somente se dá após o julgamento dele ou desaproveitamento do prazo para interpô-lo.
 Se o condenado pede revisão antes de a sentença passar em julgado mas, no entretempo, intercorre a coisa julgada, o pedido de revisão a princípio defeituoso, convalesce e o processo revisional pode seguir seu caminho.
 Por preocupação, o § 1º do art. 625 exige que o requerimento de revisão será instruído com certidão de haver passado em julgado a sentença condenatória.
XII – CASOS ESPECÍFICOS EM QUE CABE A REVISÃO CRIMINAL:
 Os dois primeiros casos estão previstos no art. 621, I e dizem respeito às sentenças condenatórias que:
1. Agridem Manifestamente o preceito da lei penal. Quando a sentença condenatória for
contrária ao texto expresso da lei penal. O que se leva em conta, nesse caso, não é a boa ou má interpretação da lei e sim a afronta ao mandamento nela contido: a lei diz sim e o juiz diz não; a lei diz agora e o juiz diz depois; a lei diz aqui e o juiz diz ali. Assim, por exemplo, O Código Penal estatui que, para efeito de reincidência, não serão considerados os crimes militares (C.P. art.64,II) e a sentença reputou o réu reincidente porque, antes, havia sido condenado pelo crime de insubordinação (C.P.M., art.163). A lei diz que é isenta de pena a mãe que auxilia o filho, autor de crime punido com reclusão, a subtrair-se à ação da autoridade pública (C.P. art. 348 e seu § 2º) e a sentença a condena. 
 O Código não afasta a hipótese de contrariedade ao texto expresso da lei de processo penal. A prova disto está em que o art. 626 permite a anulação do processo em grau de revisão e a anulação pode decorrer de falha processual. Assim, por exemplo, se funcionou como juiz o pai do ofendido (impedimento de acordo com o C.P.P. art.252, IV) admite-se a revisão do processo findo para anulá-lo. Outro exemplo: se a sentença revisada deu nova definição jurídica ao fato, em consequência de prova existente nos autos de circunstância elementar não contida na denúncia sem ter dado vista dos autos à defesa, na forma do art.384 do C.P. Penal.
2. Contrariam evidentemente a prova dos autos: Evidência é o brilho da verdade que arrebata a adesão do espírito, logo à primeira vista. Ela lhe traz a certeza, a plena convicção. Há verdades que são evidentes por si mesmas, são axiomáticas, soltam aos olhos. A evidência é a plena luz, distinta da meia-luz e, ainda mais, da treva. É o meio-dia tão diferente do lusco-fusco e da noite.
 Portanto, a lei ao conceder a revisão de sentença condenatória contrária a evidência dos autos, está a exigir que da prova neles contida surja, desde logo, o antagonismo com a decisão, que ele brilhe, que se faça manifesto. Para isso é necessário que a condenação não se ampare em nenhuma prova. Se existem elementos probatórios pró e contra e a sentença certa ou errada se funda em algum deles, não se pode afirmar que é contra a evidência dos autos.
 Nos caos do inciso I (contrariedade ao texto expresso ou à evidência dos autos) não cabe trazer novas provas (o que é admissível nas hipóteses dos incs. II e III). A demonstração de existência da causa de revisão deve ser feita à vista da prova já presente nos autos.
3. Quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou documentos comprovadamente falsos (art.621,II)
 Duas observações se impõem:
É preciso que a sentença condenatória esteja fundada exclusivamente na prova falsa. Se ela se funda em várias provas, de tal modo que mesmo sem a prova falsa a certeza da responsabilidade adviria, não há porque rever o processo.
É necessário que o requerente da revisão já ingresse tendo o pedido instruído com a prova de falsidade do depoimento, do exame ou do documento. Não se trata, neste caso, de prova do erro judiciário que cai no inc. III do art.621, mas de prova de falsidade de elemento probatório anterior, constante dos autos e na qual se fundou a condenação, embora dessa falsidade tenha advindo, como consequência o erro judiciário.
4. Quando após a sentença condenatória se descubramnovas provas ou da total inocência do réu ou, pelo menos, de circunstância que determine ou autorize diminuição especial de pena: O réu é inocente quando o fato inexistiu; quando ele não foi o autor, quando ocorreu alguma causa de exclusão do ilícito art.23 do C.P) ou da 
culpabilidade (C.P. arts 20§1º, 21 segunda parte, 22) ou da imputabilidade (C.P. arts. 26,27,28§1º); quando o fato não é típico, isto é, não adequado a descrição de qualquer crime.
 Determinam ou autorizam a diminuição de pena:
A existência de atenuante não levada em conta
A inexistência de agravante erradamente considerada na dosagem da pena
A existência de causa especial de diminuição de pena desconsiderada na decisão revisada.
A inexistência de causa especial e aumento de pena contada na sua aplicação.
A existência de privilegiante desprezada pela sentença.
A inexistência de qualificadora erradamente atendida na sentença.
A existência de razão jurídica para a desclassificação do crime.
 
 Conquanto a lei se refira ao descobrimento de novas provas a interpretação deve ser extensiva aos casos de produção nova de provas já descobertas mas não apresentadas antes.
 E pode ainda acontecer que a prova já estivesse nos autos mas que o juiz ali não a descobrisse, isto é, não a percebesse.
 Na revisão, as novas provas devem ser cotejadas com as antigas e o tribunal formará, livremente a sua convicção pela apreciação do conjunto.
XIV – SENTENÇA CONDENATÓRIA:
 O exame dos casos em que se admite a revisão mostrou que ela só é cabível de sentença condenatória. Outras decisões contrárias ao réu, como a que lhe nega livramento condicional, a que lhe transforma a pena de multa em privativa de liberdade, a que reputa verdadeiro um documento falso (no incidente de falsidade, ainda que manifestamente ao arrepio da lei ou contrárias à evidência dos autos ou fundadas em provas falsas ou incompletas) não são objeto de revisão.
 Tão pouco é revisível a sentença no que se relaciona com a medida de segurança, que não é pena e não faz parte da condenação; pode até ser aplicada em sentença absolutória fundada na total inimputabilidade do acusado. A prova disto está em que o art.626 somente permite, mercê da revisão, alterar a classificação da infração penal, absolver o réu, modificar a pena ou anular o processo.
XV – O PEDIDO: Diz o art.622 “ A revisão poderá ser requerida em qualquer tempo antes da extinção da pena ou após”.
Em qualquer tempo, após o trânsito em julgado da sentença condenatória, o meio idôneo para reparar o erro judiciário é a revisão. Portanto, mesmo depois de morto o condenado, como aliás está expresso no art.623.
A revisão pode ser pedida depois de extinta a pena. Extinção da pena não é o mesmo que extinção de punibilidade. Essa última é o desaparecimento do poder de punir (impropriamente chamado de jus puniendi) de que é titular o Estado, em virtude de uma causa abolitiva(anistia, prescrição, decadência). A extinção da pena é seu desaparecimento: por estar cumprida; pela expiração do prazo de suspensão condicional(art.708) ou de livramento condicional (art.733) em virtude da concessão de graça (art. 738) ou de indulto (art.741). A revisão tem por finalidade uma reparação total
do erro judiciário, compreende-se, por isso, que ela possa ser pedida não somente para evitar o cumprimento da pena, mas também para a reabilitação moral da vítima do erro, mesmo depois de extinta a pena.
 Pela mesma razão, também depois de extinta a punibilidade pode o condenado pedir revisão.
XVI- REITERAÇÃO DO PEDIDO:
 1. Desde que varie o fundamento do pedido, a revisão pode ser novamente requerida depois de negada. Ex. Ainda que o tribunal haja indeferido a revisão pedida com base na contrariedade à evidência dos autos, o condenado que vem a descobrir novas provas de sua inocência pode repeti-la com esse novo fundamento.
2. Também se admite a reiteração quando surgem novas circunstâncias que beneficiem o condenado. Ex. Se é promulgada lei nova que passa a considerar atenuante fato não previsto como tal na lei anterior. Nesse caso a revisão não tem por escopo reparar erro judiciário anterior, mas corrigir uma situação que daí por diante estaria errada.
3. Se o tribunal nega a revisão a um co-réu e concede a outro por motivo não pessoal cabe ao primeiro pedir lhe seja estendida a última decisão apesar da existência da primeira em virtude do disposto no art. 580 do C.P.P.
XVII – INSTRUÇÃO DO PEDIDO: O requerimento de revisão deve ser instruído com a certidão de haver passado em julgado a sentença condenatória e com as peças (certidões, cópias autenticadas, traslados) necessárias à comprovação dos fatos nele arguidos.
Nada impede que o requerente solicite ou que o relator determine a juntada dos autos originais desde que daí não advenha dificuldade ao cumprimento da sentença.
XVIII – PROCEDIMENTO:
1. Competência: De acordo com o art.624 “as revisões criminais serão processadas e julgadas:
Pelo Supremo Tribunal quanto às decisões por ele proferidas. Trata-se de competência fixada na própria Constituição Federal, art. 102, I, j
Pelo Superior Tribunal de Justiça. Na conformidade do art. 105, I, e da Constituição Federal, o referido tribunal julga as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados.
Pelos tribunais de justiça ou de alçada, de acordo com sua competência recursal determinada na Lei de Organização Judiciária de cada unidade federada.
Pelos tribunais regionais federais, as revisões de seus julgados ou dos juízes federais da respectiva região (C.F. Art.108,I,b)
2. Formas a seguir : O § 1º do art. 624 declarava que “no Supremo Tribunal Federal e no Tribunal Federal de Recursos o processo e julgamento obedecerão ao que for estabelecido no respectivo regimento interno”. Isso decorreu da redação dada a esse dispositivo pelo Decreto-Lei nº 504 de 18/03/69. Quanto ao Supremo Tribunal Federal estava muito bem uma vez que a própria Constituição então vigente lhe dava esse poder legislativo: Art. 119§ 3º, c. Quanto ao Tribunal Federal de Recurso, Tornaghi achava que a lei ordinária exorbitou ao lhe dar o poder de legislar em matéria processual, burlando o art. 27 da Constituição então vigente, ao qual só a própria Constituição poderia abrir exceções.
 Nos tribunais de justiça ou de alçada o julgamento da revisão é efetuado pelas Câmaras ( ou Turmas) criminais reunidas. Se o tribunal só tiver uma Câmara Criminal, a revisão será julgada pelo plenário, se o tribunal tiver mais de três Câmaras (ou Turmas Criminais) poderão ser constituídos no regimento interno, grupos de Câmaras (ou Turmas) para o julgamento.
3. Normas Complementares: Os regimentos Internos dos Tribunais podem estabelecer normas complementares para o processo e julgamento das revisões. Não porém normas modificativas das do C.P.P.
4. Relator: O pedido de revisão é distribuído a um juiz (lato sensu) do tribunal que não haja proferido decisão em qualquer fase do procedimento. Esse será o relator do processo: cabe-lhe estudá-lo, expor aos demais juízes o que se contém nos autos e votar em primeiro lugar.
5.Revisor: O pedido deve ser revisto por um juiz (lato sensu) do tribunal, que pode obtemperar em caso de falha do relatório
6. Indeferimento “in limine” O relator indeferirá, desde logo, o pedido se o julgar insuficientemente instruído e inconveniente a apensação dos autos originais.
7.Recurso: Do indeferimento liminar cabe recurso voluntário para as Câmaras ou para o Pleno de acordo com a competência para julgar a revisão.
 O recurso é interposto por petição independente de termo nos autos. Não diz a lei dentro de que prazo deve ser manifestado. Entende-se que se deve aplicar o disposto no art. 586: “ O recurso voluntário poderá ser interposto no prazo de 5 dias”. Oferecido o recurso, o relator apresentará o processo em mesa para o seu julgamento.
Não é, ainda, o julgamento da revisão. O Relator exporá a matéria (pedido, indeferimento, liminar, recurso) sem tomar partena discussão. Embora o Código não o diga expressamente, o relator não vota, pois é de ato seu que foi interposto recurso. Se ele houver sido substituído, o novo relator pode discutir e votar pela manutenção ou pela revogação do indeferimento
 Também não diz o Código como se deve proceder se o tribunal reforma a decisão de indeferimento in limine. Subtende-se que se procede como no caso de aceitação liminar.
8. Deferimento liminar. Vista ao Procurador Geral. Se a revisão for liminarmente admitida (não provida no mérito mas, apenas admitida para julgamento) será dada vista dos autos ao Procurador Geral que, dentro de 10 dias dará parecer.
9. Exame pelo Relator e pelo Revisor: Voltando os autos com o parecer do Procurador Geral, irão eles ao exame do relator e do revisor, pelo prazo de 10 dias para cada um. O relator deve exarar nos autos uma exposição do contido no processo de revisão, simples relato em que não manifesta seu entendimento acerca do pedido.
10. Julgamento: Decorridos os prazos de relator e revisor, o pedido deve ser julgado na sessão que o presidente (das Câmara ou Turmas reunidas ou do Pleno, conforme a organização judiciária ) designar.
11. Procedência do Pedido. Consequências: Julgado procedente o pedido o Tribunal pode:
Absolver o réu- A absolvição acarreta verdadeira “restitutio in integrum” com o “restabelecimento de todos os direitos perdidos em virtude da condenação”.
 A absolvição não deve impedir que o tribunal imponha medida de segurança. Para ilustrar figure-se o caso de o tribunal julgar procedente a revisão em vista da prova
de que o réu era inimputável, nos termos do art.26 do C.P. Deverá absolvê-lo e aplicar-lhe como medida de segurança a internação em manicômio judiciário.
B. Alterar a classificação: Se o tribunal conclui que a infração foi mal classificada e que a desclassificação beneficia o réu, deve fazê-la. Ex. de crime doloso para culposo; de consumado para tentativa, de lesão grave para leve; de roubo para furto.
C. Modificar a pena- A modificação pode ser qualitativa( de reclusão para detenção; dessa para multa) ou quantitativa, desde que o tribunal conclua que houve erro ou exagero na escolha ou na dosagem da pena. A pena é a prevista em lei, mas o juiz pode errar(embora isso seja difícil) e pode ser rigoroso.
D. Anular o processo- se o tribunal o anula por inexistência ou atipicidade do fato, o processo não é refeito. Se o anula por vício processual, o processo deve ser refeito, a menos que já esteja extinta a punibilidade (C.P.art.108)
12. Proibição de “reformatio in peius”. Como foi dito de qualquer maneira, não poderá ser agravada a pena imposta pela decisão revista. Não entra na proibição legal a imposição da medida de segurança, que não é pena e visa à proteção não unicamente da sociedade, mas também do réu.
XIX – INDENIZAÇÃO: Dizia o C.P.P, se o interessado o pedir, o tribunal poderá reconhecer o direito a uma justa indenização, inclusive corrigida monetariamente. O fato de a lei dizer que o tribunal poderá, não impede a vítima de erro judiciário de acionar o Estado no cível e o tribunal civil (entenda-se no juizo da Fazenda) deverá conceder a indenização.
 A lei, entretanto a negava em dois casos:
Se o erro ou a injustiça da condenação proceder de ato ou falta imputável ao próprio impetrante, como a confissão ou a ocultação de prova em seu poder.
Se a acusação houver sido meramente privada.
 Em ambos os casos, o erro judiciário é do juiz, consequentemente do Estado. Se esse entende que foi induzido em erro pelo querelante, deve agir regressivamente contra ele ou chamá-lo ao processo e não descarregar esse ônus nos ombros do injustamente condenado. Atualmente vigora o Art. 5º, LXXV da C.F. que manda indenizar o condenado por erro judiciário.
XX- CUMPRIMENTO DA DECISÃO: Se o tribunal julgar procedente a revisão, o juiz das execuções criminais mandará juntar aos autos a certidão do acórdão oferecida pelo interessado, para o inteiro cumprimento do que foi decidido. Nada impede que o próprio tribunal tome a iniciativa de oficiar ao juiz.
XXI - REVISÃO DAS DECISÕES DO JÚRI: O júri continua soberano, pois isso é de sua essência, mas o tribunal togado pode rever decisões do júri?
 Tornaghi considera positiva esta resposta e decorre da natureza excepcional da revisão. O mesmo não aconteceria se permitisse a revisão pro societate.
DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO E RECURSO ESPECIAL
I – INTRODUÇÃO: A vigente Constituição da República fez do supremo Tribunal Federal o anjo da guarda de seus preceitos (Art. 102); guardião das leis federais passou a ser o Superior Tribunal de Justiça, por ela criado. Em consequência dividiu por dois tribunais o antigo Recurso Extraordinário, introduzindo em nosso direito, pelo Decreto nº848, do governo provisório republicano (1889) e acolhido nas subsequentes constituições federais. A partir de 5 de outubro de 1988 passou a competir ao Supremo Tribunal Federal:
“Julgar, mediante Recurso Extraordinário, as causas decididas em única ou última instância quando a decisão recorrida:
Contrariar dispositivo desta Constituição
Declarar a inconstitucionalidade de Tratado ou Lei Federal
Julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição. A arguição de descumprimento de preceito fundamental decorrente desta Constituição será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei”. (Art. 102,III e parágrafo ùnico) d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal
 Ao superior Tribunal de Justiça:
“Julgar em recurso especial as causas decididas em única ou última instância pelos
Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados, do Distrito Federal e
Territórios quando a decisão recorrida:
Contrariar Tratado ou Lei Federal ou negar-lhe vigência
Julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal(EC 45\ 04)
Der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro Tribunal.”
 (Art.105,III)
II – CONSIDERAÇÕES COMUNS AOS DOIS RECURSOS: 
Os Nomes: A designação Recurso extraordinário aparece em primeiro lugar na literatura jurídica argentina, embora não ocorra na Constituição de 1860. No Brasil, foi acolhida no Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, de 8 de fevereiro de 1891. Desde logo a denominação foi consagrada em várias leis, embora o artigo 59 da Constituição de 1891 não rotulasse o recurso. A de 1934, no art. 76,2, III, abrigou o nome que se tornara usual ( Recurso Extraordinário), designação conservada nas posteriores.
 A rotulação do recurso especial adveio da necessidade de distingui-lo tanto dos recursos ordinários, que visam ao amparo de direitos subjetivos, quanto do recurso extraordinário, que passou a ser remédio apenas contra as violações do Direito Constitucional. Para a guarda da lei federal aparece esse novo recurso denominado especial.
2. Extensão dos dois recursos: Os elencos dos art. 102, III e 105, III da Constituição da República, são taxativos e não exemplificativos. Os referidos incisos devem ser interpretados restritivamente e aplicados taxativamente; não cabe a interpretação extensiva nem a aplicação analógica.
3. Finalidade imedita do Recurso Extraordinário e do Recurso Especial: Não é a proteção do direito subjetivo. É sim, a tutela do direto objetivo federal; no primeiro caso, de ordem constitucional e, no segundo, de natureza legal. Não obstante, o fato de os tribunais julgarem a causa (Constituição da República, arts. 102, III e 105,III) tem como consequência reflexa a tutela do direito subjetivo em causa.
4. Pressupostos de ambos os recursos (Extraordinário e Especial) são:
A ocorrência de uma causa: A expressão causa é a mais ampla que o termo lide. Ela abrange qualquer controvérsia jurídica, de jurisdição contenciosa ou voluntária; em processo de cognição, de execução ou de acautelamento.
A existência de um julgamento em única ou em última instância. Consequentemente o exaurimento dos recursos ordinários cabíveis.
A presençade uma questão federal, isto é de uma controvérsia sobre dispositivo da Constituição ( Recurso Extraordinário) ou da lei federal ( Recurso Especial).
Interposição do recurso por qualquer das partes: O recurso ex officio criado pelo Decreto nº 23055 de 1933, desapareceu com a Constituição de 1934.
O Prequestionamento: O objeto do recurso deve ter sido questionado nas instâncias inferiores
5. Exclusão da matéria de prova: Não cabe recurso extraordinário para o reexame da matéria de prova. O mesmo pode ser dito em relação ao recurso especial.
6. Diferença entre os dois recursos (Extraordinário e Especial) e o Recurso Europeu de
 Cassação:Diversamente do que ocorre nos tribunais de cassação europeus, as nossas Cortes (Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça) não se limitam a invalidar a decisão recorrida e a devolver a solução ao julgamento da instância a quo. Eles julgam as causas. Se ao recurso é dado provimento, a decisão é rescendente e rescisória: cassa e substitui.
7. O uso dos recursos extraordinário e especial:
 No Brasil estes recursos proliferaram de tal modo que a Constituição da República de 1967 permitiu ao Supremo Tribunal Federal restringir, em seu Regimento Interno, os casos de cabimento ( Art. 119,III, 1º com redação da E.C. de 1977).
III- PECULIARIDADES DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO:
Casos de Recurso Extraordinário:
Decisão que contraria dispositivo da Constituição: Guardiã do texto constitucional, a mais alta corte de justiça só intervém em recurso extraordinário quando para isso for provocada em caso concreto. Ela não fiscaliza, ela defende contra os ataques desde que chamada a pronunciar-se. A decisão que contraria dispositivo da Constituição fere a integridade da ordem constitucional.
B. Decisão que declara a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal. Tal decisão
 nega validade a um e a outro. 
 Qualquer tribunal pode declarar a inconstitucionalidade de uma lei ou de ato normativo do Poder Público (Constituição da República, art. 97). Para isso se exige o voto da maioria absoluta, isto é, de mais da metade do número total de juízes do tribunal (ou de seu Órgão Especial), estejam ou não providos os lugares. Não se descontam os ausentes nem os impedidos. Não é a maioria relativa aos que votam em cada caso. Absoluto é o que está desligado de qualquer circunstância. Ex. No Supremo Tribunal Federal que tem 11 cadeiras (Constituição Federal, art. 101), a maioria absoluta é sempre 6 no mínimo; no Superior Tribunal de Justiça do R.J., cujo Órgão Especial tem 25 juízes, a maioria absoluta é sempre, no mínimo, 13.
c -A Decisão que julga válida lei ou ato do governo local, contestado em face da Constituição da República, afirma a autoridade da lei ou do ato. Duas são as hipóteses aqui previstas:
O acórdão recorrido julgou válida a lei local contestada em face da Constituição da República;
 O aresto impugnado deu como válido o ato do governo local contestado em confronto com a Constituição da República.
 O cabimento do recurso extraordinário nesses dois casos pressupõe:
Que a lei ou o ato do governo local tenha sido questionado
Que a contradita tenha sido fundada na ofensa à Constituição da República.
2. Procedimento do Recurso Extraordinário:
 A competência para proceder, no caso do recurso extraordinário, divide-se entre o tribunal recorrido, que o recebe e o Supremo Tribunal Federal que o julga.
 Na instância recorrida, rege-se, em matéria criminal, pela Lei nº 3.396, de 2/6/58 e pelo art. 637 do C.P.P. Na instância ad quem, isto é, no supremo Tribunal Federal, aplicava-se o respectivo Regimento Interno . Com a nova Constituição o assunto terá que ser regulado em lei. D. Julgar válida lei local contestada em face de lei federal
IV – PECULIARIDADES DO RECURSO ESPECIAL:
O Nome: A criação do recurso especial pela Constituição de 1988, trouxe a necessidade de rotulá-lo, distinguindo-o de um lado do recurso extraordinário, de outro dos recursos ordinários. Encontrou-se o adjetivo “especial” que serve aos dois propósitos.
Semelhanças e diferenças: O recurso especial tem com o extraordinário uma afinidade: ambos visam a proteção do Direito federal. Diferem em que o
 extraordinário tutela a Constituição enquanto o especial ampara a lei ordinária.
 Por outro lado, o recurso especial diverge dos recursos ordinários por só envolver
uma questão de direito e não uma questão de fato; ao passo que os ordinários englobam os dois tipos de questão.
3. Casos de recurso especial: Vejamos os três casos de recurso especial indicados no art. 105,III da Constituição da República:
Decisão que contraria tratado ou lei federal ou lhes nega vigência: Como se vê a letra “a” do art. 105,III, prevê duas hipóteses:
A da decisão que afronta tratado ou lei federal
A de negar vigência aquele ou a este.
 No primeiro caso a decisão recorrida considerou vigente a lei ou tratado, mas se
contrapôs ao respectivo preceito; no segundo, o dispositivo do acórdão recorrido
declarou sem vigor jurídico a lei invocada ou o tratado que serviu de apoio a uma
alegação da parte.
 O aresto que dá provimento ao recurso especial protege, nesses casos da letra “a”, a 
integridade do Direito federal comum, isto é, da lei ou do tratado.
 Note-se que não cabe o recurso especial sob a alegação de erro do acórdão na
interpretação de contrato, de testamento, de dispositivo de sentença ou da violação de 
usos, costumes ou princípios gerais do direito. Muito menos se admite recurso por 
controvérsia na matéria de fato. O Superior Tribunal de Justiça, no recurso especial, não 
funciona como terceira instância ou grau de jurisdição.
 Quanto à vigência da lei federal, o Superior Tribunal de Justiça verifica:
Se a lei está em vigor
Se foi negada aplicação da lei vigente ao caso decidido.
 
B. Decisão que julga válida ato do governo local)questionada perante a lei federal. (EC45\04)
 Como se vê, duas são as hipótese aqui previstas:
O acórdão recorrido julgou válida a lei local contestada em face da lei federal.
 O acórdão recorrido julgou válido o ato de governo local questionado perante a lei federal.
 Em ambos os casos o cabimento do recurso especial pressupõe:
Que a lei (ou ato do governo) local tenha sido questionada
Que o fundamento da contestação haja sido a contrariedade à lei federal, do ato ou da lei local.
 A inconstitucionalidade da lei local ou do ato do governo local em face da constituição estadual não enseja o recurso aqui tratado.
 A decisão que dá provimento ao recurso especial, neste caso, protege a autoridade da lei federal.
C. Decisão que dá a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuido outro tribunal: Subtende-se excluído o caso em que a interpretação diversa tenha sido dada pelo Supremo Tribunal Federal. A partir de 5/10/88 essa Corte Suprema passou a ser somente custódia da Constituição. Mas não são poucos os dispositivos de lei federal anteriormente por ela esclarecidos. E não parece que o Superior Tribunal possa corrigir-lhe o entendimento.
 O caso da letra “C” é o de divergência jurisprudencial. Pouco importa que os tribunais em discordância sejam de estados diferentes ou que sejam da mesma unidade da federação. A criação de tribunais de alçada em vários estados suscitou a possibilidade de desacordo em tribunais do mesmo estado. 
 No caso da letra “C”, o recorrente, além de citar os acórdãos divergentes, deve indicar o ponto em que eles discrepam entre si, acentuando o núcleo do desacordo, que não deve ser em matéria de fato, mas em assento de direito. E mais: a divergência deve existir na interpretação dos mesmos dispositivos da mesma lei. O que se pretende, neste caso, é assegurar a uniformidade de interpretação das leis federais.
 O recurso especial somente cabe quando a divergência se manifesta entre diferentes tribunais.
V – PROCEDIMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO:
 
Petição: O recurso extraordinário éapresentado ao Presidente do tribunal recorrido mediante petição fundamentada em uma ou várias das letras “a, b, c” do art. 102, III da Constituição da República. Não é necessário- e até não convém- que a petição inicial contenha, desde logo, as razões do recorrente. Mas, é preciso que dela conste a menção do dispositivo constitucional violado (letra “a”) ou do tratado ou lei federal dado como inconstitucional (letra “b”) ou da lei ou ato do governo local contestado em face da Constituição (letra ”c”). Em outras palavras: o que o requerente tem que demonstrar na inicial não é, ainda a procedência do recurso mas apenas o cabimento.
Prazo: Diversamente do que acontece no processo civil em que o prazo para a interposição do recurso é de 15 dias, no penal ele é de 10 dias. Isso porque, nesse ramo do direito, continua em vigor a Lei nº 3396 de 2/6/58. Esse prazo flui do primeiro dia útil seguinte àquele em que a parte interessada foi intimada da decisão recorrenda. De acordo com a Súmula 310, se a intimação ocorrer numa sexta-feira o prazo começa a correr no primeiro dia útil seguinte.
3. Vista ao recorrido: recebida a petição, é aberta vista ao recorrido para dizer sobre o cabimento do recurso dentro de 5 dias.
4. Vista ao Procurador Geral: Com as razões das partes ou sem elas, os autos do recurso são mandados ao Procurador Geral, que opina sobre o cabimento do recurso.
5. Despacho do Presidente: Com o parecer do Procurador Geral os autos do recurso são conclusos ao Presidente do tribunal que, em despacho fundamentado, recebe ou não o recurso extraordinário. Se for recebido, a questão do cabimento será preliminarmente decidida no Supremo Tribunal, se for denegado, caberá agravo de instrumento a fim de que a alta Corte se pronuncie sobre a admissibilidade.
6. Preparo: Se o recurso for recebido, o recorrente deverá pagar o preparo, isto é, a quantia necessária para ocorrer às despessa judiciais, sob pena de deserção. Ressalva-se a hipótese de força maior comprovada no C.P.P., art. 798, § 4º. Note-se que a vis major pode 
referir-se apenas a um impedimento inafastável do recorrente.
 Esse é o primeiro preparo, feito no Tribunal recorrido, para que o recurso suba. Adiante haverá um segundo feito no Supremo Tribunal Federal para que ele caminhe. Não estão sujeitos ao preparo o Ministério Público ou a Fazenda, quando recorrentes. Igualmente os beneficiários da justiça gratuita.
7. Razões de Mérito: Admitido o recurso, será aberta vista ao recorrente e, depois, ao recorrido para que, em 10 dias cada um fale sobre o mérito.
8. Denegação do Recurso – Agravo: Reza o Art. 6º da Lei 3.396/58, em vigor em matéria penal: “ denegado o recurso, poderá o recorrente, dentro de 5 dias, interpor agravo de instrumento para o Supremo Tribunal Federal. Esse recurso subirá instruido com as peças 
que forem indicadas pelo agravante e, obrigatoriamente, com a certidão do despacho denegatório”.
 O prazo de cinco dias para a interposição do agravo corre da publicação do despacho presidencial no órgão oficial de imprensa. Não pode o tribunal a quo recusar a subida do agravo pois, somente ao Supremo Tribunal cabe dizer se ele foi interposto no prazo.
9. Indicação das peças que vão formar o instrumento: Tem aplicação aqui o art. 587 do C.P.P. “ Quando o recurso houver de subir por instrumento, a parte indicará, no respectivo termo ou em requerimento avulso, as peças dos autos que pretenda traslado”.
 Mesmo que não haja indicação pelo agravante, deve a secretaria do tribunal recorrido trasladar:
A petição do recurso extraordinário
A certidão extraída do órgão de imprensa que publicou o despacho de indeferimento do mesmo recurso
O acórdão recorrido.
10. Preparo do Agravo: Deve ser feito na instância recorrida. Não estão sujeitos a ele o M.P. e a Fazenda, agravantes. Igualmente quanto aos beneficiários da justiça gratuita. A falta de preparo quando devido, acarreta a deserção, salvo se comprovado motivo de força maior.
11. Julgamento do Recurso Extraordinário: No Supremo Tribunal Federal esse recurso, a não ser em matéria eleitoral ou trabalhista, é julgado por uma das turmas.
 Distribuído ao Relator, poderá esse dar vista ao Procurador Geral pelo prazo de 5 dias. Segue-se o pedido de dia para o julgamento que será realizado em 2 dias no mínimo, após a publicação da pauta no Diário da Justiça.
 No dia do julgamento, dada a palavra ao relator, é lido o relatório e, em seguida, podem falar, sucessivamente, a recorrente, o recorrido e o Procurador Geral da República, se quiserem. Se for levantada questão preliminar ou questão prejudicial podem as partes usar da palavra para sobre elas se manifestar.
 O julgamento é feito por maioria de votos. Cabe ao relator ou, se esse é vencido, ao primeiro ministro vencedor, redigir o acórdão.
VI – PROCEDIMENTO NO RECURSO ESPECIAL: 
 O recurso especial no Superior Tribunal de Justiça: É do seguinte teor o Cap. II
do Tit. IX da Parte II do regimento Interno do superior Tribunal de Justiça: At. 255 “ O 
recurso especial será interposto na forma e no prazo estabelecidos na legislação 
processual vigente e recebido no efeito devolutivo.
 Parágrafo Único: Na hipótese da alínea c, inciso III, do art. 105 da Constituição, 
divergência indicada deverá ser comprovada por certidão ou cópia autenticada ou 
mediante citação do repositório de jurisprudência, oficial ou autorizado, com a 
transcrição dos trechos que configurem o dissídio, mencionadas as circunstâncias 
que identifiquem ou assemelhem os casos confrontados.”
 Art. 256 “ Distribuído o recurso, o relator, após vista ao M.P., se necessária, pelo prazo de 20 dias, pedirá dia para julgamento sem prejuízo da atribuição que lhe confere o art. 34, parágrafo único”.
 Art.257 “ No julgamento do recurso especial, verificar-se-á, preliminarmente, se o recurso é cabível. Decidida a preliminar pela negativa, a Turma não conhecerá do
recurso; se pela afirmativa, julgará a causa, aplicando o direito à espécie”,
 DA CARTA TESTEMUNHÁVEL 
I – CABIMENTO: Diz o art. 639 do C.P.P.
 ´”Dar-se-á carta testemunhável:
I – Da decisão que denegar o recurso;
II- Da que, admitindo embora o recurso, obstar à sua expedição e seguimento para o juízo ad quem”.
II – Apesar do teor do inc.I, a carta testemunhável não cabe quando o recurso obstruído for o de apelação ou o extraordinário. No primeiro caso, o remédio é o recurso em sentido estrito ( art. 581,XV); no segundo, o agravo para o Supremo Tribunal Federal. Exemplo típico desse primeiro caso é o da rejeição do recurso por intempestividade.
III – Pode ocorrer que o juiz admita o recurso mas lhe embarace o seguimento ou estorve a remessa para o juízo ad quem. Exemplo típico dessa hipótese é aquela em que o juiz dá por deserto o recurso ( art. 806,§ 2º, fine).
IV – PROCEDIMENTO: 
1. Requerimento: Reza o art. 640 do C.P.P. “ A carta testemunhável será requerida ao 
escrivão ou ao secretário do tribunal conforme o caso, nas 48 horas seguintes ao despacho que denegar o recurso, indicando o requerente as peças do processo que deverão ser trasladadas”.
 Para ser completo, o dispositivo deveria ter dito: “ despacho que denegar o recurso ou lhe impedir o seguimento” A lacuna deve ser preenchida por analogia.
 Se o óbice ocorrer na 1ª instância ,a Carta é pedida ao escrivão, se em tribunal, ela o é ao respectivo secretário.
2. Prazo: A Carta deve ser pedida nas 48 horas seguintes à intimação ou conhecimento por outra forma, do despacho que denega o recurso.
3. Instrumento: A carta Testemunhável deve ser instruída com traslados das peças que o requerente reputar necessárias à informação da superior instância. O requerente deve atentar para o fato de que se a Carta estiver devidamente instruída, o Tribunal poderá, desde logo, julgar o mérito do recurso obstruído.
4. Recibo: O art. 641 que dispõe: “ O escrivão ou o secretário do tribunal dará recibo da petição

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