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VIGIAR E PUNIR

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VIGIAR E PUNIR – SUPLICIO
Autor: Michel Foucault
O CORPO DOS CONDENADOS
O autor inicia este capítulo expondo dois documentos que explicitam dois estilos penais diferentes. O primeiro documento é a descrição de um suplício, um espetáculo público bastante violento, o esquartejamento. Essa última operação foi muito longa, porque os cavalos utilizados não estavam afeitos à tração; de modo que, em vez de quatro, foi preciso colocar seis; e como isso não bastasse, foi necessário, para desmembrar as coxas do infeliz, cortar-lhe os nervos e retalhar-lhe as juntas; já o segundo documento, descreve alguns artigos do código de execução penal, com toda a sua utilização fragmentária do tempo e sua sutileza punitiva.
Art. 17. – O dia dos detentos começará às seis horas da manhã no inverno, às cinco horas no verão. O trabalho há de durar nove horas por dia em qualquer estação. Duas horas por dia serão consagradas ao ensino. O trabalho e o dia terminarão às nove horas no inverno, às oito horas no verão. Entre eles há um hiato surpreendente de apenas três décadas, do final do século 18 e início do século 19. Para alguns relatos da época, e também atuais, o desaparecimento do suplício tem a ver com a tomada de consciência dos contemporâneos em prol de uma “humanização” das penas. Mas a mudança talvez se deva mais ao fato de que o assassino e o juiz trocavam de papeis no momento do suplício, o que gerava revolta e fomentava a violência social. Era como se a execução pública fosse “uma fornalha em que se acende a violência”. Sendo assim, necessário seria criar dispositivos de punição através dos quais o corpo do supliciado pudesse ser escondido, escamoteado; excluindo-se do castigo a encenação da dor. A guilhotina já representa um avanço neste sentido, pois faz com que aquele que pune não encoste no corpo do que é punido. 
A partir da segunda metade do séc. 19, na mudança do suplício para a prisão, embora o corpo ainda estivesse presente nesta última, por exemplo: redução alimentar, privação sexual, expiação física, masmorra, é a um outro objeto principal que a punição se dirige, não mais ao corpo, e sim à alma. A expiação que tripudia sobre o corpo deve suceder um castigo que atue, profundamente, sobre o coração, o intelecto, a vontade, as disposições. Mesmo que não haja grande variação acerca do que proibido e permitido nesse período, o objeto do crime modificou-se sensivelmente. Não só o ato é julgado, mas todo um histórico do criminoso, quais são as relações entre ele, seu passado e seu crime, e o que esperar dele no futuro. Assim, saberes médicos se acumulam aos jurídicos para justificar os mecanismos de poder não sobre o ato em si, mas sobre o indivíduo, sobre o que ele é. A justiça criminal se ampara em saberes que não são exatamente os seus e cria uma rede microfísica para se legitimar. 
A OSTENTAÇÃO DO SUPLICIO. 
O capítulo se inicia com a exposição de discursos oficiais que regiam as práticas penais de 1670 até a Revolução Francesa, em 1789. Execuções eram raras, só em 10% dos casos. Mas a maioria das penas vinha acompanhada do suplício, pena corporal, dolorosa, mais ou menos atroz. O suplício deve marcar o condenado e por isso tem níveis e hierarquias. A morte (execução), por exemplo, é um suplício em que se atinge o grau máximo de sofrimento, por esta razão chamada de “mil mortes”. É um ritual, uma arte de fazer sofrer. E deve ser assistida por todos, e ser atribuida como triunfo da justiça. 
A determinação do grau de punição variava não somente conforme o crime praticado, mas também de acordo com a natureza das provas. Por mais grave que um crime fosse, senão houvesse provas contundentes, o suplício era mais brando do que aquele em que o crime era menos grave, mas que, por outro lado, dispunha de provas integrais sobre o delito. O processo era feito sem o processado saber. Tal sigilo garantia sobretudo que a multidão não tumultuasse ou aclamasse a execução. Desta forma o rei mostrava que, força soberana, não pertencia à multidão, tendo em vista que o crime ataca, além da vítima, também o soberano. Quanto à participação do povo nessas cerimônias, ela era ambígua. Muitas vezes era preciso proteger o criminoso da ira do povo. 
O rei permitia um instante de violência, mas sem excessos, principalmente para não dar a ideia de privilégio a massa. Por outro lado, em algumas ocasiões o povo conseguiu até mudar a situação do suplício e suspender o poder soberano; em casos semelhantes, havia revolta contra sentenças de crimes menos graves; ou comparecia simplesmente para ouvir aquele que não tinha nada a perder maldizer os juízes, as leis, o poder e a religião, era uma espécie de carnaval de papeis invertidos, em que os poderes eram ridicularizados e criminosos viravam heróis. 
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TRABALHO: Vigiar e Punir - Suplicio
FACULDADE: Centro Universitário de Brasília - UniCEUB
CURSO: Direito
DISCIPLINA: Direito Penal – Teoria do Crime
PROFESSOR: Marlon Barreto
ACADÊMICO: Divino Nunes dos Santos
RA: 21653407
Data: 09/06/2017

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