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09/10/2016 Portal Secad https://www.portalsecad.com.br/artigo/4542 1/17 LESÃO MENISCAL CÉSAR RUBENS DA COSTA FONTENELLE BERNARDO CRESPO ALVES DANIEL ALMEIDA NETO E SANTOS MARCOS TEIXEIRA FERNANDES RODRIGO CASTELO BRANCO ■ INTRODUÇÃO Os meniscos são estruturas fibrocartilaginosas semicirculares que recobrem as superfícies articulares medial e lateral do joelho. A vascularização meniscal se dá pela cápsula articular, e a irrigação só acontece na parte mais periférica do corpo meniscal, o que atrapalha sua capacidade de cicatrização. Os meniscos, que eram previamente vistos como vestígios evolutivos sem função específica, tiveram sua importância evidenciada a partir da década de 1950, após a publicação do trabalho de Fairbank demonstrar os efeitos deletérios a longo prazo das meniscectomias na homeostase do joelho. Nos anos subsequentes, uma série de estudos comprovou a importância dos meniscos na distribuição de carga, absorção de impacto, propriocepção, congruência e estabilidade articular, e estudos de modelo experimental puderam documentar a história natural de um joelho meniscectomizado. Todo esse conhecimento mudou a percepção dos cirurgiões sobre as cirurgias para tratamento das lesões meniscais. Cada vez mais meniscectomias mais conservadoras passaram a ser realizadas, sendo a cirurgia tradicional de excisão completa do menisco um procedimento de exceção. No entanto, mesmo meniscectomias parciais mostraram alterar de maneira significativa a biomecânica articular, levando à osteoartrite precoce. A partir dessas observações, um interesse aumentado nas técnicas de reparo meniscal, e mesmo substituição meniscal, vêm surgindo, na tentativa de restaurar a anatomia meniscal nativa. ■ OBJETIVOS Após a leitura do artigo, o leitor poderá: conhecer as funções meniscais; identificar e classificar as lesões meniscais; diagnosticar lesões meniscais pelo exame físico e de imagem; conhecer as opções de tratamento e seus potenciais benefícios e riscos. 1 2 38 9 10,11 09/10/2016 Portal Secad https://www.portalsecad.com.br/artigo/4542 2/17 conhecer as opções de tratamento e seus potenciais benefícios e riscos. ■ ESQUEMA CONCEITUAL ■ ANATOMIA Os meniscos são 2 estruturas semilunares formadas por fibrocartilagem, que funcionam para aprofundar a superfície articular da tíbia, acomodando a curvatura do côndilo femoral. O menisco medial possui o formato de crescente, recobrindo aproximadamente metade da superfície articular, enquanto o menisco lateral apresenta um formato mais circular e recobre 2/3 da superfície articular no compartimento lateral do joelho. A superfície meniscal superior é côncava, permitindo um ajuste ideal com a curvatura condilar femoral, sendo a inferior plana, de modo a se ajustar à superfície tibial. A periferia meniscal é espessa, convexa e fortemente aderida à cápsula articular pelos ligamentos coronários, enquanto a borda interna é livre e fina recobrindo a cartilagem articular tibial. O menisco lateral apresenta uma área, em sua porção posteromedial, onde o menisco se apresenta mais móvel, pela ausência de inserção capsular, o hiato poplíteo. Essa região pode ser visualizada durante o procedimento artroscópico pela passagem do tendão do músculo poplíteo por trás do menisco. Além da fixação periférica meniscal, os meniscos possuem raízes que os ancoram em seus cornos anterior e posterior. Essas inserções especializadas vêm sendo estudadas com grande interesse na atualidade, por serem local de um padrão especial de lesão, a de raiz meniscal. A desinserção meniscal na sua raiz demonstrou comprometer completamente a função meniscal, alterando a biomecânica articular de modo semelhante a uma meniscectomia total. Outros pontos de ancoragem meniscal são o ligamento intermeniscal, que conecta os cornos anteriores dos 2 meniscos, identificável em até 64% da população, e os ligamentos meniscofemorais. Os ligamentos meniscofemorais são conexões do menisco lateral com o côndilo femoral medial, que correm anteriormente ao ligamento cruzado posterior (LCP), ligamento meniscofemoral anterior (ligamento de Humphry), ou posterior ao LCP, ligamento meniscofemoral posterior (Wrisberg). A presença desses ligamentos acessórios é frequente, estando o de Humphry presente em 74% dos joelhos, o de Wrisberg em 69%, e os 2 em 50%, na anatomia normal do joelho. Mesmo com seus diversos pontos de ancoragem, o menisco é uma estrutura dinâmica, que se adapta aos movimentos angulares, translacionais e rotacionais do joelho, de modo a otimizar suas funções durante todo o arco de movimento articular. O menisco lateral se apresenta mais móvel, compatível com sua fixação capsular mais frouxa, apresentando translação de 11,2mm durante o movimento de flexoextensão, contra 5,1mm do menisco medial. O menisco é composto por água (75%), matriz extracelular e componentes celulares. A matriz extracelular é formada majoritariamente por fibras colágenas (75%), glicosaminoglicanos e proteínas não colágenas. Apesar dos 4 tipos de colágeno estarem presentes, o colágeno do tipo 1 é predominante, compondo mais de 90% das fibras colágenas. Estudos histológicos revelam células fibrocartilaginosas e fibroblastos esparsamente distribuídos. As fibras colágenas com orientação circunferencial são as mais frequentes, com uma disposição ideal para a absorção das forças 12 13 14 09/10/2016 Portal Secad https://www.portalsecad.com.br/artigo/4542 3/17 As fibras colágenas com orientação circunferencial são as mais frequentes, com uma disposição ideal para a absorção das forças compressivas e a distribuição da carga axial. As fibras dispostas radialmente estão presentes na superfície meniscal aumentando a rigidez e resistindo a forças de cisalhamento, além da presença de fibras oblíquas no interior da estrutura meniscal, contribuindo na resistência à lesão. A anatomia vascular do menisco foi ricamente estudada por Arnoczky e Warren, que mostrou a participação das artérias geniculares medial e lateral, em suas porções superior e inferior, na irrigação meniscal. No entanto, as ramificações capilares que invadem a estrutura meniscal não alcançam a porção central do menisco, gerando um gradiente de vascularização que vai de uma região periférica capsular rica em vasos até uma região central avascular, nutrida exclusivamente por difusão por meio do líquido sinovial. Essa anatomia vascular característica tem implicação no potencial de cicatrização das lesões e, portanto, na decisão cirúrgica diante de uma lesão meniscal. No menisco medial, a vascularização se estende até 1030% da sua espessura, enquanto no menisco lateral em cerca de 1025%. Esse gradiente permite a classificação do menisco quanto a sua vascularização em zonas: vermelhavermelha, vermelhabranca e brancabranca. A presença de inervação na estrutura meniscal é motivo de controvérsia, porém a presença de mecanoreceptores na porção mais periférica meniscal e região meniscocapsular foi descrita, permitindo inferir função proprioceptiva meniscal. Essas estruturas neurais podem explicar não somente a contribuição proprioceptiva, como a presença de dor diante de uma lesão meniscal. 1. Sintetize seus conhecimentos sobre a biomecânica da lesão meniscal. Compare sua resposta com o texto a seguir. ■ BIOMECÂNICA Os meniscos foram, durante décadas, considerados remanescentes evolutivos do joelho, e diante de lesão, o tratamento ideal a ser instituído era a sua remoção completa. A visão sobre a função do menisco mudou a partir dos trabalhos de King e Fairbank, que demonstraram não somente a participação dos meniscos nas funções de absorção de carga e dadistribuição de pressão, como documentaram os efeitos deletérios a longo prazo da ausência dessas estruturas após uma meniscectomia. O entendimento das múltiplas funções meniscais evoluiu com estudos biomecânicos que mostraram que a transmissão de força ocorre em 3050% através dos meniscos, e que meniscectomias radicais reduzem a área de transmissão de carga em até 75%, aumentado a pressão de pico do contato em até 4 vezes. A absorção de impacto através da estrutura meniscal é dada pela absorção da energia de compressão axial em deformação elástica das fibras colágenas meniscais. Essa capacidade foi avaliada por meio do registro da vibração óssea durante a marcha, e a ausência completa do menisco parece reduzir a capacidade de absorção de impacto em 20%. Os meniscos apresentam função secundária na estabilidade do joelho. Levy e colaboradores mostraram que na ausência de lesões ligamentares, a meniscectomia não influenciou na estabilidade articular, porém na presença de lesão do ligamento cruzado anterior (LCA), uma lesão adicional do menisco, em especial o menisco medial, provoca aumento consistente na translação anterior quando comparado com indivíduos com lesão ligamentar sem lesão meniscal associada. ■ EPIDEMIOLOGIA E MECANISMO DE TRAUMA Apesar da real incidência de lesão meniscal ser desconhecida, o tratamento de lesões dos meniscos é a condição cirúrgica mais comum do joelho, com mais de 850.000 procedimentos ao ano nos Estados Unidos. A lesão meniscal tem frequência estimada entre 0,33 a 8,27 por 1.000 pessoas ao ano, dependendo da idade, atividade e critérios de avaliação da amostra. Embora sejam classicamente associadas a lesões esportivas, as lesões meniscais ocorrem em sua maioria em atividades não esportivas. Drosos e colaboradores avaliaram 392 pacientes com lesão meniscal e verificaram que 71,9% das lesões ocorreram durante atividades da vida diária, em especial ao agachar ou ao levantar dessa posição. O menisco medial é mais frequentemente acometido do que o lateral, perfazendo cerca de 2/3 das lesões. As lesões meniscais podem ser divididas em traumáticas ou degenerativas. Lesões agudas traumáticas são causadas por entorse do joelho em graus variados de flexão e estão frequentemente associadas a lesões ligamentares. Já as lesões degenerativas se apresentam sem história de trauma específico ou com trauma de baixa intensidade, em que a lesão ocorre secundariamente a uma alteração estrutural intrínseca meniscal. ■ AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO 15 16 17 1 18 19 2 4 20 21 22 23 24,25 26 26 26 09/10/2016 Portal Secad https://www.portalsecad.com.br/artigo/4542 4/17 ■ AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO A avaliação do paciente com suspeita de lesão meniscal deve começar por uma anamnese bem feita. A história clínica bem colhida é capaz de alcançar uma acurácia de 85 a 98% para predizer a lesão. Lesões traumáticas geralmente ocorrem em adultos jovens e adolescentes, enquanto lesões degenerativas apresentam quadro clínico de início mais insidioso, sendo mais frequentes em pacientes acima de 40 anos. Na história do paciente com queixas meniscais, é fundamental conhecer o mecanismo de trauma envolvido, bem como avaliar a presença de derrame articular, que geralmente se instala algumas horas após o trauma. O relato de estalido audível no momento do trauma e a sensação de instabilidade são queixas frequentes. Os mecanismos de trauma mais frequentes são: 1. trauma torcional com o pé fixo ao solo; 2. mudança abrupta de direção; 3. movimento de hiperflexão do joelho. As queixas mais comuns em pacientes com lesão meniscal são a dor, a sensação de instabilidade e o bloqueio articular, como nos casos de lesões longitudinais em alça de balde. A piora dos sintomas é frequentemente relatada pelo paciente em situações nas quais se impõe maior carga aos meniscos, como ao agachar ou subir e descer escadas. 2. Mencione testes palpatórios para avaliação da lesão meniscal. Compare sua resposta com o texto a seguir. 3. Mencione testes rotacionais para avaliação da lesão meniscal. Compare sua resposta com o texto a seguir. No exame físico, os testes são divididos em 2 grupos distintos (Quadro 1): aqueles que avaliam a presença de dor ou estalidos à palpação; os que utilizam movimentos rotacionais para reproduzir os sintomas de dor na interlinha articular. Quadro 1 TESTES PARA AVALIAR LESÃO MENISCAL NO EXAME FÍSICO Palpatórios Rotacionais Smillie Bragard McMurray Steinmann II Apley Bohler Marcha de pato Helfet Payr Steinmann I Dentre os testes que se baseiam na palpação da interlinha articular estão os de Smillie, Bragard, McMurray e Steinmann II. A palpação da interlinha articular (Smillie) possui sensibilidade de até 89% para as lesões do menisco lateral. O exame deve ser realizado palpandose toda a interlinha articular, tanto medial quanto lateral, até as porções mais posteriores do joelho. O Quadro 2 apresenta as técnicas para avaliar a lesão meniscal. Quadro 2 TÉCNICAS PARA AVALIAR A LESÃO MENISCAL Bragard O teste consiste em realizar uma rotação da perna, indo da flexão para a extensão do joelho, palpandose a interlinha articular. Essa manobra leva o menisco para uma posição mais anterior, fazendo com que este se choque contra o dedo do examinador, reproduzindo assim os sintomas de dor. A rotação associada à flexão do joelho afasta o menisco do dedo do examinador, aliviando os sintomas. A 27 28 09/10/2016 Portal Secad https://www.portalsecad.com.br/artigo/4542 5/17 avaliação do menisco medial deve ser feita com a rotação lateral da perna, o contrário sendo realizado na pesquisa de lesão do menisco lateral. McMurray O teste é realizado com a perna em rotação e palpação da interlinha articular, indo de flexão para extensão passiva do joelho. É análogo ao de Bragard, em rotação lateral para pesquisa de lesão do menisco medial e rotação medial na do lateral. É considerado positivo quando o examinador sente um “clique” palpável na interlinha articular. Steinmann II O teste consiste na palpação da interlinha articular, buscandose o ponto doloroso. Com o paciente na posição sentada, é feita extensão abrupta do joelho com a perna em rotação, lateral ou medial, dependendo do menisco que está sendo avaliado. O ponto de dor deslocase anteriormente com o joelho em extensão e posteriormente em flexão. As manobras restantes baseiamse em movimentos rotacionais do joelho, na tentativa de reproduzir o mecanismo de lesão, desencadeando os sintomas. Apley O teste é realizado em 2 tempos, com o paciente em posição prona e com o joelho em flexão. No primeiro tempo, é aplicada compressão axial sobre o calcanhar associada a movimentos de rotação medial e lateral da perna, testando os meniscos lateral e medial, respectivamente. Essa manobra deve reproduzir os sintomas de dor no paciente. Nesse momento, realizase tração axial da perna. Na presença de lesão meniscal, nesse segundo tempo, os sintomas serão aliviados. No caso de persistir a dor, outros diagnósticos devem ser suspeitados, mais possivelmente lesão ligamentar. Bohler O teste consiste na tentativa de reproduzir os sintomas de dor realizandose estresse em varo, para lesões do menisco medial e, em valgo, para lesões do menisco lateral. Steinmann I O teste é realizado com o paciente sentado e o joelho fletido a 90 graus. O examinador posiciona suas mãos sobre os pés do paciente e realiza rotação lateral súbita da perna para testar o menisco medial e rotação medial para o menisco lateral. O exame será considerado positivo na presença de dor. Marcha de pato A manobra da marcha de pato aumenta a força de compressão no corno posterior do menisco, exacerbando os sintomas. Payr Nesse teste, o paciente encontrase sentado em “posição de Buda”. Uma força sobre ambosos joelhos direcionada para baixo é realizada, gerando um estresse em varo. Esse teste avalia fundamentalmente a lesão do corno posterior do menisco medial. Helfet O teste é utilizado para joelhos bloqueados, consistindo na diminuição da rotação lateral fisiológica da perna, limitando o aumento normal do ângulo “Q” quando o joelho é estendido. Isso ocorre devido ao bloqueio mecânico que impede a rotação lateral da tíbia durante a extensão do joelho. Thessaly Mais recentemente, esse teste vem ganhando importância e tem sido considerado o mais sensível para avaliação da lesão meniscal. O paciente é colocado de pé, em apoio monopodálico, com o joelho em flexão de 20 graus. Pedese que sejam realizados movimentos de rotação do membro apoiado. O teste é positivo quando reproduz os sintomas de dor. Esse teste possui uma acurácia diagnóstica de 94% no diagnóstico de lesão do menisco medial e 96% na do menisco lateral. Exames de imagem devem ser solicitados para confirmar a hipótese diagnóstica e excluir possíveis lesões associadas. As radiografias em anteroposterior (AP) e perfil com carga de ambos os joelhos, a incidência do “tunnel view” e a axial da patela devem ser solicitadas para excluir a possibilidade de fratura, lesão osteocondral ou corpo livre intraarticular. A panorâmica dos membros inferiores deve ser realizada para avaliação dos eixos mecânico e anatômico dos membros. A artrografia é um exame que pode ser utilizado na avaliação de patologias do joelho, mas, com o advento de outras técnicas diagnósticas, como a tomografia computadorizada e a ressonância nuclear magnética (RNM), raramente é utilizada. Atualmente, a RNM é o padrão ouro para o diagnóstico da lesão meniscal. Polly e colaboradores realizaram um estudo prospectivo, demonstrando sensibilidade de até 98% para as lesões do menisco medial e de 90% nas do menisco lateral. Vale ressaltar que o exame físico bem realizado é suficiente para o diagnóstico da lesão meniscal, com altos índices de sensibilidade. ■ CLASSIFICAÇÃO As lesões meniscais podem ser classificadas de acordo com sua morfologia, localização, orientação e extensão. Quanto à localização e à extensão, as lesões meniscais podem ser: 1. do corno anterior; 2. do corpo; 3. do corno posterior; 4. das raízes anterior e posterior. Quanto à orientação, as lesões meniscais podem ser: 5. longitudinal, quando se apresenta ao longo da circunferência do menisco, paralela às fibras centrais; ou 6. radiais, que são verticais, perpendiculares à circunferência, cruzando as fibras centrais. A lesão longitudinal ainda pode ser horizontal (separa o menisco em porções superior e inferior), oblíqua ou vertical. As lesões verticais podem gerar um grande fragmento que se desloca, a chamada “lesão em alça de balde”. As lesões radiais podem ser retas ou curvas, 29 29 30 31 32 09/10/2016 Portal Secad https://www.portalsecad.com.br/artigo/4542 6/17 podem gerar um grande fragmento que se desloca, a chamada “lesão em alça de balde”. As lesões radiais podem ser retas ou curvas, essas últimas acarretam a formação de flaps. Lesões com apresentações anômalas, em múltiplas direções, são chamadas de complexas. A classificação morfológica é a mais usada hoje em nosso meio. As lesões meniscais também podem ser classificadas pela RNM em graus I, II e III. A lesão do grau I é globular, apresentando hipersinal intrameniscal que não se estende às superfícies articulares. Ela representa as alterações degenerativas iniciais do menisco. A lesão do grau II apresenta extensa área de hipersinal, sem plano de clivagem definido, podendo ou não se estender até as margens do menisco, mas não apresenta nítida comunicação com a cavidade articular. Estas configuram alterações degenerativas mais avançadas. Já a lesão de grau III apresenta hipersinal bem definido, comunicando a lesão às superfícies articulares, denotando uma lesão de origem traumática. 4. O ligamento meniscofemoral anterior é conhecido como ligamento: A) intermeniscal. B) de Wrisberg. C) de Humphry. D) arqueado. Confira aqui a resposta 5. O menisco é uma fibrocartilagem constituída predominantemente por colágeno do tipo: A) 1. B) 2. C) 3. D) 4. Confira aqui a resposta 6. Quanto à biomecânica dos meniscos, analise as afirmativas a seguir. I. O entendimento das múltiplas funções meniscais evoluiu com estudos biomecânicos que mostraram que a transmissão de força ocorre em 3050% através dos meniscos. II. A absorção de impacto através da estrutura meniscal é dada pela absorção da energia de compressão axial em deformação elástica das fibras colágenas meniscais. III. Os meniscos apresentam função secundária na estabilidade do joelho. Estão corretas as afirmativas: A) apenas I e II. B) apenas I e III. C) apenas II e III. D) I, II e III. Confira aqui a resposta 7. Em relação à epidemiologia e ao mecanismo de trauma das lesões meniscais, assinale a alternativa correta. A) As lesões meniscais ocorrem em sua maioria em atividades esportivas. B) O menisco medial é mais frequentemente acometido do que o lateral. C) Lesões agudas traumáticas não estão associadas a lesões ligamentares. D) As lesões degenerativas se apresentam com história de trauma específico. Confira aqui a resposta 8. Descreva a manobra de McMurray para o diagnóstico das lesões meniscais. 33 34 09/10/2016 Portal Secad https://www.portalsecad.com.br/artigo/4542 7/17 Confira aqui a resposta 9. Qual manobra meniscal é utilizada no exame físico, para avaliação de lesões meniscais em um joelho “travado”? A) Manobra de Bohler. B) Manobra de marcha de pato. C) Manobra de Helfet. D) Manobra de Payr. Confira aqui a resposta 10. Descreva a manobra meniscal, utilizada no exame físico, para avaliação de lesões meniscais em um joelho “travado” da atividade 9. Confira aqui a resposta 11. Descreva a classificação por RNM das lesões meniscais. Confira aqui a resposta 12. Como conduzir o tratamento da lesão meniscal? Compare sua resposta com o texto a seguir. ■ PRINCÍPIOS DO TRATAMENTO O tratamento da lesão meniscal apresenta amplo espectro, sendo dependente do tipo e da localização da lesão, bem como das características do paciente, sejam elas constitucionais ou funcionais. Pode variar desde tratamento conservador, meniscectomia parcial ou total, reparo com sutura e, em alguns casos, o transplante meniscal. Estudos recentes têm mostrado resultados melhores para pacientes tratados conservadoramente. Muitas rupturas do menisco se tornam assintomáticas com fisioterapia, modificação das atividades e fortalecimento muscular sem impacto, em especial quando há componente degenerativo e sinovite associados. É fundamental que o paciente seja orientado sobre os riscos, expectativas e potenciais complicações relacionadas aos procedimentos cirúrgicos, quando indicados, bem como risco de lesões da cartilagem causadas por flaps instáveis, caso o tratamento seja postergado. MENISCECTOMIA São realizadas aproximadamente 700 mil artroscopias por ano nos EUA, sendo a meniscectomia a cirurgia ortopédica mais realizada. Considerando as funções meniscais de absorção de impacto e aumento da congruência articular, sua remoção, mesmo parcial, não pode ser considerada um procedimento impune ao joelho. A meniscectomia é realizada por via artroscópica e consiste em remover a porção rompida por meio de pinças e dispositivos abrasivos (shavers e ponteiras de radiofrequência), tornando o remanescente meniscal o mais regular possível, na tentativa de preservar ao máximo suas propriedades mecânicas. É pouco invasiva, permite rápida recuperação e retorno às atividades esportivasquando comparada aos outros tratamentos cirúrgicos (Figura 1). 3537 34 38 09/10/2016 Portal Secad https://www.portalsecad.com.br/artigo/4542 8/17 Figura 1 – Regularização artroscópica de lesão meniscal medial degenerativa. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Já são bem conhecidos os efeitos a longo prazo da meniscectomia, em que o pico de força de contato articular é proporcional à quantidade de menisco removida. A perda das fibras que mantêm o efeito “braçadeira de barril” pode tornar funcionalmente em total uma meniscectomia parcial. A meniscectomia medial parcial diminui em 20% a área de contato desse compartimento, chegando a 54% em casos de retirada completa do menisco. Isso implica em 43 a 136% de aumento do estresse no pico de contato. No caso do compartimento lateral, em que existe uma incongruência óssea mais evidente em função da conformação convexa do platô tibial, os números são ainda maiores, chegando a aumentar de 235 a 335% no pico de pressão de contato local. Existe um risco de desenvolvimento de artrose 3,6 vezes maior em pacientes submetidos à meniscectomia parcial e 7,1 vezes maior quando o menisco é completamente removido. O desvio de eixo deve ser cuidadosamente observado préoperatoriamente, uma vez que a combinação de varo ou valgo com meniscectomia do compartimento afetado resulta em maior progressão para artrose, se comparada a joelhos com bom alinhamento. 13. Que técnicas existem para realizar a sutura meniscal? Compare sua resposta com o texto a seguir. SUTURA MENISCAL A preservação do menisco por meio de reparo tem sido buscada em razão das suas importantes propriedades biomecânicas, bem como pelos evidentes efeitos danosos à articulação quando é desfeita sua arquitetura e tamanho originais. Diversas técnicas e materiais estão em constante evolução, na tentativa de aumentar a indicação e tornar mais exequível a sutura meniscal. A decisão final da sutura é geralmente tomada durante o ato operatório, o que pressupõe que o cirurgião esteja preparado para todas as opções. A indicação ideal para a sutura meniscal é verificada nas seguintes condições: paciente jovem; lesão aguda; concomitância com reconstrução ligamentar intraarticular; lesão na zona vermelhavermelha ou vermelhabranca; lesão longitudinal, maior do que 1cm. É de fundamental importância analisar as características do paciente e da lesão para a decisão do reparo. Os resultados em geral são menos animadores em pacientes idosos, quando há evidências de instabilidade ou degeneração articular. Além das restrições no pósoperatório imediato, o tempo de repouso e reabilitação é significativamente maior naqueles submetidos à sutura meniscal e, por isso, a compreensão e compromisso do paciente devem ser levados em consideração antes da decisão cirúrgica. Quanto à lesão, diversos fatores precisam ser observados, tais como tempo decorrido do tratamento, tipo e localização da ruptura, integridade do remanescente, vascularização e presença de lesões associadas. 39 40 20,41 42 43 44 09/10/2016 Portal Secad https://www.portalsecad.com.br/artigo/4542 9/17 Estudos mostram sucesso de até 92% no reparo meniscal associado à reconstrução do LCA versus 67% nos isolados, com joelhos estáveis. A taxa de cicatrização de um reparo meniscal é influenciada diretamente pelo padrão de vascularização do menisco. Apenas uma pequena porção do menisco, entre 10 e 30% da região periférica, é vascularizada, provocando falhas de cicatrização nas suturas realizadas em rupturas centrais, quando localizadas a mais de 4mm da sua borda externa. Existem 3 técnicas para sutura meniscal: de dentro para fora (insideout); de fora para dentro (outsidein); toda dentro (allinside). A técnica de insideout (Figura 2) é considerada a padrão ouro para reparo meniscal, pelo menor custo, reprodutibilidade, amplitude de execução e menor risco neurovascular, sendo indicada em lesões do corpo e do corno posterior do menisco. Tem como desvantagem necessitar de uma incisão acessória, aumentando o tempo operatório. Ao analisar padrões do ponto de sutura, estudos biomecânicos mostram que as suturas verticais têm maior rigidez e resistência a cargas cíclicas se comparadas às horizontais. Figura 2 – Técnica “insideout” de sutura meniscal. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. A sutura do tipo outsidein (Figura 3) é geralmente usada em rupturas dos 2/3 anteriores meniscais, sendo pouco útil para as lesões posteriores. Figura 3 – Técnica “outsidein” de sutura meniscal. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Antigamente reservada para lesões do extremo posterior do menisco, pelo risco neurovascular inerente, o reparo allinside (Figura 4) vem ganhando espaço no tratamento das lesões meniscais, em especial quando há necessidade de combinação de técnicas. O alto custo do reparo allinside dificulta sua ampla difusão. As possíveis contraindicações para a técnica allinside estão relacionadas às disjunções meniscocapsulares, em que carecem de substância para ancoragem da sutura, e lesões do corno anterior, em função do ângulo de ataque. 45,46 16 45 47 09/10/2016 Portal Secad https://www.portalsecad.com.br/artigo/4542 10/17 corno anterior, em função do ângulo de ataque. Figura 4 – Técnica “allinside” de sutura meniscal. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. ■ MANEJO PÓSOPERATÓRIO O tipo da lesão, a necessidade funcional de cada paciente, as condições da articulação antes da cirurgia, o tempo de recuperação e a motivação do paciente irão direcionar a melhor indicação cirúrgica e o programa de reabilitação. MENISCECTOMIA PARCIAL Após uma meniscectomia parcial, o protocolo de reabilitação pode ser acelerado, já que não há estrutura anatômica articular que necessite de tempo de cicatrização. Objetivos iniciais são o controle da dor e do derrame articular, arco de movimento e descarga sobre o membro operado conforme tolerados. A reabilitação na meniscectomia parcial consiste em gelo, ultrassom, massagem, mobilização articular, exercícios para panturrilhas, exercícios de extensão do joelho e bicicleta ergométrica. Estudos mostram a importância do mecanismo extensor e que seu retorno ao nível préoperatório só ocorre de 4 a 6 semanas depois. Além disso, a reabilitação supervisionada mostrou recuperação mais rápida que a não supervisionada. Segundo Kelln e colaboradores, a mobilização precoce ativa do joelho, inclusive utilizando bicicleta ergométrica a partir de 2 semanas de pósoperatório de meniscectomia parcial, confere melhores resultados ao procedimento. Imobilização prolongada está associada a efeitos deletérios na articulação. Na primeira semana, iniciase carga progressiva com muletas, e nas primeiras 3 semanas o objetivo é marcha normal e ganho do arco de movimento. A partir daí, intensificase o fortalecimento muscular e exercícios proprioceptivos. O retorno ao esporte se dá quando a força do quadríceps atinge pelo menos 80% do lado contralateral. Geralmente, o retorno ao trabalho se dá em 1 a 2 semanas e aos esportes em 3 a 6 semanas. SUTURA MENISCAL Heckmann e colaboradores desenvolveram um protocolo pósoperatório com carga parcial com muletas e imobilizador longo de joelho por 6 semanas. Compressão, gelo e ultrassom são utilizados. O arco de movimento permitido é de 90 graus nas primeiras 2 semanas; 120 graus na 3.ª e 4.ª semanas, atingindo o arco completo entre 4 e 8 semanas de pósoperatório. A contração isométrica de quadríceps se inicia no pósoperatório imediato, entretanto somente após 3 a 5 semanas é que exercícios como miniagachamento, extensão de joelhoe os proprioceptivos são iniciados. Leg press é iniciado entre a 7.ª e a 8.ª semanas, corrida em torno de 6 meses e retorno completo às atividades entre 7 e 8 meses após a cirurgia. Outros autores são mais conservadores, limitando carga e imobilizando o joelho. Entretanto, Shelbourne e colaboradores e Mariani e colaboradores mostraram que o ganho de arco de movimento, a força do quadríceps e o retorno às atividades foram mais rápidos na reabilitação acelerada. ■ TRANSPLANTE MENISCAL O transplante meniscal com aloenxerto pode ser uma boa alternativa para a diminuição da dor, melhora funcional e prevenção ou retardo do desenvolvimento de artrose. Entretanto, o paciente deve ser escolhido criteriosamente. A idade não é um critério de inegibilidade, entretanto dificilmente pacientes maiores de 50 anos serão aptos ao procedimento, uma vez que provavelmente terão algum grau de 48 49 50 51 52 53 54 52 55 56 57 09/10/2016 Portal Secad https://www.portalsecad.com.br/artigo/4542 11/17 entretanto dificilmente pacientes maiores de 50 anos serão aptos ao procedimento, uma vez que provavelmente terão algum grau de artrose, o que contraindica o procedimento. Outras condições podem e devem ser corrigidas para maior sucesso do transplante meniscal, como obesidade, instabilidade ligamentar, desvio de eixo e defeitos focais da cartilagem. O aplainamento do côndilo femoral medial ou a formação de osteófitos estão associados com pior resultado. Entre as contraindicações absolutas para transplante meniscal podemse citar artrite inflamatória ou metabólica, imunodeficiência, infecção prévia e artrose grave. A avaliação do paciente candidato a transplante meniscal deve envolver história clínica, que frequentemente contempla história de meniscectomia prévia com melhora temporária dos sintomas. O exame físico deve ser minucioso na pesquisa de cicatrizes prévias, arco de movimento, instabilidade ligamentar, mau alinhamento e dor à palpação da linha articular. Exames de imagem, como radiografia simples em PA com 45 graus de flexão, radiografia panorâmica do membro inferior e ressonância magnética são fundamentais para avaliação do quadro. A técnica cirúrgica do transplante pode ser realizada por via aberta ou artroscópica, sendo que a artroscópica apresenta menor morbidade. O tamanho do menisco é estimado utilizandose radiografia em AP e perfil, segundo a técnica descrita por Pollard e colaboradores. Os métodos de fixação mais utilizados são com “plug” ósseo (Figura 5) sob as raízes meniscais (não recomendados para o lateral devido à proximidade entre elas), ou com crista óssea. Figura 5 – Técnica de transplante com “plug” ósseo. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. O método de fixação com crista óssea (Figura 6) mantém a distância entre cornos anterior e posterior. Após a fixação óssea, o menisco deve ser suturado junto à cápsula articular, como na técnica de meniscorrafia. 4850 51 09/10/2016 Portal Secad https://www.portalsecad.com.br/artigo/4542 12/17 Figura 6 – Técnica de transplante com crista óssea. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Heckmann mostrou que no pósoperatório de transplante meniscal é necessário imobilizador longo de joelho por 6 semanas e carga total entre a 5.ª e a 6.ª semanas. A flexão é limitada a 90 graus nas primeiras 6 semanas. O paciente deve ser liberado para corrida, agachamento e flexão máxima apenas depois de 6 meses. Os resultados dos estudos mais recentes mostram uma taxa de sucesso de 64 a 89%. Isso evidencia que o transplante meniscal pode ser uma alternativa viável em pacientes bem selecionados. 14. Quanto ao tratamento de lesão meniscal, assinale a alternativa correta. A) O tratamento da lesão meniscal apresenta amplo espectro, mas é independente do tipo e da localização da lesão. B) Estudos recentes têm mostrado resultados melhores para pacientes tratados conservadoramente. C) As rupturas do menisco não se tornam assintomáticas com fisioterapia e modificação das atividades. D) Fortalecimento muscular não reduz os sintomas de lesão meniscal especialmente quando há componente degenerativo e sinovite associados. Confira aqui a resposta 15. Em relação à meniscectomia, analise as afirmativas a seguir e marque V para as verdadeiras, ou F para as falsas. ( ) Considerando as funções meniscais de absorção de impacto e aumento da congruência articular, sua remoção parcial pode ser considerada um procedimento impune ao joelho. ( ) A meniscectomia é realizada por via artroscópica e consiste em remover a porção rompida por meio de pinças e dispositivos abrasivos, tornando o remanescente meniscal o mais regular possível. ( ) A meniscectomia é pouco invasiva, permite rápida recuperação e retorno às atividades esportivas quando comparada aos outros tratamentos cirúrgicos. ( ) Já são bem conhecidos os efeitos a longo prazo da meniscectomia, em que o pico de força de contato articular não tem relação com a quantidade de menisco removida. A sequência correta é: A) V – F – V – F. B) F – V – F – V. C) V – F – F – V. D) F – V – V – F. Confira aqui a resposta 16. Assinale a alternativa que apresenta 3 fatores de bom prognóstico para cicatrização de sutura meniscal. A) Lesão aguda, paciente jovem e lesão da zona vermelhavermelha. B) Lesão aguda, paciente jovem e lesão radial. 52 5355,58 09/10/2016 Portal Secad https://www.portalsecad.com.br/artigo/4542 13/17 B) Lesão aguda, paciente jovem e lesão radial. C) Lesão aguda, lesão da zona vermelhavermelha e lesão radial. D) Paciente jovem, lesão da zona vermelhavermelha e lesão radial. Confira aqui a resposta 17. A técnica de sutura meniscal outsidein está mais bem indicada na lesão do: A) menisco discoide. B) corpo do menisco. C) corno anterior do menisco. D) corno posterior do menisco. Confira aqui a resposta 18. No pósoperatório da sutura meniscal: A) crioterapia e aplicação de ultrassom não são indicados. B) não é permitido suportar carga sobre o membro operado. C) a reabilitação acelerada apresenta resultados mais rápidos. D) não existe limite de flexão nos primeiros meses pósoperatórios. Confira aqui a resposta 19. No transplante meniscal, é contraindicação absoluta a: A) infecção prévia. B) meniscectomia prévia. C) presença de osteófitos. D) idade maior de 50 anos. Confira aqui a resposta 20. Quanto ao transplante meniscal, analise as afirmativas a seguir. I. O transplante meniscal com aloenxerto pode ser uma boa alternativa para a diminuição da dor, melhora funcional e da prevenção ou retardo do desenvolvimento de artrose. II. O aplainamento do côndilo femoral medial e a não formação de osteófitos estão associados com melhor resultado. III. A avaliação do paciente deve envolver história clínica, que frequentemente contempla história de meniscectomia prévia com melhora temporária dos sintomas. Estão corretas as afirmativas: A) apenas I e II. B) apenas I e III. C) apenas II e III. D) I, II e III. Confira aqui a resposta ■ CASO CLÍNICO Paciente do sexo masculino, 32 anos, com história de entorse do joelho direito em partida de futebol. Tentou continuar jogando após o trauma, mas não conseguiu por causa da dor. Foi a um posto de emergência, sendo submetido à radiografia simples, que não evidenciou fratura. Foi orientado a utilizar um imobilizador, colocar gelo local e usar antiinflamatório por 5 dias. Após 10 dias, foi à consulta com melhora parcial da dor, porém ainda com derrame articular e desconforto, ao subir e descer escadas e ao agachar. Refere alguns episódios de travamento articular. 09/10/2016 Portal Secad https://www.portalsecad.com.br/artigo/4542 14/17 21. Qual a principal hipótese diagnóstica? Quais os testes clínicosusados que podem elucidar o diagnóstico? Confira aqui a resposta Durante o exame, os sinais de dor à palpação da interlinha medial e Appley se mostraram positivos. O exame ligamentar não evidenciou frouxidão. Apresentava arco de movimento de 0130º, com flexão discretamente limitada por dor e derrame articular. 22. Qual exame complementar seria adequado para investigar o quadro? Confira aqui a resposta O paciente retorna em 15 dias com uma RNM evidenciando lesão longitudinal se estendendo pelo corpo e pelo corno posterior de menisco medial. Demais estruturas sem alterações. 23. Qual o manejo mais adequado? Confira aqui a resposta O paciente foi submetido a tratamento cirúrgico. Durante o procedimento artroscópico, foi evidenciada lesão longitudinal na área vermelhavermelha da região do corpocorno posterior, com 2cm de extensão, sendo instável. Não havia lesão ligamentar ou condral associada. 24. Qual técnica de sutura poderia ser utilizada? Existe alguma estratégia para otimização de chance de cicatrização? Confira aqui a resposta 09/10/2016 Portal Secad https://www.portalsecad.com.br/artigo/4542 15/17 Uma sutura insideout com 4 pontos verticais foi realizada, com estabilização do menisco, sem intercorrências. No dia seguinte, durante a visita hospitalar, o paciente encontravase sem dor, com queixa de parestesia na região da tuberosidade tibial. 25. Que complicação é esta? Quais orientações devem ser dadas a esse paciente? Confira aqui a resposta Após 2 meses, o paciente retorna ao consultório sem derrame, com arco de movimento completo, sem travamento articular ou dor. ■ CONCLUSÃO Os meniscos são estruturas inicialmente vistas como remanescentes evolutivos, porém com o avanço técnico e científico se mostraram fundamentais para a manutenção da homeostase articular. Possuem funções como absorção de carga, distribuição de pressão, estabilidade e propriocepção. A lesão dessas estruturas demonstrou aumentar significativamente o desenvolvimento da osteoartrite no joelho. Esse conhecimento estimulou a cirurgia meniscal preservadora, com a meniscectomia radical sendo cada vez mais um procedimento de exceção. O desenvolvimento técnico, em especial a artroscopia, permitiu a evolução de cirurgias de preservação meniscal, como a sutura meniscal. Para otimização do sucesso cirúrgico, a indicação precisa, o bom conhecimento técnico e o adequado manejo pósoperatório são fundamentais. Apesar do conhecimento crescente sobre essas estruturas, complicações pósoperatórias e evolução para osteoartrite ainda são problemas comuns no acompanhamento a longo prazo. ■ RESPOSTAS ÀS ATIVIDADES E COMENTÁRIOS Atividade 4 Resposta: C Comentário: Os ligamentos meniscofemorais conectam o menisco lateral com o côndilo femoral medial, fazendo parte do corpo do LCP. O ligamento meniscofemoral anterior ou de Humphry está presente em até 75% dos pacientes e auxilia na função estabilizadora do LCP. Atividade 5 Resposta: A Comentário: O colágeno do tipo 1 é predominante na constituição do menisco, correspondendo de 60 a 70% da estrutura meniscal. Atividade 6 Resposta: D Atividade 7 Resposta: B Comentário: Embora sejam classicamente associadas a lesões esportivas, as lesões meniscais ocorrem em sua maioria em atividades não esportivas. O menisco medial é mais frequentemente acometido do que o lateral, perfazendo cerca de 2/3 das lesões. Lesões meniscais agudas traumáticas são causadas por entorse do joelho em graus variados de flexão e estão frequentemente associadas a lesões ligamentares. Já as lesões degenerativas se apresentam sem história de trauma específico ou com trauma de baixa intensidade, em que a lesão ocorre secundariamente a uma alteração estrutural intrínseca meniscal. Atividade 8 Resposta: A manobra de McMurray é um teste palpatório, da flexão para extensão do joelho, perna em rotação medial para avaliar o menisco lateral e em rotação lateral para o menisco medial. É positiva quando é notado um estalido, palpável na interlinha articular. Atividade 9 09/10/2016 Portal Secad https://www.portalsecad.com.br/artigo/4542 16/17 Atividade 9 Resposta: C Comentário: O teste de Helfet é utilizado para joelhos bloqueados. Atividade 10 Resposta: A manobra de Helfet é realizada movimentandose o joelho de flexão para extensão; verificase diminuição da rotação lateral da perna, causada pelo travamento do mesmo. Com isso, a tuberosidade da tíbia mantémse em rotação medial, não ocorrendo o aumento do ângulo “Q” com a extensão do joelho. Atividade 11 Resposta: Grau 1: lesão globular, com hipersinal intrameniscal que não se estende às superfícies meniscais. Grau 2: lesão linear, com hipersinal intrameniscal que não se estende às superfícies meniscais. As lesões de graus 1 e 2 são caracteristicamente de natureza degenerativa. Grau 3: lesão de característica traumática ou degenerativa que atinge uma ou ambas as superfícies meniscais. Atividade 14 Resposta: B Comentário: O tratamento da lesão meniscal possui amplo espectro, sendo dependente do tipo e da localização da lesão, bem como das características do paciente, sejam elas constitucionais ou funcionais. Estudos recentes têm mostrado bons resultados para pacientes tratados conservadoramente. Muitas rupturas do menisco se tornam assintomáticas com fisioterapia, modificação das atividades e fortalecimento muscular sem impacto, em especial quando há componente degenerativo e sinovite associados. Atividade 15 Resposta: D Comentário: A segunda e a terceira afirmativas são verdadeiras. A primeira afirmativa é falsa, pois considerando as funções meniscais de absorção de impacto e aumento da congruência articular, sua remoção, mesmo parcial, não pode ser considerada um procedimento impune ao joelho. A quarta afirmativa é falsa, pois já são bem conhecidos os efeitos a longo prazo da meniscectomia, em que o pico de força de contato articular é proporcional à quantidade de menisco removida. Atividade 16 Resposta: A Comentário: Os fatores de bom prognóstico para sutura meniscal são: lesões na zona vermelhavermelha e vermelhabranca, em especial as que distam até 4mm da periferia, pacientes jovens, lesões agudas e associadas a reconstrução ligamentar intraarticular. A lesão radial, por definição, acomete a zona brancabranca do menisco, que tem baixo potencial de cicatrização em função da ausência de vascularização. Atividade 17 Resposta: C Comentário: A melhor técnica de sutura para o corno anterior do menisco é o tipo outsidein. Atividade 18 Resposta: C Comentário: Segundo Shelbourne e Mariani, a reabilitação acelerada apresenta resultados mais rápidos quanto ao ganho de arco de movimento, força do quadríceps e retorno às atividades. Atividade 19 Resposta: B Comentário: A meniscectomia prévia é o principal fator que leva ao transplante, osteófitos estão associados a pior resultado pós operatório, mas não impedem o procedimento. A idade maior do que 50 anos não contraindica o procedimento e sim degeneração articular grave presente. Atividade 20 Resposta: B Comentário: As afirmativas I e III estão corretas. A afirmativa II está incorreta, pois o aplainamento do côndilo femoral medial ou a formação de osteófitos estão associados com pior resultado. Atividade 21 Resposta: A principal hipótese é a de lesão meniscal. Outras hipóteses que devem ser consideradas são as de lesão osteocondral, corpo livre articular e lesão ligamentar. Durante o exame clínico, é importante o exame ligamentar minucioso para afastar essa lesão. Os testes específicos para avaliação meniscal são Smilie, Appley, McMurray e Steinmann. Atividade22 Resposta: O exame mais indicado para investigação da lesão meniscal é a ressonância magnética. Esse exame consegue avaliar com sensibilidade e especificidade acima de 90% as lesões meniscais, permitindo determinar o padrão e a localização. Esse exame também auxilia na avaliação de lesões associadas ligamentares, ósseas e condrais. Atividade 23 Resposta: O tratamento da lesão meniscal é geralmente cirúrgico, devido à permanência dos sintomas e ao risco de extensão da lesão. O tratamento pode ser a simples ressecção do fragmento meniscal lesado ou a sutura da lesão. Essa decisão, embora possa ser sugerida pelo exame de imagem, é definida somente durante o procedimento. Portanto, é sempre indicado se ter disponível o material para a (home) 09/10/2016 Portal Secad https://www.portalsecad.com.br/artigo/4542 17/17 PRÓXIMO pelo exame de imagem, é definida somente durante o procedimento. Portanto, é sempre indicado se ter disponível o material para a sutura, assim como orientar o paciente sobre as possibilidades terapêuticas e possíveis variações de manejo pósoperatório. Atividade 24 Resposta: Embora as 3 técnicas de sutura meniscal possam ser utilizadas, a técnica outsidein é mais bem indicada para lesões que atingem o corpo e o corno anterior dos meniscos. Porém, tanto a técnica insideout quanto a allinside podem ser utilizadas nesse cenário. A técnica insideout requer um acesso no aspecto posteromedial do joelho, para saída das agulhas de sutura e proteção das estruturas neurovasculares. No entanto, essa é a técnica considerada padrão ouro quanto à biomecânica da fixação obtida. As suturas allinside têm como vantagem a praticidade e não requerem acesso adicional, porém têm custo mais elevado. A evolução tecnológica desses dispositivos tem aproximado as características biomecânicas dessas suturas. Lesões meniscais isoladas, sem lesão concomitante do LCA, têm menor taxa de sucesso do que lesões associadas. As principais hipóteses para esse fato são uma reabilitação mais cuidadosa e a presença de sangramento articular causada por túneis ósseos, liberando fatores de crescimento que favoreçam a cicatrização. Diante de lesões isoladas, algumas estratégias podem ser tomadas para melhorar o potencial de cicatrização. Dentre elas, raspagem das superfícies da lesão e da sinóvia adjacente, perfuração do menisco para formação de canais vasculares e microperfuração no intercôndilo, visando o sangramento articular. Atividade 25 Resposta: A parestesia na região anterior do joelho após a sutura meniscal é, em geral, decorrente da alteração da função do nervo sensitivo safeno em sua porção infrapatelar. Essa é uma complicação possível após a sutura meniscal, em especial a sutura insideout, pela necessidade de realização do acesso de proteção posteromedial. O manejo pósoperatório do paciente submetido a uma sutura meniscal é bastante controverso. Aspectos como liberação de carga e movimento são muito discutíveis, mas, em geral, existe a tendência de restrição do apoio com joelho fletido, e, quando a carga é liberada, está indicado o uso de imobilizadores e braces que mantenham o joelho em extensão, associados ao uso de muletas. ■ REFERÊNCIAS 1. Sutton B. Ligaments: their nature morphology. 2nd ed. London: HK Lewis; 1897. 2. Fairbank TJ. Knee joint changes after meniscectomy. J Bone Joint Surg Br. 1948 Nov;30B(4):66470. 3. Kurosawa H, Fukubayashi T, Nakajima H. Loadbearing mode of the knee joint: physical behavior of the knee joint with or without menisci. Clin Orthop. 1980 Jun;)149):28390. 4. Walker PS, Erkman MJ. The role of the menisci in force transmission across the knee. Clin Orthop. 1975;(109):18492. 5. Seedhom BB, Hargreaves DJ. Transmission of the load in the knee joint with special reference to the role of the menisci, part II: experimental results, discussion, and conclusions. Eng Med. 1979;8:2208. 6. 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