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Desenvolvimento da Criança de 2 a 6 anos

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Aula 06 – A Criança de Dois a Seis Anos
A 1ª Infância, denominada por Piaget de Estágio Pré-Operatório, tem como característica mais significativa o aparecimento da linguagem, que traz modificações nos aspectos afetivo e social da criança. A interação e a comunicação com o outro são, sem dúvida, as consequências mais evidentes da linguagem. O desenvolvimento do pensamento se acelera em decorrência do aparecimento da linguagem. No início do período o pensamento não tem objetividade, a criança transforma o real em função dos seus desejos e fantasias (jogo simbólico). Mais tarde utiliza-se do pensamento para explicar o mundo ao seu redor, as suas próprias ações, seu eu e seus valores morais.
Inicialmente grande parte do repertório verbal da criança é usado de forma imitativa sem ter domínio do significado das palavras. Tem dificuldade de reconhecer a ordem em que mais de dois ou três eventos ocorrem, não possui o conceito de número. Tem dificuldade de trabalhar em grupo, por ainda estar centrado em si mesma, ocorrendo a primazia de seu ponto de vista. No final do estágio passa a questionar o porquê de tudo. Seu pensamento passa a se adaptar melhor ao outro e ao real.
No aspecto afetivo surgem os sentimentos interindividuais nutrindo respeito àqueles que julga superiores a ela, misturando amor e temor. Com relação às regras, mesmo nas brincadeiras, Piaget a princípio concebe como algo a ser reproduzido e determinado externamente. Mais tarde elabora uma noção mais elaborada da regra, vendo-a como necessária para organizar suas atividades, porém não a discute.  
Na medida em que amplia seu domínio no mundo, a criança amplia seus interesses por diferentes atividades e objetos. Constrói uma escala de valores próprias, utilizando-a para avaliar suas ações. Neste período a maturação neurofisiológica completa-se, permitindo o desenvolvimento de novas habilidades, como a coordenação motora fina: pegar pequenos objetos com as pontas dos dedos, segurar o lápis corretamente e conseguir fazer os movimentos exigidos pela escrita.
Desenvolvimento Biossocial
O cérebro, aos dois anos de idade, já alcançou 75% de seu desenvolvimento e aos sete anos está totalmente desenvolvido. Em consequência disto, várias áreas experimentam expansão, especialmente aquelas dedicadas ao controle e à coordenação do corpo, às emoções e pensamento. Assim, a criança reage com mais rapidez aos estímulos, bem como tem maior controle de suas reações. Devido ao desenvolvimento do cérebro, as crianças da educação infantil mais velhas são melhores nos jogos que exigem raciocínio rápido seguido de uma ação deliberada, ou seja, primeiro têm que pensar para depois agir. O desenvolvimento do cérebro também permite que as crianças passem a enxergar bem melhor a partir dos 4 anos, permitindo melhorar a coordenação entre mãos e olhos.
Aos 5 anos, o corpo caloso conecta os hemisférios direito e esquerdo do cérebro, tornando a comunicação entre eles mais eficiente, permitindo as crianças coordenar as funções (Ex.: pular em um pé só usando os braços para manter-se em equilíbrio.) que envolvem ambos os lados do cérebro e o corpo e também ações mais complexas (Processar informações de diferentes partes do cérebro ao mesmo tempo, integrando e interligando observações, emoções, pensamentos e reações sensoriais, por exemplo: pensar antes de pular, atravessar no sinal verde e não no intervalo.). Aos 5 anos a expansão do corpo caloso, do desenvolvimento do lobo frontal e outras mudanças qualitativas, permite a criança interligar a linguagem falada com a escrita (É por esse motivo que o ensino formal da leitura, escrita, aritmética em todo o mundo começa por volta dos seis anos de idade, embora muitas vezes a preparação social e intelectual para ler e escrever comece antes, em casa, na própria escola e outros espaços sociais.). Neste período que antecede o aprendizado formal, ler em voz alta, contato com as letras, escrita, papel, lápis etc., são fundamentais. Vale a pena ressaltar que as crianças entre 2 e 6 anos movimentam-se com maior velocidade e equilíbrio, sendo capaz de dirigir e aperfeiçoar suas atividades. Correr, subir, saltar, arremessar melhoram sensivelmente. As habilidades motoras finas como segurar o lápis ou amarrar o cadarço dos sapatos, melhoram nesta 1ª infância.
Desenvolvimento Cognitivo
Piaget destacou que as crianças na 1ª infância têm a capacidade de pensar simbolicamente. O pensamento simbólico se baseia no emprego de símbolos como palavras ou objetos para representar outros objetos, comportamentos, experiências. Elas não podem pensar operacionalmente, ou seja, não podem desenvolver um pensamento ou ideia de acordo com princípios lógicos. Isso se dá por vários motivos. Tendência de focalizar o raciocínio em um único aspecto de uma questão com a exclusão dos demais. A presença do egocentrismo, que faz da criança contemplar o mundo apenas sob sua perspectiva. Foco na aparência com exclusão de outros atributos. Tendência a serem estáticos no raciocínio, pensando que o mundo é imutável e permanece sempre no estado em que se encontra no presente. Irreversibilidade, ou seja, não conseguem entender que a reversão de um processo traz de volta as condições que existiam antes que a transformação ocorresse.
Vygotsky considerava o desenvolvimento cognitivo um aprendizado, no qual as crianças adquirem habilidades cognitivas por meio da participação dirigida nas experiências sociais que estimulam o crescimento intelectual. Ele e outros teóricos socioculturais sustentam que o grau em que as crianças dominam as habilidades potenciais depende em grande parte da disposição e da capacidade das outras pessoas e da cultura para participarem da aprendizagem. A habilidade da linguagem na 1ª Infância inclui a aprendizagem de 10.000 palavras ou mais. Enriquecem por demais seu vocabulário e evoluem no conhecimento das formas gramaticais básicas. O seu potencial de aprendizagem é significativo.
Desenvolvimento Psicossocial
O autoconhecimento ajuda as crianças a aperfeiçoar seu conhecimento social e seu relacionamento com o outro. Elas começam a aprender a controlar suas emoções em relação a si, ao meio e ao outro. Aprendem as habilidades sociais por meio das interações, particularmente mediadas pelas brincadeiras. Os pais e educadores têm um papel fundamental nesse desenvolvimento, particularmente passando autoconfiança, elevando a autoestima, sendo afetuosos, estabelecendo limites razoáveis etc.
Entre dois e seis anos, as crianças começam adotar papéis de gênero. “Cada uma das principais teorias tem uma explicação para as diferenças de gênero. Os teóricos da Psicanálise descrevem os temores e as fantasias que motivam as crianças a adorarem o genitor do sexo oposto e a se identificarem com o genitor do mesmo sexo. Os teóricos da aprendizagem enfatizam o reforço, a punição e a modelagem que são particularmente fortes para o sexo masculino. A teoria cognitiva tem como ponto de partida a ênfase no fato de que a compreensão da criança em idade pré-escolar se faz através de estereótipos simplificados. (...) A teoria sociocultural observa a abrangente influência dos padrões culturais. A teoria dos sistemas epigenéticos ressalta as tendências biológicas que são herdadas por meio de transmissão genética e explica de que maneira essas tendências podem afetar os padrões cerebrais da criança e outros aspectos do comportamento.” (BERGER, 2003, p. 190). Caberá na educação da criança fortalecer, dirigir ou superar as influências e estereótipos que a biologia e a sociedade em geral, passam sobre diferenças de sexo e gênero, apesar das tendências inatas das crianças.

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