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Direito Aplicado aos Negócios Usuário Texto digitado Unidade II Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. Tercius Zychan de Moraes Revisão Textual: Prof. Ms. Claudio Brites Direito Empresarial • Direito Empresarial • Fontes do Direito Empresarial • Empresa • Empresário • Estabelecimento • Sociedades Empresariais Ao final desta Unidade, você será capaz de: · Entender o que vem a ser Direito Empresarial; · Identificar as fontes do Direito Empresarial; · Entender os conceitos de empresa, empresário e estabelecimento empresarial; · Compreender quais são as espécies de sociedades empresariais. OBJETIVO DE APRENDIZADO Direito Empresarial Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como o seu “momento do estudo”. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo. No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Direito Empresarial Direito Empresarial A conjuntura econômica provocada pelo processo denominado “globalização” trouxe avanços no trato das relações empresariais, esses associados ao constante desenvolvimento tecnológico e das comunicações tornou possível hoje o acesso a produtos e empresas que se encontram em qualquer país do globo. Segundo Charles-Abert Michalet, o termo “globalização”, ou “mundialização”, é: [...] caracterizada por sua multidimensionalidade, que se refere, evidentemente, à dimensão das trocas de bens e serviços, mas também à mobilidade da produção de bens e serviços e à circulação dos capitais financeiros (MICHALET, 2003, p. 15). As relações entre os países e blocos econômicos transformaram conceitos que envolvem, por exemplo, a soberania de cada Estado, fortalecendo e dando destaque a um mundo de “regras jurídicas”, denominadas de Direito Internacional, que por consequência interferem no sistema jurídico de cada país. De tal modo, o fenômeno da “globalização”, sem pedir permissão, adentra e modifica os aspectos políticos, econômicos, sociais e culturais dos países. No Brasil, essas adequações se fizeram evidentes, com a Lei n. 10.406, promulgada em 10 de janeiro de 2002, cuja entrada em vigor se deu a partir de 11 de janeiro de 2003, inserindo em nosso sistema jurídico um novo Código Civil. Esse novo estatuto promoveu mudanças em vários pontos do ordenamento jurídico pátrio. Entre essas, vale destacar as que tratam dos atos jurídicos em território pátrio, contidos no Livro II, a partir do artigo 966, que aborda o denominado Do Direito de Empresa. As mencionadas mudanças resultaram em um novo rumo às interpretações das relações empresariais, provocando inúmeras discussões doutrinarias. Em decorrência desse momento, desponta um novo ramo do Direito, deno- minado de Direito da Empresa ou Direito Empresarial. O Direito Empresarial é um dos “ramos do direito” que, sem dúvida, fornece importantes conceitos para estudo, fundamentais para o nosso dia a dia, pois esses não somente guarnecem aos operadores do direito, mas a qualquer um que mantenha relações em uma área empresarial. Agora que já se está situada a exata localização e contextualização de onde está inserido o Direito Empresarial, nada melhor do que conceituá-lo. Para tanto, entre tantos conceitos, será aproveitado o que diz o Gladston Mamede (2007, p. 370) sobre o tema: É o conjunto de normas jurídicas (direito privado) que disciplinam as atividades das empresas e dos empresários comerciais (atividade econômica daqueles que atuam na circulação ou produção de bens e a prestação de serviços), bem como os atos considerados comerciais, ainda que não diretamente relacionados às atividades das empresas. 8 9 Importante! O Direito Empresarial possui alguma ligação com às Microempresa? No Brasil, existem mais de 5 milhões de microempresas, as quais representam grande parte da economia brasileira. Das microempresas surge novos negócios de menor porte, principalmente nos setores de comércio e serviços, sem dúvida a criação e a relação com o “mundo jurídico” de uma microempresa também e objeto do Direito Empresarial. Trocando ideias... Fontes do Direito Empresarial As denominadas fontes do direito, ou seja, de onde nasce ou brota o direito, são divididas em duas espécies: as primárias (as leis) e as secundárias (demais fontes do direito, como a analogia, os costumes, a jurisprudência, os princípios gerias do direito). Para o Direito Empresarial, as principais fontes primárias, dentro de nosso ordenamento jurídico, são: · Constituição da República Federativa do Brasil; · Leis Comerciais; · Código Civil, Lei 10.406/2002, arts. 966 a1195; · Lei 6404/76 – Lei das S A; · Lei 11.101/2005 – Falência e Recuperação Judicial e Extrajudicial; · Lei 9179/96 – Propriedade Industrial; · Lei 5474/68 – Lei das Duplicatas; · Código Comercial – Lei 556/1850, que trata do Comércio Marítimo e que não foi revogada pelo atual Código Civil; · Tratados e Convenções Internacionais (Lei Uniforme de Genebra). Como fontes secundárias, temos os usos e costumes, que podem ser exem- plificados na figura do denominado “cheque pré-datado”, forma de pagamento muito utilizada na satisfação de transações comerciais, que não possui qualquer previsão legal. 9 UNIDADE Direito Empresarial Empresa O conceito atual do que vem a ser “empresa” é oriundo de uma construção histórica, que remonta à própria formação das sociedades e das relações tidas como comerciais praticadas por essas. Um conceito muito bom sobre o tema é encontrado nas lições de Fábio Ulhoa Coelho (2011, p. 33), da seguinte forma: Empresa é a atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços. Sendo uma atividade, a empresa não tem natureza jurídica de sujeito de direito nem de coisa. Em outros termos, não se confunde com o empresário (sujeito) e nem com o estabelecimento comercial (coisa). Atualmente, qualquer conceito jurídico ou econômico que se queira dar à empresa irá fundamentar-se nas lições do autor italiano Alberto Asquini (1943), formulador de quatro critérios para a conceituação de empresa: perfil objetivo, perfil subjetivo,perfil corporativo e perfil funcional. Sobre eles: a) Perfil objetivo De acordo com o perfil objetivo, empresa é um estabelecimento, um conjunto de bens corpóreos e incorpóreos reunidos pelo empresário para o desenvolvimento de uma atividade econômica. b) Perfil subjetivo Adotado o critério subjetivo para conceituarmos empresa, temos que esta é o próprio sujeito de direitos, o empresário, que organiza o estabelecimento para o desenvolvimento de uma atividade econômica. c) Perfil Corporativo De acordo com o perfil corporativo, empresa é o conjunto formado pelo fundo de comércio (estabelecimento comercial), o qual compreende bens corpóreos e incorpóreos; e os trabalhadores, recursos humanos utilizados na execução da atividade econômica a que a empresa se propõe. d) Perfil funcional Caracteriza-se por uma atividade econômica organizada, para a produção e circulação de bens ou serviços, que se faz por meio de um estabelecimento e por vontade do empresário. 10 11 Empresário Uma questão interessante sobre o empresário é que o atual Código Civil Brasileiro não conceitua o que vem a ser empresa, tão somente trata do que vem a ser empresário: Artigo 966: Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Parágrafo único: Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. Importante! Muita gente acaba achando, que para se tornar um empresário precisa simplesmente montar seu próprio negócio. Mas será que é isso? Trocando ideias... Para se ter uma resposta a esse questionamento, vejamos o que diz Coelho (2011, p. 33) de uma forma jurídica, direta e precisa: Empresário é a pessoa que toma a iniciativa de organizar uma atividade econômica de produção ou de circulação de bens e serviços. Outro doutrinador conhecido, no caso Rubens Requião (2007), conceitua em- presário de um modo simplificado, como sendo “o sujeito que exercita a atividade empresarial”, alega: Então somente pessoas físicas podem ser empresário? Importante destacar que empresário, ou seja, a pessoa que exerce a atividade empresarial poderá ser tanto uma PESSOA FÍSICA, que emprega seus recursos e organiza individualmente a empresa, quanto uma PESSOA JURÍDICA, formada pela união de pessoas naturais com o objetivo de organizar a exploração de uma atividade econômica (REQUIÃO, 2007, p. 76). Acrescenta Coelho (2011, p. 64): A empresa pode ser explorada por uma pessoa física ou jurídica. No primeiro caso, o exercente da atividade econômica se chama empresário individual; no segundo, sociedade empresária. Como é a pessoa jurídica que explora a atividade empresarial, não é correto chamar de empresário o sócio da atividade empresária. 11 UNIDADE Direito Empresarial Apreciando a definição legal de empresário trazida pelo artigo acima, permite-se identificar quais são os requisitos do desenvolvimento de uma atividade empresarial, que são: profissionalidade, atividade econômica, atividade organizada, produ- ção e circulação de bens e serviços. Profissionalidade Uma das características do empresário é a de exercer profissionalmente a atividade empresarial, ou seja, de modo pessoal, habitual e detendo o monopólio das informações. A denominada habitualidade diz respeito à repetição de atos, não os realizados eventualmente. Para que haja pessoalidade, o empresário deve exercer fisicamente a atividade empresarial, o que não quer dizer que não poderá contar com empregados. Escla- recendo que os empregados não assumem à condição de empresários, pois exer- cem a atividade em nome do empregador, sendo conhecidos como seus prepostos. Já no tocante ao denominado monopólio das informações, o empresário é o detentor de todo o conhecimento e das informações acerca do produto ou serviço que executa, ou seja, conhece as técnicas de produção dos bens e da execução dos serviços, qualidades necessárias, matéria-prima empregada, condições de uso, nocividade, defeitos e outros. Atividade econômica No desempenho de uma atividade empresarial, a busca almeja-se como finalidade à obtenção de lucro, daí ser considerada uma atividade econômica. Atividade Organizada Para o exercício da atividade empresarial organizada, devem estar presentes quatro fatores ligados à produção: capital, insumos, mão de obra e tecnologia. Produção ou circulação de bens ou serviços Uma indústria, ao manufaturar bens, exerce uma atividade empresarial, do mesmo modo ocorre com aquele que presta serviços. No tocante à circulação de bens, essa trata de uma atividade tipicamente de comércio, pois ocorre diante de uma relação formada na mediação entre consumidor e produtor. Essa mediação é de forma simétrica àquela que ocorre entre o prestador de serviços e o consumidor desses. Bem, do que até aqui vimos, podemos entender que não terá a condição de empresário aquele que exerça atividade econômica de produção e circulação de bens ou serviços sem estarem presentes nesses qualquer dos fatores descritos. 12 13 Importante! Pelo que vimos até aqui, podemos concluir que será um empresário, por exemplo, um artista ou médico que, para o desempenho de sua habilidade, emprega sua intelectualidade, ainda que conte com colaboradores ou auxiliares? A resposta é não. Entretanto, se vier a adotar uma estrutura empresarial, organizando-se e exercendo suas atividades com o preenchimento dos requisitos estudos, aí sim, agora se estará diante da fi gura de um empresário. Nesse caso, por exemplo, se um médico estruturar uma clínica, contratando enfermeiras, auxiliares administrativos, outros médicos, etc., este irá se enquadrar diante da fi gura de um empresário, o que não ocorre com aquele que se limita a ter um consultório para atendimento. Trocando ideias... Estabelecimento Figura 1 Fonte: iStock/Getty Images É o meio ou instrumento no qual o empresário exerce sua atividade econômica. Nos dizeres de Fábio Ulhoa Coelho (2011, p. 96), o estabelecimento, ou o estabelecimento empresarial: “[...] é o conjunto de bens reunidos pelo empresário para a exploração de sua atividade econômica” O atual do Código Civil Brasileiro, em seu artigo n. 1.142, nos traz juridicamente o que é um estabelecimento empresarial: “considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária”. Os denominados “bens” abordados no conceito e o dispositivo legal podem ser classificados em duas espécies: 1. bens corpóreos: máquinas, móveis, automóveis, estoque, veículos, o imóvel que se desenvolve a atividade empresarial etc.; 2. bens incorpóreos: marca, propagandas, planejamento estratégico e logístico, Know How etc. 13 UNIDADE Direito Empresarial Sociedades Empresariais Figura 2 Fontes: iStock/Getty Images As sociedades de modo geral podem ser divididas em dois grupos: as sociedades empresárias e as sociedades simples. As denominadas sociedades simples são aquelas registradas no Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas, artigo n. 1.150 do Código Civil. Já as Sociedades Empresárias terão seu registro na Junta Comercial: Art. 1.150. O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas, o qual deverá obedecer às normas fixadas para aquele registro, se a sociedade simples adotar um dos tipos de sociedade empresária. A sociedade simples, que antes do Código Civil de 2002 eram denomina- das Sociedade Civil, são aquelas que não exploram atividades econômicasna forma empresarial. O próprio Código Civil em seu artigo 982 nos permite definir o que vem a ser uma sociedade empresaria ou simples: Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro – art. 967; e, simples, as demais” Dessa forma, será uma sociedade simples aquela que reúne sócios para prestação dos serviços da sua atividade profissional, focada na pessoa, e não apenas no resultado da prestação de serviços pela sociedade. Para ficar mais claro, vamos a outro exemplo: Suponhamos que um ou mais arquitetos criem uma sociedade para prestação de seus conhecimentos na área, podendo, para tanto, até contar com auxiliares para o desempenho de suas atividades. Sendo aqui seu objetivo econômico a exploração de seus conhecimentos profissionais, neste caso, não existira uma sociedade empresarial, mas sim uma sociedade simples. 14 15 Aproveitando esse exemplo, imaginemos que esses arquitetos contratarem outros de mesma profissão para exercerem a mesma atividade organizada, pela qual sua produção não será resultado da mera exploração econômica das atividades pessoais e profissionais dos seus sócios. Nesse caso, a exploração do negócio de arquitetura, agora sim, será uma sociedade empresarial. Questão importante é que a própria lei promove uma classificação, na conformidade do artigo 982 do Código Civil, ao definir como simples empresárias, independente do objeto e de qualquer outro requisito ou definição: “Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa”. No entanto, nosso estudo está relacionado tão somente à atividade empresarial. Vários são os tipos de sociedades empresárias, cada qual portadora de um fundamento e consequências no campo jurídico. Vamos então conhecer cada uma dessas sociedades. Sociedade em nome coletivo A sociedade aqui tratada somente poderá contar com a participação de pessoas físicas, as quais serão detentoras de responsabilidades ilimitadas e solidária perante as obrigações assumidas pela empresa. Por exemplo, na hipótese de uma empresa possuir uma dívida e essa for superior ao seu capital, os bens individuais dos sócios garantirão a dívida? Cada sócio responderá ilimitadamente e isoladamente por qualquer obrigação social da empresa, ainda que o montante apurado do capital seja superior ao valor do capital social. Vejamos, caso a dívida da empresa for superior ao seu capital, os bens individuais dos sócios garantirão o seu resgate. Importante conhecer que a designação dessa forma de sociedade conterá o nome de qualquer sócio e omitido ou não o nome dos demais, devendo ser encerrada com à expressão “& CIA” Deixa claro a lei que a sociedade em nome coletivo poderá ser simples ou empresária, dependendo do objeto e da forma de exploração de sua atividade econômica. Quanto à dissolução da sociedade, essa se dará na forma do artigo 1.044 do Código Civil, observando as causas do artigo 1.033 do mesmo estatuto legal. Art. 1.044 – A sociedade se dissolve de pleno direito por qualquer das causas enumeradas no art. 1.033 e, se empresária, também pela declaração da falência. Art. 1.033 – Dissolve-se a sociedade quando ocorrer: I – o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem oposição de sócio, não entrar a sociedade em liquidação, caso em que se prorrogará por tempo indeterminado; 15 UNIDADE Direito Empresarial II – o consenso unânime dos sócios; III – a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo indeterminado; IV – a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias; V – a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar. Sociedades em comandita simples Essa espécie de sociedade possui dois tipos de sócios: comanditados e comanditários. Os primeiros, tratam-se de pessoas físicas que respondem ilimitada e solidariamente pelas ações sociais (colaborando na formação do capital social); os outros, obrigam-se apenas pelos valores de suas quotas. Nesta espécie de sociedade, na razão social ou firma, somente poderá constar os nomes de sócios comanditados. Art. 1.045. Na sociedade em comandita simples, tomam parte sócios de duas categorias: os comanditados, pessoas físicas, responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais; e os comanditários, obrigados somente pelo valor de sua quota. Parágrafo único. O contrato deve discriminar os comanditados e os comanditários. Art. 1.046. Aplicam-se à sociedade em comandita simples as normas da sociedade em nome coletivo, no que forem compatíveis com as deste Capítulo. Parágrafo único. Aos comanditados cabem os mesmos direitos e obrigações dos sócios da sociedade em nome coletivo. Art. 1.047. Sem prejuízo da faculdade de participar das deliberações da sociedade e de lhe fiscalizar as operações, não pode o comanditário praticar qualquer ato de gestão, nem ter o nome na firma social, sob pena de ficar sujeito às responsabilidades de sócio comanditado. Destarte, uma Sociedade em Comandita Simples é uma forma de sociedades de pessoas sem o capital necessário participarem de grandes empreendimentos mediante a associação com terceiros que possam dispor de capital de risco. Sociedade em comandita por ações Nesta espécie de sociedade, da mesma forma que na sociedade em Comandita Simples, subsistem duas categorias de sócios: os comanditados, os quais respondem ilimitada e solidariamente pelas obrigações da sociedade; e os comanditários, cuja responsabilidade atinge até o limite das cotas ou ações subscritas. De tal sorte, a sociedade em Comandita de Ações é uma sociedade de capitais, onde o capital é dividido em ações e que os possuidores dessas são acionistas e podem ser diretores ou gerentes. 16 17 Art. 1.091. Somente o acionista tem qualidade para administrar a sociedade e, como diretor, responde subsidiária e ilimitadamente pelas obrigações da sociedade. § 1º Se houver mais de um diretor, serão solidariamente responsáveis, depois de esgotados os bens sociais. Os diretores desse tipo de sociedade serão nomeados desde a constituição dessa, com mandato por prazo ilimitado, não poderão ser nomeados pela assembleia geral de acionistas e somente poderão ser destituídos por deliberação de dois terços do capital social. Importante destacar que os poderes da assembleia geral também ficaram limitados: Art. 1.091. [...] § 2º Os diretores serão nomeados no ato constitutivo da sociedade, sem limitação de tempo, e somente poderão ser destituídos por deliberação de acionistas que representem no mínimo dois terços do capital social. § 3º O diretor destituído ou exonerado continua, durante dois anos, responsável pelas obrigações sociais contraídas sob sua administração. Art. 1.092. A assembleia geral não pode, sem o consentimento dos diretores, mudar o objeto essencial da sociedade, prorrogar-lhe o prazo de duração, aumentar ou diminuir o capital social, criar debêntures, ou partes beneficiárias. Sociedade limitada As sociedades limitadas têm como característica principal a denominada responsabilidade limitada dos sócios, o que quer dizer que os sócios investem determinado valor no capital social da empresa, sendo somente responsáveis em integralizar o capital. O capital social é representado por quotas e cada sócio é responsável diretamente pelo seu montante, apesar de existir a obrigação solidária pela integralização das quotas subscritas pelos demais sócios. Normalmente, na nomenclatura oficial desse tipo de sociedade, consta a expressão “Ltda.”. Sociedade anônima Uma característica importante das sociedades anônimas o capital social, que é dividido em ações, sendo a responsabilidade dossócios ou acionistas até o limite das ações. Costumeiramente a abreviação utilizada é S/A ou SA. Já no que concerne à sua classificação, essas poderão ser sociedades de capital fechado e sociedades de capital aberto. Quanto à primeira hipótese, a empresa pertencerá a um grupo reservado de sócios, conservando uma determinada liberdade contratual. Quanto às sociedades de capital aberto, essas serão detentoras de autorização especial para negociar suas ações no mercado de capitais. 17 UNIDADE Direito Empresarial Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites História e evolução do Direito Empresarial https://goo.gl/hojlbp Caracterização do empresário individual diante do Código Civil vigente https://goo.gl/OxWdPn Diferença entre comerciante e empresário https://goo.gl/UzD5iC Vídeos Conheça a diferença entre empreendimento individual e microempresa https://youtu.be/pQc8rUkeUFM 18 19 Referências ASQUINI, Alberto. Profili dell’impresa. Rivista di diritto commerciale, v. XLI, Parte I, p. 1-2. 1943. BRASIL. Código Civil Brasileiro, de 10 jan. 2002. Senado Federal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br. ______. Constituição da República Federativa do Brasil de 05 out. 1988. Senado Federal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br. COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial: direito de empresa. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. MAMEDE, Gladston. Direito Empresarial Brasileiro: empresa e atuação empresarial, volume 1. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2007. MICHALET, Charles-Abert. O que é mundialização? São Paulo: Edições Loyola, 2003. REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. 27. ed. São Paulo: Saraiva. 2002. REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1991. 19
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