Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Trabalho de Iniciação Científica Musicoterapia e a inter-relação entre música, emoção e sistema imunológico humano Music therapy and the interrelationship between music, emotion and human immune system Aluno - Greco Lacerda Cruz1 Orientador - Raul Jaime Brabo2 1 Graduando do Curso Superior em Musicoterapia na FMU – Faculdades Metropolitanas Unidas. 2 Graduado em Musicoterapia e Mestre em Administração pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul. Coordenador e Professor da Faculdade de Musicoterapia FMU - Faculdades Metropolitanas Unidas. Autor do método AudioMusicoTens. Resumo Os benefícios da música para a saúde, em especial, examinando seus efeitos psicológicos e neurológicos, já tem sido bastante documentado, mas a interação entre música, emoção e o sistema imunológico e de qual o papel da Musicoterapia nessa interface, ainda carece de estudos. Objetivos: Este trabalho propôs-se a pesquisar livros, estudos e revisões que evidenciam: (1) a influência das emoções ao afetar o equilíbrio dos hormônios relacionados ao aumento ou diminuição do estresse, como DHEA e Cortisol, por exemplo; (2) a associação da música com respostas imunes; (3) as modulações existentes entre os sistemas nervoso, endócrino e imunológico ao serem estimulados por música tanto em processo musicoterapêutico quanto fora deste; (4) a urgência e possibilidade aberta para que musicoterapeutas busquem especialização na área da imunologia. Conclusão: Como resultado foram selecionados 22 estudos correlacionados com os objetivos traçados e que além disso trazem bases da psiconeuroimunologia que corroboram com o processo musicoterapêutico. Os estudos, além de aventarem desafios para pesquisas posteriores, salientam a conexão entre música, emoções e sistema imunológico e evidenciam a Musicoterapia como ciência que pode aliar conhecimentos de diversas áreas em benefício da imunidade natural em pacientes que estão passando por quadros patológicos onde a elevação do estresse se torna um agente nocivo na recuperação. Palavras-chave: Musicoterapia, Música, Sistema Imunológico, Emoções, Hormônios, Estresse 1. Introdução A supressão da atividade imunológica e o aumento das células anormais resultam no crescimento de doenças como o câncer. É sabido através de estudos neuropsicológicos que o estresse e a depressão causam supressão da atividade imunológica pelo desequilíbrio emocional e hormonal. Este trabalho se propõe a demonstrar que a musicoterapia, como destaca Berrocal (2008, p. 128) [...]também pode influir positivamente no sistema imunológico humano, entre outras razões, por sua capacidade de relaxamento e ser um bom antídoto contra o estresse. Sabe-se que este aumenta a produção de cortisol, adrenalina e noradrenalina os quais reprimem o sistema imunológico. A pesquisa aqui proposta tem interesse em estimular pesquisadores, principalmente na área da Musicoterapia, a considerar a urgência de novas e rigorosas pesquisas de âmbito experimental que possam corroborar com o crescimento desta Ciência como coadjuvante importante das modulações neuroimunoendocrinologicas e pretende abrir a reflexão sobre a especialização de musicoterapeutas nesta área. Para isso é relevante que se faça uma comparação e análise daquilo que já tem surgido no universo científico de forma que seja possível selecionar quais estudos são mais importantes como base para a musicoterapia se firmar, ainda mais, no terreno clínico estabelecendo a principal diferença entre musicoterapia e música-medicina: “a condução de um processo terapêutico por um terapeuta que tem o domínio das ferramentas sonoro-musicais.” (Gattino; Sorrentino; Vaccaro, 2010, p. 124) 2. Justificativa A Musicoterapia teve seus primórdios como ciência justamente quando ao levarem músicos da comunidade, tanto amadores como profissionais, para tocar para os milhares de veteranos que sofreram traumas físicos e emocionais das guerras, os médicos perceberam respostas notáveis dos pacientes expostos à música e isso levou-os a solicitar a contratação de músicos pelos hospitais. Foi logo evidente que os músicos do hospital precisavam de algum treinamento prévio antes de entrar na instalação e por isso a demanda cresceu para um currículo da faculdade.3 Atualmente, as Neurociências e as pesquisas com música e musicoterapia, apontam com evidências de que essa melhora nos quadros patológicos se deve à relação que a geração de neurotransmissores tem com o sistema imunológico. Berrocal (2008) cita diversos estudos científicos que demonstram a incidência da música e da musicoterapia no sistema imunitário. Este trabalho se propõe a explicitar, com base nos estudos das Neurociências, a inter-relação entre Música, Musicoterapia, Emoção e Sistema Imunológico. O farto 3 http://www.musictherapy.org/about/history/ material neurocientífico relacionado à música e à sua ação no cérebro tem servido como base para vários dos estudos que serão aqui abordados. O tema vigente neste projeto poderá servir como base para outras pesquisas, tanto bibliográficas quanto experimentais, que poderão sedimentar a Musicoterapia como recurso clínico plenamente estabelecido através de práticas musicoterapêuticas, com vistas ao estímulo do sistema imunológico para acelerar o processo terapêutico de pacientes em plena recuperação. 3. Objetivos 3.1 Objetivo Geral Realizar uma revisão dos trabalhos a respeito da influência da Música e Musicoterapia sobre o Sistema Imunológico e a importância das emoções nesse contexto. 3.2 Objetivos Específicos Investigar as evidências dos efeitos da música e da musicoterapia sobre os níveis de estresse e de que forma isso pode afetar positivamente o sistema imunológico. Investigar o papel das emoções na ligação entre música, musicoterapia e sistema imunológico. Pesquisar estudos relevantes sobre Musicoterapia e Sistema Imunológico humano apresentados até o momento e verificar se a Musicoterapia deve ser considerada uma intervenção importante para a melhora de aspectos imunológicos envolvidos nos tratamentos de patologias, principalmente as mais invasivas. 4. Metodologia Busca de publicações impressas em bibliotecas e indexadas nas bases de dados LILACS, American Association for Music Therapy, ScIELO, HeartMath Institute, Journal of Music Therapy (Oxford University Press), Medline, COCHRANE, Research Gate, Elsevier, Google Acadêmico, dentre outros, segundo os descritores: "music therapy", "music", “music therapy and immune system”, "immunology" e "immunologic". 5. O Sistema Imunológico Humano e o Estresse: 5.1 O que é o Sistema Imunológico? “A palavra imunologia é derivada do Latim immunis ou immunitas cujo significado é ‘isento de carga’. O status de uma resistência específica a uma determinada doença é chamado de imunidade.” (Silva, 2001, p. 7). O sistema imunológico é responsável pela defesa e limpeza do organismo. Isso acontece porque alguns tipos de vírus e seres vivos podem atuar como patógenos, ou seja, podem causar prejuízos ao organismo humano. Conforme Kawamoto et al (2012), é possível encontrar o Sistema Imune em qualquer e todo lugar no corpo, já que é formado por células imunes especializadas que seencontram distribuídas através da corrente sanguínea, mas há lugares no corpo em que estas células estão particularmente concentradas, são os linfonodos e o baço. É no baço e nos linfonodos que o Sistema Imune lança uma resposta quando se tem uma infecção. O Sistema Imunológico tem a finalidade de manter a Homeostasia do organismo. De acordo com Teva, Fernandez e Silva (2010), a imunologia é uma ciência recente. Sua origem é atribuída, por alguns autores, a Edward Jenner, que, em 1796, verificou proteção induzida pelo cowpox (vírus da varíola bovina) contra a varíola humana, nomeando tal processo de vacinação. No entanto, é sabido que, na antiguidade, os chineses já inalavam o pó das crostas secas das pústulas de varíola ou as inseriam em pequenos cortes na pele, em busca de proteção. 5.2 Neuroimunoendocrinologia A Neuroimunoendocrinologia resulta da integração de três disciplinas: a neurociência, a endocrinologia e a imunologia. Tem como finalidade a investigação e compreensão das interações entre o sistema nervoso, endócrino e imune para a manutenção da homeostase corporal e para o seu restabelecimento durante condições patológicas (Lourenço, 2016). Várias evidências experimentais demonstram que o sistema nervoso central (SNC) interfere na resposta imunológica e que o sistema imune exerce influência sobre o SNC. Lourenço (2016) comenta que a resposta neuroendócrina controla a inflamação a nível sistêmico pelo eixo hipotálamo – hipófise – adrenal (HHA) que em geral possui um efeito anti-inflamatório dos glicocorticóides secretados pelo córtex da adrenal; pelo eixo hipotálamo – hipófise – gonadal (HHG) através dos hormônios secretados pelas gônadas; e pelo eixo hipotálamo – hipófise – tireóide através dos hormônios tireóideos. Estímulos estressores nos afetam agindo por meio da relação entre estes três sistemas. O conhecimento dessa relação pode facilitar o entendimento de como a Musicoterapia pode ser útil na redução do estresse e consequentemente na recuperação do equilíbrio homeostático. A música, como ferramenta principal da Musicoterapia, desempenha um importante papel no sistema nervoso e por extensão nos sistemas endócrino e imunológico, como pode ser visto, atualmente, em diversos estudos que analisaremos mais abaixo. 5.3 O Estresse Conforme Lourenço (2016) o estresse constitui um conjunto de eventos desencadeados por estímulos internos ou externos ao organismo, denominados estressores, que perturbam o equilíbrio homeostático e constitui em: percepção do estímulo, processamento; e resposta do SNC. Estímulos estressores podem ser tóxicos (exposição a substâncias químicas ou radiação); infecciosos; lesões físicas por trauma; condições adversas (frio, calor excessivo, atividade física intensa, perda de sono); ou estressores psicológicos. A resposta ao estresse envolve vários eventos fisiológicos e comportamentais que tem como finalidade o restabelecimento da homeostase. Tal resposta se inicia com a ativação do sistema nervoso autônomo (SNA) e do eixo hipotálamo – hipófise – adrenal (HHA). Existem estudos relevantes sendo desenvolvidos no sentido de demonstrar o impacto que as emoções desempenham no sistema imunológico, visto que estas podem interferir no funcionamento do eixo HHA levando ao desequilíbrio hormonal. A razão principal deve-se aos resultados de alguns desses estudos que demonstram alterações no equilíbrio dos hormônios relacionados ao aumento ou diminuição do estresse, como DHEA e Cortisol, por exemplo. Veremos mais adiante como a música e a Musicoterapia podem se inserir como coadjuvantes, já que são poderosos agentes emocionais na redução dos níveis de estresse e consequentemente na estimulação benéfica do sistema imunológico. 6. Ação da música no sistema imunológico: 6.1 Os efeitos psiconeuroimunológicos da música: Atualmente a neurociência e as pesquisas com música evidenciam que a melhora nos quadros patológicos se deve, como sugerem Davis, Feller e Thaut (2008), à relação que a geração de neurotransmissores tem com o sistema imunológico. Desta forma, quando se escuta a música adequada, pode acontecer a melhora na imunidade. Fancourt, Ockelford e Belai (2014) iniciaram a primeira tentativa de rever sistematicamente publicações sobre a psiconeuroimunologia da música. Além dos sessenta e três estudos publicados nos últimos vinte e dois anos, uma variedade de efeitos da música sobre neurotransmissores, hormônios, citocinas, linfócitos, sinais vitais e imunoglobulinas, bem como avaliações psicológicas foram relacionados. A pesquisa destaca o papel principal das vias de estresse ao vincular música a uma resposta imune. A importância desse estudo se deve ao fato de que ao empreender a pesquisa, observaram a presença de vários desafios e, por isso, apresentaram um novo modelo que fornece um quadro para o desenvolvimento de uma taxonomia de variáveis musicais relacionados ao estresse no projeto de pesquisa; rastreando assim as grandes vias que estão envolvidas na sua influência sobre o corpo. Por isso consideramos que esse estudo, inclusive, nos dê base para o desenvolvimento do presente artigo. Recentes interesses sobre os efeitos químicos e biológicos da música foram resumidos em duas avaliações. Chanda e Levitin (2013) apresentaram uma visão geral dos efeitos neuroquímicos da música, em que se faz referência às alterações imunológicas. A pesquisa ganhou atenção na imprensa popular como prova evidente de que a música pode impulsionar o sistema imunológico e tem a chave para o bem-estar. No entanto, devido à falta de uma organização sistemática e tendo como foco especificamente as respostas neuroquímicas, apenas metade dos estudos de avaliação relativos à psiconeuroimunologia da música, e ao que se refere a um terço dos biomarcadores imunes, foram testados no que diz respeito a música. É importante salientar que mesmo que o foco principal não tenha sido os biomarcadores imunes, houve resultados que evidenciam a música como um fator importante a se considerar no estímulo dos sistemas envolvidos na homeostase corporal e, especificamente, no fortalecimento do sistema imunológico. Kreutz et al (2012, p. 457) traz uma visão geral sobre os efeitos psiconeuroendocrinológicos da música, a fim de testar a hipótese "de que os processos psicológicos associados com experiências musicais podem levar a mudanças nos sistemas hormonais do cérebro e do corpo”. O estudo examinou o impacto da música em apenas cinco biomarcadores (cortisol, ocitocina, testosterona, beta-endorfina e imunoglobulina A). Em nenhum dos estudos discutidos observaram-se achados fisiológicos ou psicológicos paralelos. Isto levou Kreutz et al. (2012, p. 471) a concluir que "muito mais esforços de investigação devem ser realizados para determinar os padrões emergentes de alterações que foram relatados na literatura disponível". Estes estudos abrangem importantes aspectos da psiconeuroimunologia, mas uma revisão sistemática abrangente sobre música e psiconeuroimunologia é oportuna. Esta teria como objetivo consolidar as principais conclusões obtidas nos estudos já realizados, comparar teorias sobre os mecanismos por trás dos efeitos da música, e destacar as lacunas no conhecimento atual, ajudando a orientar o foco de estudos futuros. Em particular, uma revisão sistemática pode identificar quaisquer desafios que hoje impedem o progresso da pesquisae, através da apresentação de um novo modelo, ajudar a ultrapassar estes obstáculos, que é o que se propõe o estudo de Fancourt, Ockelford e Belai (2014), citado anteriormente. Eles afirmam que a música, como um termo, pode ser utilizada amplamente para se referir aos materiais e abordagens utilizadas em uma série de diferentes intervenções, e que são relevantes para definir alguns dos seus parâmetros mais especificamente. Isso ocorre porque o estilo de música, a forma como é apresentada e atitudes pessoais para com ela, podem ser variáveis cruciais com potencial para alterar as respostas psiconeuroimunológicas. Considerar essas variáveis em relação a estudos específicos, é útil para o esclarecimento na discussão de estudos posteriores. 6.2 Respostas Imunológicas Leardi et al (2007), ao investigarem o papel da musicoterapia em aliviar o estresse durante o dia da cirurgia constataram que musicoterapia no período perioperatório mudou a resposta ao estresse neuro- hormonal e imune para o dia da cirurgia, especialmente quando o tipo de música foi escolhido pelo paciente. Eles propuseram a avaliação a partir de três grupos de 20 pacientes cada, sendo que o grupo 1 ouviu new age e o grupo 2 ouviu uma música escolhida a partir de quatro estilos dados. Estes grupos ouviram música antes e durante a cirurgia e o grupo 3, de controle, somente os sons normais da sala. Os resultados demonstraram que os níveis de cortisol plasmáticos diminuíram durante a operação em ambos os grupos de pacientes que ouviram a música, mas aumentaram no grupo controle. Os níveis de cortisol no pós-operatório foram significativamente maiores no grupo 1 do que no grupo 2. Os níveis de células natural killer diminuíram durante a cirurgia nos grupos 1 e 2, mas aumentaram no grupo controle. Durante o período intra-operatório os níveis de células natural killer foram significativamente menores no grupo 1 do que no grupo 3. Fancourt, Ockelford e Belai (2014) identificaram oito estudos que relataram a investigação de citocinas, embora em um deles não foi encontrado nenhum resultado devido à quebra de citocinas no plasma antes que pudessem ser analisados. Dos sete estudos restantes, a interleucina-6 apresentou os maiores níveis de resposta, mudando significativamente em quatro dos cinco estudos em que foi testada. Quando investigaram imunoglobulinas e outras respostas imunes, constataram que treze estudos examinaram o efeito da música nas imunoglobulinas. A imunoglobulina A (IgA) foi o anticorpo mais pesquisado (n = 12). Destes estudos, oito relataram um aumento no nível de IgA após uma série de intervenções musicais com uma ampla variedade de estilos e gêneros. Em outro estudo houve aumentos de IgA quando a música foi apreciada e quando os participantes estiveram ativamente envolvidos na sua produção. É necessário que estes resultados sejam replicados para uma investigação mais aprofundada. 6.3 Humor positivo e sistema imunológico Uma linha de pesquisa interessante remete o uso da música como estímulo para evocar o humor positivo. Nessa linha, Koelsch et al (2016) conseguiu resultados promissores ao observar como o impacto do estresse agudo age sobre hormônios e citocinas, e como a sua recuperação é afetada pela música evocando o humor positivo. O procedimento de indução de humor positivo neste estudo desempenhou um papel causal para a modulação dos níveis de cortisol após o teste de esforço, fornecendo a primeira evidência de que a indução de humor positivo leva a respostas mais adequadas ao estresse, como refletido nos níveis de cortisol expostos nos resultados colhidos. Os dados mostraram que o estresse agudo (CO2) afeta funções endócrinas, imunes e metabólicas em seres humanos, e que o humor desempenha um papel causal na modulação de respostas ao stress agudo. McCraty et al (1998) fornecem evidências para apoiar a hipótese de que mudanças favoráveis no sistema nervoso autônomo e funções imunológicas derivam de modulações positivas produzidas no humor e estados emocionais dos sujeitos. Este estudo investigou tensão, humor e clareza mental diante do impacto de diferentes tipos de música em indivíduos. Um total de 144 adultos e adolescentes completaram um perfil psicológico antes e depois de ouvir por 15 minutos quatro tipos de música: rock grunge, clássica, new age e designer music (música “Speed of Balance”, um tipo especial de música criada especialmente para aumentar as emoções positivas em terapias). A música “rock grunge” produziu aumentos significativos na hostilidade, cansaço, tristeza e tensão e levou a significativas reduções de afeto, relaxamento, clareza mental e vigor. Em contraste, a designer music produziu significativos aumentos em todas as escalas positivas: afeto, relaxamento, clareza mental e vigor. Diminuições significativas foram produzidas em todas as escalas negativas: hostilidade, cansaço, tristeza e tensão. Ambos os adultos e adolescentes foram afetados negativamente pela música rock grunge e positivamente pela designer music, com pouca diferença entre as respostas dos dois grupos. Os resultados para new age e música clássica foram misturados. Kreutz et al (2004) demonstraram a diferença dos efeitos psicofisiológicos entre cantar num coral e ouvir música coral. Encontraram diferentes padrões de mudanças para S-IgA, cortisol e estado emocional dos indivíduos no que diz respeito às duas condições experimentais. O canto levou a uma diminuição no humor negativo e um aumento no humor positivo e S-IgA, mas não afetou as respostas de cortisol. A escuta, por outro lado, levou a um aumento no humor negativo, uma diminuição no cortisol, sem mudanças significativas no humor positivo e S-IgA. Estes resultados suportam a hipótese de que canto coral influencia emoções positivas, bem como funções imunológicas em seres humanos. 7. Ação da Musicoterapia no Sistema Imunológico: Com relação a intervenção musicoterapêutica é importante observarmos que, dado o crescimento das pesquisas em Musicoterapia, ampliaram-se as áreas de investigação dessa ciência, mas apesar disso há um déficit de pesquisas relacionadas ao sistema imunológico, e esta carência é maior quando se trata de literatura científica em língua portuguesa, no entanto é possível encontrar estudos relevantes que indicam que a musicoterapia é um importante aliado no fortalecimento do sistema imunológico. Para isso é preciso mantermos em mente aquilo que foi exposto no capítulo um, com relação aos sistemas envolvidos em situações de estresse. Em um estudo desenvolvido por Le Roux, Bouic e Bester (2007) é possível analisar os efeitos da música de coral durante o tratamento de fisioterapia respiratória sobre: a) o estado emocional, b) respostas neuroendócrinas, c) as funções imunológicas e d) funções pulmonares de pacientes com doenças que causam infecção pulmonar. Eles afirmam que doenças pulmonares infecciosas são frequentemente associadas com as emoções negativas que se desenvolvem devido a mudanças fisiológicas, enquanto que o Magnificat em Ré maior de J. S. Bach, por exemplo, comunica não só uma emoção positiva de felicidade, mas também o comportamento motivacional. Através da neuroimunoendocrinologia é possível observar como a ação hormonal do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA) pode ser negativamente afetado por emoções de raiva e depressão. Isto irá resultar numa perturbação da interação mente-corpo.Música, portanto, pode exercer uma influência poderosa com benefícios terapêuticos, alterando o estado psicológico e as funções imuno- endócrinas. Apesar deste estudo ter sido conduzido por outros profissionais da área de saúde esse tipo de prática se encaixa naquilo que Bruscia (2016) chama de prática aumentativa de nível auxiliar. Os resultados mostraram que a diferença entre o grupo experimental e Controle foi estatisticamente significativa em relação ao cortisol. O cortisol é conhecido por ter atividade imunossupressora sobre o funcionamento das células brancas do sangue, isso implica que após a intervenção com música e tratamento de fisioterapia, o grupo experimental teria melhorado mais drasticamente quando comparado com o grupo de controle. Outros parâmetros que fundamentam a observação acima incluem os resultados do cortisol em relação ao DHEA no grupo experimental, essa proporção foi significativamente reduzida no final da experiência ao passo que no grupo controle essa proporção havia aumentado. A diferença também foi estatisticamente significativa. Novamente, o aumento do cortisol em relação ao DHEA (como observado no grupo de controle), tanto implica um aumento do cortisol ou de um decréscimo no nível de DHEA ou ambos. Isto indiretamente indica uma maior supressão no estado imune do paciente uma vez que o DHEA contra-regula a atividade de supressão imunológica de cortisol. Além disso, o parâmetro imune das células T CD4/CD8, em proporções de células, revelaram uma diferença significativa entre o grupo experimental no terceiro dia de tratamento ao passo que a proporção no grupo de controle tinha diminuído durante o mesmo período de tempo. A diferença entre os grupos foi estatisticamente significativa. Mais uma vez, um aumento na razão entre as células T CD4 e CD8 implica num estado menos suprimido e este é clinicamente relevante para o resultado de um estado infeccioso. Este estudo indica que as nossas emoções, sistema imunológico e sistema nervoso, conceitualmente, formam um todo indivisível, e isso também demonstra a comunicação entre o corpo, mente e emoções. Os resultados da pesquisa fornecem comprovação suficiente para concluir que a modulação imunológica através da música funcional específica é capaz de fornecer uma ação emocional positiva e melhor função pulmonar. Os dados da pesquisa confirmam o valor curativo da música dentro de ambos os aspectos psicossociais e biomédicos das doenças pulmonares infecciosas. Com respeito à musicoterapia, Ferreira (2003) analisa vários autores que dão indicativos da música como meio de expressão emocional, o que nos dá evidências de que a eficácia da expressão emocional, por meio da música, se concretizará tanto para os sentimentos negativos quanto para os sentimentos positivos, ambos podendo resultar em energia revigorada, que por sua vez implicará em fortalecimento do sistema imunológico da criança portadora de câncer. A partir do exposto a autora comenta ser possível introduzir um modelo Corpo/Mente de Recuperação através de intervenções musicoterapêuticas. Anteriormente, acreditava-se que o sistema imunológico respondia somente ao sistema autônomo. Entretanto, Lourenço (2016), comenta que ele responde também ao sistema nervoso e ao sistema endócrino. Como consequência, os eventos ambientais anteriormente respondidos somente pelo sistema nervoso e o sistema endócrino, agora podem extrair respostas do sistema imune. Apoiado nesta premissa foi feita uma pesquisa realizada por Silva (2008) com adolescentes portadores de câncer, que ao serem questionados sobre os efeitos da música em suas vidas, os pacientes relataram que a música proporciona bem-estar físico e emocional, bem como momentos de distração. Cabe ressaltar, que essas sensações se fazem necessárias e devem ser mantidas durante a hospitalização, já que podem proporcionar um fortalecimento do indivíduo, durante a situação vivenciada. No decorrer desse estudo a autora discorre sobre as bases de que a música pode ser entendida como uma atividade que pode minimizar a ansiedade, o medo e a angústia, melhorando o sistema imunológico. A pesquisa de campo teve duração de três meses, com um total de 16 sessões grupais. Fizeram parte do estudo 28 pacientes com faixa etária variando entre 12 e 19 anos e 4 membros da equipe de enfermagem. Os cientistas também têm pesquisado os efeitos de grupo de canto, e os resultados mostram benefícios para o humor, os níveis de estresse, e até mesmo o sistema imunológico. Pesquisadores na Alemanha usaram questionários e amostras de saliva, antes e depois, para comparar os efeitos de cantar música coral em relação a apenas ouvi- la. Eles descobriram que o canto elevou o humor e estimulou a atividade do sistema imunológico (Wong, Gaab e Schlaug, 2015). Pauwels et al (2014), ao referirem-se à audição musical, comentam que a música pode modular a resposta imune, entre outras coisas, evidenciado pelo aumento da atividade de células natural killer, linfócitos e interferon- γ, o que é uma característica interessante que muitas doenças estão relacionadas a um sistema imunológico desequilibrado. Muitos destes estudos clínicos, entretanto, sofrem de insuficiências metodológicas. No entanto, neste momento, existem provas moderadas, embora não completamente convincentes, de que ouvir música conhecida e do gosto pessoal ajuda a reduzir o peso de uma doença e melhora o sistema imunológico, modificando o estresse. Em um texto, pertinente, da Revista Peruana de Pediatria, Cabrera (2005) discorrendo sobre Musicoterapia na unidade de cuidados intensivos pediátrica comenta sobre a melhora do sistema imunológico. O texto apresenta a Musicoterapia como um suporte emocional que permite ao paciente prover-se de um espaço e um tempo onde tem a oportunidade de expressar-se. A música como agente relaxante e por sua função comunicativa, dará ao paciente a oportunidade de ele comunicar suas emoções em um contexto em que se sinta ouvido, facilitando seu processo de adaptação a sua nova realidade. O efeito relaxante diminui indiretamente a percepção dolorosa e o estresse. O controle da dor e da ansiedade terá um efeito positivo sobre o sistema imunológico, melhorando o estado biológico do paciente. Avers, Mathur e Kamat (2007) concordam com Cabrera quando comentam que a Musicoterapia tem sido usada principalmente como uma intervenção para controlar estados emocionais, no gerenciamento da dor, processamento cognitivo e gestão do estresse. Como já vimos estresse está associado com aumento da produção de cortisol, hormônio do estresse, que é conhecido por suprimir as respostas imunes. Segundo eles diversos estudos nas últimas décadas têm demonstrado um efeito positivo da musicoterapia na redução do estresse ou para aumentar as respostas imunes, ou ambos. Musicoterapia, portanto, deve ser considerada como uma adição valiosa ao padrão de modalidades terapêuticas farmacológicas por melhorar a resposta imune e por reduzir os níveis de estresse em tais condições. Em relação a modulação da emoção e seus efeitos no sistema imunológico, Koelsch (2009) salienta que estudos utilizando neuroimagem funcional mostraram que a música pode modular a atividade de todas as principais estruturas do cérebro límbico e paralímbico, isto é, de estruturas crucialmente envolvidas na iniciação, geração, manutenção, cancelamento, e modulação das emoções. O autor reitera queestas conclusões têm implicações para abordagens musicoterapêuticas no tratamento de transtornos afetivos, como depressão, ansiedade patológica, e transtorno de estresse pós-traumático (PTSD), porque esses distúrbios são, em parte, relacionados à disfunção de estruturas límbicas, tais como a amígdala, e estruturas paralímbicas, tais como o córtex orbito frontal. Esse fator também está intimamente ligado a efeitos fisiológicos periféricos: Emoções sempre têm efeitos sobre o sistema vegetativo (ou autônomo) nervoso, o sistema hormonal (endócrino), e o sistema imunológico. O conhecimento sistemático dos efeitos que o ouvir música e o fazer música tem sobre esses sistemas ainda carece de estudos, mas por causa do poder da música para evocar e modular emoções, é concebível que a musicoterapia pode ser usada para o tratamento de doenças relacionadas com disfunções e desequilíbrios dentro desses sistemas. O autor comenta sobre a importância de acrescentar que os processos emocionais sempre têm efeitos sobre o sistema nervoso vegetativo, bem como sobre o sistema hormonal, o que, por sua vez, modula a atividade do sistema imunológico. Todos estes efeitos são potencialmente relevantes para aplicações de processos musicoterapêuticos porque abrem a possibilidade de utilização de música para conseguir o efeito benéfico em pacientes com doenças autonômicas, endócrinas, ou (auto) imunológicas. No entanto, a investigação sistemática dessas possibilidades está em defasagem. Koelsch et al (2016), em um estudo mais recente, argumenta que vários estudos laboratoriais com participantes saudáveis relataram reduções de cortisol em resposta à música (sem um estressor), em comparação com um grupo controle. Em geral, parece que uma diminuição no cortisol é mais provável durante música tranquilizante, uma redução no humor negativo, e em ambientes de musicoterapia, enquanto que um aumento nos níveis de cortisol é mais provável quando a música é percebida como vitalizante, ou quando os indivíduos estão fisicamente ativos. Além disso, vários estudos mediram os níveis de cortisol na saliva após um estressor. O autor destaca que dois estudos observaram níveis mais baixos de cortisol em um grupo de música de escuta (em relação ao grupo silêncio) e um estudo relatou níveis mais altos de cortisol pós-estressor em um grupo de música (em comparação com um grupo escutando o som de água ondulando). Assim, os efeitos de humor (evocado por música) em respostas de cortisol ao estresse não são bem compreendidos, pelo menos, não no contexto de estudos laboratoriais. Em contextos clínicos, ouvir música antes, durante e depois das intervenções médicas tem sido relatado para correlação com os níveis mais baixos de cortisol, associado com reduções de ansiedade (Chanda e Levitin, 2013 e Bradt, Dileo e Shim, 2013). No que diz respeito à parâmetros imunes, há escassez de estudos de música investigando os efeitos da música sobre citocinas (Fancourt, Ockelford e Belai 2014), e, segundo Koelsch et al (2016) apenas dois estudos com um design de grupo-controle investigou os efeitos da música sobre Imunoglobulina A. Os autores acrescentam que sua pesquisa visa esclarecer mais sobre os efeitos da música nas funções imunológicas e interações entre cortisol e parâmetros imunes. Insights sobre os mecanismos psicológicos associados com a função imune são particularmente relevantes em relação aos transtornos do humor, como depressão, e no que diz respeito a doenças somáticas com componentes afetivos, como doenças crônicas do sistema imunológico. Okada et al (2009), relatam que musicoterapia (MT) tem sido utilizada em hospitais de cuidados geriátricos, mas não houve uma investigação extensa sobre se realmente possui efeitos benéficos em pacientes idosos com doença cerebrovascular (DCV) e demência. Os autores comentam os efeitos da MT sobre o sistema nervoso autônomo e citocinas plasmáticas e níveis de catecolaminas em pacientes idosos com DCV e demência, uma vez que estes estavam relacionados ao envelhecimento e doenças crônicas geriátricas. Também investigaram os efeitos da MT sobre eventos de insuficiência cardíaca congestiva (ICC). Oitenta e sete pacientes com DCV pré-existentes foram incluídos no estudo. Os pacientes foram distribuídos em um grupo de MT (n = 55) e grupo de não-MT (n = 32). O grupo de MT recebeu MT pelo menos uma vez por semana durante 45 minutos mais de 10 vezes. A atividade autonômica cardíaca foi avaliada pela variabilidade da frequência cardíaca (VFC). Foram medidas as citocinas plasmáticas e os níveis de catecolaminas no grupo de MT e grupo de não-MT. Foram comparados a incidência de eventos ICC entre estes dois grupos. No grupo de MT, os parâmetros rMSSD, pNN50, e HF foram significativamente aumentados por MT, enquanto que LF/HF foi ligeiramente diminuída. No grupo não-MT, não houve significativas alterações em quaisquer parâmetros de VFC. Entre as citocinas, interleucina-6 (IL-6) do plasma, no grupo de MT, foi significativamente menor do que aqueles no grupo não- MT. Níveis plasmáticos de adrenalina e noradrenalina foram significativamente menores no grupo MT do que no grupo não-MT. Eventos ICC foram menos frequentes no grupo MT do que no grupo não-MT. Estes achados sugerem que MT reforçou atividades parassimpáticas e diminuiu o ICC, através da redução dos níveis de citocinas plasmáticas e catecolaminas. A evolução da Musicoterapia como ciência e a busca por novas alternativas terapêuticas que demonstrem eficácia como coadjuvantes no fortalecimento das defesas naturais do corpo, tem levado ao aumento do interesse em recentes pesquisas relacionadas à música e a Musicoterapia, como vistas aqui, não só com relação à pacientes geriátricos, mas com vários tipos de pacientes, assim como salientam Yamasaki et al (2012) ao discorrer sobre as influências da música no metabolismo humano, por exemplo, conseguir uma melhor compreensão das variações em função do sexo na resposta metabólica a música tem implicações importantes para a utilização diferenciada de musicoterapia em populações de pacientes distintos. O campo da música, Musicoterapia e da medicina está fazendo excitantes avanços em direção a uma apreciação mais profunda da música e os mecanismos fisiológicos, através do qual ela tem seu efeito. Na investigação contínua do potencial da música para induzir e restaurar respostas metabólicas, há muito a ser entendido para criar um caminho para a utilização eficaz das intervenções musicais na prática clínica e urge a compreensão de como o processo musicoterapêutico pode contribuir para melhorar o funcionamento do sistema imunológico. Estudos que investiguem, por exemplo, se há diferença dos efeitos causados no sistema imunológico por instrumentos de cordas em relação a instrumentos de percussão. Rodas de tambores foram parte de rituais de cura em muitas culturas em todo o mundo, desde a antiguidade. Apesar das rodas de tambores estarem ganhando crescente interesse como uma estratégia terapêutica complementar na arena de medicina tradicional, existem limitados dados científicos documentando benefícios biológicos associados com atividades de percussão. Em um estudo Bittman et al (2001) se propôs a determinar o papel do grupo de percussão na Musicoterapia, como uma atividade composta com potencial para a alteração de hormônios relacionados ao estresse e aprimoramento de medidas imunológicas específicas associadas aatividade das células natural killer e imunidade mediada por células. Para isso foi realizada uma intervenção experimental de avaliação única, com grupos de controle. O grupo de percussão resultou em índices de aumento das células natural killer, e aumento da atividade das células natural killer ativadas por linfocina sem alteração na interleucina 2 plasmática ou interferon-gama, ou na Escala de Ansiedade Beck e a Escala II de Depressão de Beck. A conclusão do estudo é que o grupo de percussão é uma intervenção complexa composta com o potencial para modular os parâmetros neuroendócrinos e neuroimunes específicos numa direção oposta à esperada com a resposta ao estresse clássico. Uma importante pesquisa de Fancourt, Ockelford e Belai (2014) sobre psiconeuroimunologia da música, citada no capítulo anterior, selecionou sessenta e três estudos publicados nos últimos 22 anos. Dentre estes estudos, alguns referem-se à aplicação da música em um processo musicoterapêutico. A pesquisa aponta para o papel central das vias de estresse em associar a música a uma resposta imune. No entanto, diversos desafios para esta pesquisa foram anotados: (1) existe muito pouca discussão sobre os possíveis mecanismos pelos quais a música está alcançando seu impacto neurológico e imunológico; (2) os estudos tendem a examinar biomarcadores isoladamente, sem levar em consideração a interação entre os biomarcadores em questão com outras atividades fisiológicas ou metabólicas do corpo, levando a uma clara compreensão do impacto que a música pode estar tendo; (3) os termos não estão sendo definidos de forma suficientemente clara, tais como distinções não estão sendo feitas entre os diferentes tipos de estresse e música, sendo usado para englobar um amplo espectro de atividades sem determinar quais aspectos do envolvimento musical são responsáveis por alterações nos biomarcadores. Essa pesquisa trouxe uma visão que pode ajudar a nortear os estudos que virão posteriormente nessa área, mas além disto trouxe, também, uma grande contribuição no sentido de termos um panorama geral sobre como andam as pesquisas que relacionam música, Musicoterapia, estresse e sistema imunológico e quais descobertas já foram feitas no sentido de reforçar a aplicação do processo musicoterapêutico para melhora e potencialização do sistema imunológico diante de quadros patológicos leves ou, até mesmo, graves. Como podemos observar a Musicoterapia é um recurso terapêutico para o estresse e outros estados psicopatológicos e fisiológicos, já que se apresenta como uma nova forma de enfrentamento. Com base no que já foi exposto anteriormente a musicoterapia pode corroborar estreitamente para o equilíbrio psicofisiológico, com o que concorda Pol (2010). 8. Conclusão Os estudos, além de aventarem desafios para pesquisas posteriores, salientam a conexão entre música, emoções e sistema imunológico e evidenciam a Musicoterapia como ciência que pode aliar conhecimentos de diversas áreas em benefício da imunidade natural em pacientes que estão passando por quadros patológicos onde a elevação do estresse se torna um agente nocivo na recuperação. 9. Resultados Como resultado foram selecionados 22 estudos correlacionados com os objetivos traçados e que além disso trazem bases da psiconeuroimunologia que corroboram com o processo musicoterapêutico. Autor(es) Assunto Ano Procedimento Koelsch et al Estresse, música e imunidade 2016 Experimento Bruscia K. E. Estudos de musicoterapia 2016 Revisão Wong, Gaab e Schlaug Emoções, canto e imunidade 2015 Revisão Fancourt, Ockelford e Belai Psiconeuroimunologia, música e musicoterapia 2014 Revisão Pauwels et al Audição músical, emoções e imunidade 2014 Experimento Chanda e Levitin Neuroquímica da música, estresse e imunidade 2013 Revisão Bradt, Dileo e Shim Música, musicoterapia e período pré- operatório 2013 Revisão Kreutz et al Psiconeuroimunologia e experiência musical 2012 Revisão Yamasaki et al Música, metabolismo e imunidade 2012 Revisão Pol F. B. Estudos de musicoterapia 2010 Revisão Koelsch S. A. Música, musicoterapia, neurociência e emoções 2009 Revisão Okada et al Musicoterapia, ICC, DCV e imunidade 2009 Experimento Davis, Feller e Thaut Musicoterapia e neurociências 2008 Revisão Silva F. O. Musicoterapia, estresse e câncer 2008 Experimento Leardi et al Musicoterapia e período perioperatório 2007 Experimento Le Roux, Bouic e Bester Música coral, fisioterapia e imunidade 2007 Experimento Avers, Mathur e Kamat Musicoterapia, Clínica Pediátrica e imunidade 2007 Revisão Cabrera J. T. Musicoterapia, UTI pediátrica e imunidade 2005 Revisão Kreutz et al Música coral, emoções e imunidade 2004 Experimento Ferreira D. L. B. Musicoterapia, câncer, emoções e imunidade 2003 Revisão Bittman et al Musicoterapia, grupo de percussão e imunidade 2001 Experimento McCraty et al Música, estilos musicais, emoções e imunidade 1998 Experimento Quadro 1- Estudos e assuntos analisados Fonte: (Greco Lacerda Cruz, 2016) 10. Considerações finais: Após os levantamentos feitos pela análise dos trabalhos explorados nesta pesquisa, o que se configura aqui é que já existe material documental suficiente para que se compreenda a importância da Música e das experiências musicoterapêuticas no contexto clínico e biopsicossocial. Apesar dessa premissa é evidente que os estudos que tem surgido geram outros problemas que precisam ser solucionados, mas o caminho está aberto para que surjam mais especialistas preocupados em trazer novas soluções para o progresso da ciência musicoterapêutica no campo da imunologia. Sabendo, conforme comenta Berrocal (2008), que a música é capaz de modificar nossos ritmos fisiológicos, de alterar nosso estado emocional e de mudar nossa atitude mental é possível vislumbrar um amplo caminho a percorrer em busca de mais entendimento dos variados efeitos musicais e de como eles podem corroborar para o aperfeiçoamento dos processos musicoterapêuticos. Resta agora o empenho em aperfeiçoar métodos, organizar procedimentos para que nenhum parâmetro deixe de ser observado e não perder o senso crítico. É necessária seriedade nas análises, pois do contrário pode-se incorrer no erro de cair nas armadilhas místicas, visto que a música está ligada aos processos invisíveis do inconsciente. Referências: AVERS L, MATHUR A, KAMAT D. Music therapy in pediatrics. Clinical Pediatrics (Phila). V. 46, n. 7, p. 575-579. Epub 2007. Disponível em: <http://cpj.sagepub.com/content/46/7/575>. Acesso em: 25 set. 2016. AMERICAN MUSIC THERAPY ASSOCIATION. Historyc of Music Therapy. Desenvolvido por American Music Therapy Association. Disponível em: < http://www.musictherapy.org/about/history/>. Acesso em: 03 de abr. de 2016. BERROCAL, J. A. J. Música y neurociencia: la musicoterapia Sus fundamentos, efectos y aplicaciones terapéuticas. 1. ed. Barcelona : Editorial UOC, 2008. 155 p. Bibliografia comentada: p.128. ISBN 978-84-9788-762-5. BITTMAN, B. B., ET AL. Composite effects of group drumming Music therapy on modulation of neuroendocrine- immune parameters In normal subjects. Alternative Therapies, v. 7, n. 1, p. 38-47, 2001. Disponível em: http://drumsofhumanity.org/wpcontent/uploads/2012/01/Immune-System-Study.pdf. Acesso em: 29 de março de 2016. BRADT, J., DILEO, C. & SHIM, M. Music interventions for preoperative anxiety. Cochrane Database Syst Rev, n. 6, 81 p. 2013). Disponível em: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/14651858.CD00 6908.pub2/epdf. Acesso em: 25 de setembro de 2016. BRUSCIA, K. E. Definindo musicoterapia. 3. ed. Barcelona: Barcelona Publishers, 2016. CABRERA J. T. Musicoterapia y pediatría. Revista Peruana de Pediatría, v. 58, n. 1, p. 55, 2005. Disponível em: http://sisbib.unmsm.edu.pe/bvrevistas/rpp/v58n1/pdf/a11.pd Acesso em: 29 de março de 2016. CHANDA, M. L. & LEVITIN, D. J. The neurochemistry of music. Trends in cognitive sciences v. 17, n. 4, p. 179–193 2013. Disponível em: http://daniellevitin.com/levitinlab/articles/2013- TICS_1180.pdf. Acesso em: 25 de setembro de 2016. DAVIS, W., FELLER G., THAUT M. An introduction to music therapy theory and practice. 3 ed. USA: American Music Therapy Association, 2008. FANCOURT D., OCKELFORD A., BELAI A. The psychoneuroimmunological effects of music: A systematic review and a new model. Brain, Behavior, and Immunity. v. 36, p. 15-26, 2014. Disponível em: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S08891591 13005138. Acesso em: 24 de abril de 2016. FERREIRA D. L. B. Musicoterapia e Câncer Infantil: inter- relação entre música, emoção e sistema imunológico, Biblioteca do Músico. 2003. Disponível em: https://bibliotecadomusico.files.wordpress.com/2008/10/mus icoterapia-e-cancer-infantil-barsotti.pdf. Acesso em: 18 de Julho de 2016. GATTINO, G. S., SORRENTINO, J. M., VACCARO, T. S., Evidências dos efeitos da musicoterapia no Sistema imunológico humano. In: ENCONTRO DE PESQUISA EM MUSICOTERAPIA, 10., out. 2010, Salvador-BA. Anais do X ENPEMT. Salvador: Assossiação Baiana de Musicoterapia, 2010. p. 124-130. KAWAMOTO, H. ET AL. O seu incrível sistema imune: como ele protege o seu corpo. 1. ed. Japão: European Federation of Immunological Societes (EFIS)/JSI – The Japanese Society for Immunology, 2012. LOURENÇO, N. Curso de neuroimunoendocrinologia - hormônios, estresse e imunidade. Departamento de Fisiologia e Biofísica do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais, 2016. 22 p. Apostila/módulo 1. Disponível em: neurocurso.com. Acesso de: 25 de março de 2016 à 29 de abril de 2016. KOELSCH, S. A Neuroscientific Perspective on Music Therapy. Annals of the New York Academy of Sciencesl, p. 374-384, 2009. KOELSCH S., ET AL. The impact of acute stress on hormones and cytokines, and how their recovery is affected by music-evoked positive mood. Scientific Reports v. 6, n. 23008, p. 2-9 2016. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1038/srep23008. Acesso em: 24 de abril de 2016. KREUTZ, G., BONGARD, S., ROHRMANN, S., HODAPP, V., GREBE, D., 2004. Effects of choir singing or listening on secretory immunoglobulin A, cortisol, and emotional state. Journal of Behavioral Medicine. v. 27, n 6, p. 623–635. Disponível em: http://link.springer.com/article/10.1007/s10865-004-0006-9. Acesso em: 29 de março de 2016. KREUTZ, G., QUIROGA MURCIA, C., BONGARD, S. Psychoneuroendocrine research on music and health: an overview. In: MacDonald, R., Kreutz, G., Mitchell, L. (Eds.), Music Health and Wellbeing. Oxford University Press, pp. 457–476, 2012. LEARDI, S. ET AL Randomized clinical trial examining the effect of music therapy in stress response to day surgery. British Journal of Surgery, v. 94, n. 8, p. 943-947, 2007. Disponível em: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/bjs.5914/abstract. Acesso em: 25 de setembro de 2016. LE ROUX F.H., BOUIC P.J.D., BESTER R. The Effect of Choral Music on Emotions, Immune Parameters and Lung Function during Physiotherapy Treatment of Pneumonia and Bronchitis, South African Journal of Physiotherapy, V. 63, n. 2, 20-26, 2007. Disponível em: http://www.sajp.co.za/index.php/sajp/article/view/131. Acesso em: 18 de Julho de 2016. MCCRATY, R. ET AL. The effects of different music on mood, tension, and mental clarity. Alternative Therapies in Health and Medicine, v. 4, n. 1, p. 75-84. 1998. Disponível em: http://www.alternative therapies.com/index.cfm/fuseaction/archives.main. Acesso em: 28 de março de 2016. OKADA, K., ET AL Effects of Music Therapy on Autonomic Nervous System Activity, Incidence of Heart Failure Events, and Plasma Cytokine and Catecholamine Levels in Elderly Patients With Cerebrovascular Disease and Dementia. International Heart Journal, v. 50, n. 1, p. 95- 110, 2009. Disponível em: http://doi.org/10.1536/ihj.50.95. Acesso em: 19 de julho de 2016. PAUWELS, E. K. J. ET AL. Mozart, Music and Medicine. Medical Principles and Practice, v. 23, n. 5, p. 403-412, 2014. Disponível em: http://www.karger.com/Article/Pdf/364873. Acesso em: 25 de setembro de 2016. POL, F. B. Intervenciones en Musicoterapia Enfoque humanista transpersonal. 1. ed. Bolívia: Paradise Publishers/Espanol.Free-Ebooks, 2010. SILVA, F. O. Musicoterapia com adolescentes portadores de câncer: um Caminho para o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento ao estresse. 2008. 193 f. Dissertação (Mestrado em Música) – Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás, 2008. SILVA, L. N. C. Engenharia imunológica: desenvolvimento e aplicação de ferramentas computacionais inspiradas em sistemas imunológicos artificiais. 2001. 302 p. Tese (Doutorado em Engenharia Elétrica) – Faculdade de Engenharia Eletrica e de Computação, Universidade Estadual de Campinas, 2001. TEVA, A.; FERNANDEZ, J. C. C.; SILVA, V. L. Imunologia. In: Conceitos e métodos para a formação de profissionais em laboratórios de saúde – v. 4. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2010. Cap. 1, p. 19-124. WONG, L., GAAB, N., SCHLAUG, G. Music as Medicine: The impact of healing harmonies - Sing along for health. The Longwood Seminars at Harvard Medical School, p.21-22, 2015. YAMASAKI, A., ET AL. The impact of music on metabolism. Nutrition, v. 28, n. 11, p. 1075-1080, 2012. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/j.nut.2012.01.020. Acesso em: 25 de setembro de 2016.
Compartilhar