Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 PROCESSOS PSICOLÓGICOS BÁSICOS AULA 1 Ementa é uma descrição discursiva que resume o conteúdo conceitual ou conceitual / procedimental de uma disciplina. EMENTA DE PPB: Os processos psicológicos básicos – sensação, percepção, memória, estados de consciência, motivação, emoção e pensamento – em seus aspectos conceituais e metodológicos. Ler com os alunos o Plano de Ensino, destacando os objetivos gerais e específicos e que os alunos deverão confeccionar um trabalho por BIMESTRE, as atividades práticas serão realizadas fora do horário de aula, incluirá uma apresentação e a postagem no site da Universidade - APS. Bibliografia básica da aula 1: FELDMAN, R. S. Introdução à Psicologia. 10ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2015, cap. 1 MYERS, D. Psicologia. Rio de Janeiro: LTC, 2012, prólogo, cap. 1 e 4. GLEITMAN, H.; REISBERG, H. & GROSS, J. Psicologia. 7ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2009, cap. Roteiro de Leituras: MYERS, D. Psicologia. Rio de Janeiro: LTC, 2012, prólogo. A História da Psicologia O Nascimento da Psicologia Aristóteles teorizou sobre o processo de aprendizagem e memória, motivação e emoção, percepção e personalidade. Universidade de Leipzig – Wilhelm Wundt (Alemanha) William James (EUA) Ivan Pavlov (Rússia) – pioneiro no estudo da aprendizagem Sigmund Freud (austríaco) – desenvolveu uma influente teoria da personalidade Jean Piaget (suíço) – observador de crianças; estudioso do desenvolvimento cognitivo B.F. Skinner estudo do comportamento observável Carl Roger – humanista Qual a questão da psicologia? Debate natureza/cultura Subáreas da psicologia 2 MYERS, D. Psicologia. Rio de Janeiro: LTC, 2012 cap. 1. Pensando criticamente com a ciência psicológica. Na esperança de satisfazer a curiosidade sobre as pessoas em geral e de remediar os próprios infortúnios, milhões de pessoas recorrem à “psicologia”. Elas ouvem programas de aconselhamento no rádio, lêem artigos sobre poderes mediúnicos, participam de seminários que ensinam a para de fumar por meio da hipnose e devoram livros de autoajuda. As pessoas se aproximam se da psicologia ou por curiosidade ou intrigadas com alegações da ‘verdade’ psicológica (exemplo: vínculo mãe / bebê). Diante desses questionamentos, como podemos separar opiniões sem fundamento de conclusões criteriosas? Algumas pessoas afirmam que a psicologia simplesmente documenta e reveste em jargão aquilo que as pessoas já sabem. Nosso pensamento, memória e atitudes funcionam em dois níveis, consciente e inconsciente, com a maior parte funcionando automaticamente, nos bastidores. Intuição X aproximação cética A intuição é importante, mas muitas vezes subestimamos seus perigos. O viés retrospectivo – descobrir que algo aconteceu faz com que o acontecimento pareça inevitável. Confiança excessiva – exemplo a solução de anagrama (do grego ana = "voltar" ou "repetir" + graphein = "escrever" é uma espécie de jogo de palavras, resultando do rearranjo das letras de uma palavra ou frase para produzir outras palavras, utilizando todas as letras originais). Depois de saber a resposta – qual o anagrama da palavra amor, por exemplo, as pessoas acreditam que seriam capazes de chegar a uma solução em um tempo menor do que o que realmente gastam. (viés retrospectivo e confiança excessiva). A atitude científica Não importa o quanto uma idéia possa parecer louca ou sensata, a pergunta que o pensamento crítico faz é : ‘isso funciona? Quando submetidas a testes, suas previsões podem ser confirmadas?’ ‘Para acreditar com certeza’ diz um provérbio polonês ‘devemos começar duvidando’. Uma atitude científica requer não apenas ceticismo, mas também humildade- a consciência de nossa própria vulnerabilidade ao erro e a abertura para a surpresa e novas perspectivas. Pensamento crítico a atitude científica nos prepara para pensar com mais inteligência. O pensamento inteligente, chamado pensamento critico, examina suposições, distingue valores escondidos, a avalia evidências e pondera conclusões. A investigação crítica tem desmascarado suposições populares. Método Científico observação cuidadosa e analise rigorosa. Na ciência – teoria está ligada a observação. Uma teoria científica explica por meio de um conjunto de princípios integrados que organiza as observações e prevê comportamentos e eventos. Ao reunir os fatos e ligá-los a princípios profundos, a teoria oferece um resumo útil. 3 Hipóteses – testar –las – definições operacionais. Pensamento crítico (não aceita argumentos cegamente) – teoria (explicação/organiza a observação) – hipóteses (predição testável) – definição operacional (enunciado dos procedimentos) – replicação (repetir a essência de um estudo) Descrição o ponto de partida para qualquer ciência é a descrição (de forma objetiva e sistemática). Estudo de Caso um dos métodos de pesquisa. É uma técnica de observação por intermédio da qual uma pessoa é estudada em profundidade com o objetivo de descobrir princípios universais. Levantamento (survey) é uma técnica para averiguar os autorrelatos sobre atitudes ou comportamentos de um grupo particular, normalmente dirigindo questões a uma amostra representativa de um grupo, selecionada aleatoriamente. survey {subst.} estudo, sondagem, levantamento, perícia, enquete O método de levantamento examina muitos casos com menor profundidade. Pág 29: perguntas freqüentes sobre Psicologia. Experimentos de laboratório Comportamento – gênero e cultura Estudos com animais A ética em experimentos com seres humanos – ver Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde e Resolução 016/2000 do CFP. Retomar termos e conceitos para lembrar pág 34 MYERS, D. Psicologia. Rio de Janeiro: LTC, 2012 cap 4 A natureza, a cultura e a diversidade humana. O que faz vc ser o quem é? Personalidades diferentes e variáveis, também somos ‘folhas de uma mesma arvore’ Meyres postula que aos oito anos uma criança começa a temer estranhos. Spitz, R. em sua célebre obra ‘O primeiro ano de vida’, teoriza que aos oito meses de idade o bebê dá sinais de angústia ao se defrontar com estranhos. Referencia Bibliográfica: SPITZ, René A. (2004). O primeiro ano de vida. Traduzido do original inglês por E. B. da Rocha (1965/1979). (3a ed). São Paulo: Martins Fontes. http://inseer.ibict.br/bjh/index.php/bjh/article/viewFile/51/69 Meyres também pontua que nosso parentesco aparece igualmente nos nossos comportamentos sociais. 4 Ressaltamos, porém, a título de ilustração que o Complexo de Édipo observado e teorizado por Freud, apresenta variações em sociedades diversas dependendo de como tais sociedades entendem os graus de parentesco, em que pese haver sempre um membro da coletividade ser interditado para fins de casamento/alianças. Gêmeos Hereditariedade X contexto cultural (ambiente) Gênero (diferente de sexo) GLEITMAN, H.; REISBERG, H. & GROSS, J. Psicologia. 7ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2009, cap. 1. O que é psicologia? È um campo que costuma ser definido como o estudo científico do comportamento e dos processos mentais. A psicologia se preocupa por que fazemos o que fazemos, por que sentimos o que sentimos e pensamos o que pensamos. Quem é cada um de nós e também como chegamos a ser o quê somos.E a psicologia não está apenas preocupada com cada um de nós como indivíduo, mas também busca entender como agimos em grupos, incluindo como percebemos os outros, tratamos os outros e nos sentimos em relação aos outros. Para lidar com todas essas questões, a psicologia deve abranger uma variedade de temas. Alguns exemplos ajudarão a ilustrar o alcance extraordinariamente amplo da psicologia. Observando o cérebro vivo. Tudo o que fazemos, tudo o que sabemos e tudo o que sentimos é possibilitadopelo funcionamento do cérebro. Mas qual é exatamente a relação entre os fenômenos psicológicos que procuramos entender e o funcionamento detalhado do cérebro?Como meio de abordar a questão pesquisadores desenvolveram técnicas para monitorar o nível de atividade metabólica em diferentes partes do cérebro. Esse tipo de pesquisa deixa claro que para praticamente qualquer atividade mental existe muitas regiões cerebrais envolvidas. Em outras palavras NÃO existe um centro de decisão ou centro de leitura ou centro de música. Pelo contrário, somente podemos tomar decisões ou ler ou entender uma música por causa de ações coordenadas de muitas regiões cerebrais. Analisando a memória – muitos fenômenos são melhor estudados por meios funcionais e não biológicos. Grande parte do material da psicologia é inerentemente social. Como não é de surpreender, muitas interações dependem de alguma forma de comunicação. Existem diversos exemplos que documentam a enorme variedade dentro do conteúdo da psicologia. Porém, a psicologia também é diversa em outro sentido: nas diferentes abordagens que adota. O método científico – ver quadro página 44. Ética de pesquisa – página 60. Resumo – página 64/65. 5 FELDMAN, R. S. Introdução à Psicologia. 10ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2015, cap. 1 As subáreas da psicologia: a árvore genealógica da psicologia – descritas na figura 02 – página 07 (áreas de atuação). Trabalhando em psicologia. Qualquer que seja seu local de trabalho, os psicólogos compartilham do compromisso de melhorar a vida das pessoas e da sociedade em geral. Observação: a colocação de página 10 no quadro Trabalho psi que indica profissional com formação acadêmica tanto em psicologia como em serviço social e que se intitula, salvo engano, como assistente social. Deve-se atentar para a especificidade deste caso em particular; no nosso País, o profissional psicólogo pode atuar na área de assistência social (CREAS,CRAS) com um olhar, uma atenção específica dada sua formação. Para aprofundamento da questão, sugiro a consulta: http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2007/08/cartilha_crepop_cras_suas.pdf Vide linha de tempo – figura 01, páginas 16/17. As diferentes perspectivas teóricas: Psicanálise Psicologia comportamental Perspectiva cognitiva Perspectiva humanística Pesquisa em Psicologia – vide esquema página 26. Termos – chave página 39. Questões cruciais de pesquisa: A ética da pesquisa Explorando a diversidade A Neurociência O uso de animais O viés experimental – fatores que distorcem o modo como a variável independente afeta a variável dependente. Termos – chave página 45 Resumo visual – página 47. AULA 2: SENSAÇÃO FELDMAN, R. S. Introdução à Psicologia. 10ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2015, cap. 3 Sensação e Percepção. O mistério da visão cega - exemplo: um homem cego caminha sem esbarrar nos objetos a sua volta. Um AVC danificou o córtex visual em seu cérebro, roubando-lhe a visão. Seu cérebro perdeu a capacidade de processar as informações visuais que chegam- pelo menos conscientemente, mas algumas rotas neurais que partem dos olhos para outras áreas cerebrais 6 que não o córtex visual e embora essas áreas não produzam uma visão consciente, parecem conferir às pessoas uma visão cega. Não consciente. Condições como a cegueira ilustram o quanto dependemos de nossos sentidos. Sensação: compreende os processos pelos quais nossos órgãos do sentido recebem informações do ambiente. A percepção é a separação, interpretação, análise e integração dos estímulos realizada pelo cérebro e pelos órgãos dos sentidos. Embora a percepção represente claramente um passo além da sensação, na prática é às vezes difícil encontrar o limite preciso entre elas.Sensação e percepção são tópicos fundamentais. Sensação é a ativação dos órgãos dos sentidos por uma fonte de energia física. Percepção é a classificação, interpretação, análise e integração dos estímulos pelos órgãos dos sentidos e pelo cérebro. Estímulo energia que produz uma resposta em um órgão sensorial. Psicofísica: estudo da relação entre os aspectos físicos e nossa experiência psicológica a respeito deles. Limiar absoluto menor intensidade de um estímulo que precisa estar presente para que seja detectado. A despeito do ‘absoluto’ em limiar absoluto, as coisas não são tão definidas assim. Ruído: estimulação do meio ambiente que interfere na percepção de outros estímulos. Da mesma forma, temos a capacidade de nos concentrarmos em vários estímulos simultaneamente. Limiar de diferença (menor diferença perceptível): menor nível necessário de estimulação acrescentada ou reduzida para sentir que ocorreu uma mudança na estimulação. Lei de Weber: Lei básica da psicofísica que afirma que a menor diferença perceptível é uma porção constante à intensidade de um estímulo inicial (em vez de uma quantidade constante). Adaptação sensorial – ajuste na capacidade sensorial – exemplo: cheiro de pipoca em uma sala de cinema, você entra na sala e sente o forte cheio, depois você mal sente o cheiro. Visão: lançando luz sobre o olho. A visão começa com a luz, a energia física que estimula o olho. A luz é uma forma de ondas de radiação eletromagnética. Os tamanhos dos comprimentos de onde correspondem a diferentes tipos de energia. O espectro de comprimento de onda ao qual os seres humanos são sensíveis – denominado espectro visual – é relativamente pequeno. As ondas de luz provenientes de algum objeto fora do corpo são sentidas pelo único órgão capaz de responder ao espectro visível – o olho. Nossos olhos convertem a luz para uma forma que pode ser usada pelos neurônios. A maior parte do olho é um dispositivo mecânico em muitos aspectos semelhantes a uma câmera manual que usa filme. Luz estimula o olho – energia física- ondas de radiação 7 Apesar das semelhanças entre olho e câmera, a visão envolve processos que são muito mais complexos e sofisticados. O processamento da imagem visual no cérebromais se assemelha a um computador. O raio de luz refletido pelo objeto atravessa à córnea, uma janela protetora transparente, depois atravessa a pupila, depois que a luz atravessa a pupila, ela entra no cristalino. O cristalino focaliza a luz mudando sua própria espessura, um processo chamado de acomodação. Tendo atravessado a pupila e o cristalino a imagem do objeto chega finalmente a seu derradeiro destino no olho – a retina. Retina- parte do olho que converte a energia em eletromagnética da luz em impulsos elétricos para transmissão ao cérebro. A imagem devido a propriedades físicas da luz inverteu-se ao atravessar o cristalino. O cérebro interpreta a imagem em termos de sua posição original. Quando a luz atinge os bastonetes e cones, ela inicia uma cadeia de eventos que transforma a luz em impulsos neurais que podem ser comunicados ao cérebro. Para compreender por que algumas pessoas são cegas para cores, precisamos considerar os fundamentos da visão de cores. Dois processos estão envolvidos. O primeiro é explicado pela teoria tricomática da visão de cores, primeiramente proposta por Thomas Yong e ampliada por Hermann Von Helmholtz. A percepção de cor é influenciada pela relativa força com que cada um dos três tipos de cones é ativado. Entretanto, existem aspectos da visão que a teoria tricomática não explica tão bem. De acordo com a teoria do processo oponente da visão das cores, primeiramente proposta pelo fisiologista Ewald Hering, as células receptoras são unidades em pares, operando em oposição uma a outra. Hoje sabemos que tanto os processos oponentes quanto os mecanismos tricomáticos atuam para produzir a visão das cores, mas em diferentes partes do sistema de sensação visual. 8 A audição e os outrossentidos Relato do astronauta página 104 - o sentido de movimento e equilíbrio reside na orelha. Orelha externa atua como um megafone reverso. O som é o movimento de moléculas de ar produzido por uma fonte de vibração. Os sons deslocam-se pelo ar em padrões de onda em formatos semelhantes àqueles que se formam na água quando uma pedra é jogada em uma lagoa. Os sons, que chegam à orelha externa são canalizados para dentro do canal auditivo, uma passagem tubular que leva ao tímpano. O tímpano opera como um tambor em miniatura que vibra quando os sons o atingem. 9 Olfato: O sentido do olfato humano permite-nos detectar mais de 10 mil odores diferentes.O sentido do olfato é despertado quando as moléculas de uma substancia entram nas passagens nasais e atingem as células olfativas. Paladar: O sentido do paladar (gustação) envolve células receptoras que respondem a quatro qualidades básicas do estímulo: doce, azedo, salgado e amargo. Os sentidos da pele: tato, pressão, temperatura e dor: Todos os sentidos da pele desempenham um papel crucial na sobrevivência, tornando-nos conscientes de possíveis perigos para o nosso corpo. Algumas pessoas são mais suscetíveis a dor do que outras. A experiência de dor não é determinada apenas por fatores biológicos. AULA 3: SENSAÇÃO GLEITMAN, H.; REISBERG, H. & GROSS, J. Psicologia. 7ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2009, cap. 4. Sacks O. “O homem que confundiu sua mulher com um chapéu”. 1ª Ed SP Cia das Letras, 1997 Texto sugerido: “A mulher desencarnada” Para sobreviver, devemos conhecer o mundo que nos rodeia, pois os objetos que existem no mundo estão repletos de significados. Alguns são alimentos, outros são companheiros e outros ainda são inimigos mortais. A capacidade de distinguir entre eles pode ser uma questão de vida ou morte e para fazer tais distinções devemos usar os nossos sentidos. Mas exatamente como funcionam nossos sentidos? Qual é o nível de precisão e quanto são completas as informações que recebemos dos nossos olhos, ouvidos e outros órgãos sensoriais? E até que ponto a nossa percepção do mundo é objetiva – fiel às informações sensoriais que recebemos, com um mínimo de interpretação? As origens do conhecimento O estudo da experiência sensorial nasce a partir de uma questão antiga, que está intimamente ligada às questões amplas que mencionamos: de onde vem o conhecimento humano? Existe uma sugestão clara: nosso conhecimento vem diretamente do mundo que nos rodeia, e os nossos olhos, ouvidos e outros sentidos são simples meios de coletar as informações fornecidas pelo mundo. Segundo essa visão nossos sentidos recebem e registram as informações de forma relativamente passiva – exemplo uma câmera ou gravador não interpretam o que captam. Será que essa pode ser a maneira como a visão e a audição funcionam? Uma visão antiga: a percepção passiva Os defensores da visão filosófica conhecida como empirismo argumentam que os nossos sentidos são passivos. Um dos primeiros proponentes dessa posição foi o filosofo inglês John Locke (1632-1704). Segundo ele, ao nascer a mente humana é uma simples tabula rasa, sobre a qual a experiência deixa sua marca. 10 Para avaliar as afirmações de Locke devemos ter certeza de quais são exatamente as informações que os sentidos recebem. Estímulo Distal Estímulo Proximal A distinção entre estímulos distais e proximais levanta questões difíceis para o empirista. Se os sentidos são os únicos portais que temos para o mundo exterior, e os estímulos proximais são os únicos mensageiros que podem atravessar essas comportas como podemos conhecer as qualidades reais do estimulo distal? O papel da associação Se, conforme afirmam os empiristas, todo conhecimento vem dos sentidos, e se os sentidos somente dão acesso ao estimulo proximal, como podemos conhecer o mundo distal? Segundo os próprios empiristas, a resposta, em uma só palavra, é aprendizagem. Entretanto, outros filósofos em seguida apresentaram uma resposta à posição empirista e argumentaram que o que o individuo percebe tem um papel muito mais ativo do que o empirismo supunha. Immanuel Kant argumentava que a percepção somente é possível, porque a mente consegue organizar as informações sensoriais em categorias preexistentes. Essas categorias tornam a percepção possível. Categorias embutidas na própria estrutura da mente. Nativismo Psicofísica analisa a qualidade (o sabor era doce ou amargo?, a luz era amarela ou azul?) de uma experiência sensorial e a quantidade (o cheiro era intenso ou leve? O som era alto ou baixo?) da experiência. Fechner se orientou por uma afirmação de Weber sobre o tamanho do patamar de diferença – tamanho de uma menor diferença perceptível. Fechner criou uma fórmula para exprimir a relação entre as percepções (vide exemplo das velas página 153 de GLEITMAN, H.; REISBERG, H. & GROSS, J. Psicologia. 7ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2009, cap. 4.) e chamou essa relação de Lei de Weber. Prosseguindo com seus estudos Fechner conseguiu fazer outras suposições para expressar a intensidade psicológica de uma experiência sensorial. (importância da subjetividade). Os termos Top-down e Bottom-up se referem a métodos utilizados para organizar as informações, ordenando fatos para serem utilizados em diversos campos que necessitem de uma forma de pensamento que facilite a administração de conhecimentos para um maior aproveitando destes, com maior facilidade de processamento e garantindo um sistema de prioridades e hierarquia. Suas utilidades são muito amplas e podem ser utilizadas de formas diversas sempre que haja a necessidade de lidar com informações, tornando processos criativos muito mais fáceis de serem realizados e com uma produtividade muito maior por meio de planejamento que pode resultar em ações e medidas a serem tomadas por uma empresa, por exemplo. Top-down 11 Top-down é um termo cujo significado traduzido é “de cima para baixo” e em sua essência implica em dividir os processos de alguma coisa como a fabricação de um produto ou a criação de uma ideia para, desse modo, utilizar essa fragmentação (ou compartimentação) para tornar a compreensão de cada parte que compõem um todo muito mais fácil de ser realizada. Cada parte dessa subdivisão, do maior ao menor (ou do mais alto para o mais baixo como sugere o nome) é profundamente estudado e detalhado da forma mais completa possível para que se obtenha um entendimento amplo do assunto que esteja sendo analisado. Bottom-up O termo Bottom-up traz o significado de uma abordagem realizada de baixo para cima. Ela consiste em um processo de análise e comportamento de informações que utiliza a compreensão de subdivisões dos assuntos para uma percepção mais completa e com uma nova interpretação das partes que formam o todo, ou seja, analisa e descreve os elementos mais básicos para formar um resultado maior. Um exemplo desta forma de lidar com as informações é como o cérebro recebe somente detalhes de uma história, fragmentos e conforme vai recebendo mais e mais fatos, os junta de forma a obter uma história completa que faça sentido. Seguindo esta linha de pensamento, as informações começam apenas como detalhes distintos e separados e conforme crescem se combinam para formar algo completo. Usos destes termos Diversas áreas do conhecimento se utilizam destes conceitos a fim de melhor realizar atividades, com mais facilidade e obtenho resultados melhores, sendo uma estratégia de organização valiosa. A indústria usa as duas ideias em seus processos de desenvolvimento de produtos, como subdividindo as partes de determinado projeto para aumentar sua eficácia de uso e compreender suas limitações ou iniciando pelos componentes necessários para com compô-lo a fim de saber o que pode ser feito com os recursosdisponíveis no mercado. O desenvolvimento de softwares também utiliza os conceito de Top-down e Bottom-up, e são essenciais nesse processo. Eles ajudam no compreensão de sistemas complexos que necessitam de um conhecimento detalhado das partes para seu funcionamento, com testes, usos possíveis e como tudo se encaixa para formar um projeto final. As ciências humanas, principalmente as neurológicas, também usam essas formas de organização de informações, a exemplo da psicologia. Isso se deve pela necessidade em entender os processos de funcionamento da mente. A arquitetura também faz grande uso dessas ideias na realização de projetos. Na gestão, esses conceitos são muito utilizados para a tomada de decisões que possuem grande poder de efeito, como por exemplo, em empresas e até mesmo na organização do Estado. Sensação e Percepção 12 Como formulamos nossas representações do mundo exterior? Sensação: Experiências sensoriais que começam quando os receptores sensoriais são estimulados, recebemos um estímulo, transformamos em informação nervosa. Percepção: Como selecionamos, organizamos e interpretamos nossas sensações a fim de compreender o que acontece ao nosso redor. Limiares absolutos: A estimulação mínima necessária para detectar um estímulo específico. A detecção do estímulo depende da força do sinal, do estado psicológico, nossas expectativas, motivação e fadiga. Estimulação subliminar: Estímulos abaixo do limiar Ex: Em um Cinema o proprietário estaria influenciando inconscientemente seus freqüentadores por mensagens projetadas de maneira imperceptível: coma pipoca, beba coca-cola, e isto teria aumentado o consumo de pipoca e refrigerante. Efeito placebo: o placebo é definido como uma substância inerte ou inativa, a que se atribuem certas propriedades (como as de cura de uma doença) e que, ingerida, pode produzir um efeito que suas propriedades não possuem. Muitas pessoas que ingerem, por exemplo, uma pílula contendo nada mais que amido com açúcar, revelam melhoras de uma doença, imaginando ter tomado o remédio feito especialmente para essa doença. Adaptação sensorial: Sensibilidade decrescente a um estímulo intolerável. A adaptação permite-nos focalizar a atenção em mudanças informativas no ambiente sem sermos incomodados, por exemplo, pelas roupas que vestimos. Todos os sentidos recebem estimulação sensorial, transformam em informação nervosa e despacham essa informação para o cérebro. Referência: MYERS, D. introdução a psicologia geral, sexta edição, LTC, 1999. A mulher desencarnada 13 “Alguma coisa terrível aconteceu... não consigo sentir meu corpo... eu me sinto esquisita... desencarnada...” (Christina-paciente) Oliver Sacks, autor do livro: “O homem que confundiu sua mulher com um chapéu”, relata nos textos que inseriu em seu livro, casos específicos de pacientes que sofreram perdas sensoriais e perceptivas, como a propriocepção e doenças congênitas ou de ordem traumática, via acidentes ou inflamações graves. O que ele nos coloca, a saber, sobre tais casos, são as curiosidades dos mesmos e peculiaridades da evolução clínica e pessoal. Especificamente neste texto/caso a que me refiro no início, “A mulher desencarnada”, trata-se de uma paciente que estando aos cuidados de um hospital devido a um diagnóstico preciso e cálculos biliares, aguardava a cirurgia, já medicada de acordo com os procedimentos pré- operatórios. O que o Dr. Sacks revela em seu relato, seria sua surpresa e perplexidade perante o que se deu depois da internação da mesma. Christina, uma mulher ativa, já mãe e de bom preparo físico, procurou cuidados médicos devido às dores que sentia no abdômen. Examinada, descobriu-se que se tratava de cálculos na vesícula biliar, o que lhe causava muito mal estar. O cirurgião em uma conversa entre médico e paciente, disse que ela precisava passar por uma intervenção cirúrgica para remoção da vesícula. Até então, coisa que para ela parecia normal, causou-lhe uma inquietação. Dias antes da cirurgia, já internada, passou pelos procedimentos pré-operatórios, como interrupção alimentar e de água, ingestão de medicação de antibióticos. Quando adormeceu, sentiu-se como se não tivesse em seu corpo, tentava tocar, sentir, mas era como se flutuasse sobre o mesmo. Quando acordou, informou o médico sobre seu pesadelo, e este, a tranqüilizou, embora preocupado, que seria normal este comportamento diante de uma situação como esta, diferente para ela. Seu quadro de ansiedade fora do normal, talvez estivesse reproduzindo um comportamento confuso em relação a seus próprios sentidos, como a histeria. Mas, para a surpresa de Christina e também dos médicos, inclusive de um psiquiatra, seu pesadelo se tornou real, seus comandos de voz, movimentos de pernas, braços e visão já não correspondiam ao normal. Em um desabafo ela disse com uma voz meio que fantasmagórica: “alguma coisa aconteceu... não consigo sentir meu corpo... eu me sinto esquisita... desencarnada!” Realmente, neste desabafo, ela indica o que está acontecendo com ela. Em uma explicação mais técnica, interrogado por médicos residentes, Dr. Sacks revela que poderia sim ser uma histeria, conforme o Psiquiatra havia subentendido, mas também o preocupou o fato de Christina continuar a sentir as coisas, mas de um jeito diferente, não havia dor, mas uma interrupção dos sentidos, ou melhor, a propriocepção estava falhando, como se seus sentidos não tivessem mais uma direção. Seus movimentos e voz não acompanhavam sua “vontade”, enternecera. Para entender o que se passava com esta paciente, Dr. Sacks e uma equipe do hospital, reavaliaram a mesma deste seu primeiro diagnostico e perceberam que ela sofrera uma neurite, um processo inflamatório grave, é uma lesão inflamatória ou degenerativa dos nervos, da qual decorre paralisia e compromete a atividade no sistema nervoso, que num quadro de ansiedade fora do comum, poderia sim causar sérios danos nas células sensórias de Christina, como a perda da propriocepção, que seria a ausência da sensibilidade própria aos ossos, músculos, tendões e articulações e que fornece informações sobre a estática, o equilíbrio, o deslocamento do corpo no espaço, fazendo com que a paciente não sinta mais dentro de si mesma, como ela mesma fala: “sinto, que meu corpo está cego e surdo, para ele mesmo...”, esse silêncio sensorial à qual está condenada, causar-lhe-ia um grande transtorno em sua vida. A falta de percepção dava a impressão de estar realmente fora do seu próprio corpo. Havia os sentidos, mas estes não mais correspondiam ao que lhe foi adquirido e aguçado com o passar dos anos. Talvez danos irreparáveis, ou com significativa evolução. Sabe-se, por meio de estudos científicos, que a perda ou ausência de um dos órgãos dos sentidos, faz com que outro tente suprir a falta do mesmo, mas não o substitui, pois cada um é responsável por uma parte sensorial. O que muda a maneira que se percebe no ambiente e o que sofrerá mediante a sua evolução, pois o que nos é dado como comportamento inato, pode às vezes ser alterado, modificado, aguçado, mas nem sempre corresponde em alguns casos. Como casos de pacientes que perderam um órgão do seu corpo, e continuam a senti-lo, mas não o vêem ou tocam. O que nos faz sermos, quem realmente somos como agimos e nos 14 locomovemos, como interagimos em nosso “meio”, são nossos sentidos, movidos por meio da percepção, que seria o ato de apreender pelos sentidos, uma reação de um sujeito a um estímulo exterior, que se manifesta por fenômenos químicos, neurológicos, ao nível dos órgãos dos sentidos e do sistema nervoso central, e por diversos mecanismos psíquicos tendentes a adaptar esta reação a seu objeto, como a identificação do objeto percebido (ou seu reconhecimento), sua diferenciação por ligação aos outros objetos. Para a psicologia,a neurociência e ciências cognitivas, percepção é a função cerebral que, atribui significado aos estímulos sensoriais, a partir de histórico de vivências passadas. Através da percepção um indivíduo organiza e interpreta as suas impressões sensoriais para atribuir significado ao seu meio. Consistem na aquisição, interpretação, seleção e organização das informações obtidas pelos sentidos. A percepção pode ser estudada do ponto de vista estritamente biológico e/ou fisiológico, envolvendo estímulos elétricos evocados pelos estímulos nos órgãos dos sentidos. Do ponto de vista psicológico ou cognitivo, a percepção envolve também os processos mentais, a memória e outros aspectos que podem influenciar na interpretação dos dados percebidos. O que aconteceu com Christina, já aconteceu com outras pessoas de maneira diferente, porém com perdas irrecuperáveis, outras reversíveis ou passivas de evolução clínica, mediante tratamento. Ela iniciou um tratamento e, aos poucos foi recuperando alguns movimentos, e também a percepção leve em alguns sentidos, como andar, sentar, falar, mas tudo de maneira ensaiada, quase que treinada. Sua voz soava meio teatral e seus movimentos sutis e lentos, meio desajeitados, sua visão ainda não estava normal, o que lhe causava certo desconforto ao andar e ler era muito difícil, mas seu quadro clínico evoluiu muito, o que foi considerado importante devido suas perdas. Muitos não conseguiram essa evolução e ficam estagnados em sua vida “fantasma” dependendo de outros para viver. Estamos inseridos em uma busca pela compreensão de alguns fatos invisíveis ao entendimento concreto. A ciência da Psicologia e outras, como a neurologia, nos direciona e nos dá parâmetro ao que é e o que não é palpável. O que é extra-sensorial está além do que vemos. O pesadelo de Christina é um indício deste sentido. Para a psicologia e psicanálise, trata-se de algo a ser estudado e avaliado de acordo com a “importância” e grau da referida perda. Muitos que não tiveram ou não terão a oportunidade de receber um tratamento como o que Christina recebeu, são deixados de lado, ignorados e esquecidos. Processos como estes, que não receberam o devido cuidado passam despercebidos por muitos, mas não de quem tem que “sobreviver” com esta perda. Os que mesmo estando vivos, se sentem como mortos. Bibliografia Myers, D. Intr. geral à Psicologia. RJ LTC, 2006 – Capítulo “Sensação e Percepção” Sacks O. “O homem que confundiu sua mulher com um chapéu”. 1ª Ed SP Cia das Letras, 1997 Texto sugerido: “A mulher desencarnada” AULA 4: PERCEPÇÃO Percepção é a classificação, interpretação, análise e integração de estímulos pelos órgãos dos sentidos e pelo cérebro. (FELDMAN, R. S. Introdução à Psicologia. 10ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2015, cap. 3.) 15 ESTUDO DE CASO – O HOMEM QUE CONFUNDIU SUA MULHER COM UM CHAPÉU – OLIVER SACKS O Dr. P. sobre de um distúrbio neurológico, com quadro de agnosia. Antes de apresentar a proposta de trabalho, tentarei, segundo relato do Dr. Sacks, apresentar de forma sistemática o seu quadro, explicando as agnosias descritas. Segundo Doretto (2005, 2.ed. p.419) as agnosias constituem funções cognitivas de reconhecimento. São relacionadas aos processos perceptivos, os quais nos permitem reconhecer tudo o que se encontra no meio ambiente (desde que, é lógico, existam engramas respectivos a tudo, i.e., objetos e pessoas já conhecidas). Segundo Doretto (2005, 2.ed. p.419) as agnosias constituem funções cognitivas de reconhecimento. São relacionadas aos processos perceptivos, os quais nos permitem reconhecer tudo o que se encontra no meio ambiente (desde que, é lógico, existam engramas respectivos a tudo, i.e., objetos e pessoas já conhecidas). Dentre os processos perceptivos destaca-se em primeiro lugar, o visual, seguido do auditivo, depois o tátil, a percepção que temos do nosso próprio corpo, chamado de somatognosia. Dentre as agnosias existentes, serão descritas a seguir, aquelas em quais o Dr. P. parece se encaixar, devidamente exemplificadas:Agnosia Espacial Unilateral Manifesta-se no campo visual esquerdo, demonstrando a participação efetiva do hemisfério cerebral direito. A prova para confirmar a existência do sintoma, consiste em dar ao paciente uma cartolina com círculos desenhados e solicitar-lhe que marque o centro de cada círculo. No exame será constatado que os círculos situados à esquerda da cartolina não estarão marcados. Local da lesão: demonstra a presença de lesões retrorrolândicas direita, atingindo o córtex associativo e primário occipital. Exemplo: o passeio na praça. Quando o Dr. P. entrou por um lado, tudo o que estava localizado a sua esquerda, foi ignorado, acontecendo a mesma coisa quando imaginou-se entrando pelo lado oposto. Prosopagnosia A prosopagnosia significa perda da capacidade de reconhecer fisionomias, tendo sido diagnosticada no século passado pelo Dr. Charcot (para quem não sabe, foi professor de Freud). Via de regra, encontram-se associadas com a agnosia visuoespacial . Os pacientes ficam incapacitados de reconhecer fisionomias de familiares, no entanto, a reconhecem através do tato e da audição. Local da lesão: encontra-se, segundo vários autores, no córtex associativo têmporo-parietal- occipital-direito. Exemplo: reconhece algumas celebridades devido a detalhes peculiares. Confundiu sua mulher com um chapéu. Confundiu hidrantes com crianças. Reconheceu um aluno através da voz. Reconhece figuras geométricas e outros objetos através do tato. Distúrbios da somatognosia O conhecimento que possuímos do nosso corpo é função do hemisfério cerebral direito. Sabemos que possuímos a capacidade de representar em nossa mente, com os olhos fechados, a silhueta de nosso corpo, em qualquer postura que estivermos adotando. Isto é possível graças aos engramas correspondentes ao esquema corporal, perfeitamente registrados no córtex associativo têmporo-parietal-occipital. Exemplo: Confundiu o próprio pé com o sapato. 16 Segundo Citow (2004, p. 144), a prosopagnosia é uma incapacidade de reconhecer faces, causadas por lesão bilateral no córtex occipitotemporal basal medial (o hífen aqui não existe porque occipito é uma contração para occipital) entre o córtex límbico no lobo temporal e o córtex visual no lobo occipital. Cambier (2055, 11.ed., p.94) descreve que a prosopagnosia é habitualmente consequente a lesões bilaterais das regiões temporoccipitais. Apesar disso, o papel do hemisfério direito é predominante na identificação da especificidade das fisionomias. Conclusão Em algum momento, as lembranças e memória do Dr. P., sofreram uma ruptura com a realidade visual. O que aconteceu? Sabemos que esse tipo de agnosia está presente em pacientes de Parkinson e Alzheimer, mas não sabemos se essas duas patologias estão presentes na vida do paciente, acho pouco provável. Mas considero de extrema importância que lembranças sejam sempre evocadas. Com seu vasto conhecimento musical e já que essa habilidade continua intacta, bem como o conhecimento de diversas vozes, a introdução de vozes por ele conhecidas são parte de um repertório para que seu conhecimento do familiar seja preservado pelo máximo tempo possível. Alguns autores afirmam que o desconhecimento da vida pregressa é angustiante, porém, a perda das lembranças familiares são igualmente dilacerantes. Não vivemos sozinhos e, o familiar é o que nos mantém conscientes de nossa ligação com o mundo. DORETTO, Dario. Fisiopatologia clínica do sistema nervoso: fundamentos da semiologia. São Paulo : Atheneu, 2005 SACKS, Oliver. O homem que confundiu sua mulher com um chapéu. São Paulo: Cia. das Letras, 1997-2005. p.22-37. AULA 5:PERCEPÇÃO GLEITMAN, H.; REISBERG, H. & GROSS, J. Psicologia. 7ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2009, cap. 5. Sensações – compreendidas comoa detecção de atributos simples nos estímulos Percepção – como organizamos, integramos e interpretamos esses elementos sensoriais para conhecer o mundo que nos rodeia. Empiristas (filósofos) acreditavam que essas experiências eram registradas passivamente pelos sentidos e depois montadas, por meio de associações, para formar percepções mais complexas. Observamos que desde o principio os sistemas sensoriais transformam o estímulo de forma ativa. O nível de atividade se torna ainda mais notável quando voltamos à questão de como apreendemos os objetos e o mundo que nos rodeia. Como conseguimos entender o significado do estímulo visual? Exemplo da maça – página 186. A maça é conhecida apenas por meio do estímulo proximal que projeta em nossa retina, e esse estímulo proximal é bidimensional e está em constante mudança. Como superamos essas variações contínuas no estímulo proximal para perceber as propriedades constantes do objeto externo? 17 Devemos organizar o mundo sensorial em uma cena coerente. Responder a três questões importantes: Onde está o objeto? O que está fazendo? – está se mexendo ou está parado? O que é? Percepção da distância – onde está? A retina de cada olho é cursa, mesmo assim é bidimensional: as imagens podem estar mais próximas ou distantes do nariz; e mais próximas ou distantes da bochecha. Somos capazes de perceber o mundo tridimensional através de pistas de distância. Nossos dois olhos olham para o mundo a partir de posições levemente diferentes A disparidade binocular induz a percepção de profundidade. Essa diferença entre a visão dos dois olhos se chama disparidade binocular, e fornece informações importantes sobre as relações de distância do mundo. A disparidade binocular é um forte determinante da profundidade percebida. Porém, podemos perceber a profundidade também com um olho fechado. Existem pistas que dependem apenas daquilo que cada olho enxerga sozinho. Esses são os indicadores monoculares de distância. Percepção de movimento Sempre que movemos a cabeça, as imagens projetadas pelos objetos no mundo necessariamente se movem pela retina. Por razões geométricas, as imagens projetadas de objetos próximos se 18 movem mais que as de objetos distantes. A direção do movimento na retina depende de onde estamos apontando os olhos. Figura 5.4 Perspectiva linear como pista para a profundidade Figura 5.5 Tamanho relativo (A) Todas as outras coisas sendo iguais, a maior entre as figuras idênticas parece estar mais perto que a menor. Isso é conseqüência da geometria simples da visão, ilustrada em (B). Os objetos a e b têm o mesmo tamanho, mas como estão a distâncias diferentes do observador, projetam imagens retinais de tamanho diferentes. 19 Figura 5.6 Gradientes de textura como pistas para a profundidade Superfícies de texturas uniformes produzem gradientes de texturas que fornecem informações sobre a profundidade: à medida que a superfície se distancia, o tamanho da textura diminui, e a densidade dos elementos aumenta. Esses gradientes podem se produzidos por ondas na areia (A) ou pedras em um pátio (B). Figura 5.7 Os efeitos de mudanças nos gradientes de textura Essas mudanças proporcionam informações sobre os arranjos espaciais das coisas. Exemplos são (A) uma inclinação para cima no canto; e (B)uma queda súbita. 20 Figura 5.8 Fluxo óptico (A) O campo do fluxo óptico, como aparece para o piloto ao aterrissar o avião. (B) O campo do fluxo óptico, como aparece para uma pessoa que olha pela janela de trás de um vagão de trem. Figura 5.14 A variabilidade de estímulos que reconhecemos Podemos reconhecer girafas de lado ou de frente, vendo-as de perto ou de longe. Isso torna improvável que tenhamos uma lista ou modelo para reconhecer girafas, pois precisaríamos de um modelo diferente para cada uma das vistas possíveis. 21 Figura 5.16 A complexidade das cenas do mundo real Nosso reconhecimento dos objetos depende apenas de um subconjunto bem definido das feições que estão à vista. Assim, por exemplo, reconhecemos a camisa do homem, prestando atenção ao seu contorno. Não nos enganamos com as linhas que formam o padrão do tecido, ou com as bordas das sombras. Também não nos enganamos com a sombra das árvores no fundo. Em vez disso, somos capazes de nos aproximar exatamente daquelas feições que definem as formas que nos interessam Constância perceptiva: O que significa exatamente para um indivíduo encontrar a “organização” em uma figura? Existem diversas partes nessa situação, uma das quais seria a análise perceptiva. Suponhamos que uma pessoa olhe a natureza morta da figura 5.20. Para compreender a figura, o sistema perceptivo deve agrupar os elementos da cena de maneira adequada. O que vai com o quê? 22 Figura 5.20 Análise perceptiva. (A) natureza morta (B) um desenho identificando cinco segmentos diferentes da figura representada em (A). A parte B (metade da maça) deve se unir à parte E (a outra metade da maça), mesmo que separadas pela parte D (uma banana). A parte B não deve se unir com a parte A (um cacho de uvas), embora sejam adjacentes e aproximadamente da mesma cor. O pedaço da maça oculto da visão pela banana deve ser preenchido de algum modo, de modo que percebemos uma maça intacta, em vez de duas fatias de maça. Todo esse processo se chama análise – o processo de segregar a cena em seus componentes- e é o primeiro passo essencial para organizar o mundo que vemos. Que pistas nos orientam a analisar um padrão de estímulos de um modo ou de outro? A resposta envolve informações sobre as feições e também informações sobre o padrão de escala. Nosso sistema visual também parece organizar padrões de um modo que sugere uma preferência por contornos que continuam ao longo do seu curso natural. Esse principio da boa continuação prevalece mesmo quando contraria experiências anteriores. 23 Figura 5.25 Camuflagem Figura 5.25 Camuflagem. Os princípios da organização perceptiva desempenham um papel importante explicando porque a camuflagem é efetiva. A boa continuação e a similaridade ajudam o louva-deus (A) a parecer um graveto, e uma espécie de gafanhoto (B) parecer uma folha. Figura e fundo Outra parte crucial da análise visual é a separação do objeto do ambiente em que se encontra, de modo que o objeto seja visto como um todo coerente, separado de seu fundo. Essa separação entre a figura e o fundo nos permite reconhecer (como focais) as formas de uma maçã ou de uma banana na Figura 5.20 A, e também nos permite ignorar a sombra – janela no fundo. Figura 5.26 Figura e fundo. O primeiro passo para se ver a forma é segregá-la de seu fundo. A parte vista como figura parece ser a mais coesa e nitidamente delineada. A parte vista como fundo parece mais disforme e se estender atrás da figura. 24 Diferentes perspectivas sobre a percepção Como devemos refletir sobre os dados discutidos até aqui? Sabemos que a percepção da distância envolve diversas pistas. Da mesma forma, sabemos que a percepção de movimento é orientada por células especializadas que literalmente detectam movimento na retina, mas também que esse movimento deve ser interpretado, de modo que saibamos se a mudança na retina foi causada por uma mudança em nossa posição como observadores ou por movimento real dos objetos. Questões semelhantes se aplicam à percepção da forma. Sabemos que o reconhecimento de padrões começa com algum tipo de análise de feições, e sabemos que o processo termina com a nossa capacidade de reconhecer sapatos e navios, gatos e cafés, e um grandenúmero de outros objetos. Figura 5.28 Padrão reversível de figura-fundo. O exemplo clássico: essa figura pode ser vista como um par de rostos em silhueta ou como um vaso branco. A abordagem clássica à percepção; A abordagem do modelo de processo à percepção; A abordagem da neurociência à percepção. Devemos ter em mente que essas três abordagens não competem entre si de nenhum modo e, de fato, é fácil encontrar pesquisadores cujo trabalho envolva todas essas perceptivas combinadas. Portanto, de maneira clara, nenhuma deve ser considerada a ‘forma preferida’ de estudar a percepção. Pelo contrário, as três simplesmente são níveis diferentes de descrição das mesmas 25 coisas, e não existe dúvida de que cada nível tem oferecido ideias valiosas de como percebemos o mundo. 26 AULA 6:MEMÓRIA A memória é um tema de interesse central para os psicólogos. Sem a memória, não haveria recordação de acontecimentos passados e, assim, não seria possível refletir sobre nossas experiências ou contar as nossas vidas aos outros. Sem a memória não teríamos conhecimento. Bibliografia básica: FELDMAN, R. S. Introdução à Psicologia. 10ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2015, cap. 6. Os psicólogos consideram como memória o processo pelo qual codificamos, armazenamos e recuperamos informações. Segundo Myers, D.G (MYERS, D. Psicologia. Rio de Janeiro: LTC, 2012, cap. 8.). ‘Para um psicólogo, a memória é a aprendizagem que persiste através do tempo, informações que foram armazenadas e que podem ser recuperadas’.
Compartilhar