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SEMINÁRIOS DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS 2016 I Seminário de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Sul III Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais IV Seminário Casas de União 18, 18, 20 e 21 de outubro Porto Alegre/RS, Brasil 0 SEMINÁRIOS DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS 2016 I Seminário de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Sul III Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais IV Seminário Casas de União 18, 18, 20 e 21 de outubro Porto Alegre/RS, Brasil SEMINARIOS DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS 2016 ANAIS DO EVENTO SEMINÁRIOS DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS 2016 I Seminário de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Sul III Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais IV Seminário Casas de União 18, 18, 20 e 21 de outubro Porto Alegre/RS, Brasil Comissão Organizadora Seminários Estudos Estratégicos Prof. Dr. Paulo Gilberto Fagundes Visentini (Coordenador Acadêmico) Cel Cav Mário Giussepp Santezzi Bertotelli Andreuzza (Coordenador Institucional) Prof. Dr. José Miguel Quedi Martins Cel Cav Antônio Augusto Brisolla de Moura Cel Cav Ary Albuquerque Gusmão Filho Ten Cel Joel Ferreira Pedreira Ten Cel Elyne Carla Silva de Medeiros Cap Daniel Arrais Barroso Cap Viviane Machado Prim ST Charles Xavier Fuhro ST André Müller Gonçalves Sd Keoma Patrick Garcia Costa Gustavo Henrique Feddersen (Doutorando) Larlecianne Piccolli (Doutoranda) Rômulo Barizon Pitt (Doutorando) Bruna Toso de Alcantara (Mestranda) Bruno Magno (Mestrando) Guilherme Thudium (Mestrando) João Gabriel Burmann (Mestrando) Laís Andreis Trizotto (Mestranda) Luís Rodrigo Machado (Mestrando) Raul Cavedon Nunes (Mestrando) Beatriz Vieira Rauber (Graduação UFRGS) Débora Sulzbach de Andrade (Graduação UFRGS) Humberto Genehr Carvalho (Graduação UFRGS) João Otávio Cadore (Graduação UFRGS) Katiele Rezer Menger (Graduação UFRGS) Laura Castro Gonçalves (Graduação UFRGS) Luana Isabelle Beal (Graduação UFRGS) Luana Jardim Arsoteguy da Rosa (Graduação UFRGS) Luísa Acauan Lorentz (Graduação UFRGS) Magnus Kenji Hiraiwa (Graduação UFRGS) Marcela Fischer Friedman (Graduação UFRGS) Melissa Shen Lee (Graduação UFRGS) Rodrigo Boschetti (Graduação em RI – Uniritter) Sofia Oliveira Perusso (Graduação UFRGS) Valeska Ferrazza Monteiro (Graduação UFRGS) Yuri Pinheiro da Rosa (Graduação UFRGS) SEMINÁRIOS DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS 2016 I Seminário de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Sul III Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais IV Seminário Casas de União 18, 18, 20 e 21 de outubro Porto Alegre/RS, Brasil Coordenadores dos Grupos de Trabalho GT Economia Política Internacional: Prof. Dr. Luiz Augusto Estrella Faria GT Política Internacional: Prof. Dr. Fabiano Mielniczuk. GT Segurança Internacional: Prof. Dr. Érico Esteves Duarte Coordenadores do Fórum da Graduação Defesa e Segurança Internacional: Prof. Dr. Diego Pautasso Economia Política Internacional: Prof. Msc. Nádia Menezes Política Internacional: Prof. Dra. Nathaly Xavier Conselho Editorial Prof. Dr. Paulo Gilberto Fagundes Visentini Cel Cav Mário Giussepp Santezzi Bertotelli Andreuzza Prof. Dr. José Miguel Quedi Martins Cel Cav Antônio Augusto Brisolla de Moura Cel Cav Ary Albuquerque Gusmão Filho Prof. Dr. Luiz Augusto Estrella Faria Prof. Dr. Fabiano Mielniczuk Prof. Dr. Érico Esteves Duarte : Prof. Dr. Diego Pautasso Prof. Msc. Nádia Menezes Prof. Dra. Nathaly Xavier Comitê Editorial Bruna Toso de Alcântara Bruno Magno João Gabriel Burnmann Lais Helena Trizotto Rômulo Barizon Pitt Magnus Kenji Hiraiwa Contato: Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Faculdade de Ciências Econômicas Programa de Pós-Graduação em Estudos Estratégicos Internacionais Av. João Pessoa, 52 sala 33A - 3° andar - CEP 90040-000 - Centro - Porto Alegre/RS - Brasil Tel: +55 51 3308-3150 | Fax: +55 51 3308-3963 Email: eventosestudosestrategicos@gmail.com Porto Alegre v.1 n.1 p. 1 - 759 Jul.2017 Bianual ISSN 2527-0508 SEMINÁRIOS DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS 2016 I Seminário de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Sul III Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais IV Seminário Casas de União 18, 18, 20 e 21 de outubro Porto Alegre/RS, Brasil Porto Alegre v.1 n.1 p. 1 - 759 Jul.2017 Bianual ISSN 2527-0508 Sumário APRESENTAÇÃO .............................................................................11 ARTIGOS: FÓRUNS DE GRADUAÇÃO ..................................... 14 POLÍTICA INTERNACIONAL .............................................15 O BRASIL E A COOPERAÇÃO SUL-SUL: UM ESTUDO DAS RELAÇÕES BRASÍLIA-MAPUTO (2003-2014) .......................................................................... 16 Isabella Cruzichi OS CONDICIONAMENTOS EXTERNOS AO PROGRAMA NUCLEAR BRASILEIRO: DO TRATADO DE TLATELOLCO À ADESÃO AO TNP ....... 34 João Henrique Salles Jung O LUGAR DO REGIONALISMO NA POLÍTICA EXTERNA E DE SEGURANÇA DAS PRESIDÊNCIAS DE THEODORE ROOSEVELT, WOODROW WILSON E FRANKLIN DELANO ROOSEVELT ........................ 49 Sofia Oliveira Perusso DEFESA E SEGURANÇA INTERNACIONAL ...................64 O PAPEL DO SETOR NAVAL DE DEFESA NO DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO BRASILEIRO: ESTUDO COMPARADO ENTRE OS GOVERNOS LULA DA SILVA E DILMA ROUSSEFF (2003-2015) ................. 65 Elisa Felber Eichner, Gabriela Dorneles Ferreira da Costa, João Estevam dos Santos Filho, Patrícia Graeff Machry, Valeska Ferrazza Monteiro O DEBATE BRASILEIRO SOBRE TECNOLOGIA MILITAR: REVISÃO DA LITERATURA .......................................................................................................... 102 Gustavo Hack de Moura SEMINÁRIOS DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS 2016 I Seminário de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Sul III Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais IV Seminário Casas de União 18, 18, 20 e 21 de outubro Porto Alegre/RS, Brasil Porto Alegre v.1 n.1 p. 1 - 759 Jul.2017 Bianual ISSN 2527-0508 A INFLUÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS NA CONFIGURAÇÃO DO PERFIL DAS FORÇAS ARMADAS DA COLÔMBIA: ESTRUTURA ORGANIZACIONAL E SISTEMAS DE DEFESA .............................................. 120 João Estevam dos Santos Filho O PODER AÉREO E A GUERRA DE QUINTA GERAÇÃO ............................ 134 Débora Sulzbach de Andrade A DOUTRINA DA VANTAGEM MILITAR QUALITATIVA (VMQ) E AS RELAÇÕES ENTRE ISRAEL E OS EUA ............................................................ 147 Marcela Fischer Friedman A GOVERNANÇA CORPORATIVA, O PROJETO DO F-35 LIGHTNING II, E A DOUTRINA MILITAR DOS ESTADOS UNIDOS NO PÓS-GUERRA FRIA .................................................................................................................................... 163 Renato Saraiva, Humberto Carvalho ANÁLISE DAS VISÕES DOS THINK TANKS DOS ESTADOS UNIDOS QUANTO À ATUAÇÃO INTERNACIONAL DO BRASIL: PERSPECTIVAS SECURITÁRIAS ...................................................................................................... 176 Gabriela Freitas dos Santos SUL DA BACIA DO RIO ORINOCO NA FRONTEIRA VENEZUELA- BRASIL: UMA QUESTÃO DE SEGURANÇA AMBIENTAL .......................... 186 Letícia Fernanda deSouza Rodrigues, Nubia Souza ANÁLISE DA POLÍTICA EXTERNA E DE SEGURANÇA (PES) DA ALEMANHA: PERSPECTIVA HISTÓRICA E REFLEXÕES HODIERNAS ............................................................................................................ 212 SEMINÁRIOS DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS 2016 I Seminário de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Sul III Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais IV Seminário Casas de União 18, 18, 20 e 21 de outubro Porto Alegre/RS, Brasil Porto Alegre v.1 n.1 p. 1 - 759 Jul.2017 Bianual ISSN 2527-0508 Luana Isabelle Beal ARTIGOS: GRUPOS DE TRABALHO ...................................... 226 ECONOMA POLÍTICA INTERNACIONAL .................... 227 FATORES QUE CONTRIBUEM PARA O CRESCIMENTO E A INSERÇÃO INTERNACIONAL DA FIRMA: UMA ANÁLISE DOS CONTRAPONTOS (NEO)SCHUMPETERIANOS ................................................................................ 228 Daiane Londero, Bruna Rodrigues Cardoso RESERVAS CAMBIAIS E PODER: PERSPECTIVAS TEÓRICAS PARA PAÍSES EMERGENTES ......................................................................................... 248 Gustavo Feddersen, Marcelo Milan, José Miguel Martins, Eric Feddersen PODER, MOEDA E COMPETIÇÃO INTERNACIONAL: ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO DO ESTADO E O SURGIMENTO DAS MOEDAS ............................................................................. 264 Pedro Txai Leal Brancher O SENTIDO DA INSERÇÃO ECONÔMICA INTERNACIONAL DO BRASIL: UM DIÁLOGO COM O DESENVOLVIMENTISMO ........................................ 285 Ana Paula Ranzi TURBINA BRASILEIRA ESTACIONÁRIA AERODERIVADA - UM CASO DE INDEPENDÊNCIA ESTRATÉGICA E USO DUAL ........................................... 296 Anderson Matos Teixeira, César Ataídes Figueira Torres POLÍTICA INTERNACIONAL .......................................... 318 SEMINÁRIOS DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS 2016 I Seminário de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Sul III Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais IV Seminário Casas de União 18, 18, 20 e 21 de outubro Porto Alegre/RS, Brasil Porto Alegre v.1 n.1 p. 1 - 759 Jul.2017 Bianual ISSN 2527-0508 ENTRE O EXCEPCIONALISMO E O INTEGRACIONISMO: UMA POSSÍVEL EXPLICAÇÃO PARA AS ALTERAÇÕES DO PERFIL DA POLÍTICA EXTERNA E DE SEGURANÇA DA REPÚBLICA POPULAR DA CHINA ....................................................................................................................... 319 Athos Munhoz Moreira da Silva O PETRÓLEO NO GOLFO DA GUINÉ: ASPECTOS POLÍTICOS E SECURITÁRIOS ...................................................................................................... 339 Josiane Rocha Carvalho COOPERAÇÃO SUL-SUL COMO ESTRATÉGIA DA PERIFERIA MUNDIAL .................................................................................................................................... 356 Klei Medeiros A COOPERAÇÃO BRASILEIRA PARA OS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA NO CONTINENTE AFRICANO NA PRIMEIRA DÉCADA DO SÉCULO XXI ............................................................................................................ 379 Carla Márcia Pagliarini GEOPOLÍTICA E COOPERAÇÃO NO ATLÂNTICO SUL E NO OCEANO ÍNDICO: UMA ANÁLISE COMPARATIVA DAS INICIATIVAS E DESAFIOS .................................................................................................................................... 392 Erik Herejk Ribeiro , Anselmo Otavio MIGRAÇÃO MARÍTIMA COMO DESAFIO PARA A UNIÃO EUROPEIA: UMA ANÁLISE DAS INICIATIVAS NAVAIS NO MAR MEDITERRÂNEO (2013–2016) ............................................................................................................... 408 Guilherme Thudium SEMINÁRIOS DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS 2016 I Seminário de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Sul III Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais IV Seminário Casas de União 18, 18, 20 e 21 de outubro Porto Alegre/RS, Brasil Porto Alegre v.1 n.1 p. 1 - 759 Jul.2017 Bianual ISSN 2527-0508 A COOPERAÇÃO DA ÍNDIA COM A ÁFRICA EM SEGURANÇA MARÍTIMA .............................................................................................................. 427 Natália Barbosa Argiles Gonçalves DEFESA E SEGURANÇA INTERNACIONAL ................ 441 AS ARMAS NUCLEARES TÁTICAS NA DOUTRINA NUCLEAR PAQUISTANESA: UMA PROBLEMÁTICA NA ÁSIA MERIDIONAL .......... 442 Michelly Sandy Geraldo PODER CIBERNÉTICO: PERSPECTIVAS PARA O BRASIL ........................ 459 Bruna Toso de Alcântara O PAPEL DA POLÍTICA DE DEFESA NA ESTRATÉGIA DE POLÍTICA EXTERNA DO BRASIL: A IMPLEMENTAÇÃO DE UMA POLÍTICA DE ESTADO .................................................................................................................... 475 Márcio Azevedo Guimarães O MERCADO GLOBAL DA FORÇA ................................................................... 494 Prof. Dr. Marcos Reis A COOPERAÇÃO TÉNICA REGIONAL EM AMBIENTE DE GUERRA IRREGULAR COMPLEXA NA ÁREA DE ATUAÇÃO DA UNASUL ........... 514 Carlos Gustavo Morais de Mello, Daniel Arrais Barroso, Gilmar Souza Dantas Filho, Igor Deodoro Sousa Lisboa, Rogério Gutierrez de Melo O SISTEMA DE SIMULAÇĀO DE APOIO DE FOGO, DO CENTRO DE ADESTRAMENTO E AVALIAÇĀO-SUL, SANTA MARIA, RS, NO ADESTRAMENTO DOS PELOTÕES DE MORTEIRO PESADO ................... 528 Dartanhan do Nascimento Duarte SEMINÁRIOS DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS 2016 I Seminário de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Sul III Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais IV Seminário Casas de União 18, 18, 20 e 21 de outubro Porto Alegre/RS, Brasil Porto Alegre v.1 n.1 p. 1 - 759 Jul.2017 Bianual ISSN 2527-0508 O BRASIL E O SEU ENTORNO ESTRATÉGICO REGIONAL: POLÍTICAS DE DEFESA E DESENVOLVIMENTO (2008-2016) .......................................... 542 Dilceu Roberto Pivatto Junior ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA E MODELO DE DESENVOLVIMENTO NO BRASIL: UMA VISÃO A PARTIR DOS PARADIGMAS DA ADMINISTRAÇÃO .............................................................. 561 Francisco Coelho Cuogo, Raul Cavedon Nunes, Luana da Rosa, Helena Terres O PLANEJAMENTO DE DEFESA COMO UMA VARIÁVEL POLÍTICA E SUA INFLUÊNCIA NA INDÚSTRIA DE ARMAMENTOS .............................. 574 Giordano Bruno Antoniazzi Ronconi PEARL HARBOR E MIDWAY: ANÁLISE DOS EQUÍVOCOS ESTRATÉGICOS E OPERACIONAIS DO ALMIRANTE YAMAMOTO ISOROKU ................................................................................................................. 597 Bruno Magno O PAPEL DA GEOGRAFIA MILITAR NO PLANEJAMENTO E NA CONDUÇÃO DAS OPERAÇÕES MILITARES CONTEMPORÂNEAS ......... 617 José Nilton Silva Vargas, Nei Leiria do Nascimento, Piraju Borowski Mendes, Marcelo Lopes Fernandes PODER TERRESTRE E DISSUASÃO CONVENCIONAL NA CHINA: MOBILIZAÇÃO NACIONAL, DEFESA ÁREA E NEGAÇÃO DO USO DO MAR ........................................................................................................................... 637 Guilherme Henrique Simionato dos Santos SEMINÁRIOS DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS 2016 I Seminário de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Sul III Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais IV Seminário Casas de União 18, 18, 20 e 21 de outubro Porto Alegre/RS, Brasil Porto Alegre v.1 n.1 p. 1 - 759 Jul.2017 Bianual ISSN 2527-0508 O MODO ASIÁTICO DEFAZER A GUERRA: UMA PROPOSTA DE ABORDAGEM PARA A ANÁLISE DAS CONFLAGRAÇÕES E DA REVOLUÇÃO NACIONAL NO LESTE ASIÁTICO .......................................... 658 Rômulo Barizon Pitt, Bruno Magno, Gustavo Henrique Feddersen, Athos Munhoz Moreira da Silva, João Rodrigues Chiarelli O COMBATE MODERNO E A CAPACIDADE DA EXPRESSÃO MILITAR DO PODER NACIONAL NO CONTEXTO DA POLÍTICA DE DEFESA BRASILEIRA ........................................................................................................... 689 Emerson Luís de Araújo Pângaro O PAPEL DA GUERRA NA TRANFORMAÇÃO DE ORDENS SISTÊMICAS .................................................................................................................................... 705 Igor Castellano da Silva, Ana Luiza Vedovato, Arthur Lersch Mallmann, Cecília Maieron Pereira FORÇAS MILITARES MULTINACIONAIS DO SUL GLOBAL: INICIATIVAS, AVANÇOS E LIMITAÇÕES REGIONAIS .............................. 724 Matias Ferreyra Wachholtz A IMPORTÂNCIA DAS PARCERIAS CIENTÍFICO-TECNOLÓGICAS NA INOVAÇÃO DOS PRODUTOS DE DEFESA: CONSIDERAÇÕES A PARTIR DE EXEMPLOS NO MUNDO E NO BRASIL ..................................................... 735 George Alberto Garcia de Oliveira, Flavio c. M. F. Américo dos Reis SEMINÁRIOS DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS 2016 I Seminário de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Sul III Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais IV Seminário Casas de União 18, 18, 20 e 21 de outubro Porto Alegre/RS, Brasil 11 Porto Alegre v.1 n.1 p. 1 - 767 Jul.2017 Bianual ISSN 2527-0508 APRESENTAÇÃO O Núcleo de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Sul (NEE/CMS), o Programa de Pós-Graduação em Estudos Estratégicos Internacionais (PPGEEI) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e o Centro de Estudos Internacionais sobre Governo (CEGOV-UFRGS) teve a honra de realizar o III Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais (III SEBREEI), que contou com a realização simultânea do I Seminário de Estudos Estratégicos do CMS (I SEE/CMS) e do IV Seminário Casas de União (IV CdU). Os eventos ocorrerão na Faculdade de Ciências Econômicas (FCE/UFRGS) em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, entre 18 a 21 de outubro de 2016. Contaram com palestras de professores, pesquisadores e funcionários públicos brasileiros e estrangeiros especializados no tema: Defesa como Estratégia de Desenvolvimento e de Inserção Internacional do Brasil. O público alvo foi composto por militares, estudantes de graduação e pós-graduação, pesquisadores, gestores públicos com atuação internacional, e empresários vinculados ao assunto. O NEE/CMS foi ativado em 20 de outubro de 2015, sendo subordinado ao Centro de Estudos Estratégicos do Exército (CEEEx/7ª SCh-EME), por meio do canal técnico. Tem por missão contribuir para o desenvolvimento de uma mentalidade de defesa no Brasil. Promove a interação, na área do CMS, entre órgãos públicos e privados, Instituições de Ensino Superior (IES), institutos de pesquisa públicos e privados, associações, pesquisadores e ―think tanks‖ nacionais e estrangeiros voltados para a produção e difusão de conhecimentos de Defesa Nacional. Além disso, o NEE/CMS tem a atribuição de incentivar a criação de centros/núcleos de estudos estratégicos em sua área de influência, bem como articular os integrantes da rede de colaboradores, por intermédio da realização de seminários, encontros, convênios, produção de artigos, livros, com base, inicialmente, nas áreas temáticas de interesse do Exército. O PPGEEI surgiu como resultado natural do desenvolvimento da área de Relações Internacionais na UFRGS. É fruto do trabalho desenvolvido desde 1999 pelo Núcleo Brasileiro de Estratégia e Relações Internacionais (NERINT), que realiza pesquisas, SEMINÁRIOS DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS 2016 I Seminário de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Sul III Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais IV Seminário Casas de União 18, 18, 20 e 21 de outubro Porto Alegre/RS, Brasil 12 Porto Alegre v.1 n.1 p. 1 - 767 Jul.2017 Bianual ISSN 2527-0508 seminários e edição de duas coleções de livros e de dois periódicos, e da consolidação do Curso de Graduação em Relações Internacionais da FCE, criado em 2004. Além de possuir um corpo de Docentes-Pesquisadores especializado e com experiência internacional, o Programa conta com o apoio do Núcleo de Estudos em Tecnologia, Indústria e Trabalho (NETIT/FCE), do Centro de Estudos Internacionais de Governo (CEGOV) e do Centro de Estudos Brasil-África do Sul (CESUL). O PPGEEI promove eventos regulares na área, com a e já publica dois periódicos acadêmicos: as revistas ―Conjuntura Austral‖ e ―AUSTRAL Brazilian Journal of Strategy and International Relations‖. O CEGOV/UFRGS é um centro interdisciplinar vinculado à Reitoria, cujo objetivo é estudar a ação governamental no Brasil e no mundo. Nesse sentido, a missão do CEGOV é articular seus pesquisadores em áreas interdisciplinares prioritárias e realizar projetos de pesquisa aplicada. Desenvolve atividades de extensão e de ensino, e serve como espaço para coordenação e interlocução entre pesquisadores, grupos de pesquisa, cursos de graduação e programas de pós-graduação da UFRGS, voltados para as políticas públicas. Preza pela excelência acadêmica no desenvolvimento de seus projetos e pelo progresso da UFRGS como instituição de ensino de reconhecimento internacional. Além disso, desde sua criação tem procurado contribuir para a interação institucionalizada entre a comunidade acadêmica da UFRGS e instituições da Administração Pública Federal, Estadual e Municipal. O III SEBREEI consistiu em um evento para difundiu conhecimentos e buscar aprofundar o debate entre civis, acadêmicos e militares nas áreas de Segurança, Política e Economia Política Internacionais. Essa edição foi organizada a partir do eixo temático ―Defesa como Estratégia de Desenvolvimento e de Inserção Internacional do Brasil‖. Essa edição, por meio dos parceiros externos, Comando Militar do Sul (CMS) e Instituto Sul- Americano de Política e Estratégia (ISAPE), reuniu também as temáticas abordadas no I SEE/CMS e no IV CdU, respectivamente. Os três seminários foram unificados pelo eixo temático proposto, sendo as apresentações de trabalhos acadêmicos responsabilidade do SEBREEI. O evento se justificou acadêmica e socialmente. Em âmbito acadêmico, as áreas de Estudos Estratégicos e Relações Internacionais, recentes no Brasil, têm apresentado crescimento considerável nas últimas duas décadas, seja na graduação quanto na pós- graduação. São escassos, contudo, ambientes de interação e debates acadêmicos que possam SEMINÁRIOS DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS 2016 I Seminário de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Sul III Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais IV Seminário Casas de União 18, 18, 20 e 21 de outubro Porto Alegre/RS, Brasil 13 Porto Alegre v.1 n.1 p. 1 - 767 Jul.2017 Bianual ISSN 2527-0508 proporcionar o incremento do relacionamento entre professores, pesquisadores e militares, bem como a qualificação de pesquisas na área. Além disso, faz-se necessária a maior integração da região sul do país, local de posição geográfica privilegiada para a relação do Brasil com seus vizinhos do MERCOSUL, no circuito de eventos nacionais da área. Socialmente, devido ao crescente papel do Brasil nas relações internacionais e as decorrentes necessidades de se fomentar e divulgar a pesquisa e a produção de conhecimento na área, além de sereduzir a distância entre Estado, empresariado e academia - para que se promova o diálogo e o amparo a políticas públicas. Nessa perspectiva, a Comissão Organizadora do III SEBREEI apresenta nessa publicação o compilado de trabalhos apresentados no evento e agradece a todos os colaboradores e participantes desta edição. SEMINÁRIOS DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS 2016 I Seminário de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Sul III Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais IV Seminário Casas de União 18, 18, 20 e 21 de outubro Porto Alegre/RS, Brasil 14 Porto Alegre v.1 n.1 p. 1 - 767 Jul.2017 Bianual ISSN 2527-0508 FÓRUM DE GRADUAÇÃO SEMINÁRIOS DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS 2016 I Seminário de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Sul III Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais IV Seminário Casas de União 18, 18, 20 e 21 de outubro Porto Alegre/RS, Brasil 15 Porto Alegre v.1 n.1 p. 1 - 767 Jul.2017 Bianual ISSN 2527-0508 POLÍTICA INTERNACIONAL SEMINÁRIOS DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS 2016 I Seminário de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Sul III Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais IV Seminário Casas de União 18, 18, 20 e 21 de outubro Porto Alegre/RS, Brasil 16 Porto Alegre v.1 n.1 p. 1 - 767 Jul.2017 Bianual ISSN 2527-0508 O BRASIL E A COOPERAÇÃO SUL-SUL: UM ESTUDO DAS RELAÇÕES BRASÍLIA-MAPUTO (2003-2014) Isabella Cruzichi 1 RESUMO: O trabalho busca compreender de que forma se configuram as relações entre Brasil e Moçambique, no que tange às novas diretrizes de política externa implementadas pelos governos de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) e, de certo modo, continuadas e revisadas pelo governo de Dilma Vana Rousseff (2011-2014). Nesse sentido, é questionado se o intercâmbio promovido entre os dois países enquadra-se nos aspectos da cooperação sul-sul, e em qual medida esse conceito, sendo um elemento estrutural da política externa brasileira, está presente ao longo dos mandatos dos governantes aqui analisados. PALAVRAS-CHAVES: Cooperação Sul-Sul; Política externa brasileira; Governo Lula; Governo Rousseff; Relações Brasil-Moçambique. INTRODUÇÃO O trabalho analisa as relações entre Brasil e Moçambique durante os governos de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) e Dilma Vana Rousseff (2011-2014). Nesse sentido, questiona-se se o intercâmbio promovido entre os dois países se enquadra nos aspectos da política externa brasileira no que se referem à cooperação Sul-Sul. Para tanto, é proposta uma revisão teórica de conceitos chaves. Sendo o alvo da análise as relações entre entidades Estatais, é indispensável a definição de política externa e da cooperação na política internacional. Nesse aspecto, é fundamental abordar o conceito de Cooperação Sul-Sul (CSS), princípio que permeia, em maior ou menor intensidade, o contato do Brasil com os Estados do Sul, ao longo dos anos, além de ser entendida como componente estrutural da política externa brasileira no período de 2003 a 2014 (ABDENUR E RAMPINI, 2005). A fim de contextualizar o intercâmbio Brasil-África, onde se inserem as relações Brasil-Moçambique, pondera-se a respeito das diretrizes da política externa brasileira nos governos Lula e Rousseff, bem como suas políticas para a África, visando identificar pontos de continuidade, ruptura e aprofundamento. Por fim, são analisadas as iniciativas brasileiras de 2003 a 2014 para Moçambique, para verificar se tais ações sofrem alterações entre os dois governos e se configuram como um exemplo de CSS. 1 Graduanda do Curso de Relações Internacionais da Universidade Federal do Pampa; isabellacruzichi@gmail.com SEMINÁRIOS DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS 2016 I Seminário de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Sul III Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais IV Seminário Casas de União 18, 18, 20 e 21 de outubro Porto Alegre/RS, Brasil 17 Porto Alegre v.1 n.1 p. 1 - 767 Jul.2017 Bianual ISSN 2527-0508 1. CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS A política externa pode ser definida como uma série de atividades políticas, mediante as quais o Estado promove seus interesses perante os demais Estados (WILHELMY, 1988). Entende-se que as estruturas do sistema internacional, em relação à distribuição internacional de poder e às distintas conjunturas, representam fatores de pressão, ou constrangimento - os quais condicionam a definição da política externa brasileira. Há ainda um processo de reações aos fatores sistêmicos, porém, isso não significa que a política externa brasileira seja meramente reativa, ou simplesmente vinculada a aspectos econômicos (ALTEMANI, 2005). Assim, ―parte-se do pressuposto de que a política externa brasileira foi e é condicionada por uma iteração entre fatores internos e externos‖ (IDEM, p. 9). Em consonância com Waltz, no que diz respeito às teorias de política internacional serem necessariamente baseadas nos grandes poderes, Bambo (2014) critica as ineficiências das correntes liberal e realista em não proverem um marco explicativo sobre a cooperação Norte-Sul, ou Sul-Sul, sendo as interpretações sobre a cooperação, por eles referida, baseada nos países desenvolvidos. Para suprir a lacuna deixada pelas vertentes realistas e liberais, no que tange à cooperação, a teoria da dependência, desenvolvida entre os anos de 1960 e 1970, correspondeu como réplica a algumas teorias ocidentais, essencialmente às de desenvolvimento internacional harmônico e criou as bases para a cooperação entre os países do terceiro mundo. Nesse sentido, Bambo (IDEM) baseado nas ideias de Amin (1990), reitera que um dos meios para superar o subdesenvolvimento é fomentar as trocas econômicas, tecnológicas, técnicas, nomeadas como collective self-reliance, as quais contribuiriam para que os países do Sul se desvencilhassem das relações assimétricas, garantindo autonomia ao seu desenvolvimento e ampliando seu poder de barganha nas relações com os países do Norte. Assim, a cooperação Sul-Sul (CSS) de forma ampla, pode ser definida como uma modalidade de cooperação internacional para o desenvolvimento que ocorre entre países do Sul, abarcando várias esferas temáticas, como política e comercial humanitária (BAMBO, 2014). É importante frisar que a CSS não deve ser vista como antagônica ao eixo Norte-Sul, mas, sim, como um instrumento complementar; pode-se entender aquela como sinônimo de SEMINÁRIOS DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS 2016 I Seminário de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Sul III Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais IV Seminário Casas de União 18, 18, 20 e 21 de outubro Porto Alegre/RS, Brasil 18 Porto Alegre v.1 n.1 p. 1 - 767 Jul.2017 Bianual ISSN 2527-0508 cooperação horizontal, ou seja, uma cooperação para o desenvolvimento com benefício mútuo entre parceiros, desse modo, afasta-se do estereótipo de que a CSS é altruísta, ou guiada apenas pelos princípios de solidariedade (CABRAL, 2011). As origens da Cooperação Brasileira para o Desenvolvimento coincidem com as origens da CSS, estando atrelada aos movimentos de independência da África e da Ásia, e de países não-alinhados no contexto da Guerra Fria (AVELHAN, 2013). Dessa forma, mesmo que possam ser percebidos alguns indícios na década de 1950, apenas ao fimdo Regime Militar (1985), segundo Cintra (2010), que a cooperação brasileira alcançou gradualmente consistência e visibilidade, atingindo seu máximo durante a primeira década do século XXI, guiada por princípios de relações equitativas e baseadas na justiça social, compondo um importante instrumento de política externa. 2. POLÍTICA EXTERNA PARA ÁFRICA DOS GOVERNOS LULA E DILMA (2003- 2014) A terceira onda 2 de aproximação entre Brasil e África - que tem como marco o início do primeiro governo Lula - é articulada pelo Estado por meio de discursos de solidariedade que frisam os vínculos culturais e históricos dos dois lados do Oceano Atlântico, com especial atenção para os países africanos lusófonos (AVELHAN, 2013). De acordo com Bambo (2014), é nesse período que o continente africano conquistasse uma nova perspectiva na política externa brasileira. Assim, essa não pode ser considerada uma reedição do passado, uma vez que vai além do assistencialismo internacional, propondo-se a fazer parte do esforço de reconstrução da logística e das bases para o desenvolvimento da África. A política externa executada pelo Presidente Lula e por seu Chanceler Celso Luiz Nunes Amorim deu ao Estado brasileiro proeminente projeção internacional por meio de uma leitura assertiva, de corte nacionalista e autonomista do sistema internacional, e da percepção de que a desigualdade advinda da globalização assimétrica em razão da clivagem Norte-Sul 2 Segundo Avelhan (2013), pode-se considerar ao longo da história três "ondas de interesse pela África" na política externa brasileira. A primeira abarca os tempos coloniais do tráfico transatlântico de pessoas; a segunda remete ao reconhecimento pelo Estado brasileiro do MPLA (Movimento Popular de Libertação da Angola) em 1975; e a terceira é inaugurada com o presidente Lula em seu primeiro governo e abarca o tempo presente. SEMINÁRIOS DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS 2016 I Seminário de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Sul III Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais IV Seminário Casas de União 18, 18, 20 e 21 de outubro Porto Alegre/RS, Brasil 19 Porto Alegre v.1 n.1 p. 1 - 767 Jul.2017 Bianual ISSN 2527-0508 era desfavorável às pretensões brasileiras de estabelecimento da condição de potência (MAPA, 2011). Assim, a cooperação para o desenvolvimento torna-se elemento mor da ação externa brasileira, fazendo-se presente também no conceito de defesa e segurança internacional da diplomacia de Lula, um exemplo importante dessa óptica é vivível nas relações Brasil-África, onde a matéria de segurança se dá no âmbito da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (ZOPACAS), cujo processo de revitalização ocorreu no sentido de fortalecer os esforços de cooperação, passando pelas áreas de cooperação econômica, operações de manutenção de paz, temas marítimos, ambientais e combate a ilícitos transnacionais. A política externa empregada durante a gestão do presidente Lula não pode ser interpretada como a criação de uma frente anti-hegemônica ou anti-OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), uma vez que a CSS proposta é pragmática e focada em pontos em comum (VIZENTINI, 2008). Essa foi assinalada pela renovação das ações do país, baseadas em uma ordem internacional multipolar, que encorajaria as alianças de caráter Sul-sul, contestando a hegemonia dos atores centrais (MORAES, 2015). Outro pondo crucial na política externa do governo Lula é a diplomacia presidencial, definida como a ―condução pessoal de assuntos de política externa, fora da mera rotina ou das atribuições ex-officio, pelo presidente, ou, no caso de um regime parlamentarista, pelo chefe de estado e/ou pelo chefe de governo‖ (DANESE, 1999, p. 51). Deve-se assinalar o movimento de revalorização do Itamaraty no processo decisório da política externa, o mérito da nomeação do embaixador Celso Amorim para o Ministério das Relações Exteriores (MRE), uma vez que, isso configurou a convergência de uma corrente autonomista e nacionalista, presente no Itamaraty, com a visão progressista social-democrata do Partido dos Trabalhadores (PT). Nesse contexto, a África se tornou o mais importante laboratório da cooperação Sul- Sul proposta pela política externa brasileira (VIZENTINI e PEREIRA, s/ano). Assim, é notório o aumento das viagens oficiais ao longo dos dois governos Lula 3 . Verifica-se a 3 Um total de 267, sendo 28 para o continente Africano, onde realizou 39 visitas oficiais durante todo o governo, alcançando no primeiro mandato 17 países; por outro lado, no mesmo período o Brasil recebeu 47 visitas, entre reis, presidentes e primeiros-ministros, vindos de 27 Estados africanos (BAMBO, 2014). SEMINÁRIOS DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS 2016 I Seminário de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Sul III Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais IV Seminário Casas de União 18, 18, 20 e 21 de outubro Porto Alegre/RS, Brasil 20 Porto Alegre v.1 n.1 p. 1 - 767 Jul.2017 Bianual ISSN 2527-0508 ampliação do raio de ação diplomática brasileira na África, sendo os roteiros das viagens presidenciais um nítido exemplo das pretensões de ampliação da presença do Brasil no continente, que não se limitou a uma sub-região ou a um organismo multilateral, ao mesmo tempo que não se desconsiderou as parcerias tradicionais - foi proposto o estreitamento das relações do Estado brasileiro com organismos regionais como a União Africana (UA) a Nova Parceria para o Desenvolvimento da África (NEPAD), a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), a União Aduaneira da África Austral (SACU) e a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), de modo a dispor das oportunidades políticas e econômicas no âmbito da cooperação sul-sul (RIBEIRO, 2009). Essas viagens também objetivavam estabelecer/consolidar relações bilaterais, como a abertura e ampliação de novos acordos e mercados, além de compor uma agenda de interesses políticos estratégicos de longo prazo, que ainda consideravam os aspectos econômicos e financeiros imediatos (VARGEM, 2008), bem como evidenciavam um comprometimento entre o governo e o continente africano, sem precedentes históricos 4 . De acordo com o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas, o governo brasileiro perdoou mais de US$1bilhão em dívidas da África (destaque para a Nigéria, com abatimento de 67% da dívida que somava US$162 milhões), tendo em vista o fomento de uma parceria mundial para o desenvolvimento, em conformidade com os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (VARGEM, 2008), além de representar um significativo ganho de capital diplomático, condizente com o posto almejado pelo Brasil no sistema internacional. Uma das primeiras iniciativas práticas que comprovaram o discurso do Presidente e de seu Chanceler foi a reestruturação interna do Itamaraty em relação às Divisões de África. O governo separou o então Departamento da África e do Oriente Médio em um departamento exclusivo sobre o continente africano, e além das divisões I e II inaugurou a Divisão de África-III (VARGEM, 2008) com o mesmo intuito, foi criado o Grupo África sob coordenação da Casa Civil, com o objetivo de coordenar as ações do governo no continente (SCHESINGER, 2013). 4 Entre 2003 e 2013, o MRE abriu 19 novas embaixadas em território africano, proporcionando a presença brasileira na África em 37 países (AVELHAN, 2013). Em contrapartida, o número de embaixadas de países africanosno Brasil passou de 16 para 33 no mesmo período (IDEM, 2013). SEMINÁRIOS DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS 2016 I Seminário de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Sul III Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais IV Seminário Casas de União 18, 18, 20 e 21 de outubro Porto Alegre/RS, Brasil 21 Porto Alegre v.1 n.1 p. 1 - 767 Jul.2017 Bianual ISSN 2527-0508 O governo Lula converteu o Estado Nacional em agente logístico, incentivando ações de fomento das relações com os países africanos via a ampliação dos laços cooperativos em múltiplas dimensões (MAPA, 2011), por meio de parcerias com agentes públicos (Banco Nacional para o Desenvolvimento Social - BNDES), entidades (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa - Fundação Oswaldo Cruz - Fiocruz) e empresas (Odebrecht, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, Petrobrás, e Vale). A cooperação é canalizada a partir de contribuições a instituições multilaterais e pelo meio de acordos trilaterais, bilaterais e regionais, abrangendo de modo especial as áreas técnica, financeira e humanitária (SCHESINGER, 2013). Observa-se a ligação entre os investimentos nos setores de energia, infraestrutura e transporte nos quais empresas brasileiras realizam obras, em Angola, Gana, Guiné, Camarões e Guiné Equatorial (MAPA, 2011). Nesse sentido, essas empresas consolidam sua presença em território africano, uma vez que, diferentemente das parcerias proposta por países como a China, Índia e até mesmo os EUA, a cooperação brasileira, além de contribuir com obras de infra-estrutura, segurança e dos interesses materiais inegáveis, também traz novos elementos como, o combate à pobreza, às epidemias (em especial do HIV-AIDS), à introdução de tecnologias adaptadas ao contexto do Terceiro Mundo, bem como alianças em fóruns multilaterais em defesa de interesses comuns (VIZENTINI e PEREIRA, s/ano). No que diz respeito à política externa do primeiro mandato do governo de Dilma Vana Rousseff (2011-2014), a questão da manutenção das diretrizes criadas no governo Lula é predominantemente consensual entre os autores, porém, a partir das análises, verifica-se que a continuidade enfatizada nos discursos não é tão plena em relação às ações. De acordo com Moraes (2015), tal continuidade deriva principalmente do fato dos dois governantes pertencerem ao Partido dos Trabalhadores (PT), que possui uma agenda definida de política externa e interpretação do sistema internacional; entretanto, a grande diferença se faz no tom com que são buscados esses objetivos, ou seja, como verifica Cornetet (2014), há uma visível contenção do ativismo da ação externa brasileira, gerada também pelas limitações do nível internacional. Assim, pode-se compreender que a impressão de falta de dinamismo se dá em virtude do governo Lula ser uma presidência muito atípica à tradição brasileira em termos de política SEMINÁRIOS DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS 2016 I Seminário de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Sul III Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais IV Seminário Casas de União 18, 18, 20 e 21 de outubro Porto Alegre/RS, Brasil 22 Porto Alegre v.1 n.1 p. 1 - 767 Jul.2017 Bianual ISSN 2527-0508 externa correspondendo a um ―ponto fora da curva‖, sendo os números do governo Rousseff maiores que do governo FHC – reconhecido pela opinião pública por suas inúmeras viagens (BELÉM LOPES, 2014). Entretanto, sob uma perspectiva mais crítica como a de Cervo e Bueno (2014, p.561) - que identificam o período como um momento de declínio da política externa brasileira -, nota-se que ―as estratégias de ação externa de Lula e Rousseff tanto convergem na forma quanto diferenciam-se pelo estilo e pelos resultados‖. Em síntese, segundo Cornetet (2014, p. 121) ―as iniciativas do Brasil são, hodiernamente, ora mais ―reativas‖ do que ―ativas", ora mais focadas no âmbito das ideias do que da ação prática‖. De acordo com Celso Amorim (AGÊNCIA BRASIL, 2016), ―a política externa do presidente Lula ia ser ativa e altiva. Em matéria de altivez, a política da presidenta Dilma seguiu o mesmo padrão‖, contudo, ela concedeu menor ênfase aos temas exteriores do que o governo Lula. Amorim atribui essa postura a uma questão ―de temperamento, de vocação, talvez ela já estivesse preocupada com a crise econômica que se anunciava. E isso acabou se refletindo em problemas estruturais no Ministério de Relações Exteriores, [...]. Mas, ela não mudou a orientação‖ (IDEM, 2016). O governo Dilma teve dois Chanceleres: Antonio de Aguiar Patriota (2011-2013) e Luiz Alberto Figueiredo Machado (2013-2014), que por sua vez adotaram posturas similares, mantendo diretrizes como a CSS e o multilateralismo, tendo também revisado outras como a que concerne os Direitos Humanos - criticada por alguns como seletiva (MORAES, 2015) -, ainda pode ser considerada como aspecto de renovação e correção em relação ao governo anterior. Verifica-se na gestão Rousseff a abertura de 8 embaixadas e um total de 60 viagens, sendo apenas 4 para a África (7 visitas oficiais). Segundo Amorim (OP. CIT., 2016), a necessidade de recomposição do orçamento para o MRE foi um ponto crítico. Embora nenhuma das embaixadas tenha sido fechada, poderiam ter recebido maior lotação, principalmente na África, onde em muitos lugares há apenas uma pessoa. Outro parâmetro usado para avaliar a inserção internacional de um Estado é a contabilização de nacionais na direção de grandes agências intergovernamentais, nesse ponto, o governo Rousseff venceu duas candidaturas, uma na Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), com José Graziano, e outra na Organização Mundial do Comércio (OMC) com SEMINÁRIOS DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS 2016 I Seminário de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Sul III Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais IV Seminário Casas de União 18, 18, 20 e 21 de outubro Porto Alegre/RS, Brasil 23 Porto Alegre v.1 n.1 p. 1 - 767 Jul.2017 Bianual ISSN 2527-0508 Roberto Azevedo, feito que a diplomacia de Lula não atingiu nos oito anos de mandato (BELÉM LOPES, 2014). Embora a diplomacia proposta pelo governo Dilma não tenha o tom de ser presidencial, a política externa permaneceu dando ênfase às relações com os países da África, entretanto verifica-se o esgotamento de ideias-força e a ausência de inovação (CERVO e BUENO, 2014). Em 2011, o chanceler Patriota participou de encontros bilaterais (Guiné-Bissau, África do Sul, Namíbia e República da Guiné), da XVI Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em Luanda e até mesmo o ex- presidente Lula, designado pela Presidente Dilma, como representante oficial do Brasil, participou da 17ª Cúpula da União Africana (UA) que ocorreu na Guiné Equatorial (2011).Já em seu primeiro ano de governo, Rousseff realizou visitas oficiais ao continente (África do Sul, onde além de se reunir com o presidente sul-africano, participou da reunião do IBAS, indo também para Moçambique e Angola, no intuito de tratar de relações bilaterais, demonstrando indícios de manutenção da política africana anterior). É possível considerar que houve uma adequação, ou seja, uma mudança de ênfase na ação externa, mas sem haver a modificação de seus objetivos, configurando esse ajuste como uma contenção. Apolítica externa brasileira manteve sua busca por autonomia, como forma de salvaguardar o desenvolvimento e a consolidação do Estado como um dos polos de um sistema internacional, crescentemente multipolar, por meio da autonomia pela diversificação (CORNETET,2014). 3. RELAÇÕES BRASIL-MOÇAMBIQUE (2003-2014) Moçambique é um país da região da África Austral, localizado na costa oriental do continente, banhado pelo Oceano Índico, fazendo fronteira com a os Estados da África do Sul, Malauí, Tanzânia, Suazilândia, Zimbábue e Zâmbia. Em virtude da sua posição regional estratégica, e por ser um dos grandes PALOP 5 , junto com Angola, é uma peça chave na 5 PALOP é o acrônimo de Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, os quais são divididos entre os Grandes PALOP, Angola e Moçambique; e os Pequenos PALOP, Cabo Verde, Guiné-Bissau, e São Tomé e Príncipe. Esses Estados se assemelham em relação ―às suas condições histórico-culturais condicionadas pela presença portuguesa em seus territórios, tendo o comércio como eixo dessa, aliado à escravização de africanos e SEMINÁRIOS DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS 2016 I Seminário de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Sul III Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais IV Seminário Casas de União 18, 18, 20 e 21 de outubro Porto Alegre/RS, Brasil 24 Porto Alegre v.1 n.1 p. 1 - 767 Jul.2017 Bianual ISSN 2527-0508 inserção do Brasil na África. Até o ano de 1975, foi colônia portuguesa, quando conquistou sua independência. Atualmente, conta com uma população de aproximadamente 25 milhões de pessoas, em um território de 799.380 km 2 dividido em 10 províncias, sendo a cidade de Maputo a capital (CIA, 2016). A política externa de Moçambique está diretamente ligada à ideia de parcerias que promovam desenvolvimento nacional, nos mais diversos setores como: o agrícola, o estrutural, o energético e de mineração (MINEC, 2016). Em vista disso, as relações exteriores moçambicanas têm um teor predominantemente de cooperação com outros povos, governos e organismos internacionais (IDEM, 2016). É importante perceber o papel proativo da diplomacia em promover a imagem de uma nação democrática e estável, com o fim de gerar interesse e confiança para alcançar novas parcerias (IBIDEM, 2016). As relações entre Moçambique e Brasil remontam a 1975, quando o Brasil reconheceu a independência do Estado moçambicano no mesmo dia de sua proclamação. No entanto, o governo Geisel não conseguiu instalar uma representação especial em Lourenço Marques, visto que, em dezembro de 1974 e janeiro de 1975, a FRELIMO rejeitou esta proposta devido à cumplicidade de governos anteriores com o colonialismo português6. Nos anos seguintes há a assinatura dos primeiros acordos firmados entre os dois países o Acordo Básico de Cooperação Técnica e Científica (1978) e do Acordo Geral de Cooperação (1981). A partir do fim da Guerra Fria em 1991, observa-se a melhora significativa do contexto político-econômico para as relações bilaterais, uma vez que o Brasil se redemocratizou, além de alcançar também sua estabilidade macroeconômica e Moçambique, ao encerrara guerra civil (1977-1992), transitando para uma economia de mercado - que era altamente dependente das assistências do Norte -, buscou diversificar suas parcerias no exterior, também com os provedores da CSS. como seu principal destino o Brasil. A produção agroexportadora, baseada em monoculturas (açúcar, cacau e café, especialmente) atrelada à cristalização de uma classe burocrata (que se tornou elite no pós-independência), além da configuração de uma massa de desempregados e subempregados, em condições sociais preocupantes demarcaram as estruturas econômicas, políticas e sociais desses Estados pós-coloniais‖ (RIZZI, p. 11, 2012). 6 O partido moçambicano nem sequer convidou o governo do Brasil para a ocasião da comemoração da independência, em 25 de junho de 1975. Nesse dia, os únicos convidados brasileiros foram dois oponentes ao regime militar no exílio: Luís Carlos Prestes (PCB) e Miguel Arraes (PST). SEMINÁRIOS DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS 2016 I Seminário de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Sul III Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais IV Seminário Casas de União 18, 18, 20 e 21 de outubro Porto Alegre/RS, Brasil 25 Porto Alegre v.1 n.1 p. 1 - 767 Jul.2017 Bianual ISSN 2527-0508 Entretanto, apenas a partir do ano de 2003se torna visível uma efetiva aproximação entre os países, notada tanto no aumento das visitas oficiais, quanto nos acordos firmados, norteados pelas diretrizes da cooperação técnica para o desenvolvimento e da CSS (entre os projetos de cooperação com Moçambique estão os maiores já realizados pelo Brasil). Ao longo de sua presidência, Lula esteve em Moçambique três vezes (2003, 2008 e 2010)e Dilma realizou apenas uma visita em 2011.Os presidentes moçambicanos Joaquim Chissano (1986-2005) e Armando Guebuza (2005-2015),também estiveram no Brasil nos anos de 2001, 2002, 2004, 2007 e 2009, sendo que em 2004 durante a visita os dois países assinaram o Contrato de Reestruturação de Dívida, sobre o perdão de 95% da dívida pública de Moçambique com o Brasil, que havia sido anunciado pelo governo brasileiro no ano de 2000 (BRASIL, 2004). Sob o amparo do Acordo Geral de 1981, o Estado moçambicano é, na África, o possuidor do maior número de projetos de cooperação (AVELHAN, 2013). De acordo com a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), ao final de 2011 7 , o programa bilateral de cooperação técnica Brasil-Moçambique era formado por 21 projetos em execução e nove em processo de negociação, totalizando US$22.157,013.00 em recursos financeiros (ABC, 2016). A esfera agrícola em Moçambique é um dos elementos fundamentais da economia, pois mais da metade da população vive na área rural e o setor agrícola é um dos principais empregadores (predominantemente de agricultura familiar), além de representar uma parcela significativa do PIB (CIA, 2016). Daí a importância da cooperação na área agrícola e de segurança alimentar entre Brasil e Moçambique, com destaque para o papel da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Em 2006, na cidade de Acra (Gana) foi criado o Projeto de cooperação Técnica para África (Embrapa África), abarcando quatro grandes projetos: Projeto Embrapa Gana, o Projeto Embrapa Mali/C4, o Programa Embrapa Senegal e o Programa Embrapa-Moçambique. A visão da EMBRAPA é que a cooperação prestada pelo Brasil não se propõe ao assistencialismo, pois só acontece após a avaliação da 7 Último dado disponibilizado pela Agencia Brasileira de Cooperação. SEMINÁRIOS DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS 2016 I Seminário de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Sul III Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais IV Seminário Casas de União 18, 18, 20 e 21 de outubro Porto Alegre/RS, Brasil 26 Porto Alegre v.1 n.1 p. 1 - 767 Jul.2017 Bianual ISSN 2527-0508 capacidade do parceiro de administrar o produto e as técnicas recebidas, além de ceder aos receptores a posse do produto recebido‖ (EMBRAPA, 2009, p. 27)8. O Programa Embrapa-Moçambique está dividido em três projetos: Plataforma, ProAlimentos e ProSavana. O primeiro, Plataforma de Investigação Agrária e Inovação Tecnológica (Plataforma), ocorreu de 2010a 2014 e visou fortalecer o Sistema de Investigação Agropecuária de Moçambique tecnológica e institucionalmente, criando bases para o desenvolvimento sustentável do setor agrícola moçambicano, envolve uma cooperação trienal entre Brasil, EUA e Moçambique (EMBRAPA, 2011).O segundo, Projeto de Apoio Técnico aos Programasde Nutrição e Segurança Alimentar de Moçambique (ProAlimentos) consiste em um projeto de segurança alimentar por meio de implantação de novas tecnologias de cultivo, para promover a oferta de alimentos e, consequentemente, enriquecer a dieta das famílias, assinado em 2012, é o resultado da cooperação técnica entre Brasil, Moçambique e EUA, tendo como executor a Embrapa, a Universidade da Flórida, a Universidade Estadual de Michigan e o Ministério da Agricultura de Moçambique(EMBRAPA, 2011). Entende-se, que da mesma forma que o Plataforma ―o ProAlimentos é um projeto que se aproxima do tipo ideal da cooperação internacional para o desenvolvimento, consistentemente com o discurso oficial [...]. É relevante o fato de que as produções a serem desenvolvidas destinam-se ao consumo local, visto que Moçambique possui índices preocupantes de desnutrição‖ (AVELHAN, 2013, p.49). E o terceiro, Programa de Desenvolvimento da Agricultura das Savanas Tropicais no Corredor de Nacala em Moçambique (ProSavana) ―[...] é, talvez, a mais ambiciosa iniciativa e a de maior nível na história recente da cooperação para o desenvolvimento do Brasil com a África 9‖ (CHICHAVA et al., 2013, p. 3, tradução nossa.). Assinado em 2009 e lançado em 2011, representa a cooperação triangular entre Brasil (Embrapa e ABC) Moçambique e Japão (Agência de Cooperação Internacional do Japão), o ProSavana propõe desenvolver a agricultura no corredor de Nacala, transferindo a tecnologia e as experiência de manejo 8 Para Moçambique, existem ainda os sub-projetos: ―Sementes Tradicionais‖, ―Programa Mais Alimentos‖, ―Programa de Aquisição de Alimentos‖ (com o apoio da FAO e da World Food Programme), ―Mercado África- Brasil de Inovação Agrícola‖. 9 ProSavana is perhaps the most ambitious and high profile initiative in the recent history of Brazil‘s international cooperation for development in Africa. (Chichava et al., 2013, p. 3) SEMINÁRIOS DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS 2016 I Seminário de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Sul III Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais IV Seminário Casas de União 18, 18, 20 e 21 de outubro Porto Alegre/RS, Brasil 27 Porto Alegre v.1 n.1 p. 1 - 767 Jul.2017 Bianual ISSN 2527-0508 obtidos pela Embrapa, ao desenvolver o cerrado brasileiro (IDEM, 2013). De modo geral, visa tornar a região de savana, na província de Matola, uma área de monocultura voltada à exportação de commodities. Contudo, a iniciativa é alvo de críticas, pois a execução do projeto acarreta o deslocamento de populações locais. Nesse sentido, verifica-se que grande parte da região será tomada por projetos agrícolas que visam a exportação e outra parte abarcara uma pequena parcela do campesinato à cadeia empresarial (MELO, 2015). Assim, as organizações que representam os agricultores do norte moçambicano temem que o modelo proposto resulte no aumento da insegurança alimentar no país, além de recear que ocorram em as mesmas situações críticas verificadas no Brasil como conflitos entre a agricultura familiar com o modelo de agricultura latifundiário, monocultura extensiva de commodities visando a exportação e uso intenso de agrotóxicos. No setor da saúde, também existem projetos de cooperação bilateral significativos, que objetivam o fortalecimento das capacidades locais, muitas com o intuito de ampliar as instituições governamentais, como a Sociedade Moçambicana de Medicamentos (SMM), uma fábrica de medicamentos antirretrovirais usados no tratamento do HIV/Sida, em Matola. A fábrica, prometida em 2003, durante uma visita do presidente Lula a Maputo, visava à transferência de tecnologias e conhecimento na fabricação, embalagem armazenamento, controle de qualidade e distribuição de medicamentos (ABDENUR E RAMPINI, 2015). Parceria entre o Ministério da Saúde, a Fundação Oswaldo Cruz 10 (Fiocruz) e a ABC, o financiamento de 80% das obras de infraestrutura provem da empresa Vale e o apoio do governo brasileiro é orçado em cerca de US$ 23milhões, abarcando também a elaboração do plano de negócio e o fornecimento de diretrizes de sustentabilidade da organização (FIOCRUZ, 2012). A SMM 11 foi inaugurada formalmente em 2012, no final da cúpula de 10 A declaração do presidente da Fiocruz Paulo Gadelha consonante com as diretrizes de ação externa do Brasil, reforça a questão da cooperação horizontal, que também se difere do mero assistencialismo: ―[...] por meio de uma cooperação horizontal, [...] vamos ajudar o país a construir um aparato regulatório na área de saúde - que a Anvisa ajudará a configurar. Esse processo significará que teremos uma fábrica não somente qualificada para Moçambique, mas também com a perspectiva de ser certificada internacionalmente pela Organização Mundial da Saúde e fornecer medicamentos para toda a África subsaariana” (FIOCRUZ, 2012, s/p, grifo nosso). 11 A SMM deve beneficiar cerca de 2,7 milhões de pessoas que vivem com HIV/Aids naquele país - estima-se que a fábrica produza aproximadamente 371 milhões de unidades farmacêuticas por ano (FIOCRUZ, 2012). SEMINÁRIOS DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS 2016 I Seminário de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Sul III Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais IV Seminário Casas de União 18, 18, 20 e 21 de outubro Porto Alegre/RS, Brasil 28 Porto Alegre v.1 n.1 p. 1 - 767 Jul.2017 Bianual ISSN 2527-0508 Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), sendo a primeira instituição pública no setor farmacêutico do continente africano (FIOCRUZ, 2012). No ano de 2005, as Forças Armadas Brasileiras passaram a ter representação na Embaixada de Maputo, reforçando a crescente importância de Moçambique como parceiro militar. Além do treinamento de oficiais e suboficiais moçambicanos em academias militares brasileiras, em 2014, o Brasil passou a contribuir para a estrutura naval de Moçambique, como também demonstrou interesse em fornecer equipamentos de defesa, com a doação de aeronaves de treinamento e o estabelecimento de uma cooperação militar bilateral (ABDENUR E RAMPINI, 2015). Há ainda um acordo no domínio da defesa entre os dois Estados de 2009, visando a cooperação nas áreas de pesquisa e desenvolvimento, apoio logístico e aquisição de produtos e serviços de defesa, bem como a promoção de ações conjuntas de treinamento e instrução militar, exercícios militares combinados, além da correspondente troca de informação. Na área da educação, os programas de alfabetização representaram entre 2001 e 2004 um impulso importante para a cooperação bilateral (com aumento da concessão de bolsas de estudo, totalizando 400 no ano de 2007). No ensino superior, a cooperação representava, em 2010, US$1,85 milhão; entretanto, no governo Rousseff, verificou-se uma concentração na modalidade de educação à distância e no ensino técnico agrícola 12 (MILANI et al, 2016). Há ainda, o Programa de Pós-Graduação CNPq/MCT-Mz que visa incentivar a participação de estudantes moçambicanos em cursos de pós-graduação no Brasil, por meio da concessão de bolsas para desenvolvimento de projetos de pesquisa em áreas relevantes e de interesse do Governo de Moçambique (CNPQ). O empresariado brasileiro, no contexto do Estado logístico, é um ator indispensável para a estruturação e promoção do Brasil no contexto internacional. Assim, esse se faz fortemente presente em Moçambique, com incentivos do governo moçambicano, como isenções de impostos e reduções de taxas, corroboraram para o aumento significativo dos investimentos brasileiros, dentre os principaisestão a Odebrecht, a Siemens, a Marcopolo, a Petrobras e a Vale (ABDENUR E RAMPINI, 2015). 12 Como exemplo, o ―Curso de algodão – Treinamento e transferência de tecnologia‖ (MILANI et al, 2016). SEMINÁRIOS DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS 2016 I Seminário de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Sul III Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais IV Seminário Casas de União 18, 18, 20 e 21 de outubro Porto Alegre/RS, Brasil 29 Porto Alegre v.1 n.1 p. 1 - 767 Jul.2017 Bianual ISSN 2527-0508 No que diz respeito ao comércio bilateral entre os dois países, verifica-se que de 2006 a 2014, esse cresceu 111%, chegando a um total de US$74,1 milhões (MRE, 2011). As exportações brasileiras para Moçambique eram em 2003, US$10.792.891, atingindo o maior valor do período em 2013, US$123.851.994 e encerrando 2014 com o valor de US$ 63.861.374. Já as importações brasileiras de Moçambique eram em 2003, US$4.152.467 e atingiram em 2012 e 2013 seus maiores valores, aproximadamente US$24 milhões, e em 2014 declinou para, US$10.207.074 (MDIC, 2015). Percebe-se, de acordo com os dados, que o intercâmbio comercial ainda é caracterizado por uma forte assimetria em favor do Brasil, conscientes disso as autoridades promovem instrumentos para reforçar o fomento do intercâmbio comercial, como por exemplo a Comissão Mista de Cooperação Brasil- Moçambique que é uma ferramenta importante para proposição e estudo de acordo em diversas áreas incluindo a comercial. CONCLUSÃO Pode-se afirmar que os programas de política externa brasileira dos governos Lula e Rousseff são muito semelhantes em suas diretrizes fundamentais, embora verifiquem-se inúmeros pontos de enfraquecimento da ação externa do governo Dilma. Em relação à África, nota-se que o Presidente Lula atuou, de modo geral, visando atingir o continente como um todo, pela via da diplomacia presidencial. Por outro lado, a Presidente Rousseff atuou de forma mais pontual nos países de língua portuguesa, por meio do MRE. Nesse contexto, ao analisar a relação entre o Brasil e Moçambique, percebe-se que a cooperação bilateral é baseada em projetos de longo prazo, e esforços de ambos os países para que o contato seja continuo, mesmo que em certos momentos perca intensidade. Dessa forma, a hipótese inicialmente levantada, questionando se a cooperação estabelecida com Moçambique se enquadra nos moldes da cooperação sul-sul proposta pela política externa brasileira, além de confirmada, observa-se que as essas relações são um modelo de atuação no que se refere a CSS e nas parcerias para o desenvolvimento, representando o Estado moçambicano um caso paradigmático no que se refere ao assunto. SEMINÁRIOS DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS 2016 I Seminário de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Sul III Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais IV Seminário Casas de União 18, 18, 20 e 21 de outubro Porto Alegre/RS, Brasil 30 Porto Alegre v.1 n.1 p. 1 - 767 Jul.2017 Bianual ISSN 2527-0508 Em suma, ainda é valido ressaltar que a estrutura de política externa e a adoção do Estado logístico, no período estudado, foram fundamentais para a continuidade dos projetos de cooperação, propostos no governo Lula, continuados e ajustados no governo Rousseff (atingindo possibilidades de cooperação militar). Uma vez que as diretrizes da política externa conseguiram atingir os demais atores da sociedade brasileira, não reduzindo apenas ao Estado, a função de articulador na inserção o Brasil no sistema internacional, proporcionando uma postura madura no mundo globalizado e garantindo em certa medida a manutenção dessa ação, ainda que governos futuros possam adotar um posicionamento distinto. REFERÊNCIAS ABDENUR, Adriana Erthal; RAMPINI, João Marcos (Org.). A Cooperação Brasileira para o Desenvolvimento com Angola e Moçambique: uma Visão Comparada. In: RAMANZINI JUNIOR, Haroldo; AYERBE, Luis Fernando (Org.). Política Externa Brasileira: Cooperação Sul-Sul e Negociações Internacionais. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2005. AGÊNCIA Brasileira de Cooperação (ABC). Moçambique. Disponível em: <http://www.abc.gov.br/Projetos/CooperacaoSulSul/Mocambique>. Acesso em: 24 de jun. de 2016. ALTEMANI, Henrique de Oliveira. Política Externa Brasileira. São Paulo: Saraiva, 2012. AMORIM, Celso L. 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PALAVRAS-CHAVE: Programa Nuclear Brasileiro; Política Externa Brasileira; Tratado de Tlatelolco; Tratado de Não-Proliferação; Guerra Fria. INTRODUÇÃO A ambição de dominar o ciclo nuclear é ao mesmo tempo antiga e atual no Brasil, sendo atualmente as principais questões a construção do submarino de propulsão nuclear e a usina de Angra III (PEROSA JUNIOR, 2016). Para compreender as atuais discussões no Brasil a respeito da tecnologia nuclear é preciso, contudo, fazer uma retrospectiva. Desde a década de 60 o Estado brasileiro apresenta um discurso de protagonismo na América Latina a respeito da tecnologia nuclear. Com propostas que visavam uma ZLAN (Zona Livre de Armas Nuclear) inspiradas no processo de desnuclearização na África e no episódio da Crise dos Mísseis em Cuba, o Brasil foi um país-chave na conclusão do Tratado de