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Hiperplasia Prostática benigna: Manifestações Clínicas: Sinais e sintomas clássicos: Os pacientes com HPB apresentam manifestações que podem ser divididas em obstrutivas e irritativas. Os sintomas obstrutivos presentes em 70-80% dos casos de HPB, resultam do efeito mecânico ou muscular da glândula sobre a luz uretral. Estes quadros quase sempre desaparecem com a remoção cirúrgica da próstata. Os sintomas irritativos surgem por reação do detrusor a obstrução uretral, com manifestações decorrentes da instabilidade vesical. Estas alterações, presentes em 50-70% dos pacientes com HPB, nem sempre desaparecem após intervenção cirúrgica local. Sempre que os sintomas irritativos são exuberantes, deve-se estar atento para a eventual presença de outras doenças. As manifestações clínicas nos casos de HPB costumam ser oscilantes, com períodos de melhora que podem durar meses ou anos, intercalados com fases de recrudescência. Outro aspecto importante e que a intensidade e o grau de desconforto dos sintomas não são proporcionais ao volume da próstata ou ao rebaixamento do fluxo urinário. Complicações da HPB: Pacientes com HPB podem evoluir com diversas complicações como: Retenção urinária aguda:Ocorre em 2-10% dos pacientes e não representanecessariamente o grau máximo de obstrução uretral pelo adenoma. É observada tanto em próstatas pequenas quanto volumosas, suregindo que outros mecanismos,além do quadro obstrutivo, estão implicados no processo. Diversos são os fatores que podem desencadear retenção urinária aguda, como: uso de simpaticomiméticos ou anticolinérgicos, distensão aguda da bexiga como em casos de diurese forçada, prostatite infecciosa aguda, calculo vesical ou infarto prostático. O prognóstico desses pacientes é relativamente desfavorável já que 60-70% deles voltam a apresentar retenção após 1-3 meses da retirada do cateter. Infecção urinária e prostatite: Surge em torno de 5% dos pacientes com HPB, exacerbando os stintomas urinários e por vezes desencadeando retenção urinária. Essas infecções resultam de colonização prostática ou da presença de urina residual e podem provocar quadros de bacteremia. Litíase vesical: Podesurgir por estase local ou impossibilidade de expulsar c´lculos migrados dos rins. Esses pacientes apresentam bloqueios abruptos do jato uinário, interrompendo a micção e outras vezes quadros de hematúria macroscópica. Falência do Detrusor: Nos casos de prostatismo de longa duração, o detusor pode sofrer um processo de hipertrofia, seguido de deposição local de colágeno. Por conseguinte, instala-se fal~encia vesical progressiva, com aumento do volume de urina residual e dilatação da bexiga. A existencia de grande volume residual pode ter outras consequencias, como dilatação progressiva do trato urinário superior,formação de cálculos vesicais e aparecimento dos diverticulos da bexiga. Insuficiencia renal aguda ou crônica: o comprometimento crônico da função renal é observado em cerca de 15% dos pacientes com HPB masem muitos casos, deve-se a outros fatores como HAS, DM ou nefropatias preexistentes. Na verdade,apenas 3% dos pacientes apresentam lesão renal causada pela propria obstrução prostática e, em metade desses casos, o quadro de hidronefrose se instala de maneira silenciosa, frequentemente sem manifestações urinárias importantes.A existencia dessa complicação torna obrigatória a realização de cirurgia, que deve ser executada após um período de cateterismo vesical contínuo. Uma crise de retenção urinária aguda da HPB é uma das principais causas de IRA pós-renal,prontamente revertida com o cateter de Foley ou a cistostomia. Hematúria: A hematúria macroscópica surge em alguns poucos pacientes com HP e deve-se a ruptura de vasos submucosos locais. Essa manifestação tende a ceder espontâneamente, porém os pacientes devem ser explorados com cistoscopia e US renal, já que a hematúria macroscópica pode estar correlacionada com a presençade outra afecção. A hematúria microscópica também deve suscitar a procura de outrascausas,jáque pode ser o único sinal de um carcinoma de células renais. Avaliação quantitativa dos sintomas: Com o objetivo de classificar e acompanhar a evoução dos pacientes. A Associação Americana de Urologia criou um escore para quantificar com mais precisão o quadro clínico dos pacientes prostáticos. Posteriormente surgiu o I-PSS que estratifica e classifica os sintomas do trato urinário inferior, sendo o mais utilizado. Diagnóstico:O diagnóstico da HPB deve ser feito de acordo com critérios da história clínica, exame do toque retal e alguns exames complementares a estratégia começa com uma boa história clínica, um toque retal e uma dosagem plasmática de escórias nitrogenadas e do PSA. História clínica: Os sintomas prostáticos característicos da HPB são em número de sete e devem ser cuidadosamente perguntados ao paciente. A história clínica também é fundamental para afastar outras causas de sintomas vesicais. Os pacientes portadores de HPB tendem a possuir um equilíbrio entre os sintomas de encjhimento e miccionais que progridem lentamente com a idade. Uma história a respeito demedicação em uso é muito importante, pois agentes simpaticomiméticos e anticolinérgicos são encontradas sob diversas apresentações. Ainda na anamnese devemos pesquisar o passado de DST e instrumentação urinária que podem falar a favor de estenoses uretrais. Toque retal: Na HPB, o toque retal costuma revelar uma próstata de tamanho aumentado, mas de consistencia fibroelástica e sulco interlobular preservado. O volume prostático não tem, necessariamente, relação com a intensidade da obstrução urinária. Glândulas pequenas podem causar obstruções, enquanto próstatas volumosas podem ser oligossintomáticas. Devemos pesquisar a presença de neuropatia periférica bem como a sensibilidade na área da sela, já que os mesmos segmentos S2-S4 inervam a bexiga. Tipicamente na HPB a próstata apresenta aumento simétrico econsistencia firme. A presença de nódulos endurecidos é sugestivo de adenocarcinoma e sempre indica a biópsia transretal. Além de avaliar as características prostáticas, o toque retal deve também avaliar o tônus esfincteriano: reduzido sugere distúrbio neurológico. Exames laboratoriais: Estes são considerados exames obrigatórios em todo paciente sob investigação de sintomas de prostatismo: 1. Exame de urina:Apresença de piúria significativa deve indicar a pesquisa de infecção do trato urinário ou prostatite. A presença dehematúria deve estimular a solicitação de USde vias urinárias, para afastar um CA urogenital. A hematúria macroscópica indica a realização de uma cistoscopia. 2. Ureia e creatinina: Esteexame nãoé para o diagnóstico, mas sim para avaliar uma complicação importante da HPB, a nefropatia obstrutiva. 3. PSA: O PSA é uma glicoproteína produzida pelo tecido prostático. Pode elevar os seus níveis séricos em qualquer patologia prostáica inflamatória ou neoplásica. O valor normal é inferior a 4. No HPB o PSA pode estar normal ou encontrar-se um pouco elevado entre 4-10. Outros exames: 1. US transabdominal: É um método não invasivo que se presta a avaliar a morfologia dos rins, bexiga e ainda estimar o peso prostático. 2. Urofluxometria: É recomendada no diagnóstico inicial durante ou depois do tratamento para avaliar a eficácia. É recomendavel no diagnóstico inicial, durante ou depois do tratamento, para determinar a eficácia da terapia. Por ser um método não invasivo e de importancia clínica, deveráser ser realizado antes de qualquer proposta terapêutica. A partir do fluxo urináriomáximo <15 ml/s nãoé possivel distinguir entre obstrução e hipotonia vesical. Fluxos máximos inferiores a 10 ml/s sugerem obstrução do colo vesical. O teste considerado padrão ouro consiste em documentar pressão vesical elevada em relação ao fluxo da urina. Tratamento: Pacientes assintomáticos não precisam de tratamento, seja qual for o tamanjo da próstata. Aqueles com incapacidade de urinar, hematúria macroscópica, infecções recorrentes ou cálculos na bexiga podem necessitar de cirurgia. Até omomento,não há estratégia efetiva de prevenção da HPB. O manuseio de pacientes portadores de HPB vem sofendo modificações importantes nos ultimos anos. Amelhor compreensão de sua história natural, bem como dos processos fisiopatológicos envolvidos. As indicações para os diversos tipos de tratamento devem estar baseadasnos sintomas e na evolução clínica quepoderão ser rfeforçadas sempre que pssivel com parametros como o US e urofluxometria. Pacientes com sintomas leves costumam apresentar remissão dos sintomas com o tempo. A ausencia de uma correlação significativa entre as dimensões da próstata e a intensidade dos sintomas clínicos torna precária a indicação baseada no volûme da glândula. A observação e o acompanhamento anual estão indicados em todos os pacientes com sintomas leves e sem complicações (0-7). Esta modalidade também se aplica a pacientes que não querem iniciar o tratamento medicamentoso ou cirúrgico. O tratamento farmacológico está indicado nos pacientes com sintomatologia moderada (escore 8-19). Este tratamentp deve ter morbidade mínima, boa aceitação pelo paciente e nãointerferir negativamente na sua qualidade de vida. Os pacientes com sintomatologia grave devem ser submetidos a princípio a intervenção cirúrgica, a principio a intervenção cirúrgica. Embora esses pacientes tenham na cirurgia a forma de tratamento mais eficaz, algumas particularidades relacionadas a eles devem ser levadas em consideração, como idade muito avançada, doenças graves que contraindiquem a cirurgia e o próprio desejo do paciente em não ser submetido a esse tipo de tratamento. Tratamento Farmacológico: Como referido anteriormente, os sintomas da HPB resultam de obstrução mecânica por crescimento e/ou da oclusão funcional da uretra, relacionada com a contração da musculatura lisa existente no colo vesical, cápsula e estroma prostático. Assim os pacientes com obstrução mecânica podem ser tratados com drogas antiandrogênicas que promovem atrofia do epitélio glandular e os casos de oclusão funcional devem ser tratados com bloqueadores alfa-adrenérgicos que diminuem o tônus prostático e a resistencia do colo vesical. Além dessesagentes, vários extratos de plantas tem sido empregadas no tratamento da HPB. 1. Bloqueadores alfa1-adrenérgicos: Vários bloqueadores alfa1- adrenérgicos foram estudados, sendo o prazosin (2 mg 12/12 hs), terazosin (10 mg 1xdia) e doxazocin (2-8 mg 1Xdia) os mais utilizados atualmente. Eles possuem uma forma de atiuação e efiácia clínica semelhante(relaxam o músculo liso do trígono vesical e aumentam as taxas de fluxo urinário máximas), somente diferindo quanto ao tempo de ação farmacológica.Todas essas drogas diminuem o escore de sintomas, reduzem as queixas de irritação vesical e melhoram o fluxo miccional. Além de possuirem uma resposta rápida e consquente melhora em 3 semanas. Existem dois subtipos de receptores alfa1 adrenérgico: alfa1a e alfa1b.O primeiro é específico para o tecido muscular prostático e o segundo para os vasos sanguíneos. Existe um alfa1-bloqueador relativamente específico para os receptores alfa1a, poupando o paciente da hipotensão postural, emboraleve à ejaculação retrógrada em alguns casos. Trata-se do tamsulosin (0,4 mg 1X dia) e da afuzosina. Em geral as doses são aumentadas até o máximo,até que o efeito terapêutico seja ótimo. Sendo indicados para pacientes com HPB independente do volume prostático e nas seguintes circunstancias: Contraindicações: Inibidores da 5- alfa redutase: Esta abordagem visa reduzir o volume glandular , conseuqnetmente, a massa prostática responsável pela obstrução mecânica da uretra. Dada a sensibilidade do epitélio glandular à ação da testosterona e da DHT,todas as medidades que antagonizam o efeito desses mediadores tendem a promover uma regressão do componente gandular. A furosemida (5 mg/ 1Xdia) constitui o agente antiandrogênio mais utilizada na HPB. Atua através da inibição daenzima 5-alfa-redutase do tipo I, impedindo a formação de DHT. Na dose usual, produz uma redução de 30% do volume da glândulaapós 6 meses de tratamento. Isso promove um alívio dos sintomas em 35-40% dos pacientes e esta melhora em geral se torna aparente após 3 ou 4 meses de tratamento. A finasterida é uma droga bastante segura, seu único incomodo é a presença de disfunção sexual, esse medicamento reduz em média de 10-15% no primeiro ano. Tratamento Cirúrgico: Apesar dos avanços observados no tratamento da HPB com o desenvolvimento de novasopções farmacológicas ou minimamente invasivas, as intervenções cirúrgicas continuam representando a modalidade mauis eficiente para alívio dos sintomas e das complicações da doença. Nesse sentido, os resultados com a cirurgia são mais duradouros. A seleção do método cirúrgico, nos pacientes com indicação para intervenção, deve levar em conta as dimensões da glândula, a presença de complicações locais, a experiencia do cirurgião e as preferencias do paciente.Empróstatas de pequenas e médias dimensões, a ressecção transuretral representa a melhor alternativa técnica já que apresenta resultados satisfatórios, baixas incidencias de complicações, custos mais reduzidos e pequeno tempo de internação hospitalar. Os pacientes com próstatas mais volumosas ou que apresentam complicações locais da HPB devem ser tratados através de cirurgia aberta. Mas de uma maneira geral, ressecção endoscópica da próstata pode ser feita com eficiencia em glãndula de peso até 80-100g,calculado por US. Quando a seleção do método é feita de maneira apropriada e o procedimento é bem conduzido, os resultados finais e grau de satisfação dos pacientes com as diferentes técnicas são equiovalentes entre si e superiores as demais formas de tratamento. A prostactectomia aberta e a RTUP da próstata constituem-se as formas mais eficientes de tratar um paciente com HPB. Cerca de 90% dos casos apresentam melhora clínica após essa intervenção e em 10% podem permanecer algumas naifestações. Técnicas minimamente invasivas: A ausencia de benefício terapêutico em 10% dos casos e o caráter mais agressivo das intervenções cirúrgicas estimulou o desenvolvimento de técnicas minimamente invasivas para o tratamento da HPB,incluindo a termoterapia, a ablação por laser, ablação por radiofrequencia com agulhas, US focal e o emprego de endopróteses uretrais. 2. A ablação por laser é realizada sob anestesia peridural e permite a destruição da massa prostática obstrutiva sem sangramento. Por isso,é indicada em pacientes com distúrbios da coagulação ou recebendo anticoagulantes. As endopróteses uretrais são de rápida aplicação,o que permite a realização do procedimento sob anestesia local e desação do paciente. São particularmente indicadas nos pacientes sem prostatismo ou portando sondas de foley por períodos prolongados. Preparo do paciente: 1. Antibióticos: As infecções urinárias podem ser encontradas no pré-operatório em 8-24% dos pacientes com HPB e devem ser tratadas previamente à cirurgia. O uso de profilaxia antibiótica no pré-operatório. O uso de profilaxia é controverso. Mesmoem pacientes com urina estéril,não se pode afastar a possibilidade de um foco infeccioso prostático, podendo ocorrer bacteremia durante o to operatório. 2. Profilaxia da TVP: Embora seja uma medida controversa, alguns autores aconselham o uso de medicações profiláticas para o tromboembolismo nas cirurgias pélvicas. O uso de fraxieparina e heparina de baixo peso molecular reduziu a incidencia de Trmboembolismo pulmonar e de membros inferiores de mais 40% para menos de 18% 3. Anestesia: A anestesia para os procedimentos cirurgicos sobre a próstata deve ser feita por bloqueios anestésicosperidurais ou raquidianos. Em situaçõesde exceção, essas técnicas anestésicas devem ser modificadas, podendo ser utilizada a anestesia geral. Ressecção Transuretral da próstata: Em pacientes adequadamente selecionados, a RTUP corresponde atualmente ao procedimento com maior probabilidade de resolução dos sintomas prostáticos. Seus resultados demonstram grande melhora nos sintomas e no fluxo urinário. No seguimento a longo prazo, grande proporção dos pacientes que se submeteram a este procedimento estão satisfeitos e não referem queixas quanto a micção. A melhora clínica é significativa e imediata. Ocorre melhora do fluxo urinário em 93-98% em relação aos valores pré-operatórios. Cuidados pós-operatórios: Ao teérmino do ato cirurgico, a drenagem vesical é feita com sonda vesical de três vias com sistema de irrigação vesical continuo no intúito de evitar a formação de coágulos. O tempo de permanencia da sonda foley é determinado pela intensidade do sangramento, sendo retirada em média 48 hs após o ato cirurgico. A morbidade é de aproximadamente 18%. As complicações intraoperatória mais importante corresponde a síndrome de intoxicação hídricaque decorre da absorção exagerada, pelo leito prostático cruento da solução salina não iônica e hipotônica empregada para irrigação vesical durante o procedimento. O risco dessa complicação aumenta em casos de próstata acima de 60g ou quando o tempo cirúrgico ultrapassa 90 min. O tratamento é com diuréticos de alça. As complicações tardias incluem incontinencia, disfunção erétil que pode ocorrer em até 13,6% dos casos.outras complicações possiveis incluem aspermia e ejaculação retrógrada. Prostatectomia suprapúbica: A cirurgia aberta deve ser via de eleição em situações em que a via endoscópica é impossível ou em afecções vesicais associadas não passiveis de correção por via endoscópica, empróstatas muito volumosas. Cuidados PO: A irrigação deveráser mantida por, no mínimo 24 hs.O cateter suprapúbico, quando utilizado, deveráser retirado a partir do 2° PO. O cateter uretral deverá se retirado do terceiro ao quinto ou sétimo dia. A complicação mais frequente é a perda de sangue. Aproximadamente 15% necessita de transfusões sanguíneas. Câncer de próstata rastreamento e Diagnóstico: No passado, a maioria dos pacientes com CaP apresentava-se com neoplasia disseminada, mas, em decorrência dos programas de detecção precoce e orientação preventiva, esse fenômeno se modificou e, atualmente, a maior parte desses casos apresenta-se com doença localizada. De acordo com levantamento apresentado em 2007 pela American Cancer Society, entre 88 e 92% do novos casos nos Estados Unidos evidenciam neoplasia localizada e apenas 4 a 6% dos pacientes apresentam-se inicialmente com tumor metastático. Nos casos com tumor confinado à próstata, a doença costuma ser assintomática. Por sua vez, mais de 90% dos pacientes com adenocarcinoma da próstata localmente avançado apresentam-se com manifestações de obstrução infravesical, e aproximadamente 15% evidenciam hematúria macroscópica, em geral relacionada com infiltração do trígono pelo tumor. O aparecimento súbito de obstrução infravesical em um paciente com padrão miccional recente satisfatório é manifestação comum em câncer da próstata mais grave. Em casos de hiperplasia benigna, os sintomas obstrutivos tendem a evoluir de forma mais lenta. Menos comumente, os pacientes com câncer da próstata podem apresentar dores ósseas, uremia, anemia, perda de peso, adenopatia cervical ou inguinal, linfedema, trombose venosa de membros inferiores ou hemospermia, como primeira manifestação da doença. O Ca de próstata é geralmente assintomático na sua fase ainda curável. Portanto, o ideal é que o diagnóstico seja suspeitado por alterações encontradas em exames de triagem (screening). O exame de rastreio deve ser realizado de acordo com as sociedades brasileira e americanade urologia: Toque Retal: O CA de próstata possui como características uma consistência aumentada ou pétrea. Dessa forma, qualquer região nodular de endurecimento da glândula deve ser suspeita ao toque retal.É importante ter em mente que cerca de 50% dos nódulos prostáticos palpáveis ao toque retal são malignos; por isso a biópsia prostática é recomendada em todos os homens que apresentam um toque retal positivo, independente dos níveis de PSA. No entanto, o toque retal possui as suas limitações. Há uma taxa razoável de falsos negativos, pois em torno de 25-45% dos adenocarcinomas prostáticos não sãopalpáveis pelo toque retal, por se localizarem na região anterior ou lateral da glândula. Além disso,os tumores detectados inicialmente pelo toque retal são patologicamente avançados em mais de 50% dos casos, quando o tratamento tem uma chance menor de cura. Por todos esses motivos, a dosagem do PSA também é indispensável no screening do CA de próstata. Os dois exames se completam para elevar a sensibilidade, a especificidade e o valor preditivo. O valor preditivo de um toque retal anormal é de 21%. PSA: é uma glicoproteína da família das calicreinas, produzida pelo parênquima prostático e secretado no fluido seminal com a função, talvez de liquefazer o coagulo seminal. Apesar do nome antígeno prostático específico, foi descoberto recentemente que o PSA não é totalmente específico da próstata. Pode ser produzido em tecidos do aparelho ginecológico, como a mama e pode ser encontrado em alguns tumores ginecológicos. O PSA apresenta diversas formas no soro: livre, ligado a alfa 1 antiquimiotripsina ou ligada a alfa 2 macroglobulina. Em termos práticos, a soma do PSA livre com o PSA ACT representa o PSA total. O PSA é encontrado normalmente em baixos níveis no sangue, abaixo de 4 ng/ml. Elevações dos níveis séricos ocorrem quando a arquitetura normal da próstata é rompida, permitindo que esta substancia se difunda pelos tecidos prostáticos e ganhe a circulação. Isso pode ocorrer não somente no CA de próstata, mas também em patologias benignas e após intensa manipulação da glândula. O toque retalsem massagem prostática não eleva significativamente o PSA,portanto, podemos confiar numa dosagem do PSA colhido após o toque retal. Após uma biópsia prostática, entretanto, os níveis se elevammuito acima dos valores de referencia e podem levar até 4semanas para retornar aos valores normais. Uma relação sexual com ejaculação ou trauma a cavaleiro pode aumentar os níveis de PSA por 48 hs. Nas patologias benignas da próstata, o PSA costuma elevar-se para uma faixa entre 4- 10 ng/ml.Na hiperplasia prostática,o PSA é proporcional ao tamanho da próstata. Nas prostatites infecciosas, o PSA normaliza após um curso de antibióticoterapia. No CA de próstata, o PSA pode elevar-se para níveis acima de 10 ng/ml, apesar de ser frequentemente encontrado na faixa de 4-10 ng/ml e como vimos, ser normal em 25% dos casos. Quanto mais alto psa maior as chances de ser um câncer de próstata e níveis muito elevados quase sempre indicam doença metastática. De maneira geral, podemos ter ideia aproximadado estádio tumoral pelos níveis de PSA, assim sendo: PSA inferior a 20 (tumores localizados), 20-80 (doença regional extraprostática), >100 doença disseminada. Existe em geral um grande embate quanto ao PSA com valor como diagnóstico e como indicador prognóstico. A grande pergunta que deve ser feita é a partir de qual valor o PSA indica biópsia? Muitos autores indicam que o PSA>4 deve ser o ponto de referencia para a realização de biópsia porque 30-35% dos pacientes com esses valores terão CA de próstata. Mais recentemente os autores começaram a defender um valor entre 2,5e 4 em pacientes acima de 60 anos. Apenas como lembrete, apesar de se dar mais importância ao PSA, a fosfatase ácida também pode servir de marcador tumoral, apresentando expressão independente do PSA. Assim, diante de uma neoplasia metastática de sítio primário ainda não identificado devemos nos lembrar desses dois marcadores de CA de próstata. Isso é ainda mais importante para os tumores menos diferenciados, nos quais a positividade para a fosfatase ácida pode ser maior que a do PSA. Numa tentativa de melhorar a sensibilidade e especificidade do PSA, outras formas de dosagem e avaliação foram desenvolvidas.são chamadas de refinamentos do PSA. Devemos lembrar que o PSA pode apresentar flutuações sem razão aparente, devendo-se confirmar sua elevação antes de prosseguir com o protocolo de investigação. Atualmente utiliza-se o valor de corte de PSA de 2,6 ng/ml para homens abaixo de 60 anos como indicativo de biópsia. Refinamento do PSA: Diversos ajustes ou uma análise mais detalhada do PSA sérico te sido utilizados para aumentar o valor preditivo do exame. Ultrassonografia transretal com Biópsia: Abiópsia guiada peloUS tranretal é o exame de escolha para confirmação do carcinoma de próstata. Este exame pode ser realizado no ambulatório.Devem ser executadas várias biópsia: uma da área suspeita e pelo menos mais seis ( um fragmento para cada um dos três lobos e de ambos os lados). As complicações normalmente são brandas: as mais comuns são hematúria,hematoespermia,sangramento retal e febre transitória.Não se deve biopsiar pacientes com prostatite antes de tratamento antibiótico. A biópsia prostática pode eventualmente ser negativa em 10-35% dos casos num paciente com Ca de próstata. Por isso, em casos de alta suspeição, o procedimento deve ser repetido 8 semanas depois. Devemos ainda lembrar que a biópsia sempre seve ser bilateral mesmo que o nódulo seja unilateral, aumentando-se a sensibilidade do exame. O porcentual de fragmentos de biópsia positivos para neoplasia fornece, de modo aproximado a chance de recidiva em 10 anos. Os resultados falso positivos e falso negativos da USG estão na faixa de 50 e 30% respectivamente. Dessa forma não é indicada de rotina, ficando reservada para casos em que o toque digital ou as dosagens de PSA são acompanhados de resultados incoerentes ou duvidosos. A biópsia está sempre indicada em casos de áreas de maior consistência da glândula e ou elevações dos níveis de PSA no sangue. Áreas endurecidas na próstata com elevação do PSA, eventualmente podem corresponder a nódulos de hiperplasia benigna, infecção prostática, cálculos e infarto prostático. Com o objetivo de reduzir as complicações sépticas do procedimento transretal, o paciente deve receber previamente clister retal e antibiótico profilaxia contra gram – e anaeróbios (metronidazol ou clindamicina associados com gentamicina também pode ser utilizada a ciprofloxacina 500 mg uma dose antes e outra dose a cada 12 hs por 7 dias). Diagnóstico: Detecção do tumor primário: A detecção do câncer da próstata é feita pelo toque digital da glândula, de medidas do PSA sérico e da ultrassonografia transretal. O toque digital tem sensibilidade diagnóstica em torno de 30%, dependendo do tipo de paciente que está sendo avaliado. Nos casos pouco sintomáticos e que, provavelmente, apresentam tumor de pequeno volume, são comuns os resultados falso-negativos do toque prostático. As dosagens do PSA têm sensibilidade um pouco maior que o toque digital, variando entre 40 e 70%. Quando os valores de PSA situam-se entre 4 e 20 ng/mL, as chances de existir neoplasia prostática oscilam entre 35 e 55%, estando indicada biópsia local, independentemente dos achados do toque digital. Até recentemente se considerava que níveis de PSA inferiores a 4 ng/mL descartavam a presença de câncer, mas esse conceito deixou de prevalecer. Como mostra a tàbela XIII, o número de casos de CaP eleva-se consideravelmente quando os níveis de PSA superam 2,0 ng/mL, e, por isso, atualmente biópsias da próstata estão indicadas quando esse patamar é ultrapassado por pacientes não-idosos e com glândulas não-volumosas. Para identificar com mais precisão os casos de CaP, quando os níveis totais de PSA situam-se entre 2,0 e 10 ng/mL, pode-se recorrer a três avaliações adicionais relacionadas com as medidas de PSA já supracitadas. A realização rotineira de ultra-sonografia transretal (USTR) para rastrear câncer da próstata apresenta alguns inconvenientes. O método é invasivo, seus custos não são desprezíveis e os resultados falso-positivos e falso- negativos são observados em 50 e 30% dos casos, respectivamente. Dessa forma, a USTR não costuma ser empregada sistematicamente no rastreamento da doença, sendo, contudo, indicada quando o toque digital ou as dosagens de PSA acompanham-se de resultados incoerentes ou duvidosos. Sob o ponto de vista prático, o rastreamento do câncer da próstata deve ser feito por meio de avaliações anuais quando os níveis de PSA se situam acima de 1 ng/mL e a cada dois anos quando esses níveis situam-se entre 0,1 e 1 ng/mL. Essa sistemática deve-se iniciar aos 50 anos de idade, o que justifica sua antecipação para 40 anos nos casos de maior risco, incluindo-se aqui história familiar da doença em parentes de primeiro grau e indivíduos da raça negra. Biópsia da próstata: A biópsia da próstata deve ser indicada em todos os pacientes com áreas de maior consistência na glândula e/o u com elevação dos níveis séricos de PSA. Essas alterações traduzem a presença de adenocarcinoma em 50 a 95% dos casos. Nos demais pacientes, as afecções benignas, como nódulos de hiperplasia benigna, infecção prostática, cálculos ou infarto prostático, podem ser responsáveis pelas alterações encontradas no toque retal ou nas medidas de PSA.
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