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UFBA – Universidade Federal da Bahia Curso: Nutrição Período: 9º APOSTILA DE GESTÃO EM UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Profa Vanessa Moraes Bezerra Vitória da Conquista- BA Sumário 1. ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS ................................................................... 3 1.2. DIMENSIONAMENTO DE RECURSOS HUMANOS ...................................................... 8 1.3. PREVISÃO QUALITATIVA DE PESSOAL PARA UAN ............................................... 16 2. HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO ..................................................................... 35 2.1 HIGIENE DO TRABALHO ................................................................................................ 35 2.2 SEGURANÇA DO TRABALHO ....................................................................................... 38 3. INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS ............................................................................................. 46 4. ORGANIZAÇÃO DE LACTÁRIOS ......................................................................................... 52 5. ORGANIZAÇÃO DE BANCOS DE LEITE ............................................................................. 56 6. ORGANIZAÇÃO DE CRECHE ................................................................................................ 60 1. ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS 1. 1 CONCEITUAÇÃO Pode-se definir RECURSOS HUMANOS como os indivíduos que ingressam, compõem e participam da organização em vários níveis hierárquicos e em diversas funções. Tais indivíduos se distribuem no nível institucional (superintendentes, diretores), no nível intermediário (gerentes e assessores) e no nível operacional (técnicos, supervisores, empregados). A utilização do termo “recursos” humanos é bastante questionável, por remeter o elemento humano à categoria de apenas mais um insumo a integrar o processo produtivo. Contrariamente a essa ideia, o indivíduo-trabalhador se revela o único elemento dinâmico da organização, capaz de atuar sobre os outros recursos de forma abrangente, criativa e sistematizada. Tal atuação, na verdade, é condicionada pelos conhecimentos, comportamentos, habilidades e percepções de pessoas naturalmente diferentes entre si, com peculiaridades de personalidade, motivação, experiência e expectativas. A FIG. 1 relaciona os fatores internos e externos que influenciam a inserção dos indivíduos nas organizações. A FIG. 2 esquematiza as influências e pressões sofridas pelo indivíduo no seu trabalho nas organizações. VARIÁVEIS INTERVENIENTES O INDIVÍDUO NA ORGANIZAÇÃO >> >> >> >> FATORES INTERNOS Capacidade de aprendizagem Motivação Percepção Atitudes Emoções Frustrações Valores FATORES EXTERNOS Regras e regulamentos Sistemas de recompensas e punições Grau de confiança Coesão grupal Métodos e processos Fatores sociais Políticas da organização. << << << << < COMPORTAMENT O DO INDIVÍDUO NA ORGANIZAÇÃO Figura 1 - Fatores intervenientes do processo de inserção do indivíduo nas organizações. A expressão ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS define a atividade de integração entre os interesses da organização e os dos indivíduos que compõem o seu quadro. Na realidade, existe uma distância quase intransponível entre a organização e os empregados, ficando a cargo da administração de recursos humanos a mediação dos interesses e das relações conflituosas existentes, determinadas pela própria forma como a organização se estrutura, que acaba fazendo com que o indivíduo encontre mais satisfação fora do que dentro do ambiente de trabalho1. A estrutura organizacional pode ser definida como o conjunto de recursos físicos (ou materiais), financeiros, mercadológicos (meios de contato com os clientes e de influência sobre esses), humanos e administrativos. Os recursos administrativos incluem os processos de tomada de decisão, as formas de distribuição das informações no seio da organização, assim como os processos de coordenação, supervisão, controle e integração que fluem pela estrutura hierárquica (de poder) vigente. No processo de integração indivíduo organização, estão implícitas as tarefas de captação, contratação, desenvolvimento e avaliação de pessoal para o trabalho. Por se relacionar intrinsecamente com o elemento de maior complexidade no processo produtivo, a administração de recursos humanos é uma área multidisciplinar, que se reporta tanto à Sociologia do Trabalho quanto à Engenharia de Produção, à Psicologia Organizacional, à Segurança do Trabalho, à Medicina do Trabalho e ao Direito Trabalhista: “Os assuntos normalmente tratados em ARH referem-se a uma multiplicidade de campos de conhecimento; fala-se em aplicação e interpretação de testes psicológicos e entrevistas, de tecnologia de aprendizagem individual e de mudança organizacional, nutrição e alimentação, medicina e enfermagem, serviço social, plano de carreiras, desenho de cargos e da organização, satisfação no trabalho, absenteísmo, salários e encargos sociais, mercado, lazer, incêndios e acidentes, disciplina e atitudes, interpretação de leis trabalhistas, eficiência e eficácia, estatísticas e registros...”2 Na FIG. 3 estão relacionadas algumas atividades que compõem a administração de recursos humanos, indicando sua vinculação com o ambiente externo e o ambiente interno da organização. Tais técnicas são instrumentos importantes no provimento de dados para o sistema de informações global da 1 AQUINO, C. P. Administração de recursos humanos; uma introdução. São Paulo: Atlas, 1980. 2 CHIAVENATO, I. Recursos humanos na empresa. São Paulo: Atlas. v. 1, p. 171, 1989. REGRAS E REGULA- MENTOS EXPECTA- TIVAS E PRESSÕES DO SUPERIOR CLIMA ORGANI- ZACIONAL CONDIÇÕES AMBIENTAIS DE TRABALHO O INDIVÍDUO NA ORGANI- ZAÇÃO SISTEMAS PESSOAIS PROGRAMAS DE TREINA- MENTO E DESENVOLVI- MENTO EXPECTA- TIVAS DA FAMÍLIA MÉTODOS E PROCESSOS Figura 2 - O indivíduo nas organizações. organização, permitindo dinamizar o processo de tomada de decisões. Assim, por exemplo, as técnicas de avaliação de desempenho, as entrevistas de desligamento, os registros de absenteísmo e de rotatividade do pessoal auxiliam no planejamento de promoções, readmissões, transferências e desligamentos. AMBIENTE EXTERNO AMBIENTE INTERNO Pesquisa de mercado de recursos humanos Recrutamento Seleção Pesquisa de benefícios Relações com sindicatos Relações com entidades de formação profissional Legislação Trabalhista Análise e descrição de cargos Avaliação de cargos Treinamento Avaliação de desempenho Plano de carreiras Plano de benefícios sociais Política salarial Higiene no trabalho Segurança no trabalho Figura 3 - Algumas atividades componentes da administração de recursos humanos. A administração de recursos humanos é contingencial, ou seja, é dependente da situação organizacional. As formas como será realizada vão se relacionar com as políticas e diretrizes da organização, o ambiente, a tecnologia empregada, a qualidade e a quantidade de recursos humanos disponíveis.Sobretudo terão relação direta com a concepção de homem que a organização expressa, sua forma de tratar as diferenças individuais e as variadas maneiras pelas quais o indivíduo se insere no ambiente de trabalho. Da mesma forma, terão vinculação com as mudanças processadas na sociedade, no mercado de trabalho, no sistema de produção e nas tecnologias de produção. Um exemplo de mudança nas formas de administrar recursos humanos pode ser buscado na história recente do país: acostumadas a reproduzir em seu interior o modelo ditatorial adotado no país, as empresas tiveram de adaptar sua forma de gestão de recursos humanos com a abertura política, reservando um maior espaço para a manifestação dos anseios e reivindicações dos trabalhadores (Comissões de fábrica, Comissões Internas de Prevenção de Acidentes e, principalmente, tolerar a presença de representantes sindicais entre a sua força de trabalho). Em suma, a administração de recursos humanos deve se adaptar às constantes mudanças que ocorrem tanto dentro quanto fora das organizações. A administração de recursos humanos é um processo e, como tal, se constitui de partes ou subsistemas que, integrados, podem promover condições de desenvolvimento dos indivíduos e, por extensão, da organização que os congrega. Dado o papel que o nutricionista normalmente ocupa na estrutura das organizações, supervisionando todo o processo de trabalho da unidade de alimentação e nutrição, pode-se dizer que uma das suas principais atribuições seja exatamente a aplicação de técnicas próprias da administração de recursos humanos. Nesse aspecto, sua participação se dará de duas formas básicas, conforme relacionado na FIG. 4. ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS PELO NUTRICIONISTA FORMAS DE APLICAÇÃO TÉCNICAS DIRETAMENTE SOBRE AS PESSOAS Recrutamento entrevista seleção integração treinamento (identificação de demanda e elaboração de programas e cursos) avaliação de desempenho desenvolvimento de RH (identificação de potencialidades, plano de promoções) INDIRETAMENTE SOBRE AS PESSOAS análise e descrição de cargos avaliação e classificação de cargos estabelecimento de condições e padrões de higiene e de segurança elaboração de banco de dados e de sistema de informações para gerenciamento de RH assessoria ao setor de RH no estabelecimento de planos de carreira, salários e benefícios sociais Figura 4 - Utilização de técnicas da administração de recursos humanos pelo nutricionista. Embora a administração de recursos humanos seja uma constante no seu trabalho em unidades de alimentação e nutrição, o grau de envolvimento do nutricionista nessa atividade é condicionado por vários fatores, dentre os quais se destacam o nível hierárquico ocupado pelo profissional na organização, o tipo de organização e o modelo de gestão por ela adotado (centralizado ou descentralizado, autoritário ou participativo). Além disso, verifica-se uma tendência à maior participação do nutricionista nos processos de administração de recursos humanos em serviços próprios do que em UANs terceirizadas. Na FIG. 5 está indicado, entre os subsistemas e elementos da ARH, o grau de participação do nutricionista. SUBSISTEMAS ABRANGÊNCIA ELEMENTOS ▲ SUPRIMENTO PESQUISA DE MERCADO pesquisa e análise do mercado de RH fontes de recrutamento ▲ RECRUTAMENTO DE PESSOAL como recrutar prioridade do recrutamento interno sobre o externo -------- -------- SELEÇÃO DE PESSOAL critérios de seleção e padrões de qualidade grau de descentralização das decisões acerca da seleção de pessoal técnicas de seleção ▲ ▲ ▲ INTEGRAÇÃO planos e mecanismos de integração no ambiente da organização ▲ APLICAÇÃO ANÁLISE E DESCRIÇÃO DE CARGOS determinação dos requisitos básicos da força de trabalho ▲▲▲▲ PLANEJAMENTO E ALOCAÇÃO determinação quantitativa e alocação em cargos, dentro da estrutura da organização ou de um dos seus setores ▲▲▲▲ PLANO DE CARREIRAS determinação da sequência das carreiras ---------- AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO planos e sistemáticas para contínua avaliação da qualidade do trabalho ▲▲▲▲ MANUTENÇÃO ADMINISTRAÇÃO DE SALÁRIOS avaliação e classificação dos cargos visando ao equilíbrio salarial interno --------- BENEFÍCIOS SOCIAIS planos adequados às necessidades dos participantes da organização --------- HIGIENE E SEGURANÇA critérios de criação e de desenvolvimento das condições físicas ambientais de higiene e segurança que envolvem os cargos ▲▲ RELAÇÕES TRABALHISTAS relacionamento com sindicatos e representantes do pessoal ▲▲▲ DESENVOLVIMENTO TREINAMENTO diagnóstico e programação. Reciclagem constante ▲▲▲▲ DESENVOLVIMENTO DE PESSOAL aprimoramento dos recursos humanos disponíveis ▲▲▲▲ DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL aplicação de estratégias de mudança visando à melhoria da organização --------- CONTROLE BANCO DE DADOS registros para a análise quantitativa e qualitativa dos recursos humanos ▲▲▲▲ SISTEMA DE INFORMAÇÕES meios e veículos de informação adequados às decisões sobre recursos humanos ▲▲▲▲ AUDITORIA DE RECURSOS HUMANOS critérios de avaliação e adequação permanentes das políticas e procedimentos de recursos humanos ▲▲▲▲ Figura 5- Abrangência dos subsistemas e elementos da ARH, com indicação das etapas onde a participação do nutricionista é importante. NOTAS: ▲ Indica o grau de participação do nutricionista no processo. Baseado em CHIAVENATO, I.3 3 idem. 1.2. DIMENSIONAMENTO DE RECURSOS HUMANOS Para um bom funcionamento da UAN o dimensionamento de pessoal deve levar em consideração vários fatores que condicionam esse processo: A Política de Recursos Humanos da Organização: conhecer o processo de recrutamento, seleção e treinamento da empresa e o papel do Nutricionista nesta questão: - O setor de RH da empresa recebe currículos, seleciona os currículos para entrevista e seleciona o candidato mais apto para o cargo; - O setor de RH da empresa passa essas funções para o Nutricionista; - O setor de RH divide essas funções; - Não existe setor de RH, caberá ao Nutricionista todo o processo; - Entre outras formas. ÁREA INDUSTRIAL E HOSPITALAR Para dimensionar os recursos humanos necessários a uma UAN institucional ou hospitalar, é preciso considerar os inúmeros fatores que condicionam e intervêm no processo. São eles: A] A POLÍTICA DE RECURSOS HUMANOS DA ORGANIZAÇÃO, que terá reflexos diretos nos processos de recrutamento, seleção e treinamento de pessoal, eventos que apresentam relação intrínseca com a quantidade e a qualidade do pessoal operacional. B] PADRÃO DE ATENDIMENTO DA UAN. Em atendimento de melhor padrão (luxo), 40 a 50% do custo da refeição é equivalente às despesas com mão-de-obra, devido à maior necessidade de pessoal, bem como à sua melhor qualificação. Em auto-serviços ou sistemas de balcão de distribuição, as despesas com pessoal representam 5 a 10% do custo da refeição, pois exige-se menor quantidade e menor qualificação da mão-de-obra. C] OS RECURSOS FÍSICOS irão interferir no dimensionamento de pessoal na medida em que o fluxo adequado de trabalho permite maior racionalização da mão-de-obra, facilitando as tarefas de pré-preparo, preparo e higienização. Fluxos inadequados de trabalho, principalmente quando se tem mais de um pavimento de instalação física, exigem maior dimensionamento de mão-de-obra. D] TIPOS DE CARDÁPIO. Preparaçõesmais complexas exigem, além de equipamentos e utensílios apropriados, maior quantidade de pessoal especializado, ao contrário das preparações de cardápios populares, que têm execução mais fácil e mais rápida, não exigindo grande habilitação da mão-de-obra. Outro fator é a existência de opções para determinadas preparações, que também determina o aumento do contingente da UAN. E] SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO. Sistema centralizado exige maior número de pessoal junto à UAN, ao passo que o sistema descentralizado exige maior quantidade de pessoal nas copas de distribuição de refeições. O tipo de utensílio utilizado na distribuição (descartável ou não) também contribui para o aumento ou a diminuição da mão-de-obra a ser destacada para a higienização. A utilização de serviços à francesa, “self service” ou cafeteria também implica em modificações na quantidade de pessoal necessário à execução e à distribuição das refeições. F] HORÁRIO PARA AS REFEIÇÕES. Quando a distribuição é realizada concomitantemente em diversos refeitórios ou em unidades de internação (enfermarias) e refeitórios, ocorre maior necessidade de pessoal. Quando o atendimento é sequencial (por horário e por tipo de clientela), é menor a demanda de pessoal para a distribuição das refeições. G] SISTEMA DE HIGIENIZAÇÃO. O tempo e o envolvimento de pessoal no sistema descentralizado de higienização é maior do que no sistema centralizado. Sistema misto demanda pessoal e tempo maiores. H] JORNADA DE TRABALHO. Com jornada de 36 a 40 horas semanais, exige-se maior contingente do que com jornada de 44 horas. De acordo com as escalas de folgas, pode-se necessitar de contratação de substitutos de folgas e de férias. I] NÍVEL DE TECNOLOGIA. Equipamentos mais avançados e de maior capacidade operacional contribuem para diminuição da mão-de-obra a ser contratada. Jornada de Trabalho: De acordo com a constituição do Brasil, promulgada em 5 de outubro de 1988, a jornada de trabalho semanal é de 44 horas. Quando a jornada de trabalho ultrapassa o máximo permitido, de 8 horas diárias, o excesso, dentro dos limites legais, pode ser compensado em folgas. Em UAN, diversas escalas são utilizadas: 8horas/dia, de 2º a 6º feira, e 4 horas aos sábados, com folga aos domingos, sem precisar de substitutos de férias. 8horas/dia, de 2º a 6º feira, e 4 horas aos sábados, com folga aos domingos, com necessidade de substitutos de férias. Carga horária semanal distribuída por igual, nos 6 dias úteis da semana ou, naquelas que funcionam inclusive aos finais de semana, com folgas durante a semana, com no mínimo 1 domingo ao mês. Este tipo de organização gera um aumento na demanda de funcionários. 12/36: trabalho em um dia e folga no subsequente. Este tipo de jornada requer um quadro de pessoal ampliado, normalmente um grupo de trabalho para cada dia (um trabalha nos dias pares e outro nos dias ímpares). Para 36 a 40 horas semanais exige-se maior contingente do que em jornada de 44 horas. De acordo com as escalas de folgas, pode-se necessitar de contratação de substitutos de folgas e de férias. Ainda, observar a jornada de trabalho dos comensais (irá influenciar no número de comensais diários) e nos horários de expediente (das 7:00 às 18:00h ou há expediente 24 horas no dia, funcionários que entram à noite e passarão a madrugada no trabalho, etc). De acordo com a constituição todos os empregados têm direito a férias anuais, nas quais devem ser substituídos. 3.2 Previsão Quantitativa De Pessoal Para UANs: A - Método Direto: Utilizado para hospitais, considera-se 1 funcionário para cada 8 leitos. Acrescenta-se 20 % para atendimento aos refeitórios e lanchonetes e eventuais faltas, licenças, etc. Exemplo 1: cálculo de pessoal para um hospital com 350 leitos: 350 / 8 = 43,75 + 20 % = 52 funcionários Comentário sobre o método: pode ser que o número de leitos não esteja ligado totalmente ao número de refeições produzidas; ainda, não é apenas o número de leito que define o tipo de serviço prestado pelo SND (dietas enterais, lactário, modificações dietéticas, etc). B - Método pelo Cálculo Indireto: baseado também no número de leitos, leva em conta o quadro geral do hospital, sendo que aproximadamente 8 % do pessoal operacional do hospital deve estar no SND. No Brasil os hospitais contam, em média, com 1,5 a 1,8 funcionários por leito. Exemplo 2: o hospital conta com 350 funcionários, 28 deverão ser do setor de alimentação, acrescentando ainda os substitutos: - Substituto de Férias: cada um tem o direito de 30 dias no ano de férias e durante um ano há 330 dias úteis. No exemplo 2: Nº de Sub. De Férias = 28 x 30 = 2,54 330 - Substitutos de Folga: levando-se em conta que o hospital seja contratado pelo regime C.L.T. (8 horas de trabalho diário, com intervalo de uma hora para refeição, folgas semanais e férias anuais de 30 dias) acrescenta-se 1 funcionário para cada 6 do total calculado. No exemplo 2: 28 / 6 = 4,6 - TOTAL DE FUNCIONÁRIOS NO EXEMPLO 2 = 28 + 2,54 + 4,6 = 35 FUNCIONÁRIOS Comentário sobre o método: como o dimensionamento é realizado baseado no número de leitos, valem as mesmas considerações do método anterior. - Número de Nutricionistas: Nº de Substitutos de Férias: Nº de funcionários x 30 330 Tipo de Hospital Nutricionistas De ensino 1 para 50 leitos Geral 1 para 75 – 100 leitos Especializado 1 para 300 leitos Comentário sobre o método: estes números desconsideram e desqualificam o serviço prestado pelo Nutricionista. C – Cálculo pelo Número de Refeições Servidas: Este método foi descrito por Gandra e cols onde propõe o cálculo do número de funcionários necessários para a UAN, baseado no número de refeições servidas. Este método é valido para hospitais e indústrias. - Indicador de Pessoal Fixo (IPF): Nº de Refeições Servidas x Nº de Minutos Jornada de Trabalho (em horas) x 60 minutos Número de refeições servidas compreende as grandes refeições, almoço, jantar e refeição noturna completa (quando houver). Número de minutos compreende o tempo gasto para a produção e distribuição de uma refeição. Considera inclusive uma produção descentralizada. Nº de Refeições Nº de Minutos 300 – 500 13 – 14 500 –700 14 – 13 700 – 1000 13 – 10 1000 –1300 10 – 9 1300 - 2500 9 - 8 2500 ou + 7 OBSERVAÇÕES: O “n” diminui em função do: [1] número de refeições ao dia e seus diferentes horários; [2] números de dias de trabalho por semana; [3] diferenciação de cardápio; [4] número concomitante de pontos de distribuição; [5] modalidade de atendimento; [6] horário de cada turno; [7] qualidade de pessoal técnico e subalterno; [8] qualidade e quantidade das instalações [9] disponibilidade de equipamentos (tipos e quantidades); [10] características regionais; [11]fatores intrínsecos à própria empresa/instituição; [12] utilização de alimentos pré-elaborados (congelados e a vácuo). - Indicador de Substituição de Descanso(ISD): avalia o número máximo de empregados em férias e folgas (período de descanso) que um substituto cobrirá por ano. ISD = Dias do Ano – Dias de Descanso Dias de Descanso Dias de descanso: 30 dias de férias + 48 folgas anuais + 12 feriados (média) - Indicador de Pessoal Substituto (IPS): OBJETIVO: determinar e avaliar o número total de pessoal substituto para cobrir férias e folgas do pessoal fixo no ano. IPS= IPF ISD Obs: O substitutodeverá pertencer à mesma categoria funcional de quem ele irá substituir. - Indicador de Absenteísmo Diário (IAD): avalia a porcentagem de empregados ausentes por motivos de faltas, afastamentos, licenças, etc. IAD = Média dos Empregados Ausentes x 100 Nº de Pessoal Fixo (IPF) Sendo, a média dos empregados ausentes = Faltas \ Período considerado Comentários sobre o método: - No cálculo de IPF e de nutricionistas, não foi considerado o pessoal para lactário, formulação de dietas enterais e parenterais; INDICADOR PESSOAL TOTAL (IPT) = IPF + IPS + IAD - O cálculo de IPF leva a aglomeração de pessoal (especializado, técnico e operacional), o que pode gerar desvio de função; - O IPF é um fator limitado, pois é baseado em duas variáveis que consideradas isoladamente em uma UAN, são inexpressivas: Nº de refeições e tempo operacional. - IPS é limitado, pois é calculado a partir do IPF, um dado restrito; - IAD é um dado matematicamente errôneo já que o IPF é um dado teórico e não um valor real existente no serviço; - O IPT não retrata o pessoal total da UAN, pois resume a um somatório de dados limitados (IPS e IPF) e ao IAD; CONCLUINDO: nenhum dos métodos descritos é definitivo, servindo apenas de base para o dimensionamento de pessoal para a UAN. Dada a inexistência de outros estudos, o nutricionista deve estar consciente das limitações dos métodos expostos. No caso da utilização dos métodos onde o número de refeições é objeto de estudo, deve-se tentar suprir as limitações do IPF e corrigir o cálculo do IAD. Também é importante reajustar dados quando necessário e dimensionar pessoal de acordo com as necessidades e objetivos do serviço (ensino, pesquisa, assistência e prestação de serviços). D - Previsão Exclusiva do Quadro de Pessoal do Grupo de Execução (almoxarife, cozinheiro, auxiliar, copeiro, etc): - Número de Refeições Servidas: Nº DE REFEIÇÕES EMPREGADOS Até 1000 1 p/ cada 40 refeições 1001 a 2500 1 p/ cada 50 refeições Acima de 2500 1 para cada 60 refeições Acrescentar 14 % de margem de segurança, visando cobrir necessidades relativas a férias, folgas, faltas, etc. Sugere-se que 60 % do quadro de pessoal seja do sexo masculino, devido ao trabalho pesado que normalmente se executa em UAN’s. - Cálculo do Número de Cozinheiros: Nº DE REFEIÇÕES COZINHEIROS Até 1000 2 1001 a 2500 3 Acima de 2500 1 para cada 800 refeições - Cálculo do Número de Nutricionistas: Para coletividade sadia = 1 para cada 2000 refeições. Comentários sobre o método: - O dimensionamento de nutricionistas pelo número de refeições é inadequado. Deve-se levar em conta o tipo de serviço, tipos de refeições, turnos de trabalho, serviço próprio ou terceirizado, etc. - O cálculo apresentado poderia satisfazer apenas uma produção centralizada. - O dimensionamento de pessoal deve ser modificado para mais ou para menos de acordo com: O regime de trabalho do servidor; O horário de funcionamento de serviço, A estrutura física e equipamentos disponíveis; Esquemas de produção e distribuição adotados. 3.3Distribuição De Pessoal Na UAN: A distribuição aproximada é a seguinte: FUNÇÃO PERCENTUAL DE PESSOAL Administrativa 15 % Recebimento e Estocagem 8 % Preparo dos Gêneros 11 % Cocção 20 % Lanche, desjejum 5 % Cafeteria 7 % Copas de distribuição 20 % Lavagem de louças e faxina 8 % Serviço noturno 6 % Fonte: Mezomo, I.F.B. Serviços de Alimentação, Barueri, Ed. Manole, 2006. Número de Nutricionistas de acordo com a resolução CFN 380/2005: Empresas fornecedoras de serviço de alimentação coletiva, Serviços de Alimentação Auto-gestão, restaurantes comerciais e similares, cozinhas dos estabelecimentos assistenciais de saúde, Comissarias. Serviços de Alimentos congelados, serviços de Buffet, rotisseria 1.3. PREVISÃO QUALITATIVA DE PESSOAL PARA UAN A previsão qualitativa de pessoal é realizada com base na identificação e na distribuição de tarefas necessárias ao funcionamento da unidade de alimentação e nutrição. Para isso são de suma importância os processos de planejamento e de organização do trabalho. A partir do “desenho” dos processos de trabalho, é possível distribuir o pessoal necessário e determinar suas atribuições. Antes, porém, cabe ressaltar a importância do provimento e do desenvolvimento de pessoal para o trabalho. As etapas desse processo são recrutamento, seleção, admissão, introdução aos cargos, treinamento, avaliação de desempenho e reciclagem, que exporemos a seguir. RECRUTAMENTO: Consiste na área de recursos humanos que busca pessoas para preencher as vagas existentes em uma empresa. O recrutamento é realizado baseado na descrição de cargos e funções que deve ser realizada pelo Nutricionista, onde deve conter todas as atribuições necessárias ao cargo, informações sobre direitos e deveres e número de vagas disponíveis: Papel do cargo na unidade; Natureza hierárquica; Atribuições do ocupante; Delegação de poderes; Relações permanentes e eventuais; Qualificação específica; Atividades a realizar; Equipamento utilizado; Requisitos pessoais; Conhecimentos do cargo; Possibilidade de promoção. A descrição de cargos e funções deve ser dividida em dois grupos: direção e execução. Após executada deverá ser entregue ao departamento pessoal da empresa. COMO FAZER A DESCRIÇÃO DE CARGOS E FUNÇÕES ??????? O Nutricionista deverá recolher os dados necessários através de observação do funcionário, entrevista e até mesmo um questionário para auxiliar. Começar separando as informações em atribuições do empregado, deveres e tarefas da função a qual vai desempenhar além da descrição de como, quando, onde realizar as tarefas. Levantar tais informações: Requisitos necessários: físicos (sexo, altura, idade, etc), habilidade mental, conhecimentos exigidos para a função; Condições e riscos do trabalho: como por exemplo um trabalho em hospital irá acrescentar insalubridade; Responsabilidade: o grau da sua função, supervisão, operacional, técnica, quais as decisões irão caber a ele; Rotinas de trabalho: descrição de todas as funções, com tempo e recursos determinados (equipamentos, local, etc). FONTES DE RECRUTAMENTO: A - Recrutamento Interno: convoca empregados da empresa, indicados também por funcionários da empresa. É utilizado para recrutar chefes dos primeiro níveis de supervisão e funções acima de auxiliares de escritório, como secretárias, assistentes administrativos, etc. Vantagens: - Fonte mais próxima, menos onerosa e mais rápida; - Já se conhece o candidato; - Estimula-se a preparação para a promoção; - Aumenta a satisfação interna; - Melhora as relações públicas internas, - Dá vazão às ambições e necessidades de auto-realização. Desvantagens: - Os recursos internos nem sempre são suficientes; - Pode provocar inveja, ciúmes entre os que não foram escolhidos para a promoção; - Necessita de avaliação criteriosa; - Redução da inovação no trabalho; - Perpetuação de vícios e problemas. Para que o recrutamento interno seja efetivo, permanente e justo é necessário: Criteriosa orientação profissional; Contínua avaliação de desempenho; Introdução de planos de carreira e planos de sucessão; Banco de dados atualizados sobre os empregados. B - Recrutamento Externo: é realizado quando não se consegue preencher a vaga com os recursos humanos da própriaempresa. Quando a empresa possui um banco de currículos ela inicia esse processo selecionando os currículos presentes. Ainda, quando faltar currículo condizente com a vaga a empresa irá fazer a divulgação das vagas existentes pela mídia (jornal, agências, escolas e universidades, sindicatos, indicações, etc). Facilita o recrutamento quando a empresa possui uma ficha de recrutamento, a qual deve contar informações pessoais, escolaridade e experiência profissional. Ex. de ficha de recrutamento: Dados Pessoais Nome: Data de Nascimento: / / Endereço: Cidade / Estado: Estado Civil: Quantos Filhos: Escolaridade ( ) 1º Grau Incompleto ( ) 1º Grau Completo ( ) 2º Grau Incompleto ( ) 2º Grau Completo ( ) 3º Grau Incompleto ( ) 3º Grau Completo Graduação: Pós Graduação: Está estudando atualmente? Experiência Profissional * Cargo: Data de Admissão: / / * Nome da Firma: Data de Saída: / / * Motivo de Saída: * Tarefas Desempenhadas: Qual cargo você está se candidatando? Horários disponíveis? Disponibilidade final de semana? Pretensão Salarial: Assinatura do Candidato: Parecer do Psicólogo: * Itens devem ser repetidos na ficha mais uma 2 – 3 vezes. SELEÇÃO: A seleção pode ser definida como a escolha da pessoa certa para o cargo certo. Deve ser criteriosa, minuciosa para evitar o não enquadramento do funcionário e redundar em demissão. A forma de seleção varia para cada empresa, na maioria é realizada por uma psicóloga e pela nutricionista. A seleção é fundamentada na descrição e especificação do cargo e nos procedimentos seguintes: Preenchimento da ficha de recrutamento; Entrevista: dirigida (com roteiro) e não dirigida (sem roteiro); Prova de conhecimentos gerais e específicos; Testes psicológicos; Informações gerais; algumas muito relevantes e às vezes passam despercebidas – nº de filhos e idade, tem quem cuida destas crianças para a mãe trabalhar, local de residência (quantos vale-transportes utiliza?), vontade realmente de trabalhar neste cargo ou foi porque é o único que apareceu? Questões como estas devem ser levantadas, podem ser decisivas em uma seleção. ADMISSÃO: Selecionado o candidato para a vaga disponível, será feito um contrato entre a organização e o empregado, sendo o vínculo empregatício estabelecido a partir da assinatura da carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS). Este contrato poderá ser com tempo determinado de experiência de 3 meses, podendo ser prorrogado por mais 3 meses; passando o tempo de experiência o chefe da UAN irá dar o seu parecer se o funcionário será ou não efetivado, caso seja efetivado o contrato é automaticamente prorrogado por data indeterminada. O chefe de UAN, assim que solicitar o empregado para ingressar na empresa deverá orientá-lo dos passos a serem dados para a contratação: Documentos: originais e xérox (Identidade, CPF, Certidão de Nascimento, Título de Eleitor, Carteira de trabalho, PIS, Certificado de Reservista, Certidão de casamento, Certidão dos Filhos menores de 18 anos, ás vezes Carteira de Motorista); Comprovante de endereço e fotos 3 x 4 (quantidade depende da empresa); Exame Admissional: exame clínico (Médico do Trabalho), exames laboratoriais (Urina I, Protoparasitológico de fezes, Coprocultura e Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA). TREINAMENTO: Quando o empregado é admitido, por mais que ele tenha as atribuições e conhecimentos técnicos necessários às tarefas que vai realizar, ele deve ser treinado para que conheça as normas, as rotinas e os procedimentos da UAN e da sua função específica. No entanto, a realidade da mão-de-obra encontrada para trabalhar em UAN no Brasil, na maioria das vezes, é bem diferente. É composta por pessoas que geralmente, não tem todas essas atribuições e conhecimentos necessários para a função, muitas vezes não tem nem 1º grau completo. Portanto o treinamento é importante para que o empregado venha até mesmo a apreender a sua função ali na empresa, para tal, além das qualificações já discutidas necessárias para o empregado ser selecionado, a principal qualidade é força de vontade, facilidade de aprendizagem e estímulo para trabalhar na função. Nos primeiros dias de trabalho o funcionário deverá ser orientado pelo chefe da UAN e acompanhado por um colega de trabalho, o que também deverá orientar e ensinar as rotinas da função. È importante que o chefe da UAN oriente por escrito, como, por exemplo, um mapa de dietas, as rotinas com horários e maneiras de realizar, higiene de alimentos (armazenamento, pré- preparo, preparo, higiene pessoal, de equipamentos, etc). A hierarquia da sua função terá que ser deixada bem clara, conhecendo os seus subordinados e superiores (Ex: um auxiliar de cozinha terá além do Nutricionista como chefe, o cozinheiro). Além das orientações dadas nos primeiros dias, no dia-dia, durante o serviço, o empregado deverá passar por um treinamento de longa duração, com aulas através de recursos audiovisuais como filmes, teatros, slides, cartazes, panfletos, os próprios alimentos, peças imitando alimentos, etc: Educação Sanitária: noções sobre microbiologia e parasitologia, assepsia, higiene pessoal, do ambiente, de equipamentos e de alimentos; Manipulação de equipamentos; Segurança do trabalho – prevenção de acidentes e normas de segurança; Noções básicas sobre alimentação e nutrição; Dietas hospitalares; Exemplo de um esquema de treinamento para pessoal de almoxarifado 1- manipulação de balanças e carrinhos; 2- manipulação de utensílios; 3- manipulação de gêneros; 4- pré-seleção de gêneros; 5- inspeção de mercadorias e caminhões; 6- regras gerais e normas de estocagem; 7- conservação de câmaras frias; 8- higienização do almoxarifado e câmaras; 9- segurança do trabalho. O PROCESSO DE PRODUÇÃO OBJETIVOS ESPECÍFICOS: ao final do tópico, os empregados deverão ser capazes de: 1. Reconhecer a importância da tarefa executada por cada um no final do processo de preparar refeições. 2. Reconhecer os setores de armazenagem, produção e distribuição dos alimentos. 3. Identificar as etapas do processo de produção de alimentos em um restaurante de co- letividade. 4. Citar os procedimentos que devem ser seguidos pela equipe antes do início da preparação do cardápio. 5. Identificar o procedimentos corretos de operações dos equipamentos da cozinha industrial. 6. Reconhecer cuidados básicos que se deve ter no pré-preparo e no preparo de alimentos, de forma a reduzir perdas de matéria-prima. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 1- Importância do serviço de alimentação no contexto da UFMG. 2- Etapas da produção e o papel de cada um no processo global: planejamento e supervisão:corpo técnico compras: setor de compras – compradores armazenagem: despenseiros e auxiliares pré-preparo: auxiliares de cozinha cocção: cozinheiros e caldeireiros distribuição: auxiliares de cozinha distribuição das sobras: corpo técnico e despenseiros higienização de vasilhames: auxiliares de cozinha e cozinheiros em todo o processo: mecânicos de manutenção 3 Aspectos a serem observados no processo de produção. 3.1 Aspectos organizacionais a) Administrativos: elaboração de cardápio, previsão de gêneros, requisições diversas b) Operacionais leitura, discussão e entendimento do cardápio decisão com relação ao tipo de preparos, cortes, formas de montagem preparação do local e material necessário ao pré-preparo execução do pré-preparo - ordem e higiene do ambiente estudo da forma de dispor nos tabuleiros para facilitar a distribuição 3.2 Aspectos higiênicos higiene pessoal higiene das áreas, utensílios e equipamentos higiene no pré-preparo e preparo de alimentos seleção de matéria-prima 3.3 Aspectos econômicos uso correto de equipamentos perdas no pré-preparo - fator de correção eficiência do trabalho - manejo correto de equipamento = aumento de produtividade 3.4 Equipamentos RECURSOS DIDÁTICOS: álbum seriado, projeção de slides e equipamentos AVALIAÇÃO: formal CARGA HORÁRIA: 5 horas Modelo de conteúdo de um módulo de treinamento para pessoal de UAN. AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO: A avaliação do desempenho do empregado é de extrema importância para o bom funcionamento da UAN, no entanto, se não for realizada periodicamente, objetiva e profundamente não será efetiva. Ela permite: Avaliar a eficácia do treinamento; Diagnosticar as dificuldades dos empregados e estabelecer metas para a melhora; Identificar parâmetros para promoção, demissão, futuros treinamentos e reciclagens; Avaliar o funcionário em contrato de experiência; Melhorar as relações humanas no trabalho; Fornecer as bases para política salarial; Formas de Avaliação: 1- Escala de Avaliação: expõe as perguntas e uma escala para cada, com pontuação para cada escala. Ex: Excelente (5) Acima da Média (4) Média (3) Abaixo da Média (2) Ruim (1) Assiduidade e Pontualidade X Noções de Higiene X 2- Sistema de comparação dos empregados com relação aos diversos fatores selecionados para a avaliação; 3- Avaliação por grupo de supervisores reunidos; 4- Entrevista; 5 - Observação direta do funcionário, mediante preenchimento de ficha de auto-conceito; 6- Preenchimento da ficha de mérito do funcionário pelo seu supervisor imediato; Roteiro para o Comentário da Avaliação de Desempenho com os Funcionários: 1- Explicação do objetivo; 2- Auto-avaliação: o funcionário faz a sua avaliação; 3- Avaliação do Supervisor: expõe a avaliação ao funcionário e os pontos de divergência são discutidos; 4- Planejamento: são traçados os pontos que devem ser melhorados e estipuladas as metas a serem cumpridas. RECICLAGEM Etapa em que o empregado é deslocado para outras funções no mesmo nível de dificuldades da sua e treinado nessa nova função, de forma a poder substituir eventualmente algum colega, em casos de substituição de folga, férias, afastamentos médicos, etc. Visa permitir aproveitamento de empregados nas demais funções, facilitando rodízios entre eles, o que torna o trabalho menos cansativo e rotineiro, além de e permitir adaptações. Fornece ainda subsídios para o Plano de Cargos e Salários da organização, apontando as potencialidades de cada empregado e suas possibilidades de promoção e de ascensão funcional. 1.2.1 Preenchimento dos cargos O quadro de pessoal deve-se basear no regulamento de Cargos e Salários da organização, atentando-se, no entanto, para a hierarquização, indispensável à racionalização do trabalho e ao melhor desenvolvimento das tarefas individuais. Para a admissão dos servidores, torna-se necessário observar certos requisitos básicos, exigidos para cada cargo correspondente às diferentes funções da UAN, os quais devem ser apresentados por ocasião do estágio probatório para admissão efetiva. O quadro de pessoal pode ser composto de nutricionistas, encarregados de produção (técnicos em Nutrição ou em Economia Doméstica), almoxarifes, cozinheiros (chefes e auxiliares), auxiliares de cozinha, copeiros, garçons, merendeiras, serventes e auxiliares de serviços gerais. Além dessas categorias, podem-se citar os empregados administrativos envolvidos no trabalho (secretárias, contadores, encarregados de custos, auxiliares administrativos, etc) e outras categorias eventualmente necessárias (motoristas, caldeireiros e encarregados de manutenção mecânicos, bombeiros, eletricistas, por exemplo). A figura abaixo sintetiza os atributos básicos para o exercício das funções na UAN. ATRIBUTOS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0 1 1 1 2 1 3 1 4 1 5 1 6 1 7 1º grau completo + + + + + + 2º grau completo + + + + 4ª série completa do 1º grau + + + + + aceitação de autoridade e supervisão + + + + + + + + + + + + + + + + boa aparência física + + capacidade de chefia + + + conhecimento comprovado de arte culinária + + + conhecimento comprovado na área de atuação + + + + + + + + + + + + + conhecimento das atribuições dos empregados + + + + + conhecimento de administração + cordialidade, fidelidade e franqueza + + + + + + + + + + + + + + + espírito de equidade + + experiência mínima comprovada de 1 ano + + + + + + + experiência mínima de 2 anos + + + + + + + + + facilidade de adaptação e aprendizagem + + + + + + + + + + + + + facilidade de organizar, disciplinar e supervisionar + + + formação em Nutrição + formação específica + + habilidade para dirigir pessoas + + + + habilidade para lidar com computadores + + + + + habilidade para lidar com pessoas + + + + + + sensibilidade para problemas sociais + + CONVENÇÃO: 1. nutricionistas 2. encarregados de produção (nutricionistas, técnicos em Nutrição ou em Economia Doméstica) 3. almoxarifes, 4. cozinheiros chefes 5. cozinheiros auxiliares 6. auxiliares de cozinha 7. copeiros 8. garçons 9. merendeiras 10. serventes 11. auxiliares de serviços gerais 12. secretárias 13. contadores e encarregados de custos 14. auxiliares administrativos 15. motoristas 16. caldeireiros 17. encarregados de manutenção mecânicos, bombeiros, eletricistas. Figura 6 - Atributos básicos para o exercício das funções na UAN. Nota - Além dos atributos citados, podem-se enumerar outros, que seriam comuns a todos os empregados: bom relacionamento pessoal e funcional, bons hábitos de higiene, conhecimento das normas de segurança do trabalho, conhecimento das técnicas do serviço, disciplina, espírito de cooperação, iniciativa, desembaraço, referência de bons antecedentes, saúde física e mental. 1.2.2. SOBRE A COMPOSIÇÃO E A QUALIFICAÇÃO DA MÃO-DE-OBRA DAS UANS Refletindo as mudanças pelas quais o trabalho vem passando no país, várias exigências têm sido incorporadas ao que se chama de perfil ideal de trabalhador para as unidades de alimentação e nutrição: 1] Aumento da participação dos trabalhadores qualificados no conjunto da mão-de-obra. A qualificação diz respeito à frequência de cursos profissionalizantes, contratação condicionada a um tempo de serviço considerado adequado e experiência comprovada na área de atuação. 2] Aumento das exigências de escolaridade. Por mais simples que sejam as funções correspondentes aos cargos, atualmente as exigência mínima de escolaridade é o 1 0 grau. 3] Aumento da subcontratação. Esse fato é patente na área de alimentação e nutrição pois, cada vez mais, as organizações estão se fixando na sua atividade-fim e contratando terceiros para a administração de áreas consideradas não-estratégicas. Infortunadamente, atémesmo os restaurantes de hospitais se enquadram nessa classificação. 4] Mudanças na natureza da supervisão. Partindo-se da premissa de que o empregado bem treinado e consciente do seu papel junto à equipe sabe o que fazer e como fazê-lo, a supervisão tem se concentrado na avaliação da qualidade final de processos. 5] Surgimento de novas funções na produção, manutenção e administração. Essas mudanças têm atingido com maior frequência os profissionais de níveis hierárquicos mais elevados e se relacionam principalmente com novas formas de administração. Tal tendência vem sendo forte nas empresas de refeições coletivas, onde a descentralização da administração tem exigido do nutricionista um maior grau de desempenho e de envolvimento em atividades até então centralizadas nas matrizes: contabilidade, finanças, negociação de contratos e relacionamento com clientes. 6] Repartição do trabalho de controle de qualidade entre todo o pessoal da produção. Efeito da “ideologia” da QUALIDADE TOTAL, o controle de qualidade passou a se efetuar em vários pontos do processo e não apenas na avaliação do produto final. Dentro dessa “filosofia”, a análise de perigos (ou riscos) em pontos críticos de controle é um dos procedimentos que têm sobressaído, mas não é o único. O controle de qualidade tem na Microbiologia uma das suas bases, mas também é dependente de vários outros fatores: começa pela capacitação do empregado (educação, treinamento, integração e consciência) e passa pelo leiaute das instalações, pelo padrão de trabalho adotado e pela chamada “melhoria contínua” de processos e de pessoas. 7] Polivalência, ou seja, o conhecimento que o empregado venha a ter do trabalho do outro, proporcionando condições de total aproveitamento do seu tempo. Atualmente o empregado é treinado para assumir a função de outros trabalhadores se e quando necessário. 8] Redução da intervenção direta sobre os equipamentos, aumentando a importância de tarefas de vigilância e controle. Resultado da automação e da informatização das linhas de produção, essa ocorrência ainda não teve maiores impactos sobre o trabalhador de unidades de alimentação e nutrição, a não ser em função de alguns poucos equipamentos que surgiram nos últimos anos, principalmente processadores de alimentos e fornos combinados eletrônicos. 1.2.3.O GERENTE DE HOJE - RUMO À FLEXIBILIDADE As tentativas contemporâneas de definição do papel gerencial passam necessariamente pela palavra LIDERANÇA, o componente gerencial mais evidenciado nos últimos anos, sendo visto como um poderoso instrumento para a manutenção da influência e do poder dos gerentes. Segundo MOTTA4 (1995), a teoria gerencial moderna se tem concentrado na proposição de comportamentos que transformem os dirigentes em líderes, antes mesmo de tentar explicar a natureza da liderança. Da conceituação genérica de liderança como um processo através do qual um indivíduo influencia outros a se comprometerem com a busca de objetivos comuns (MOTTA, 1995: 210), evoluiu-se para três correntes teóricas sobre o assunto (CARBONE, 1992): 1) A primeira perspectiva se refere à existência de um estilo “ideal” de liderança. 4 CARBONE, P. P. Desenvolvimento gerencial: correntes teóricas sobre gestão e liderança que dominaram as últimas décadas. O que privilegiar? ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO, 16, 1992. Anais... Salvador: Anpad, 1992. MOTTA, P. R. Gestão contemporânea: a ciência e a arte de ser dirigente. 5. ed. São Paulo: Record, 1995. 2) A segunda perspectiva prevê uma liderança situacional, em que o melhor estilo de liderança irá depender da especificidade das situações. 3) Numa terceira corrente, por sua vez, os horizontes gerenciais são ampliados no espaço e no tempo. É a chamada GERÊNCIA ESTRATÉGICA, a qual, embora reconhecendo a importância de vários aspectos comportamentais para a formação de um bom perfil gerencial, incluindo a liderança, vem destacar qualidades que considera mais decisivas: a adaptabilidade e a flexibilidade. Segundo essa perspectiva, o gerente deve se concentrar também no exterior, no futuro e na totalidade da organização. Tratando da evolução histórica do papel gerencial, ANSOFF (1987)5 afirma que o momento atual configura um ponto de entroncamento no cenário do futuro da educação gerencial. Partindo da constatação de que as tarefas da administração não estão sendo substituídas, mas sim aumentadas, o autor conclui que serão necessários gerentes com novas aptidões para introduzir as mudanças, com a exigência de que mantenham as aptidões anteriores para explorar as conseqüências dessas mudanças num mercado lucrativo. Na sua concepção, não se pode pretender que um único indivíduo venha a abarcar o leque de aptidões, habilidades e conhecimentos necessários ao novo perfil de gerente geral completo pós- industrial: “Abaixo do nível de gênio, esses requisitos excedem de muito a capacidade, mesmo de um indivíduo notável, e a amplitude da perspectiva no tocante aos problemas é muito maior que os limites de sua razão.” (ANSOFF, 1987: 203). Para atuar nesse novo cenário, o autor sugere a figura do GERENTE DIFERENCIADO, que deverá ser um generalista sem, no entanto, abrir mão de traços particulares, habilidades especiais e perspectiva ímpar. Sua especialidade será o processo administrativo, mas ele deverá deter um conhecimento suficiente de disciplinas, tecnologias e especializações que favoreçam a administração do setor ou da empresa de que é titular. “Saberá avaliar a importância do conhecimento especializado para a administração, como conseguir informações necessárias, como selecionar a melhor maneira de resolver problemas e como interpretar os resultados. Será um expert no uso de experts e sua entrada em cena possibilitará a canalização do fluxo de especialidades para o processo administrativo. Em vez de abolir a necessidade de conhecimento especializado, o especialista-generalista aumentará a necessidade da função do especialista. (ANSOFF, 1987: 205). Tal previsão se refere a gerentes que deverão ter conhecimento e perspectiva mais ampla do que os generalistas, além de mais habilidades do que os especialistas. Em certa medida, essa idealização de gerente diferenciado remete a um antigo debate em torno da IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO TÉCNICO E DAS ESPECIALIDADES PROFISSIONAIS PARA O EXERCÍCIO DA FUNÇÃO GERENCIAL. Autores como DRUCKER (1955), KOONTZ e O’DONNELL (1968) e 5 ANSOFF, H. I. O gerente de estratégia - o gerente mutável. In: ANSOFF, H. I., DECLERCK, R. P., HAYES, R. L. Do planejamento estratégico à administração estratégica. São Paulo: Atlas, 1987. Cap. 4, p. 191 - 236. MINTZBERG (1973) consideram que a função gerencial não requer formação profissional específica ou especialização na área de atuação do gerente: UM BOM GERENTE SERIA AQUELE QUE SABE UTILIZAR AS HABILIDADES TÉCNICAS DE OUTROS TRABALHADORES. Em posição oposta, vários autores desde TAYLOR e FAYOL vêm afirmando que A ATUAÇÃO SATISFATÓRIA DE UM GERENTE PASSA NECESSARIAMENTE PELO CONHECIMENTO TÉCNICO ACERCA DO PROCESSO PRODUTIVO DO SETOR QUE ELE SUPERVISIONA. O conhecimento técnico seria, ainda, um importante instrumento de legitimação da autoridade desse gerente pelos trabalhadores. Em pesquisa realizada por MARQUES (1993)6 ficou clara a importância do conhecimento técnico para a promoção de engenheiros em carreira gerencial em empresas brasileiras. Mais do que isso, os resultados a que o autor chegou sugerem que, a despeito de estarem envolvidos com atividades em que predomina a funçãoadministrativa, OS PROFISSIONAIS EM CARGOS DE GERÊNCIA NOS NÍVEIS MAIS ELEVADOS DA ESTRUTURA HIERÁRQUICA PRECISARAM PROVAR COMPETÊNCIA TÉCNICA NAS ÁREAS SOB SUA SUPERVISÃO PARA SEREM PROMOVIDOS A TAIS CARGOS. Parece ser comum ao nutricionista a situação identificada nesse trabalho, haja vista o conteúdo do trabalho que eles vêm desempenhando ao longo do tempo, cujos requisitos passam tanto pela atuação como especialistas em Nutrição (WOLKOFF, 1989: 208)7 quanto pelo desempenho de funções administrativas e gerenciais. Além das possíveis implicações que o desempenho de atividades até certo ponto tão distintas pode ter no processo de inserção dos nutricionistas na estrutura organizacional, acrescentam-se as características próprias da categoria profissional dos gerentes, inseridos num universo complexo de contradições nos níveis pessoal, geracional e dos seus papéis, a começar pela heterogeneidade da sua formação e pela ausência de reconhecimento como grupo. Realçando o quadro de contradições e ambiguidades que perpassa a carreira dos gerentes, o grupo ainda se caracteriza pela falta de uma identidade social que possibilite uma inserção mais precisa na estrutura dual de classes do sistema capitalista8. 6 MARQUES, A. L. The work situation and class position of brazilian engineers. The University of Aston in Birmingham, 1993 (Tese, Doutorado). 7 WOLKOFF, D. B. Gerência e serviços de alimentação. R. Nutr. PUCCAMP. Campinas, v. 2, n. 2, p. 202 - 211, jul./dez. 1989. 8 MOTTA, P. R. Gestão contemporânea: a ciência e a arte de ser dirigente. 5. ed. São Paulo: Record, 1995. O GERENTE VELHA GUARDA JOVEM EXECUTIVO FORMAÇÃO formação empírica no seio da empresa curso superior O INDIVÍDUO NAS ORGANIZAÇÕES visão bipolar; agentes de concepção e agentes de execução sistema trinitário: agentes empreendedores, agentes de gestão e agentes de execução ATRIBUTOS lealdade, gratidão à organização competência técnica; contemporaneidade tecnológica COMO VÊEM A ORGANIZAÇÃO fonte de significados; entidade autônoma que transcende a existência dos indivíduos instância para trocas; palco para a carreira solo SISTEMA SOCIAL capital, trabalho e classe média indivíduos competentes ou não VISÃO DA FUNÇÃO GERENCIAL mediatizar as relações entre capital e trabalho; zelo pelos interesses do capital; dedicação baseada na relação custo/benefício CONDUÇÃO DA CARREIRA fidelidade e ética em troca de carreira ascensional programada, lenta mas garantida; desenvolvem uma série de estratégias de reconversão para se manterem atualizados e garantirem legitimidade às suas pretensões de carreira “yuppies” dos anos 80; senso de antecipação e iniciativa própria na condução da carreira; sem preocupações éticas; impacientes, individualistas e irreverentes; não se prestam à fidelidade ritual vista nos seus antecessores RELAÇÃO PRIVADO E PÚBLICO articulam vida privada e vida profissional como sendo uma mesma instância dicotomia e separação entre vida privada (impenetrável) e pública COMO SE POSICIONAM meio termo entre capital e trabalho “servir e servir-se” COMO SE MOSTRAM o autodidatismo é capital cultural de difícil reconhecimento, representando um pecado original a ser expurgado possuidores de um cacife próprio e de uma capacidade de barganha individual frente às empresas; pretendem um futuro independente VISÃO DA ESTRUTURA SOCIAL mundo segmentado onde as possibilidades de cada um estão pré-determinadas por fatores incontroláveis sem barreiras intransponíveis “... as chances estão por aí, são para quem quiser aproveitá-las...” “CABEÇA-FEITA” “pela herança patrimonialista-estamental da sociedade brasileira” pela idéia de mercado Figura 7 - O conflito geracional dos gerentes. 2.1.4. O NUTRICIONISTA E A GERÊNCIA DE RECURSOS HUMANOS Ao analisar o trabalho dos nutricionistas em serviços de alimentação, verifica-se uma multiplicidade de ações desempenhadas simultânea e conjuntamente. Pela própria natureza do trabalho e pela posição de chefia que esse profissional assume nas organizações, requer-se uma atuação técnica que se mescla, em maior ou menor grau, com atividades administrativas. ATIVIDADES TÉCNICAS D E S C R I Ç Ã O Atendimento ao Consumidor quanto à produção e ao funcionamento da unidade. Dietoterapia e Orientação dietética atendimento individualizado para aconselhamento dietético e elaboração de dietas. Atividades educacionais palestras, painéis e seminários sobre nutrição e alimentação. Auditoria técnica checagem do trabalho dos gerentes e coordenadores de unidades. Balanceamento de cardápios adequação dos cardápios às necessidades nutricioniais dos usuários do restaurante, estabelecendo pesos e medidas per capita. Campanhas de saúde junto aos trabalhadores da unidade e aos das empresas contratantes. Ênfase em nutrição, higiene, prevenção de doenças, prática de atividades físicas. Controle de qualidade quanto aos padrões estabelecidos: conteúdo nutricional, pesos e medidas, aspectos higiênico- de produtos sanitários. Controle Microbiológico das matérias-primas, dos manipuladores, das instalações, do ambiente, vigilância sanitária. Elaboração de normas técnicas para aquisição de matéria-prima, para uniformização do trabalho, normas de conduta e de higiene. Orientação nutricional trabalho educativo. Orientação técnica quanto à seleção e ao preparo de alimentos. Padronização de processos racionalização dos processos de produção. Padronização de produtos elaboração de receitas: componentes alimentares, per capitas, orientação técnica do preparo, rendimento, tempo de produção, custos, equipamentos utilizados, cardápios a que se destinam. Pareceres técnicos sobre produtos alimentícios, insumos e serviços contratados. Planejamento de cardápios elaboração dos cardápios da unidade com base nas necessidades nutricionais dos usuários e no seu padrão socioeconômico. Responsabilidade técnica pelo Programa de Alimentação do Trabalhador, pelo setor ou unidade que comanda, pela produção e pelo trabalho dos subordinados. supervisão técnica das unidades de produção. Treinamento técnico-operacional dos trabalhadores; orientação de estágios para estudantes. Figura 8 - Atividades técnicas constantes do trabalho dos nutricionistas em unidades de alimentação e nutrição 9. 9 ANSALONI, J. A. Situação de trabalho dos nutricionistas em empresas de refeições coletivas de Minas Gerais. Belo Horizonte: CEPEAD/FACE/UFMG, 1996 (Dissertação, mestrado). Á R E A ATIVIDADES ADMINISTRATIVAS D E S C R I Ç Ã O RECURSOS HUMANOS Administração de pessoal estabelecer tarefas, rotinas e escalas de serviço; controlar horários e freqüência dos trabalhadores Avaliação de pessoal avaliar o desempenho. Chefia de pessoal liderar trabalhadores. Desenvolvimento de pessoal treinamento. Dimensionamento de RH necessários às operações, em todas as suas etapas. Direção chefia da empresa ou de sua filial na região. Gerência de unidade chefia de uma unidade de produção. Organização do trabalho normas, critérios e procedimentos; divisão do trabalho Promoção de pessoal treinamento, ensino, motivação e qualificação. Recrutamento recrutamento interno e externo. Seleção de pessoal aplicação de entrevistas, teste e provas práticas. PRODUÇÃO Administração de material dimensionar matérias-primas, insumos e serviços; contratarserviços; compras. Apoio operacional assessoria administrativa às unidades, representação junto às matrizes e outros departamentos das empresas. Controle de estoques controle do setor de almoxarifado, aquisições e consumo de matérias- primas e insumos. Coordenação das operações acompanhamento da produção das refeições. Supervisão das operações na unidade. Supervisão. das unidades supervisão de operações. FINANÇAS Apuração e controle de custos contabilidade e registros diários. Negociação processos de compras. Negociação de contratos com empresas contratantes, para prestação do serviço. COMERCIAIS MARKETING / RELAÇÕES Orçamentos em concorrências. Assistência ao cliente relações com os contratantes. Relações comerciais com fornecedores e prestadores de serviços. Relações públicas porta-voz da empresa. Figura 9- Principais atividades administrativas constantes do trabalho dos nutricionistas em unidades de alimentação e nutrição 10. FONTE - dados de pesquisa, 1996. Dentre as atividades ditas administrativas, uma das mais importantes e talvez a mais difícil diz respeito às relações que ele necessita estabelecer e manter com a organização e, principalmente, com os empregados sob sua orientação. No caso desses últimos, trata-se da chamada GERÊNCIA DE RECURSOS HUMANOS, uma atividade condicionada tanto pelo tipo de atividade, pela história e pela cultura de cada organização quanto pela diversidade dos componentes do grupo de trabalho sob a sua supervisão. A importância do conhecimento acerca de RECURSOS HUMANOS pode ser percebida na FIG.22, pois essa é a área administrativa que determina um maior número de atribuições para o nutricionista11. Poder-se-ia dizer que, mesmo que a informatização e a automação das unidades de alimentação e nutrição force alguma redução do quadro de pessoal, pelo menos qualitativamente permanece inalterada a necessidade do elemento humano na consecução de todas as operações produtivas. 10 idem. 11 contraditoriamente, é uma das suas maiores dificuldades, atribuída pela maioria a uma deficiência dos cursos de graduação em Nutrição, que não lhes estaria preparando para as relações de trabalho (ANSALONI, 1996). Tradicionalmente a gerência de RH ficava circunscrita a um limite burocrático (e pejorativo) imposto desde o início da administração científica: a maior parte das suas ações seguia um padrão preestabelecido para todos os membros da organização, caracterizando o setor como aquele encarregado de “arrebanhar” pessoas para a organização, orientando-os segundo padrões autoritários de atuação e controlando-os de forma sistemática e intensa mas, na maioria das vezes, distante e impessoal. Dos chefes, supervisores e gerentes esperava-se a observância das diretrizes gerais e a condução do pessoal segundo os mandamentos da racionalidade administrativa. Tal como vista hoje, a gerência de recursos humanos abrange novas perspectivas, exigindo muito mais do que uma mera administração de pessoal. Nesse novo cenário, o gerente passa a se envolver com a sua equipe, a representá-la perante a organização, criando vínculos até então insuspeitos ou sequer permitidos. Da mesma forma, a figura do gerente se difunde aos vários níveis da organização, numa frontal mudança do paradigma clássico, que qualificava o gerente como o dirigente, aquele semideus que ocupava o nível institucional, o topo da hierarquia dentro da organização e se responsabilizava pela formulação de estratégias de ação e de políticas sem maiores relações com o pessoal, senão aquelas “estritamente necessárias”. Em suma, especialmente no trabalho dos nutricionistas na gerência de unidades de alimentação e nutrição, verifica-se que um dos pré-requisitos é o envolvimento com a equipe, num grau até maior do que se verificaria em outros processos produtivos. Tal circunstância é determinada por vários aspectos e peculiaridades do trabalho: 1- nas UANs o nutricionista desempenha atividades simultaneamente técnicas e administrativas, o que o coloca numa posição ambígua diante da equipe. Como técnico, seu saber e sua atuação o aproximam da equipe. Como administrador (GERENTE), suas ações e atribuições (chefia, supervisão, controle) o distanciam dos empregados, que passam a vê-lo como representante da empresa (o fiscal, o patrão...). 2- Embora esse tipo de atuação simultaneamente técnica e gerencial não ocorra exclusivamente com nutricionistas, cabe ressaltar que esse é um exercício na maioria das vezes solitário: não é comum a existência de mais de um nutricionista nas organizações que mantêm serviço próprio. Da mesma forma, em empresas de refeições coletivas o trabalho é descentralizado. Além da “solidão intelectual”, isso representa intensificação do trabalho e maiores esforços na coordenação e na supervisão12. 12 até por motivos higiênicos, a UAN é relativamente isolada do restante da organização. 3- O produto do trabalho é algo extremamente perecível; por isso todos os processos de trabalho têm de ser estabelecidos criteriosamente em termos de orientação técnica, de tempos e de prazos para sua execução. Essas particularidades exigem maior coesão da equipe. 4- Ainda quanto a esse aspecto, é importante frisar a diferença entre o processo de trabalho de uma UAN e as demais atividades das organizações. Ao contrário da produção de bens duráveis ou de tarefas administrativas, a produção de refeições não pode atrasar e parar; o produto não pode ser estocado indefinidamente. Novamente se evidencia a necessidade de grande sintonia entre a equipe. 5- Por fim cabe ressaltar, no caso do trabalho em empresas de refeições coletivas, a situação de inserção numa organização que não é a sua empregadora (em outras palavras, lidar simultaneamente com dois modelos de organização do trabalho, com duas formas de relações humanas no trabalho, enfim dois interesses que podem não ser os mesmos13). Cabe aqui um comentário sobre remuneração: um dos efeitos mais negativos da terceirização tem sido a queda na remuneração. É comum a ocorrência de expressivas diferenças salariais entre empregados de empresas prestadoras de serviço e empregados das contratantes, executando a mesma atividade. Essa é uma fonte externa de conflito que exerce grande influência sobre a produtividade da equipe 13 ou serão três ? O interesse do profissional (Nutrição e ética), da empresa contratante (satisfação “alimentar” dos seus empregados) e da empresa de refeições coletivas (lucro). 2. HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO 2.1 HIGIENE DO TRABALHO A expressão HIGIENE DO TRABALHO diz respeito a um conjunto de normas e procedimentos destinados à preservação da integridade do trabalhador, protegendo-o dos fatores de risco à saúde associados ao seu trabalho tanto as tarefas que ele executa no seu cargo quanto o ambiente físico onde elas ocorrem. Nesse sentido, a higiene do trabalho tem como principal objeto de estudo as formas de prevenir doenças ocupacionais que podem acometer um indivíduo, geralmente desencadeadas por fatores presentes no ambiente de trabalho. É uma atividade preventiva da saúde e do conforto do trabalhador, que visa impedir a instalação ou o agravamento de doenças, além dos conseqüentes afastamentos dos empregados. Para conseguir alcançar tais objetivos, a organização deve planejar um conjunto de atividades de prevenção, que passa necessariamente por três abordagens: atividades educativas, com indicação dos perigos existentes, formas de evitá-los e alternativas de processos de trabalho; monitoramento constante dos riscos existentes; pesquisa de material e de processos a serem utilizados. Paralelamente, é importante que a organização estipule um plano de higiene do trabalho que norteie as atividades de prevenção e de atendimento aos empregados. Um modelo de plano básico está indicado na FIG. 29, juntamente com as principais atividades a serem desenvolvidas ou fomentadas. I T E M E L E M E N T O S A P R E V E R SERVIÇO MÉDICO (DA PRÓPRIA ORGANIZAÇÃ O OU CONTRATADO S) exames admissionais e exames periódicos (revisão e check-up), primeiros socorros, cuidados quanto a doenças profissionais, eliminação ou controle de áreas insalubres, sistema de informação (registros médicos), promoção e supervisão da higiene. PREVENÇÃO riscos físicos (ruído, temperatura, radiação), prevenir o surgimento de doenças ou lesões, reduzir os efeitos prejudiciais do trabalho em indivíduos doentes ou portadores de deficiência física, eliminar as causas das doenças profissionais, manter a saúde do trabalhador, manter / aumentar a produtividade Figura 1 - Principais objetivos da higiene do trabalho. DE RISCOS À SAÚDE riscos químicos ( intoxicações, dermatoses industriais), riscos biológicos (microrganismos e outros agentes biológicos). SERVIÇOS ADICIONAIS campanhas informativas e educativas, visando à mudança de hábitos de vida (higiene, nutrição e saúde); convênios médico-hospitalares; previsão de cobertura financeira para casos de afastamento prolongado do trabalho (planos de seguro de vida em grupo ou de seguro médico em grupo); sistema de informações intradepartamental (para identificar sinais de desajustamento dos empregados ao trabalho, à equipe e aos horários, possibilitando mudanças); extensão de benefícios médicos a aposentados e a familiares dos empregados. Figura 2 - Componentes de um plano de higiene do trabalho. Em qualquer atividade o empregado está sujeito a várias influências, dentre as quais se pode destacar as condições sociais sob as quais o seu trabalho se dá: seu status na organização, sua especialização e suas relações com a equipe e com os superiores, dentre outros. Outra influência a que ele está sujeito são as condições de tempo (a jornada de trabalho, as horas extraordinárias, os períodos de descanso). Embora as condições sociais e de tempo sejam importantes no contexto do desempenho profissional, a higiene do trabalho prioriza o estudo e a adequação das condições ambientais de trabalho as condições atmosféricas, o ruído, a iluminação e a ergonomia, além de outras circunstâncias físicas que envolvem o empregado na organização, incluindo os agentes físicos, biológicos e químicos presentes no ambiente de trabalho. 1 CONDIÇÕES ATMOSFÉRICAS: temperatura, umidade, condições tóxicas, composição e movimentação do ar (ventilação),. Nesse aspecto, devem-se ressaltar os níveis anormalmente elevados ou baixos de temperatura (FIG. 30). TEMPERATURA E L E V A D A M U I T O B A I X A POSSÍVEIS CONSEQÜÊNCIAS PARA O EMPREGADO desconforto térmico fadiga, perda excessiva de água e cloreto de sódio, ocasionando cãibras; distúrbios no mecanismo nervoso de termorregulação (hipotálamo sudorese e vasodilatação cutânea). queimaduras pelo frio (gela-duras), congelamento de membros e áreas salientes do corpo, ulcerações do frio (frieiras). FORMAS DE PREVENÇÃO ventilação geral difusora (sistema de exaustão), revezamento e intermitência do trabalho, utilização de roupas apropriadas (leves e arejadas, de material poroso), Aclimatação progressiva, utilização de equipamento de proteção individual, manutenção de um bom estado nutricional, com alimentação hidratação e reposição de cloreto de sódio, manutenção de bom estado nutricional, evitar a ingestão de bebidas alcoólicas, aclimatação do empregado. hipercalórica. Figura 3 - Principais efeitos da variação de temperatura no ambiente de trabalho e formas de prevenção de danos à saúde do trabalhador. 2 Ruído e Iluminação: já foram comentados na aula de ambiência. 4 ERGONOMIA: trata das relações entre o homem e os coadjuvantes do seu trabalho. seus instrumentos de trabalho (peças, ferramentas, equipamentos e mobiliário), a forma de lidar com o material de trabalho levantamento, transporte e descarga, as condições ambientais do posto de trabalho, a organização do processo de trabalho. Obs.: a esse respeito, existe regulamentação do Ministério do Trabalho (Norma Regulamentadora no 17 e Portaria 3.751, de 23 de novembro de 1990). 5 AGENTES FÍSICOS, BIOLÓGICOS E QUÍMICOS. Dentre os principais danos à saúde causados por esses agentes, podem-se citar as dermatoses ocupacionais, as queimaduras e as intoxicações. Dermatose ocupacional é toda alteração da pele, das mucosas e anexos causada direta ou indiretamente, condicionada, mantida ou agravada por elementos utilizados na atividade profissional ou existentes no ambiente de trabalho. AGENTES ELEMENTOS OCORRÊNCIAS POSSÍVEIS FÍSICOS CALOR dermatoses ocupacionais, queimaduras 10 grau (lesão da epiderme) 20 grau (lesão superficial ou profunda da derme) 30 grau (lesão subcutânea - músculos e ossos); urticárias localizadas ou difusas. BIOLÓGICOS BACTÉRIAS, FUNGOS, VÍRUS, VEGETAIS E TOXINAS dermatoses ocupacionais, intoxicações e patologias diversas. QUÍMICOS SABÕES, DETERGENTES, METAIS, PESTICIDAS, SOLVENTES, RESINAS dermatoses ocupacionais, intoxicações. Figura 4 - Principais elementos causadores de danos à saúde do trabalhador e suas possíveis consequências. Conforme se pode depreender, a higiene do trabalho mantém relação direta com a segurança do trabalho, uma vez que seu objeto de estudo são as formas de prevenir doenças ocupacionais desencadeadas por fatores presentes no ambiente de trabalho e que, adicionalmente, podem colocar em risco a segurança dos trabalhadores. 2.2 SEGURANÇA DO TRABALHO O Brasil detém o lamentável título de um dos recordistas mundiais de acidentes de trabalho, tendo atingido a média de 10 acidentes por minuto, 5.000 óbitos por ano e mais de 15 mil aposentadorias por invalidez permanente em 1993. Razões para esse quadro alarmante devem ser buscadas inicialmente na precariedade da formação educacional dos brasileiros, passando pela seleção inadequada da mão-de-obra e se traduzindo, na maioria das organizações, numa situação que combina negligência, escassez de investimentos em treinamento dos empregados, falta de equipamento de proteção no trabalho, inadequação dos instrumentos e equipamentos de trabalho, além de falta de organização e planejamento do trabalho, a qual determina ritmos intensos de trabalho e jornadas prolongadas para grande parcela dos empregados. A segurança do trabalho é definida como o conjunto de medidas educacionais, técnicas, médicas e psicológicas adotadas com o objetivo de prevenir acidentes. Sua implementação passa necessariamente pela adoção de atitudes preventivas por parte dos empregados e pela eliminação das condições inseguras do ambiente de trabalho pelo empregador. A segurança é uma responsabilidade de linha e uma função de staff, ou seja, cada chefe, supervisor ou gerente é responsável pelos aspectos de segurança de sua área de atuação, apesar de existir, em cada organização, um órgão de assessoria na área de segurança. desenvolvimento dos padrões de
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