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Semana 4

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Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 1ª Vara Criminal da comarca de nova friburgo-RJ
Processo Nº ...
Tício... já devidamente qualificado nos autos, vem por sua advogada in fine assinada, com endereço profissional à ..., oferecer 
ALEGAÇÕES FINAIS
Com fulcro no artigo 411, §3º do CPP em ação penal promovida pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, pelos fatos e razões a seguir aduzidos.
Breve relato dos fatos
Após um dia exaustivo de trabalho o acusado, preocupado com a sua colega de trabalho, ora suposta vítima, que se encontrava grávida, resolveu ajudá-la com uma carona solidária. 
Ocorre que no dia do fato aconteceria uma partida de futebol do seu time favorito, como qualquer torcedor o acusado acabou imprimindo velocidade maior do que a suportada pela via e INFELIZMENTE aconteceu um acidente automobilístico no qual a maior de todas as vítimas foi o bebezinho de sua amiga de trabalho, já que a mãe nada sofreu em seu corpo, porém uma tragédia assolou a vida de ambos, acusado e vítima, a gravidez de sua amiga foi interrompida, embora a mãe nada tenha sofrido fisicamente.
Fato é que todos em um momento de ansiedade acabam por imprimir velocidade maior que a suportada pela via, sendo certo que ninguém tem o DOLO de matar alguém quando age dessa maneira, muito menos se esse alguém é um bebezinho tão desejado e aguardado.
Dos fundamentos
Ao tribunal do Júri compete julgar os crimes DOLOSOS contra a vida. 
Acidente, como o próprio nome diz não há a intenção de ocorrer, no dicionário temos como significado para acidente: 
“Um acidente é um evento inesperado e quase sempre indesejável que causa danos pessoais, materiais, danos financeiros e que ocorre de modo não intencional (grifo nosso). Exemplos físicos incluem colisões e quedas indesejadas, lesões por tocar em algo afiado, quente, elétrico ou ingerir veneno. Exemplos não-físicos são revelar um segredo não intencionalmente, esquecer um compromisso, etc. Se os resultados dessa negligência eram previsíveis e não foram tomadas as precauções necessárias para evitá-la, a pessoa pode ser responsabilizada por eventuais consequências de tal negligência. Em um "acidente", ninguém pode realmente ser responsabilizado porque o acontecimento é imprevisível ou muito pouco provável, apesar de que o causador, mesmo involuntariamente, pode ter que ressarcir o bem danificado. Muitas vezes os acidentes são investigados para que seja possível aprender a evitá-los no futuro. Isso é muitas vezes chamado análise das causas, mas geralmente não se aplica aos acidentes que não pode ser previsto com o mínimo de certeza.” 
A própria definição do dicionário é capaz de elucidar que não se trata de competência do tribunal do júri.
Diante do Exposto, na forma do artigo 415, III do CPP requer a absolvição pelo fato não constituir ilícito penal.
Na forma do artigo 5º, XXXIX da CF clama-se pela devida justiça, uma vez que não constitui crime o fato imputado ao acusado.
A jurisprudência entende que na ausência de dolo não há competência para o Júri: “HC 06265918320158060000 CE 0626591-83.2015.8.06.0000”
“HABEAS CORPUS. ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO SEM O CONSENTIMENTO DA GESTANTE. PEDIDO DE TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. ATIPICIDADE DA CONDUTA POR AUSÊNCIA DE DOLO. INVESTIGAÇÃO FÁTICO-PROBATÓRIA INVIÁVEL NA VIA ESTREITA DO HABEAS CORPUS. ANÁLISE A SER REALIZADA PELO JUIZ DO CASO, APÓS O SUMÁRIO DA CULPA. CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA. CORRETA ADOÇÃO DO RITO PROCEDIMENTAL DO TRIBUNAL DO JÚRI. NULIDADE, POR CARÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO, DA DECISÃO QUE REJEITOU A TESE DE ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA. WRIT DEFERIDO EM PARTE.”
Em um artigo publicado Giselle Cristina Lopes perfeitamente elucida quais são os elementos subjetivos do Crime de aborto: 
“5. O elemento subjetivo do crime
Como é estudado na parte geral do curso de Direito Penal, elemento subjetivo diz respeito a vontade do agente. No caso do aborto, é o dolo, que pode ser tanto direto quanto eventual.
Dolo direto é a livre e consciente vontade de praticar a interrupção da gravidez. Dolo eventual é quando, mesmo não querendo o resultado aborto ou tendo dúvida da gravidez, o agente assume o risco da ocorrência do crime. Segundo Cezar Roberto Bitencourt (2000, p.526): “Matar mulher que sabe estar grávida configura também o crime de aborto, verificando-se, no mínimo, dolo eventual; nessa hipótese, o agente responde, em concurso formal, pelos crimes de homicídio e aborto. Se houver desígnios autônomos, isto é, a intenção de praticar os dois crimes, o concurso formal será impróprio, aplicando-se cumulativamente a pena dos dois crimes, caso contrário será próprio e o sistema de aplicação de penas será o da exasperação”.
Neste caso, não existe a modalidade de aborto culposo, sendo então atípico.”
Mais uma vez pode-se observar que não se trata de um fato típico.
Dos Pedidos
Diante do exposto requer a absolvição sumária e o imediato arquivamento do processo.
Nestes termos, pede deferimento.
Nova Friburgo, 14 de fevereiro de 2017.
___________________
Advogada
OAB/XX

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