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Aula 4 Planejamento e Gestão uma Relação Produtiva

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Aula 4: Planejamento e Gestão: uma Relação Produtiva
No cotidiano das escolas, em especial no final e início de ano, é realizada uma série de atividades como preencher formulários com objetivos, conteúdos, estratégia, avaliação, indicação de livros didáticos etc. Outras vezes, os professores são convocados para discutirem a proposta pedagógica da escola. O que se percebe, no entanto, é que com frequência essas atividades são feitas quase que mecanicamente, cumprindo prazos e rituais formais, vazios de sentido. É muito comum o professor considerar tudo isso como mais uma burocracia... (Vasconcellos, 2000, p. 15-16).
Acreditamos que essas considerações apresentadas por Celso Vasconcellos na tela anterior podem alimentar um bom debate já que elas sugerem muitas questões, como, por exemplo:
Celso Vasconcellos
O autor tem razão quando afirma que na maioria das vezes o ato de planejar na escola é mecânico?
E, caso seja verdade, por que isso acontece? Ocorre em todas as escolas?
Até que ponto a direção da escola é responsável por transformar o momento do planejamento em uma situação meramente formal ou burocrática?
Ou, em outras palavras, até que ponto os diretores e coordenadores usam o planejamento como um mecanismo de controle?
Ou são os professores que, na verdade, são demasiadamente resistentes à elaboração do planejamento?
Existe possibilidade de mudar esse quadro?
Certamente essas questões vistas nas telas anteriores não têm uma única resposta. A complexidade das questões e mesmo a pluralidade dos contextos sugerem que cada caso é um caso. Certamente a situação é diferente em cada escola.
Algumas podem estar vivendo situações bastante adversas, onde as relações entre a direção, a equipe técnico-pedagógica, os professores, os alunos e os demais sujeitos que participam da vida escolar são problemáticas, em constantes conflitos, enquanto outras escolas estão buscando construir relações menos autoritárias, mais democráticas e outras, por sua vez, já alcançaram um estágio mais avançado com uma vivência pautada pela construção coletiva, pela parceria, com descentralização do poder.
Mas seja qual for o estágio em que a escola se encontra, o tema do planejamento como instrumento de gestão nos parece ser bastante pertinente, uma vez que o ato de planejar (considerado como um processo permanente e não apenas circunscrito a alguns momentos no início e/ou no final do ano letivo) pode ser uma boa oportunidade não só para o grupo interagir em torno da construção/atualização da proposta da escola, como também para “afinar” concepções, ideias, opiniões, construindo consensos (mesmo que provisórios), na perspectiva do alcance de metas e objetivos comuns.
Essa certamente não é uma situação comum, ou seja, um grupo integrado, caminhando na mesma direção: construir e fazer acontecer uma escola que responda às exigências de seus alunos, em consonância com a construção de uma sociedade mais justa, democrática e solidária. Todavia, os momentos dedicados à elaboração do planejamento, à sua implementação e às suas constantes revisões e/ou atualizações podem se constituir em boas oportunidades para tecer tal integração. Em outras palavras, podem se constituir em boas oportunidades para se tecer uma gestão democrática da escola.
Ser desenvolvido- Mas já sabemos (as nossas reflexões ao longo das três primeiras aulas nos forneceram alguns subsídios nessa direção) que, para que esta integração seja possível, é necessário que o planejamento em seus diferentes níveis aconteça marcado por alguns princípios básicos como, por exemplo:
Ser pensado- Ser pensado para além de sua dimensão instrumental, entendido, inclusive como um instrumento político, na medida em que expresse as intenções, os princípios e as finalidades da escola.
Ser elaborado- Ser elaborado de modo participativo, acolhendo, discutindo e incorporando no processo do planejamento as propostas construídas de modo coletivo pelos diferentes sujeitos que participam da vida escolar.
Ser construído- Ser construído em diálogo com a realidade intra e extraescolar.
Ser desenvolvido a partir de um “horizonte comum”, tendo presente as questões: por quê?, para que?, qual contexto?, a serviço de quem?, que realidade transformar?
Por sua vez, não podemos colocar no planejamento toda a responsabilidade pela realização de uma gestão democrática – ele pode ser sim (dependendo de seus princípios e do modo como é apropriado pela escola) ser um instrumento, um mecanismo ou uma estratégia para fomentar e dar sustentação a uma gestão, cujo poder seja mais partilhado e/ou mais descentralizado, com participação dos seus diferentes grupos nos diversos processos decisórios.
Contudo, é necessário ter vontade política e acreditar que esse processo pautado por relações menos hierarquizadas é mais rico e pode construir um trabalho mais adequado, fruto do diálogo entre os sujeitos que integram a comunidade escolar.
Sobre a gestão democrática e o planejamento participativo na escola
Ninguém mais duvida do fato de que a sociedade atual vive em constantes processos de mudanças e/ou transformações, provocadas por inúmeros fatores como, por exemplo: a existência, sem precedentes, de uma revolução tecnológica e das comunicações que afeta, entre outros aspectos, os chamados processos de produção, disseminação e consumo de conhecimentos; a globalização da sociedade que atinge os sistemas produtivos, de organização do trabalho e o próprio modelo vigente de desenvolvimento econômico, gerando inclusive exclusão social; as mudanças de paradigma que afetam a própria produção científica e do conhecimento; a crise ambiental, a crise ética, entre outros aspectos ou fatores.
E é nesse mesmo contexto desafiador que se insere a instituição escolar. Um contexto sociopolítico e cultural tão desafiador que, segundo entendemos, está exigindo a reinvenção da escola e, consequentemente, está exigindo uma nova maneira de gerir esta escola reinventada. Para nós esse contexto é tão complexo e plural que 
não existiria uma única maneira ou um único formato de conceber e fazer acontecer a escola. Entretanto, acreditamos que, seja qual for o caminho, a sua construção e a sua gestão precisam ser pensadas e realizadas de modo coletivo e em permanente diálogo com a dinâmica política, social e cultural na qual está inserida.
Vale sublinhar que não fazemos parte do grupo que acredita que, para transformar a educação e a escola de modo que respondam às exigências do contexto e às atuais necessidades e inquietudes das crianças e dos jovens, basta fazer mudanças na qualidade e na natureza da sua gestão. 
Todavia, consideramos que ela é sim uma dimensão relevante e que, portanto, deve ser cuidada e repensada, no sentido de contribuir para a construção de uma educação e de uma escola de qualidade para todos. E, nesse caso, acreditamos que é fundamental que a gestão da educação e da escola aconteça tendo presente princípios de uma democracia participativa e que tenha no seu horizonte a transformação da própria sociedade.
Na verdade, estamos pondo em relevo uma gestão que pense a educação e a escola para além de uma simples adaptação às necessidades do contexto. Ao contrário, estamos sugerindo uma gestão que seja capaz de transformar a realidade política, social e cultural, onde todas as pessoas sejam igualmente sujeitos de direitos e tenham respeitadas e valorizadas as suas diferenças.
E, segundo a nossa compreensão, uma gestão da educação e da escola vivida nesses termos é uma gestão que atinge diferentes aspectos e dimensões, como por exemplo: a valorização dos educadores, criando inclusive condições dignas de sua formação, de salário e de trabalho; a universalização do acesso à escola, acompanhada da preocupação com a permanência dos alunos e a qualidade da sua educação; a viabilização de espaços educativos acolhedores e adequados ao desenvolvimento de projetos pedagógicos inovadores; a concepção de currículos e também práticas educativas mais “antenadas” com as exigências do mundo atual, a transformação doquadro de violência escolar, a construção de relações democráticas com a comunidade intra e extraescolar, entre outras dimensões de caráter político-sociocultural, técnico-pedagógico, técnico-administrativo, financeiro e operacional. Tendo presente essas considerações, entendemos que o planejamento participativo pode ter uma função gerencial importante, na medida em que pode se constituir em um espaço de reflexão e de tomada de decisões coletivas, apontando caminhos não só para responder às exigências do presente como também para projetar a escola para o futuro. Além de ser um instrumento que pode contribuir para e/ou facilitar a concepção, a organização, a coordenação, a orientação e a realização das atividades/ações escolares, bem como a mobilização e a articulação das condições humanas, materiais e financeiras para fazer a escola acontecer, o planejamento participativo pode ser uma oportunidade, um espaço para se pensar e conceber os caminhos para a construção de uma escola comprometida não só com a promoção de aprendizagens mais significativas para os seus alunos, como também com a formação de sujeitos mais autônomos, críticos e criativos, capazes de serem sujeitos de direitos e cidadãos construtores de uma nova sociedade.
Podemos afirmar que planejar é ação bem antiga. No cotidiano e ao longo de nossas vidas, fazemos muitos planejamentos e, na maioria das vezes, nem temos a consciência disso. Apesar de muita gente ter uma atitude cética diante do planejamento, as reflexões que realizamos até aqui nos colocam no grupo daqueles que acreditam que o ato de planejar no contexto escolar (já que esse é o foco da nossa reflexão) tem muito potencial, observados, é claro, alguns princípios já exaustivamente apontados ao longo de nossas aulas. Esses princípios se referem a: ser participativo, ser flexível, estar em constante processo de avaliação e reelaboração, dialogar com os contextos, abranger diferentes dimensões, buscar responder às questões básicas do por que, para que, para quem etc.
Vale lembrar que o planejamento nos diferentes setores da vida em sociedade - em casa, na empresa, no governo e mesmo na escola - passou por toda uma evolução no que se refere ao seu conceito, à maneira de ser realizado, às suas características e, até mesmo, às suas funções.
Para simplificar, poderíamos dizer que ele passou por diferentes etapas, desde um instrumento meramente burocrático, fechado, muitas vezes realizado de forma acrítica e a serviço de um projeto mais autoritário, até se constituir em algo que pode ser visto como um procedimento que incorpora múltiplas dimensões, que é capaz de promover o diálogo e de ajudar a construir um projeto comum e transformador.
É bem provável que essas diferentes realidades sobre o planejamento convivam. Entretanto, é fundamental que tenhamos consciência crítica para identificá-las, analisá-las e escolher nossos caminhos. No âmbito de nossas aulas nós escolhemos a perspectiva mais transformadora e democrática, mesmo considerando que, em muitas situações, isso é remar contra a maré.
Apostar no planejamento escolar nessa perspectiva é considerar a escola como um espaço aberto, dinâmico, em constante interação com o mundo político, social e cultural e, desse modo, conceber o planejamento como um processo também aberto e dinâmico, realizado e reelaborado continuamente tendo presente os diagnósticos quantitativos e qualitativos da realidade. Também, tem-se a ideia de que ele é um processo que pretende intervir e transformar essa mesma realidade que está em constante movimento, ou seja, um processo a serviço da construção de uma sociedade mais justa e digna para todos. Último comentário: é comum depositar na direção da escola toda a responsabilidade não só pela sua gestão, como também pela elaboração do planejamento, principalmente no que se refere ao planejamento escolar no nível mais geral denominado de projeto político-pedagógico. Reveja a aula 01.
Todavia, uma gestão menos hierarquizada e mais democrática não só partilha a gestão como um todo como estimula e promove um planejamento realizado de modo mais participativo e/ou colaborativo.
Acreditamos que esse é mais um desafio a ser vivido pela escola e que vai exigir de todos os seus integrantes uma análise e, provavelmente, uma revisão da cultura organizacional escolar: suas rotinas, seus ritmos, suas normas, formas de relação, entre outros aspectos. Isso, com certeza, também vai exigir que todos queiram, se preparem e/ou se fundamentem para viver tal revisão, de modo que ela possa afetar todas as dimensões da escola, colocando-a na direção do caminho que juntos traçaram.

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