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Marketing Político - Um olhar sobre a campanha de Collor

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Marketing político
Um estudo sobre a campanha de Collor
A história do marketing político, ou melhor do marketing eleitoral, tem um capítulo muito importante nas eleições presidenciais de 1989. A disputa presidencial de 89 foi intensa, com muitos candidatos, discursos de acusação e 'dedos apontados' para todos os lados. Polêmicas a parte, as eleições de 89 merecem um destaque no estudo do marketing, mesmo porque o vencedor das eleições, Fernando Collor de Mello, não era apontado como um dos favoritos antes do inicio da campanha eleitoral.
Na campanha eleitoral de 89, Collor, além dos brindes tradicionais da época, como chaveiros, camisetas e adesivos, utilizada a bandeira do Brasil com a frase "Collor é progresso" escrita na faixa central. 
Collor usava as cores verde e amarelo no seu nome, nas letras LL, de Collor, uma referência à JK, que também utilizou seu nome como marca. 
O slogan "O caçador de marajás" marcou sua campanha e a notícia de ter cobrado U$ 140 milhões do Bando do Estado de Alagoas, referente aos usineiros do estado foi explorado com eficiência por seus marketeiros políticos.
Fernando Collor de Mello fez um belo trabalho na televisão durante a campanha presidencial de 89. Um exemplo que merece destaque foi sua campanha no segundo turno. Seu rival Lula utilizava alguns artistas para apoiar sua campanha, enquanto ele utilizava pessoas comuns, dizendo que o artista do Brasil é o brasileiro.
Sem contar que matinha sempre uma imagem de 'cara educado' com discursos bem falados e de boa oratória.
Mas quais as diferenças entre o Marketing usado pela campanha de Collor, com o Marketing Político e Eleitoral atual?
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Opinião do Grupo
A primeira coisa que precisamos saber, é que Fernando de Collor sempre esteve um passo a frente dos outros candidatos.
Por quê? Muito simples!
Rapaz jovem, que trazia consigo a fama de “Caçador de Marajás” (que era um termo utilizado para chamar os políticos corruptos daquela época), que após o Brasil ter vivenciado o período da ditadura militar e cinco anos do governo do presidente José Sarney, atraiu a mídia e consequentemente a população.
Mas não para somente ai. A campanha de Collor contava com um diferencial enorme, que era ele, entre todos os demais candidatos utilizar a televisão como fonte para propagar o seu marketing político. 
“A campanha de Fernando Collor contava com um importante instrumento de diferenciação que era o seu programa de televisão. Pela primeira vez na historia de uma campanha política no Brasil um candidato explorava de forma inteligente a tecnologia [...] Enquanto os grandes partidos ainda estavam discutindo quem seriam os seus candidatos, Collor já estava enviando a sua mensagem aos brasileiros.”
Mais tarde, observando que a televisão dava resultado, os demais candidatos passaram também a utilizar do meio de comunicação.
Mas será que só basta a televisão nos dias atuais?
Irá depender da target, pois daquela época pra cá, muita coisa mudou. Principalmente a tecnologia, os meios de comunicação e o pensamentos dos “jovens”.
Com a nova era dos recursos digitais disponíveis, e com o grande alcance que os mesmo proporcionam. Os políticos estão buscando se aproximar desse determinado público, pois as redes sociais estão cada vez mais tomados por jovens, adultos e até alguns idosos.
Um bom exemplo disso é o Ex presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.
Pois, se pegarmos o exemplo de Obama nas eleições de 2008, perceberemos que todas as suas iniciativas foram pautadas na tecnologia e tinham o objetivo de engajar e incentivar a população a votar (já que nos EUA o voto não é obrigatório). Assim, para conquistar esse objetivo Obama investiu em ações na web e nas redes sociais (Chegando a criar o MY OBAMA, sua própria rede social), arrecadando dinheiro, monitorando a opinião pública e organizando voluntários através da internet.
A quantidade de seguidores do candidato nas redes sociais era impressionante: 120 mil seguidores no Twitter e mais de 3 milhões de membros em um grupo do Facebook, algo nunca visto antes em uma campanha política. Um vídeo intitulado “Yes we can”, que transformou um discurso de Obama em música cantada por vários artistas conhecidos mundialmente, teve 11 milhões de visualizações.
“A verdade é que se Fernando Collor de Melo, revolucionou o Marketing Político na TV, Barack Obama reinou nas redes sociais.”
Entretanto, não foi somente a televisão ou sua juventude que fizeram com que Collor saísse vitorioso. Afinal, do que vale um bom meio de comunicação sem uma boa oratória. 
“Fernando Collor era um ótimo ‘produto’ leitoral neste momento. A juventude, a boa aparência, a inteligência, a energia e a boa oratória foram alguns dos atributos pessoais que os responsáveis pela campanha político do candidato Collor de Mello souberam tirar vantagem. “
“As pessoas estavam votando em Fernando Collor para atingir um valor funcional ou utilitário de modo a ter um Presidente da República que fizesse aquilo que eles gostariam que fosse feito. Collor por sua vez, soube identificar as necessidades e desejos do eleitorado, para poder se comunicar de forma mais eficiente.”
Durante muito tempo, os discursos políticos ideológicos e inflamados, como foram na década de 1930 saíram de cena, dando lugar, nos últimos anos, aos discursos pragmatistas. Ou seja, ficaram de lado os discursos pautados no nacionalismo e mudanças radicais para discursos em que os políticos preferem manter a sua fala mais subordinada ao campo da democracia. Visando, melhorias e mudanças, largando as falas extremistas. 
Dessa forma, discursos comuns nas oratórias de políticos como o nazista Adolf Hitler, o presidente norte-americano Franklin Delano Roosevelt e o mandatário brasileiro Getúlio Vargas, pautados no ufanismo, deram lugar a discursos em que a democracia é exaltada, bem como a busca por melhorias e mudanças para a maioria da população, como se pode ver nas falas dos Ex-Presidente do Brasil Luís Inácio Lula da Silva, dos EUA Barack Obama, bem como Cristina Fernández de Kirchner, presidentes que venceram as eleições em seus países fugindo totalmente do padrão ideológico e partindo para uma chamada mais pragmática. 
Os discursos eram mais inflamados por uma única razão, o período conturbado da história mundial, em que haviam guerras acontecendo por toda parte e iniciou-se uma batalha do bem contra o mal, em outras palavras, o capitalismo contra o comunismo. Por conta disso, as oratórias de todos os candidatos eram voltadas a abraçar uma ideologia e se manter seguro a ela até a morte. Ou o fim das eleições. 
Para Francisco Alambert, professor de História Social da Arte e História Contemporânea na Universidade de São Paulo (USP), tanto o comunismo quanto o fascismo eram, na realidade, uma tentativa para reorganizar a vida social depois da calamidade promovida pelo liberalismo radical. “O que havia em comum entre todos era o desprezo e a desconfiança quanto ao liberalismo, que havia naufragado desde a catástrofe da primeira guerra e, sobretudo, com a crise geral do capitalismo desde 1929.”
Entretanto, nos últimos anos, houveram muitas mudanças no espectro politico mundial, tendo como base, um sistema capitalista, o que trouxe, de certo modo, períodos de tranquilidade e redução de conflitos. Desse modo, não se era mais necessário combater o vilão ideológico, mas, sim, um vilão social. Ou seja, muda se de nacionalista, para solucionador de problemas. A pessoa que trará bem-estar para a população e qualidade de vida. 
Porém, não pode dizer que tudo nos discursos usados durante boa parte do século XX, foram esquecidos. Pelo contrário, os políticos não desprezaram o apelo emocional que era um recurso bastante usado nas oratórias dos anos 1930 e se manteve até os dias atuais. 
No Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-atual) é um dos destaques nesse sentido. “Lula tem discursos fortemente emocionais, voltados para o reconhecimento da valorização da população mais pobre,
do resgate da dignidade, da integração na sociedade, do aumento da renda, do consumo”, diz Valeriano Costa.
Outro fator que é muito bem utilizado e vem de grandes oradores do século passado é a inclusão dos excluídos, esse ponto que tem tomado muito mais força a cada dia que passa. Essa inclusão se trata de trazer para seus discursos o protagonismo de certos setores da sociedade, como o da classe trabalhadora, que foi muito usado por Lula e também por Getúlio Vargas (50 anos antes). 
O discurso emocional e o apelo para o ser humano tem sido cada vez maior, e nos últimos anos pode se dar destaque a esse tipo de discurso e a semelhança deles com oratórias de políticos que tiveram destaque entre os anos 1930 e 1970. 
Um líder que que utiliza a oratória emocional é o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama (2009). Ao defender a recuperação da dignidade política, depois de longo período de governo republicano, os discursos de Obama foram voltados para os direitos humanos e a democracia, assim como fez Franklin Delano Roosevelt na década de 30.
Mas, essa tendência talvez comece a mudar voltando mais uma vez aos discursos ufanistas do século XX. Uma vez que tem se intensificado os conflitos mundiais e o povo passou a sentir medo, surge a necessidade novamente de um herói, que irá lutar contra os vilões como o Estado Islâmico, Coreia do Norte e, atualmente, o caos na Venezuela. 
Um exemplo claro desse modelo é a vitória do Republicano Donald Trump nas últimas eleições nos Estados Unidos. Com discursos que exageravam no nacionalismo, bem como algumas falas cheias de ódio contra imigrantes, ele conseguiu bater a sua rival Hillary Clinton – que tinha um discurso com apelo emocional, parecido como de Barack Obama, até por serem democratas. 
Então, com esse modelo de discurso, Donald Trump conseguiu vencer uma eleição improvável nos EUA, em que até no dia antes da eleição, todos os comentaristas políticos davam como certa a sua derrota. 
No Brasil, há um caso bem parecido com o de Donald Trump, em que o Deputado Jair Bolsonaro tem ganhado grande destaque nacional, sendo já pré-candidato as eleições de 2018, com discursos inflamados de ufanismo bem como exaltação de uma ideologia em detrimento de outra. 
O que mostra que a tendência atual é que os países e seus líderes, voltem-se ao nacionalismo e a discursos cada vez mais ideológicos ao invés de pragmáticos como vinha sendo desde a década de 1990.

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