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Físico-química Metalúrgica EMT017 2017/1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais Aula 07 – Introdução a Cinética das Reações Químicas 2 Sumário Introdução Classificação das reações Definição da taxa ou velocidade das reações Efeito da concentração sobre a velocidade das reações Efeito da temperatura sobre a velocidade das reações Efeito do transporte de massa sobre a velocidade das reações Mecanismos e controle de reação 3 Introdução Termodinâmica: espontaneidade e extensão das reações; Cinética: Qual a velocidade das reações? Como se processam as reações? Tanto a velocidade como a forma (mecanismo) em que as reações acontecem são importantes para aprimorar o processo, desenvolver modelos matemáticos,... 4 Introdução Estudo da cinética: - obter dados experimentais que permitam avaliar a taxa de reação; - determinar o mecanismo de reação / etapas envolvidas; - determinar uma equação para a velocidade da reação; - avaliar o efeito de variáveis sobre a taxa de reação; - identificar condições adequadas ao desenvolvimento das reações. 5 Classificação das Reações Reações homogêneas: - ocorrem no interior de uma fase única e a concentração de cada constituinte é a mesma em todos os pontos do sistema (mais comum em líquidos e gases); Reações heterogêneas: - acontece na presença de mais de uma fase, as quais se distribuem entre reagentes e produtos; - a reação química se processa na interface (as fases devem estar em contato); - envolve o transporte dos elementos no interior das fases; - se processam através de várias etapas consecutivas. 6 Na maioria dos casos pirometalúrgicos, as reações são heterogêneas: - Decomposição dos carbonatos; - Redução dos óxidos de ferro em reatores siderúrgicos; - Reações metal-escória. No caso das reações heterogêneas, a velocidade depende da área superficial disponível para reagir, o que não ocorre para o caso das reações homogêneas; A superfície de reação pode ser variável (redução de óxidos via gases, lixiviação de partículas sólidas) ou constante (metal-escória,...). Classificação das Reações 7 Taxa de Reação Taxa ou velocidade das reações (r): - quantidade de um reagente que se transforma em produto por unidade de tempo; - pode ser especificada de diversas formas: variação da massa (ou número de mols) de um reagente ou produto por unidade de volume, massa ou área do sistema, variação da concentração,... dt dn S 1 r dt dn V 1 r dt dC r dt dn S 1 r dt dn V 1 r BA B B B B A A A A A A 8 Taxa de Reação 9 Taxa de reação Nas reações heterogêneas, a velocidade das reações é função: - Concentração; - Temperatura; - Transporte de massa; - Transferência de calor; - Efeitos de superfície (radiação, tensão superficial, porosidade,...). 10 A identificação da ordem de uma reação representa como a velocidade varia em função da concentração dos reagentes (é o expoente ao qual se eleva a concentração) e é determinada empiricamente; )(Cfr r = dC/dt = k CA a C B b.... r = velocidade da reação química em k = constante de velocidade C = concentração do reagente a, b = ordem de reação. A ordem global da reação é a soma dos expoentes e pode ser um número inteiro, fracionário, ou mesmo igual a zero. Análise da influência da concentração 11 Análise da influência da concentração Exemplo 2-2: No caso de uma reação elementar, cuja expressão da velocidade é descrita por: rA = k(CA) 2 x (CB) 1 (a) qual a ordem global da reação? (b) quais as ordens parciais? (c) qual o efeito sobre a velocidade de reação quando se duplica a concentração de ambos os reagentes? (d) o que acontece com a velocidade de reação quando se triplica a concentração de A? 12 Análise da influência da concentração Exemplo 2-2: No caso de uma reação elementar, cuja expressão da velocidade é descrita por: rA = k(CA) 2 x (CB) 1 (a) qual a ordem global da reação? Ordem global igual a 3 (b) quais as ordens parciais? 2 em relação a A e 1 em relação a B (c) qual o efeito sobre a velocidade de reação quando se duplica a concentração de ambos os reagentes? A velocidade da reação será aumentada em 8 vezes; (d) o que acontece com a velocidade de reação quando se triplica a concentração de A? A velocidade da reação será aumentada em 9 vezes. 13 Análise da influência da concentração Constante cinética (constante de velocidade) - k - constante de proporcionalidade entre a velocidade de reação e a concentração dos reagentes. As dimensões variam em função da ordem da reação; - (k) ↔ (tempo)-1.(concentração)1-n Qual a unidade da constante cinética para uma reação de 2a. ordem? (k) ↔(tempo)-1.(concentração)1-2 = (s-1) (mol/m3)-1 = m3/mol.s 14 Ordem e k das reações – Método da Integração Reação de ordem zero ktCC AAo nA A A Ck dt dC r kt C C A Ao )(ln Reação de ordem 1 kt CC CC AAo AAo Reação de ordem 2 Para determinar a ordem da reação, monta-se um gráfico com o termo da esquerda da equação em relação ao tempo. A relação deve ser linear e a constante de velocidade é a inclinação da reta. Integrando com o tempo variando entre zero e t e a concentração variando entre CA0 e CA obtém-se: 15 Ordem e k das reações – Método Diferencial O gráfico lnr em função de lnC irá conduzir a obtenção de uma linha reta cuja declividade é a ordem da reação. A constante cinética será obtida pela interseção da reta com o eixo lnr. nAA Ckr AA Cnkr lnlnln ln CA ln k n ln rA 16 Exercícios Exercício. Uma reação de segunda ordem tem uma concentração inicial de 0,4 moles/litro. A reação é 30% completa em 80 minutos. Calcule a constante cinética e o tempo necessário para que 80% da reação se complete. k = 2,232x10-4 l/mol/s t = 4,48x104 17 Verificação da ordem das reações Exercício. Determine a ordem da reação e a constante cinética para a reação hipotética que tem os seguintes valores de concentração e tempo. t Creagente 0 100 5 90 10 82 15 75 20 69 25 63 30 58,7 35 54,3 40 50 45 46 50 42 18 Efeito da Temperatura sobre a Velocidade das Reações De modo geral, a velocidade de uma reação aumenta acentuadamente com o aumento da temperatura; O efeito da temperatura é avaliado através da equação de Ahrrenius, que permite conhecer a relação entre k e T: RTEaAek / T 1 lnln R Ea Ak Ea: energia de ativação (J/mol) - específica da reação A: fator de frequência - específico da reação T: temperatura (K) 19 Efeito da Temperatura sobre a Velocidade das Reações Um gráfico que relaciona lnk em função de 1/T permite a obtenção de uma linha reta com inclinação igual a –Ea/R. T 1 lnln R Ea Ak ln A R E 20 Efeito da Temperaturasobre a Velocidade das Reações Efeito da temperatura sobre a constante de velocidade -14,0 -12,0 -10,0 -8,0 -6,0 -4,0 -2,0 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 1000 x (1/T) ln k reação 1 ln_k reação 2 ln_k 21 Efeito da Temperatura sobre a Velocidade das Reações Reações com alta energia de ativação fornecem retas com grande inclinação, àquelas com baixa energia de ativação fornecem retas com baixa inclinação; A constante cinética, e consequentemente a velocidade da reação, crescem exponencialmente com a elevação da temperatura; As reações com elevada Energia de Ativação são muito sensíveis à temperatura. 22 Transporte de massa Quando as reações ocorrem, a concentração dos elementos reagentes se alteram (diminuem) na área de reação e uma diferença de concentração é estabelecida; Para que a reação prossiga, as concentrações dos reagentes devem ser reestabelecidas continuamente – através do transporte das espécies químicas; A velocidade das reações pode ser função do transporte de reagentes e produtos: taxa de descarburação, taxa de dessulfuração etc... 23 Fluxo de massa: Difusão molecular Difusão convectiva (fluido estagnado) (fluido em movimento) O fluxo de massa tende a reduzir os gradientes de concentração; A difusão tem pequena variação em um dado intervalo de temperatura. dX dC DJ JA,x, fluxo molar na direção x; C concentração; D coeficiente de difusão; x, Distância do percurso de difusão Transporte de Massa )cc(kN As,AcA NA Fluxo molar da espécie A; cA,s Concentração molar de A na interface; cA Concentração molar de A em equilíbrio; kc Coeficiente de transporte. 24 Mecanismo de uma reação Uma sequência de etapas elementares que conduz à formação dos produtos; - Reação química; - Transporte de reagentes e produtos. Fe CO (4) CO difusion through the porous Fe layer CO2 (6) CO2 difusion through the pourous Fe layer CO2 (1) CO2 difusion through the pourous of the agglo. CO (3) CO difusion through the pourous of the agglo. (2) Boudouard reaction (5) Reduction reaction at the surface of FexOy by CO (0) Solid-solid reaction (start) FexOy CO C 25 Controle da reação Uma das etapas do conjunto global que envolve a reação heterogênea é chamada “etapa controladora da reação”; Exemplo: - Transporte de reagentes até a interface; - Reação química na interface; - Transporte dos produtos para as respectivas fases. Controle: químico, difusivo ou misto. A variação de temperatura ou concentração de reagentes pode causar uma alteração quanto a etapa controladora do processo. 26 Mecanismos de Controle Fenômeno Mecanismo de controle Velocidade de reação aumenta significativamente com o aumento da temperatura Provável controle químico Velocidade de reação aumenta com o aumento da velocidade de escoamento de gás ou líquido de composição constante Provável controle por difusão Energia de ativação baixa Provável controle por difusão Energia de ativação alta Provável controle por químico 27 Exemplo Reação de formação do CO: C(s) + CO2(g) = 2CO(g) 28 Exemplos Evolução da concentração em função da distância, para reações que ocorrem em interface metal/escória. Reações de refino do aço líquido pela escória 29 Considerações Velocidade de reação controlada pela reação química varia exponencialmente com a temperatura; Quando o controle é difusivo o aumento na temperatura tem menor influência na velocidade; Valores altos ou baixos de energia de ativação são relativos a processos específicos e variam de sistema a sistema. Normalmente: processos difusivos são da ordem de 4 a 12 kJ; processos com controle químico são maiores que 40 kJ; difusão no estado sólido são exceção, a energia de ativação varia entre 800 a 1600 kJ; O processo global da reação pode ter seu mecanismo de controle alterado em função da variação de temperatura; Determinado o mecanismo de controle da reação química, seja ele químico ou difusivo, pode-se atuar na etapa limitante de forma a alterar a taxa.
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