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4a aula A COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO

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CURSO DE DIREITO
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Prof. Marcílio Florêncio Mota
profmarciliomota@hotmail.com
Tema da aula: A COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO
1. A RAZÃO DO ESTABELECIMENTO DE COMPETÊNCIAS PARA OS ÓRGÃOS JURISDICIONAIS
	A competência é, no dizer clássico, a medida da jurisdição. É a partição de atribuições entre os órgãos jurisdicionais. O estabelecimento de competência aos órgãos jurisdicionais é modalidade de limitação ou de especialização de suas funções, o que se insere em política judiciária. É mecanismo, então, de racionalização dos serviços judiciais, de organização do acesso dos jurisdicionados ao Estado-juiz e instrumento de qualificação dos magistrados e dos operadores do Direito em geral.
2. OS CRITÉRIOS PARA A FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA DOS ÓRGÃOS JURISDICIONAIS
	O legislador adota os seguintes critérios para a fixação da competência dos órgãos jurisdicionais: a matéria posta a julgamento (ratione materiae), a pessoa envolvida no litígio (ratione personae), o valor da causa, o local da residência ou domicílio das partes ou da ocorrência de atos ou fatos (ratione loci) e a hierarquia do órgão jurisdicional. 
A competência da Justiça Especial do Trabalho é eminentemente em razão da matéria, da hierarquia dos órgãos e do território. 
3. A COMPETÊNCIA MATERIAL
No que tange à competência em razão da matéria, a disciplina está no art. 114 da CF. A atual redação foi dada pela Emenda 45 de 2004.
3.1. Vejamos a competência na CF:
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:  
I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
A competência da Justiça do Trabalho foi ampliada pela Emenda 45 para alcançar todas as relações de trabalho, exceto a de servidor público regido por Direito Administrativo. Até a Emenda, a competência da JT era restrita ao conhecimento dos conflitos decorrentes das relações de emprego. Como sabemos, a relação de emprego é uma relação de trabalho dentre outras inúmeras existentes, como a do representante comercial, do prestador de serviços autônomos etc. Essas relações de trabalho estavam fora de sua competência. Na atualidade, a relação do servidor regido por Direito Administrativo está de fora da JT por força de liminar do STF.
II - as ações que envolvam exercício do direito de greve; 
Por incrível que pareça nem todos os conflitos envolvendo o exercício do direito de greve estavam afetos à JT. À Justiça Especializada se reservava o julgamento do dissídio coletivo, mas aspectos em torno do funcionamento de estabelecimentos no período de greve, por exemplo, eram levados à Justiça Comum. Essa anomalia veio a ser corrigida pela Emenda. Atualmente, as Varas do Trabalho estão recebendo processos de interdito proibitório, ou seja, que pedem a atuação da Justiça para o livre funcionamento de estabelecimentos afetados por movimentos paredistas. Nesse sentido, aliás, a Súmula Vinculante n. 23 do STF:
	23 – A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação possessória ajuizada em decorrência do exercício do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada. (Divulgada em 10/12/2009 e publicada no DJe do STF de 11/12/2009) 
Precedentes: RE 579.648/MG 
		
II
I - as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores; 
Porque os conflitos sobre representação sindical envolviam as entidades de representação e não empregados e empregadores eles eram da Justiça Comum. O constituinte da reforma foi explícito quanto aos que podem estar envolvidos em conflitos dessa natureza sem que se altere a essência de que são afetos, agora, à Justiça do Trabalho. Essas questões trabalhistas, então, são da competência da Justiça do Trabalho.
IV - os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição; 
V - os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, o; 
VI - as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho:
	No campo do Processo do Trabalho, uma questão resolvida apenas na última década foi a correspondente à competência para danos morais e patrimoniais nas relações de emprego. As relações de trabalho, como todas as relações interpessoais, sempre estiveram sujeitas a ocorrências que impõem danos morais e/ou patrimoniais. Não obstante, os envolvidos nas relações de trabalho, sobretudo os trabalhadores, não exercitavam a pretensão de reparação de danos dessa natureza. Com a “descoberta” dessa possibilidade passaram a formular pedidos perante o Judiciário Trabalhista, o que suscitou dúvidas quanto à competência para julgamento, já que as regras aplicadas, por lacuna no Direito Material do Trabalho são as previstas no Direito Civil. A regra constitucional veio para solucionar a divergência da jurisprudência. 	
VII - as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho;
VIII - a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir; 
IX - outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei. 
	3.2. A competência resolvida pela jurisprudência
a) Indenização por dano material ou moral decorrente de acidente de trabalho ou doença profissional: 
	
b) Indenização por dano material ou moral decorrente de acidente de trabalho proposto por viúva ou dependente:
A competência para o pedido subsiste, inclusive, quando o autor for viúva ou dependente do trabalhador, conforme a interpretação consagrada. Veja-se que em razão da interpretação, o STJ cancelou a Súmula 366 que previa de forma diversa:
Compete à Justiça estadual processar e julgar ação indenizatória proposta por viúva e filhos de empregado falecido em acidente de trabalho. (*)
(*) - Julgando o CC 101.977-SP, na sessão de 16/09/2009, a Corte Especial deliberou pelo CANCELAMENTO da Súmula n. 366. 
3.3. Conflitos que não integram a competência da Justiça do Trabalho:
a) Discussão sobre a validade de contrato temporário por excepcional interesse público:
		b) Servidores não celetistas:
		c) Honorários de profissionais liberais: Súmula 363 do STJ.
	
4. A COMPETÊNCIA TERRITORIAL – RELAÇÃO DE EMPREGO (art. 651 da CLT)
4.1. O lugar da prestação da prestação de serviços
A principal regra em torno da competência territorial das Varas do Trabalho é a que estabelece o local da prestação de serviços como sendo a que define a competência – Caput do art. 651 da CLT. A regra pressupõe que esse local é de fácil acesso ao trabalhador e que aí serão mais bem colhidas as provas em torno dos fatos veiculados no processo, conforme, por exemplo, observa Carlos Henrique Bezerra Leite (2008, p. 280):
A intenção do legislador foi ampliar ao máximo o acesso do trabalhador ao Judiciário, facilitando a produção de prova, geralmente testemunhal, sendo certo que o critério escolhido foi o do local onde o contrato esteja sendo de fato executado, pouco importando o local de sua celebração.
Se o trabalhador exerceu atividades em mais de uma localidade, a doutrina e a jurisprudência se inclinam em afirmar que o foro competente será o do último lugar da prestação de serviços. Veja-se, a propósito, a posição de Carlos Henrique B. Leite:
Caso o empregado tenha trabalhado em diversos estabelecimentos em locais diferentes, a competência territorial da Vara do Trabalho deve ser fixada em razão do derradeiro lugar da execução do contrato, e não de cada local dos estabelecimentos da empresa no qual tenha prestado serviços.
Interpretamos, como Mauro Schiavi (2009) que as várias localidades da prestação de serviço deterão competênciacumulativa. A escolha do local da demanda caberá ao trabalhador por aplicação do princípio da proteção.
Destacamos, por outro lado, que pode ser a hipótese de transferência na qual o trabalhador tenha exercido o trabalho por pouquíssimo tempo no lugar da última contratação, enquanto o período quase que total da reclamação se refere ao local anterior. Tendo em vista, assim, que o local da prestação de serviços foi previsto legalmente para o acesso à jurisdição, o que compreende o acesso a todos os meios para a prevalência da posição jurídica defendida, não temos dúvida quanto a que o trabalhador pode escolher o lugar na qual houve a prestação de serviços por mais tempo. Na hipótese desse lugar ser questionado pelo empregador, o juiz deve rejeitar a alegação de incompetência relativa.
4.2. Viajante ou representante comercial - § 1º do art. 651 da CLT
No caso do agente ou viajante comercial, a competência será da Vara da localidade em que a empresa tenha agência ou filial e a esta o empregado esteja subordinado e, na falta, será competente a Vara da localização em que o empregado tenha domicílio ou a localidade mais próxima. 
		4.3. Local do contrato ou da prestação de serviços
	Situação especial vivencia aquele trabalhador que prestar serviços para empregador que desenvolva atividade fora do local da contratação. O trabalhador, no caso, poderá propor a reclamação no lugar da celebração do contrato ou no da prestação de serviços. A opção é do trabalhador, pois, conforme a regra do § 3º do art. 651 da CLT. 
Conforme observa Valentin Carrion (2009, p.515): 
A opção concedida ao empregado, entre o lugar da contratação ou de execução do trabalho (art. 651, § 3º), deve ser interpretada harmonicamente com o caput do mesmo artigo, que aparentemente diz o contrário; o parágrafo é uma exceção que não revoga a regra geral do caput; assim, a opção do empregado só pode ser entendida nas raras hipóteses em que o empregador desenvolve o seu trabalho em locais incertos, eventuais ou transitórios, como é o caso das atividades circenses, artísticas, feiras, exposições, promoções etc.
4.4. A competência para conflitos ocorridos no estrangeiro com empregado brasileiro
	A Justiça do Trabalho é competente para solucionar conflitos no exterior, desde que envolva brasileiro e não haja convenção internacional dispondo de modo contrário.
	O problema que se apresenta nesta questão é quanto à competência territorial no Brasil porque o trabalhador pode não ter prestado serviços no país. Nesse caso, então, se não for possível aplicar as regras que tratam de modo específico da competência como previsto no art. 651, será competente o juízo do domicílio do trabalhador pela razão da facilitação do acesso do obreiro à Justiça. 
5. O FORO DE ELEIÇÃO
	É questionável a possibilidade de foro de eleição em matéria de contratação trabalhista. Em matéria de relação de emprego há, inclusive, posição majoritária que recusa o foro de eleição. Interpretamos que o foro de eleição seja possível nas relações de emprego, se evidente que o ajuste foi para favorecer o trabalhador. Anotamos, todavia, que eleição nesse sentido será de difícil achado na prática. A interpretação, em qualquer caso, deve ser a de que essa eleição não prevaleça se ela for impeditiva ou mesmo dificultar o acesso do trabalhador à Justiça.
Em se tratando de litígio de relação de trabalho diversa da relação de emprego a interpretação que vigora é a da possibilidade da eleição de foro. 
	Vejamos a jurisprudência sobre a questão:
FORO DE ELEIÇÃO. INADIMISSIBILIDADE NO PROCESSO DO TRABALHO. A despeito de as regras de competência em razão lugar serem relativas, aceitando derrogação pela vontade das partes, não se admite, no processo do trabalho, o foro de eleição, porque dificulta e, por vezes, inviabiliza o acesso do trabalhador à Justiça. (TRT 12ª R.; RO 02994-2008-016-12-00-4; Segunda Turma; Rel. Juiz Edson Mendes de Oliveira; Julg. 15/12/2008; DOESC 19/01/2009).
FORO DE ELEIÇÃO. Não há como se aplicar a regra do artigo 651 da CLT, especialmente do seu parágrafo 3º, de modo que prevalece o foro de eleição outrora fixado pelos litigantes, a teor da cláusula décima quarta constante do contrato de prestação de serviços firmados pelos próprios (fl. 10). Incide, portanto, na espécie o comando do artigo 111 do CPC. O art. 651 da CLT, que dispõe acerca das regras de competência da justiça do trabalho, é aplicável apenas aos casos que envolvem relações de emprego, nas quais há a interação entre empregado e empregador. (TRT 17ª R.; RO 01700.2006.014.17.00.5; Ac. 5719/2008; Rel. Juiz Jailson Pereira da Silva; DOES 27/06/2008; Pág. 16).
FORO DE ELEIÇÃO. AÇÃO DE COBRANÇA DE HONORÁRIOS DE ADVOGADO. Havendo eleição de foro, o consentimento dos contratantes deve ser respeitado, aplicando-se a hipótese do artigo 112, parágrafo único, do código de processo civil. Não incidem, pois, as restrições que regem a eleição de foro pelos empregados. Por outro lado, não se aplica a Instrução Normativa 27, do c. Tribunal superior do trabalho, porque diz respeito a normas procedimentais e não sobre competência; também, não é possível utilizar as hipóteses previstas no artigo 651, da CLT, em virtude de se referirem, apenas, às relações de emprego. (TRT 17ª R.; RO 01731.2006.014.17.00.6; Ac. 5633/2008; Rel. Juiz Cláudio Armando Couce de Menezes; DOES 26/06/2008; Pág. 6)
	Entendemos, no entanto, que mesmo nas contratações diversas da relação de emprego, a eleição de foro deve ser interpretada no contexto da garantia constitucional do Acesso à Justiça. Assim, diante da eleição de foro, o juiz do trabalho deve considerar se o ajuste é prejudicial ao Acesso à Justiça daquele que for hipossuficiente na relação material. Diante da constatação de que o foro foi imposto com prejuízo do hipossuficiente, o juiz deve rejeitar eventual exceção de incompetência ou mesmo, de ofício, pronunciar a sua competência para a causa. Nesse último caso, terá lugar a aplicação por analogia da regra do Parágrafo Único do art. 112 do CPC.
6. O LUGAR DOS SERVIÇOS NO BRASIL COMO OBSTÁCULO DO ACESSO À JUSTIÇA
	É possível que o local da prestação de serviços se apresente como um obstáculo ou imponha dificuldade ao acesso à Justiça, quando for o caso, por exemplo, de empregado que tenha trabalhado apenas na cidade de São Paulo, local que também tenha sido o da contratação. Esse trabalhador, migrante, retornou para a sua cidade natal, Salvador, e pela regra do caput do art. 651 da CLT teria de efetuar o acionamento do seu empregador em São Paulo. Não seria o caso de se aplicar a regra do § 3º do art. 651 da CLT, tendo em vista que o empregador não exerce atividades no lugar da celebração do contrato. Nesse caso, para que o trabalhador tenha acesso à Justiça a interpretação tem de admitir que ele promova a Reclamação Trabalhista no lugar de seu domicílio ou residência.
	Vejamos decisões que confirmam esta teoria:
COMPETÊNCIA TERRITORIAL. ATLETA PROFISSIONAL DE FUTEBOL. CEDÊNCIA. ACESSO À JUSTIÇA. 1. A competência territorial encontra-se regulada no art. 651 da CLT, segundo o qual o critério definidor dessa competência é o local da prestação de serviços pelo empregado ( caput). Hipótese em que o autor, atleta profissional de futebol, estava vinculado ao Sport Club Internacional e foi cedido ao Paysandú Sport Club, de Belém do Pará. O local da contratação do demandante por este clube e a alegada prestação de serviços em diversas cidades do País, dada a sua participação em jogos de futebol, não o exclui da regra do caput do art. 651 citado, nem o inclui na hipótese de seu parágrafo 3º. 2. Não obstante tal realidade, o julgamento da ação por uma das Varas do Trabalho de Belém do Pará inviabilizaria o acesso do autor à Justiça, considerando-se residir atualmente nesta capital, já que não teria condições para arcar com os custos dos deslocamentos e demais despesas, frente à declaração da fl. 63 (reclamante desempregado e sem condições de arcar com os custos do processo sem prejuízode seu sustento). Na hipótese, é o clube-reclamado quem tem considerável estrutura e melhores condições financeiras para o deslocamento a esta cidade. Recurso do autor provido para declarar a competência da Comarca de Porto Alegre para julgamento da demanda. (TRT 04ª R.; RO 00231-2008-019-04-00-1; Sétima Turma; Relª Desª Maria Inês Cunha Dornelles; Julg. 26/11/2008; DOERS 04/12/2008). 
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS DECORRENTES DE ACIDENTE DE TRABALHO. EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA EM RAZÃO DO LUGAR. INAPLICABILIDADE DO DISPOSTO NO ARTIGO 651, DA CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO. As regras de competência territorial devem ser lidas e compreendidas com o sentido e interpretação do princípio magno constitucional de "acesso à justiça". A leitura ou interpretação de um texto legal não pode, em hipótese alguma, levar a uma situação que represente a negativa de acesso à jurisdição. A doutrina especializada nos fala em "ondas de acesso à justiça", até porque a principiologia constitucional nos remete a sempre repelir interpretações que possam gerar situações que impeçam o jurisdicionado de ter o seu acesso ao Judiciário. Em razão disso, a aplicação estrita da regra inserta no art. 651 da CLT só se justifica quando se está diante de uma demanda trabalhista típica, ou seja, daquela demanda que era da competência da Justiça do Trabalho quando da elaboração dos critérios de competência territorial pela CLT. Tratando-se de ação decorrente de acidente de trabalho, cuja competência para a apreciação e julgamento só foi atribuída definitivamente à Justiça do Trabalho após a interpretação dada pelo Supremo Tribunal Federal ao inciso IV do art. 114 da CF, incluído pela Emenda Constitucional nº 45/04, não se pode cogitar da aplicação estrita da regra celetista de 1943, sem qualquer sopesamento, sem qualquer ponderação, dada a diversidade da dinâmica das partes postulantes, da multiplicidade e riqueza das situações e fatos que se originam dessa nova competência trabalhista. (TRT 03ª R.; RO 00416-2007-070-03-00-7; Primeira Turma; Rel. Juiz Manuel Cândido Rodrigues; Julg. 29/10/2007; DJMG 21/11/2007).
7. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO PARA AS AÇÕES QUE NÃO TÊM POR BASE UMA RELAÇÃO DE EMPREGO
A questão da competência territorial nestes casos tem suscitado controvérsias em razão da relativa novidade da competência da Justiça do Trabalho para todas as ações que tenham por base conflitos decorrentes da relação de trabalho. 
Como sabemos, até a Emenda 45 a competência da Justiça do Trabalho era para os conflitos que envolviam relação de emprego, ou seja, que tinham por base jurídica um contrato de trabalho em sentido estrito. Com a ampliação da competência para todas as relações de trabalho é duvidoso se é aplicável a todas as relações o princípio geral de que a competência é determinada pelo local da prestação de serviços, na medida em que a regra do art. 651 da CLT fala expressamente de “empregado” e essa condição é exclusiva de quem mantém relação de emprego.
A interpretação correta, no nosso entender é a seguinte:
a) Em primeiro lugar prevalece o local da residência ou do domicílio do réu – art. 94 – desde que não seja obstáculo ou crie dificuldades ao acesso à Justiça ao trabalhador;
b) Se a questão versar sobre a satisfação de obrigação específica com lugar do adimplemento previsto contratualmente, aplica-se a alínea “d” do inciso IV do art. 100;
c) Versando a questão sobre indenização por dano, competente será o juízo do local do ato ou fato gerador do dano – alínea “a” do inciso V do art. 100; e
d) É possível a contratação de foro, desde que não se crie obstáculo de Acesso à Justiça pelo trabalhador.
 
8. A COMPETÊNCIA FUNCIONAL
	8.1. Competência originária do TST e dos TRT 
Essa competência é definida na Constituição, na CLT, em leis especiais e, em síntese, se destina ao julgamento de Dissídios Coletivos, Conflitos de Competência, Mandado de Segurança contra atos dos juízes vinculados ao Tribunal, Habeas Corpus contra atos de seus juízes, Ação Rescisória e Ação Anulatória de Acordo ou de Convenção Coletiva. Além da competência originária, o TST e os TRT,s têm competência recursal, o que corresponde a sua principal razão de ser. O TST e os Regionais são órgãos de revisão de julgados.
Em matéria recursal, a competência do TST é para o recurso de revista; para embargos; para embargos de declaração contra os seus acórdãos; para agravos de instrumento, apresentados contra decisão que não admite ou nega seguimento a recurso de sua competência recursal; para Agravo Interno e para Agravo Regimental.
Já os TRTs têm competência para o recurso ordinário; para o agravo de petição; embargos de declaração contra as suas decisões; agravo de instrumento contra as decisões que negam seguimento a recurso de sua competência; para Agravo Interno; e para Agravo Regimental.
	8.2. Competência das Varas do Trabalho 
A competência das Varas é residual, ou seja, para aqueles feitos não afetos à competência do TST ou do TRT.
O que não for da competência do TRT e do TST é da competência das varas. E assim é que a maioria das reclamações tem inicio nas varas do trabalho. Todo conflito individual, ainda que em regime de litisconsórcio, ativo ou passivo, é da competência das varas do trabalho.
Por conflito individual devemos entender que são aqueles que não são de uma categoria. Os conflitos das categorias profissionais e obreiras são coletivos e apreciados pelos tribunais. Ou seja, não vai ter sindicato contra sindicato em disputa pela categoria. Na vara tem lugar os conflitos individuais.
Entre os conflitos individuais é possível arrolar aqueles que são levados com base na lei de ação civil pública e que também podem ser exercidos por substituição processual. Então, as varas recebem um quantitativo muito grande de ações individuais (ações que não são de categoria, mas são de um trabalhador (ou vários) contra uma empresa (ou mais de uma)). Aqui se trata de direito próprio, direito do seu patrimônio.
9. AS ARGÜIÇÕES DE INCOMPETÊNCIA DOS JUÍZES DO TRABALHO
9.1. A incompetência relativa 
A incompetência relativa das Varas do Trabalho é apenas em decorrência da violação do lugar da reclamação. O processo do trabalho não adota o critério do valor da causa para determinar competência. 
A arguição de incompetência determina que o juiz decida logo a questão, no procedimento sumaríssimo – art. 852-G -. Nesse caso, o juiz dará oportunidade a que a parte adversa fale sobre a exceção, instruirá o incidente, se necessário, e proferirá imediato julgamento da exceção. 
No rito ordinário e demais ritos processuais praticados no processo do trabalho, ou que suspenda o processo para que o excepto fale sobre a exceção, no procedimento ordinário – art. 800 da CLT -. O excepto tem o prazo de 24 horas para que se manifeste sobre a exceção. Em seguida, com ou sem instrução da exceção, conforme for o caso, o juiz decidirá. Procedente a arguição, os autos serão remetidos ao juízo competente. 
A decisão que acolhe ou rejeita a incompetência relativa é irrecorrível, a menos que o acolhimento da exceção imponha a ida do processo a outro Regional, conforme a Súmula 214 do c. TST. A decisão que rejeita a alegação de incompetência e a que a acolhendo mantém o processo no Regional pode ser atacada através de Mandado de Segurança. O Mandado de Segurança, como sabemos, não é recurso, mas ação autônoma de impugnação.
Prevalece entre os doutrinadores e na jurisprudência a interpretação de que o juiz do trabalho não pode conhecer de ofício da incompetência relativa. Vejamos a OJ 149 da SDI-1.
Nº 149 CONFLITO DE COMPETÊNCIA. INCOMPETÊNCIA TERRITORIAL. HIPÓTESE DO ART. 651, § 3º, DA CLT. IMPOSSIBILIDADE DE DECLARAÇÃO DE OFÍCIO DE INCOMPETÊNCIA RELATIVA.  (DJe divulgado em 03, 04 e 05.12.2008)
Não cabe declaração de ofício de incompetência territorial no caso do uso, pelo trabalhador, da faculdade prevista no art. 651, § 3º, da CLT. Nessa hipótese, resolve-se o conflito pelo reconhecimentoda competência do juízo do local onde a ação foi proposta. 
	Entendemos, no entanto, que a incompetência relativa possa ser pronunciada de ofício pelo Juiz do Trabalho – Parágrafo único do art. 112 do CPC. Veja-se que, embora não haja a admissão da cláusula de eleição de foro no processo do trabalho pela doutrina e jurisprudência, essa eleição pode ocorrer numa contratação qualquer, ainda que não aceita pelos estudiosos e pelos órgãos da jurisdição. Imaginemos, nesse caso, que o empregador promova uma consignação em pagamento no lugar do foro eleito e o juízo observe que a eleição é com evidente prejuízo do trabalhador ao acesso à Justiça. Não entendemos que o juiz não possa pronunciar a incompetência relativa em tal caso.
9.2. A incompetência absoluta: A incompetência absoluta da Justiça do Trabalho, em razão da matéria, é suscitada pelo réu na contestação, como preliminar, e o juiz julga a questão ao final do procedimento, também em preliminar das demais matérias. Veja-se, no entanto, que a incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição, por qualquer das partes e por intermédio de simples petição e o juiz dela pode conhecer de ofício. 
Aspecto importante a ser destacado é o correspondente a que o Processo do Trabalho é, via de regra, com a pluralidade de pedidos. O autor quase nunca postula apenas uma coisa. Ele reúne vários pedidos contra o réu, o que se denomina de cumulação de pedidos. 
Na cumulação de pedidos, acolhendo o juiz a incompetência absoluta para algum deles, o juiz apreciará o mérito dos demais. Relativamente ao pedido para o qual não tem competência ele extinguirá o processo sem análise de mérito por falta de pressuposto de constituição válida e regular do processo – inciso IV do art. 267 do CPC. A competência do órgão jurisdicional é pressuposto de constituição e de desenvolvimento válido do processo.
Os autos, então, porque foram conhecidos outros pedidos, não serão encaminhados ao juízo competente. Caberá ao autor propor a ação no juízo competente para o pedido extinto sem apreciação do mérito. É óbvio, no entanto, que a decisão de extinção do processo em relação ao pedido comporta Recurso Ordinário porque a pronúncia foi na sentença.
11. O CONFLITO DE COMPETÊNCIA OU DE JURISDIÇÃO NA JUSTIÇA DO TRABALHO
12. SUSPEIÇÃO E IMPEDIMENTOS DOS JUÍZES DO TRABALHO
	Os artigos 801 e 802 da CLT tratam do impedimento e da suspeição dos Órgãos da Justiça do Trabalho. A disciplina celetista é lacunosa e o processo comum deve ser aplicado subsidiariamente. Assim, as causas de suspeição e de impedimento previstas no CPC, arts. 134 a 138, têm aplicação no processo do trabalho. 
	Uma particularidade entre nós do processo do trabalho é que essas exceções são julgadas pelo próprio juiz, conforme a regra do art. 802 da CLT, o que corresponde a uma anomalia justificada pela época da regra. No tempo da promulgação da regra do art. 802, todos os órgãos da Justiça do Trabalho eram colegiados. 
O pressuposto, então, era a de que a suspeição ou impedimento fosse suscitado em relação a um dos integrantes do órgão e os demais julgassem o incidente. Com o fim das Juntas de Conciliação e Julgamento a regra passou a ser inadequada ao sistema. Temos, assim, relativamente a um único incidente processual a chamada lacuna “ontológica” e “axiológica”. 
	Parte da doutrina interpreta, assim, que a Emenda n. 24, que extinguiu a representação classista na Justiça do Trabalho e transformou os órgãos bases em Varas do Trabalho teria tornado a regra do art. 802 incompatível com a Constituição.
Para sanar a falta, a Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho estabeleceu na Consolidação dos Provimentos da Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho, mais precisamente no art. 13, que em casos de incidentes de exceção de suspeição e de incompetência, o juiz, não reconhecendo o defeito alegado pela parte, deverá encaminhar os autos ao Tribunal para o julgamento do incidente. A regra tem o seguinte conteúdo:
Art. 13 – Se o juiz de primeiro grau não reconhecer o impedimento ou a suspeição alegada, aplicar-se-á o procedimento previsto nos artigos 313 e 314 do Código de Processo Civil.
Parágrafo único. Acolhido o impedimento ou suspeição do juiz, será designado outro magistrado, que incluirá o processo em pauta no prazo máximo de 10 (dez) dias.
11. Referências
CARRION, Valentin. Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho. São Paulo: Saraiva, 2009.
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. São Paulo: LTr, 2008.
SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. São Paulo: LTr, 2009.

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