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Flávia Lages de Castro
autonomia da família, prestígio e poder do pater familias, valorização da palavra empenhada etc."107
3.2. Periodização do Direito Romano
Podemos identificar três períodos ou fases de evolução do Direito Romano. Estas fases são distintas entre si e cada uma tem características próprias. Esta divisão, de certa forma didática, ajuda-nos a compreender panoramicamente o Direito Romano.
São estes os três períodos: o Período Arcaico (ou Pré-Clássico), o Período Clássico e o Período Pós-Clássico.
3.2.1. Período Arcaico
Este Período vai da Fundação de Roma, no século VIII a.C., até o século II a.C. Neste, o Direito caracteriza-se pelo formalismo, pela rigidez, pela ritualidade. Mesmo porque o Estado Romano somente depois de algum tempo tornou-se mais presente no dia-a-dia da cidade.
"O Estado tinha funções limitadas a questões essenciais para sua sobrevivência: guerra, punição dos delitos mais graves e, naturalmente, a observância das regras religiosas."108
História do Direito Geral e Brasil
e, mesmo entrando rapidamente em desuso, foi chamada durante toda a História de Roma como a fonte de todo direito (fons omnis publici privatique iuris).
"Esse direito primitivo, intimamente ligado às regras religiosas, fixado e promulgado pela publicação das XII Tábuas, já representava um avanço na sua época, mas com o passar do tempo e pela mudança de condições tornou-se antiquado, superado e impeditivo de ulterior progresso. (...) Mesmo assim, o tradicionalismo dos romanos fez com que esse direito arcaico nunca fosse considerado corno revogado: o próprio Justiniano, 10 séculos depois, fala dele com respeito."111
3.2.2. Período Clássico
Este período, do século II a.C. até o século III d.C., foi o auge do Direito Romano e, mais especificamente, foi o auge do desenvolvimento do Direito Romano. O Poder do Estado foi centralizado e dois personagens — pretores e jurisconsultos —, adquirindo maior poder de modificar as regras existentes, puderam revolucionar constantemente o Direito. Jurisconsultos e Pretores e suas atividades serão vistas mais profundamente quando tratarmos das Fontes do Direito Romano.
3.2.3. Período Pós-Clássico
A família era o centro de tudo, mesmo do Direito. Os cidadãos
romanos eram vistos como membros de uma unidade familiar antes
mesmo do que como indivíduos. Mesmo a segurança dos cidadãos
dependia muito mais do grupo a que pertenciam do que do Estado.109
O mais importante marco deste período é a Lei das XII Tábuas,
feita em 451 e 450 a.C. como resposta a uma das revoltas da Plebe
Romana.110 Esta legislação foi uma codificação de regras costumeiras
107 GIORDANI. Op. cit., p. 256
108 MARICY, Thomas. Curso elementar de direito romano. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 1995,
p. 6.
109 Ibidem, p. 06.
110 A plebe romana lutou durante séculos por igualdade civil e politica com os Patrícios e obteve vitórias importantes como a Lei das XII Tábuas. a lei Licinia Sextia - no século IV a.C. - que proibia escravidão por dívidas, o Itibunato da Plebe, entre outras.
Ra
85Neste período, do século III até o século VI d.C., o Direito Romano não teve grandes inovações, vivia-se do legado da fase áurea; entretanto, para acompanhar as novas situações, o Direito vulgarizou-se e sentiu-se a necessidade de fixar-se definitivamente as regras por meio de uma codificação que a princípio era muito mal vista pelos romanos.112
Houve algumas tentativas, neste período de codificação do Direito vigente, porém estas eram feitas de forma restrita. Como exemplos podemos indicar o Codex Gregorianus, o Codex Hermogenianus, o Codex
111 MARKY, T. Op. cit., p. 06.
112 Depois da Lei das XII Tábuas, do século V a.C. nenhuma codificação foi empreendida pelos romanos por não considerarem uma codificação necessária.

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