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Aula 2 - Conceitos básicos

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Data da aula: ____/____/______ 
 
MACROECONOMIA II 
AULA 2 – CONCEITOS BÁSICOS DE ECONOMIA ABERTA 
 
2. CONCEITOS DE TAXAS DE CÂMBIO E EFEITOS SOBRE 
EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES 
 
2.1 Taxa de câmbio nominal bilateral: 
 
 É o preço, em moeda nacional, de uma unidade de moeda estrangeira: 
 
e (taxa de câmbio entre real e dólar) = 
 
Ex: R$/US$ 3,00; £/US$ 2,00; 
 
 Quantas taxas de câmbio bilaterais existem? Na verdade, se houvessem 100 moedas 
no mundo, incluindo o real, haveria 99 taxas de câmbio para cada moeda, uma com 
cada moeda; normalmente, porém, não precisamos nos referir a todas, bastam duas; e 
esta, normalmente é a moeda internacional de referência (dólar); e a outra é a taxa a 
que queremos nos referir. Isto porque, se sabemos duas taxas, podemos saber todas. 
 
 Ex: se a taxa de câmbio entre real e dólar é de e = R$ 3,00/US$, e a taxa de 
câmbio entre dólar e libra é de US$ 2,00/£, podemos encontrar facilmente a taxa 
de câmbio entre real e libra. Como? 
 
 1 libra compra 2 dólares; cada dólar compra 3 reais; então, 2 dólares (1 libra) 
compram 6 reais, e a taxa de câmbio entre real e libra seria de R$ 6,00/£. 
 
 Por que isto dá certo? Quer dizer, quem garante que, no caso do exemplo, a taxa de 
câmbio do real pela libra seja exatamente o valor daquela conta? Na verdade, o 
valor pode até ser um pouco diferente por algum tempo, mas os grandes operadores 
financeiros, que acompanham com cuidados as cotações e podem fazer estas contas 
com calma, realizam operações de arbitragem. Vejamos no que estas consistem. 
 
 Suponha que, inicialmente, ocorra (o motivo não vem ao caso) um pequeno 
desequilíbrio nas taxas de câmbio, de forma que as cotações de mercado sejam de 3 
reais por dólar e dois dólares por libra, mas que a taxa de câmbio real/libra se desvie 
um pouco de seis, digamos, cinco e noventa. Um indivíduo inteligente pode 
perceber a diferença e fazer lucro da seguinte maneira: 
 
- Usa R$ 5,90 para comprar 1libra; esta libra compra 2 dólares; estes dois dólares 
compram R$ 6,00, de modo que ele obtém um lucro de 10 centavos; parece pouco, 
mas imagine se, ao invés de R$ 5,90 o grande investidor aplicar R$ 590 milhões em 
uma operação deste tipo ! 
 
- Perceba que, se a quantidade de agentes que realizar operações de arbitragem for 
grande, haverá uma tendência ao reequilíbrio do mercado, aumentando a oferta de 
reais e a demanda por libra até que as taxas de câmbio bilaterais se alinhem. 
Conclusão: a arbitragem tende a fazer com que haja apenas uma taxa de câmbio 
entre duas moedas em qualquer mercado do mundo. 
 
Quantidade de reais necessária 
para comprar um dólar (R$/US$) 
 Esta conclusão não é estritamente verdadeira. Dólar de compra e dólar de venda são 
diferentes (custos de transação, margem de lucro das casas de câmbio privadas, 
etc.). Nos modelos macroeconômicos, porém, adota-se a simplificação de que as 
taxas de compra e venda sejam as mesmas – normalmente, a diferença é bem 
pequena. 
 
 Definição de desvalorização: Quando e aumenta, aumenta a quantidade de moeda 
nacional necessária para comprar um dólar; ocorre, portanto, uma desvalorização. 
Quando e diminui, ocorre uma valorização. 
• Deve-se atentar para o fato de que esta convenção, embora comum, não é a 
mesma em todos os países. Nos EUA, por exemplo, a taxa de câmbio nominal 
“e” é definida como a quantidade de moeda estrangeira necessária para comprar 
um dólar, de modo que um aumento de “e” significa que houve valorização, e 
uma diminuição, desvalorização. 
Detalhe de nomenclatura 
 
 Nomenclatura conforme o regime cambial 
Situação Câmbio fixo Câmbio flutuante 
e aumenta Desvalorização Depreciação 
e diminui Valorização Apreciação 
 
 Cálculo da taxa de variação da taxa de câmbio nominal; 
 
êt (%) = 
100
e
ee
1t
1tt 




 


 
 
êt é a taxa de variação da taxa de câmbio nominal; 
 
Se ê > 0  desvalorização/depreciação; 
Se ê < 0  valorização/apreciação. 
 
 A taxa de câmbio é uma variável macroeconômica fundamental. É um determinante 
crucial da competitividade em preços dos produtos do país em relação aos produtos 
estrangeiros – e, portanto, para decidir quais produtos serão produzidos no país e 
exportados, e quais serão importados de outros países. Afetam, portanto, os níveis 
de produção e emprego no país (no CP). Para entender melhor a forma pela qual a 
taxa de câmbio afeta as relações econômicas entre os países, tomemos um exemplo: 
 
 Preço do 
produto 
nacional 
(R$) 
Preço do 
Produto 
importado 
(US$) 
Preço do 
produto 
importado 
caso 
e = 2,0 
R$/ US$ 
Situação 
do produto 
no Brasil 
Preço do 
produto 
importado 
caso 
e = 1,5 
R$/ US$ 
Situação 
do produto 
no Brasil 
1 kg feijão R$ 2,00 US$ 4,00 R$ 8,00 Exportado R$ 6,00 Exportado 
1 Ton. aço R$ 450 US$ 250 R$ 500 Exportado R$ 375 Importado 
1 PC R$ 2.000 US$ 900 R$ 1.800 Importado R$ 1350 Importado 
 
 Perceba, portanto, que DADOS OS PREÇOS DOS PRODUTOS NACIONAIS EM 
REAIS E DOS IMPORTADOS EM DÓLAR, a taxa de câmbio afeta decisivamente 
a competitividade em preços dos vários setores da economia nacional. É um dos 
determinantes fundamentais, portanto, das quantidades importadas e exportadas por 
um país. 
 
2.2 Taxa de câmbio real bilateral: 
 
 Se prestarmos de novo atenção ao exemplo anterior, veremos que não foi exatamente 
a taxa de câmbio nominal sozinha que determinou se o produto seria produzido 
dentro do país e exportado ou seria apenas importado. 
 
 A decisão dependia na verdade da interação de três variáveis: 
 A taxa de câmbio nominal (R$/US$); 
 Do preço do produto no mercado nacional (em reais); 
 Do preço do produto no mercado internacional (em dólar). 
 
 No caso do feijão: 
 Para e = R$ 2,00/US$: e x Pfeijão(US$) > Pfeijão(R$) → feijão exportado; 
 Para e = R$ 1,50/US$: e x Pfeijão(US$) < Pfeijão(R$) → feijão importado; 
 
 No caso do aço: 
 Para e = R$ 2,00/US$: e x Paço(US$) > Paço(R$) → aço exportado; 
 Para e = R$ 1,50/US$: e x Paço(US$) < Paço(R$) → aço importado; 
 
 No caso do PC: 
 Para e = R$ 2,00/US$: e x PPC(US$) < PPC(R$) → PC importado; 
 Para e = R$ 1,50/US$: e x PPC(US$) < PPC(R$) → PC importado; 
 
 Generalizando para todos os produtos: 
 Seja P o índice de preço dos produtos nacionais e P* o índice de preço dos 
produtos estrangeiros. 
 PORTANTO: QUANTO MAIOR FOR eP* EM RELAÇÃO A P, MAIOR A 
QUANTIDADE EXPORTADA E MENOR A QUANTIDADE IMPORTADA 
POR UM PAÍS. 
 
 Assim, seja  a chamada TAXA DE CÂMBIO REAL: 

 = 
P
*eP 
 
 Perceba que podemos exprimir a relação acima exposta de outra maneira: QUANTO 
MAIOR A TAXA DE CÂMBIO REAL , MAIOR TENDE A SER A 
QUANTIDADE EXPORTADA E MENOR A IMPORTADA. 
 
 É a taxa de câmbio real portanto que, ao determinar a competitividade em preços, 
afeta as quantidades exportadas e importadas, e portanto toda a estrutura produtiva 
do país. 
 
 
 As quantidades exportadas: 
 AUMENTAM quando ocorre uma DESVALORIZAÇÃO da taxa de câmbio 
real; 
 DIMINUEM quando ocorre uma VALORIZAÇÃO da taxa de câmbio real. 
 
 Já com as quantidades importadas ocorre ao contrário: 
 AUMENTAM quando há uma VALORIZAÇÃO da taxa de câmbio real; 
 DIMINUEM quando há uma DESVALORIZAÇÃO da taxa de câmbio real. 
 
 Podemos estudar a evolução da taxa de câmbio real (e, portanto, da competitividade 
em preços) de um país ao longo do tempo pela fórmula: 
 
 *êˆ
, 
 
onde  e * são, respectivamente, as taxas de inflação doméstica e do país em relação 
ao qual se deseja medir o comportamento da taxa de variação da taxa de câmbio real. Ocorrerá uma desvalorização da taxa de câmbio real (
ˆ
 > 0) sempre que 
 *ê
 > 0, ou 
*)(ê 
, ou seja, sempre que a variação da taxa de 
câmbio nominal (ê) mais que compensar o diferencial entre inflação interna () e 
a do outro país (*); 
 Ocorrerá uma valorização da taxa de câmbio real (
ˆ
 < 0) sempre que 
 *ê
 < 0, ou 
*)(ê 
, ou seja, sempre que a variação da taxa de 
câmbio nominal (ê) for insuficiente para compensar o diferencial entre inflação 
interna () e a do outro país (*). 
 
 Exemplificando: 
 
 Suponha, inicialmente, que a taxa de câmbio nominal (e) permanece constante, e 
que não haja inflação no exterior. Dentro do país, por outro lado, há uma inflação 
(por hipótese) constante de 15% ao ano. Vejamos o que acontece com a taxa de 
câmbio real e portanto a competitividade em preços dos produtos produzidos pelo 
país e as quantidades exportadas e importadas. 
 
Ano Taxa de 
inflação 
doméstica 
() 
Índice de 
Preço 
doméstico 
(P) 
Índice de 
Preços 
externos 
(P*) 
Taxa de 
câmbio 
nominal e 
(R$/US$) 
Taxa de 
câmbio real 
 
0 - 100,00 100,00 1,00 1,00 
1 15% 115,00 100,00 1,00 0,87 
2 15% 132,25 100,00 1,00 0,76 
3 15% 152,09 100,00 1,00 0,66 
4 15% 174,90 100,00 1,00 0,57 
 
 Conclusão: a inflação doméstica, quando não compensada por variações 
equivalentes na taxa de câmbio nominal ou pela inflação externa, tende a corroer a 
competitividade em preços do país. 
 
 Façamos agora o exercício inverso: suponha que a taxa de câmbio nominal fique 
constante e que não haja inflação doméstica, mas haja uma inflação externa 
constante de 10% ao ano. Verifique o comportamento da taxa de câmbio real e da 
competitividade em preços, das quantidades importadas e exportadas: 
 
Ano Taxa de 
inflação 
externa 
(*) 
Índice de 
Preços 
externo 
(P*) 
Taxa de 
câmbio 
nominal e 
(R$/US$) 
 
Índice de 
Preço 
doméstico 
(P) 
Taxa de 
câmbio real 
 
0 - 100,00 1,00 100,00 1,00 
1 10% 110,00 1,00 100,00 1,10 
2 10% 121,00 1,00 100,00 1,21 
3 10% 133,10 1,00 100,00 1,33 
4 10% 146,41 1,00 100,00 1,46 
 
 Façamos finalmente um exercício em que todas as variáveis flutuam: Verifique o 
comportamento da taxa de câmbio real e da competitividade em preços: 
 
Ano Taxa de 
inflação 
externa 
(*) 
Índice de 
Preços 
externo 
(P*) 
Taxa de 
variação 
da taxa 
de 
câmbio 
nominal 
(ê) 
Taxa de 
câmbio 
nominal 
e 
(R$/US$) 
 
Taxa de 
inflação 
doméstica 
() 
Índice de 
Preço 
doméstico 
(P) 
Taxa de 
câmbio 
real  
0 - 100,00 - 1,00 - 100,00 1,00 
1 4% 104,00 5% 1,05 10% 110,00 0,99 
2 5% 109,20 4% 1,09 7% 117,70 1,01 
3 3% 112,48 -1% 1,08 1% 118,88 1,02 
4 1% 113,60 -5% 1,03 3% 122,44 0,96 
 
 
 A taxa de câmbio real bilateral interessa e afeta a economia dos dois países. Por 
exemplo, a taxa de câmbio real, entre a moeda nacional e o dólar, afeta tanto a 
economia brasileira quanto a economia estadunidense (afeta também os demais 
países!). É claro, a economia estadunidense é muito grande perto da brasileira; mas 
os EUA vivem reclamando que a China e o Japão manipulam a taxa de câmbio entre 
suas moedas e o dólar e prejudicam sua economia.

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