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Psicologia Histórico-Cultual – Vigotski, Luria e Leontiev1

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Prof. Me. Edimar Roberto de Lima Sartoro
email: edimarsartoro@gmail.com
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Psicologia Histórico-Cultural desenvolvida por Lev Semenovich Vigotski (1896-1934), juntamente com seus colaboradores Alexander Romanovich Luria (1902-1977) e Alexis Leontiev (1904-1979);
Tese defendida por essa Psicologia: a lei fundamental do desenvolvimento humano é que os indivíduos são criados na e pela sociedade na qual vivem.
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Psicologia histórico-cultural tem seu fundamento no marxismo e tem seu foco de estudo no processo educativo; busca responder com os indivíduos se humanizam e discorre sobre a importância do professor nesse processo. 
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O ser humano não nasce humano, torna-se humano;
Sobre esse aspecto ressalta Leontiev (1947/1978, p. 285): 
“O que a natureza lhe dá quando nasce não lhe basta para viver em sociedade. É lhe ainda preciso adquirir o que foi alcançado no decurso do desenvolvimento histórico da sociedade humana [...].”
Nesse sentido o ser humano nasce hominizado. Para humanizar-se é preciso que o homem aproprie-se (isto é: tornar interno, seu) de tudo aquilo que foi alcançado pelo conjunto da humanidade. Ou seja seus conhecimento, valores, ética/moral, formas de comunicar-se, de pensar, agir, sentir etc. em uma palavra ele precisa apropriar-se da cultura humana. 
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“[…] o homem já nasce hominizado, mas é o convívio com outros homens, a interação e apropriação dos bens culturais, que permitirão que haja o desenvolvimento do psiquismo humano”. (FACCI, 2003, p. 155);
Para a Psicologia Histórico-Cultural, a humanização do homem decorre do processo interdependente de apropriação e objetivação. Vejamos o que significam esses dois conceitos:
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Apropriação: no processo de apropriação são reproduzidas no indivíduo, “as aptidões e funções humanas historicamente formadas:
Saviani (2000) enfatiza, assim, que os indivíduos não podem sentir, pensar, avaliar ou agir sem apropriarem-se de tais formas historicamente constituídas.
A apropriação é sempre um processo mediado pelas relações entre os seres humanos. Ex: o aluno apropria-se dos saberes construídos historicamente pela mediação do professor. 
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As objetivações são produtos materiais e/ou espirituais (saberes, experiências, tradições - cultura) que portam o movimento da processualidade histórica da humanidade;
Apropriar-se do que a humanidade já produziu – suas objetivações na arte, na filosofia, nas ciências, na cultura – é condição fundamental para o desenvolvimento do ser humano. Para o homem entrar na história, ele deve apropriar-se do que é histórico. 
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A formação do indivíduo é sempre um processo educativo, podendo este ser intencional ou não-intencional;
No caso da educação escolar, trata-se de um processo educativo intencional (Saviani, 2003), por meio do qual o indivíduo é levado a se apropriar das formas mais desenvolvidas do saber produzido historicamente pelo gênero humano (DUARTE, 1999).
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Para definir a efetiva relação entre processo de desenvolvimento e aprendizagem, não podemos limitar-nos a um único nível de desenvolvimento;
Para Vigotski (2009) há dois níveis de desenvolvimento: o desenvolvimento real e o próximo;
Sobre a relação entre aprendizagem e desenvolvimento, Vigotski postula que esses são processos com características próprias, contudo não se excluem, mas, ao mesmo tempo, em conjunto constituem uma unidade.
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“[...] a aprendizagem e o desenvolvimento não coincidem imediatamente mas são dois processos que estão em complexas inter-relações. A aprendizagem só é boa quando está à frente do desenvolvimento”. (VIGOTSKI, 2009, p. 334).
A zona de desenvolvimento real, diz respeito àquilo que já foi alcançado, as capacidades e habilidades adquiridas no decurso do desenvolvimento do indivíduo; 
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A zona de desenvolvimento próxima diz respeito àquilo que ainda está em curso de desenvolvimento, mas que ainda não se efetivou;
O que a criança pode fazer hoje com o auxílio dos adultos, poderá fazê-lo amanhã por si só.
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Um ensino orientado para uma etapa de desenvolvimento já realizado é ineficaz sob o ponto de vista do desenvolvimento (VIGOTSKI, 2009).
Considerando essa compreensão Vigotski enfatiza: “O ensino seria totalmente desnecessário se pudesse utilizar apenas o que já está maduro no desenvolvimento [...].” (Idem, p. 334).
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Tese: o único bom ensino é o que se adianta ao desenvolvimento.
No curso do desenvolvimento o ensino deve exigir “[...] da criança mais do que ela pode dar hoje, ou seja, na escola a criança desenvolve uma atividade que a obriga a colocar-se acima de si mesma.” (idem, p. 336).
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ABRANTES, A. A; MARTINS, L. M. Relações entre ontologia e epistemologia e a reflexão filosófica sobre o trabalho educativo. Educação e marxismo. Bauru SP., ano 1, v. 1, 20 jun. 2006. Disponível em: <http://www2.fc.unesp.br/revista_educacao/arquivos/Relacao_entre_conteudos_de_ensino_e_processos_de_pensamento.pdf>. Acesso em: 11 dez. 2010.
DUARTE, N. Relações entre ontologia e epistemologia e a reflexão filosófica sobre o trabalho educativo. Perspectiva, Florianópolis, v. 16, n. 29, jan/jun. 1998.
DUARTE, N. A individualidade para-si: contribuições a uma teoria histórico-social da formação do indivíduo. Campinas, SP: Autores Associados, 1999.
___________. Vigotski e o aprender a aprender: críticas às apropriações neoliberais e pós-moderna da teoria vigotskiana. Campinas, SP: Autores Associados, 2000.
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FACCI, M. G. D. Valorização ou esvaziamento do trabalho do professor? Um estudo crítico comparativo da teoria do professor reflexivo, do construtivismo e da psicologia vigotskiana. 2003. 218 f. Tese (Doutorado em Educação Escolar) – Faculdade de Ciências e Letras – Campus de Araraquara/UNESP, Araraquara, 2003.
LEONTIEV, A. O desenvolvimento do psiquismo. São Paulo: Centauro, 1947/1978.
LUKÁCS, G. . Ontologia do ser social. 2004. Disponível em: <http://sergiolessa.com/Novaartigos_etallil.html>. Acesso em: 12 dez. 2010.
SAVIANI, D. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 7.ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2000.
VYGOTSKI, L, S. Historia del desarrollo de las funciones psíquicas superiores. IN: Obras escogidas, tomo III. Madrid: Visor/MEC, 1931/1995. p. 11-340.
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