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Manual de Mediação Pág. 19 à 30

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19
Manual de
Mediação Judicial
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20
Dos Processos, métodos ou meios em espécie
a) Negociação
À extrema esquerda do gráfico, encontra‑se a negociação – definida como uma 
comunicação voltada à persuasão. Em uma negociação simples e direta, as partes têm, 
como regra, total controle sobre o processo e seu resultado. Assim, em linhas gerais, as 
partes: i) escolhem o momento e o local da negociação; ii) determinam como se dará a 
negociação, inclusive quanto à ordem e ocasião de discussão de questões que se seguirão 
e o instante de discussão das propostas; iii) podem continuar, suspender, abandonar ou 
recomeçar as negociações; iv) estabelecem os protocolos dos trabalhos na negociação; v) 
podem ou não chegar a um acordo e têm o total controle do resultado. E mais, a negociação 
e o acordo podem abranger valores ou questões diretamente relacionadas à disputa e 
variam, significativamente, quanto à matéria e à forma, podendo, inclusive, envolver um 
pedido de desculpas, trocas criativas, valores pecuniários, valores não pecuniários. Assim, 
todos os aspectos devem ser considerados relevantes e negociáveis.
b) Mediação
A mediação pode ser definida como uma negociação facilitada ou catalisada por um 
terceiro. Alguns autores preferem definições mais completas sugerindo que a mediação 
um processo autocompositivo segundo o qual as partes em disputa são auxiliadas por 
uma terceira parte neutra ao conflito ou por um painel de pessoas sem interesse na causa, 
para se chegar a uma composição. Trata‑se de um método de resolução de disputas no 
qual se desenvolve um processo composto por vários atos procedimentais pelos quais o(s) 
terceiro(s) imparcial(is) facilita(m) a negociação entre as pessoas em conflito, habilitando‑as 
a melhor compreender suas posições e a encontrar soluções que se compatibilizam aos 
seus interesses e necessidades.
Os chamados ‘processos autocompositivos’ compreendem tanto os processos que se 
conduzem diretamente ao acordo, como é de forma preponderante a conciliação – que 
será apresentada a seguir –, quanto às soluções facilitadas ou estimuladas por um terceiro – 
geralmente mas nem sempre, denominado “mediador”. Em ambos os casos, existe a 
presença de um terceiro imparcial, e a introdução deste significa que os interessados 
renunciaram parte do controle sobre a condução da resolução da disputa. Além disso, 
em todos os processos autocompositivos:
 » As partes podem continuar, suspender, abandonar e retomar as negociações. 
Como os interessados não são obrigados a participarem da mediação, permite‑ 
se encerrar o processo a qualquer tempo.
21
Manual de
Mediação Judicial
 » Apesar de o mediador exercer influência sobre a maneira de se conduzirem as 
comunicações ou de se negociar, as partes têm a oportunidade de se comunicar 
diretamente, durante a mediação, da forma estimulada pelo mediador.
 » Assim como na negociação, nenhuma questão ou solução deve ser desconsiderada. 
O mediador pode e deve contribuir para a criação de opções que superam a 
questão monetária ou discutir assuntos que não estão diretamente ligados à 
disputa, mas que afetam a dinâmica dos envolvidos.
 » Por fim, tanto na mediação, quanto na conciliação, como na negociação, as partes 
não precisam chegar a um acordo.
Os interessados têm ainda a possibilidade de encerrar a mediação a qualquer hora sem 
sofrerem maiores prejuízos, pois este é um processo não vinculante. Diz‑se que um 
processo é vinculante quando os interessados possuem o ônus de participar dos atos 
procedimentais – em que a desistência de participação no processo gera uma perda 
processual e uma potencial perda material. Exemplificativamente, se, em uma arbitragem 
ou em um processo judicial, a parte ré opta por não mais participar do procedimento, 
presumir‑se‑ão verdadeiros alguns dos fatos alegados pela outra parte e, como 
consequência, há uma maior probabilidade de condenação daquela que não participou 
do processo. Já nos processos não vinculantes, não há maiores prejuízos decorrentes da 
desistência de participação no processo. Naturalmente, isto não significa que a parte não 
sofrerá perdas em razão do não atingimento dos objetivos que possivelmente seriam 
alcançados se este não tivesse desistido do processo. A característica dos processos não 
vinculantes consiste na inexistência do ônus de participar do processo.
A mediação e a conciliação são métodos não vinculantes e se caracterizam pela redução 
ou delegação do direcionamento e do controle do procedimento a um terceiro, mas pela 
manutenção do controle sobre o resultado pelas partes.
Há uma linha divisória no gráfico que separa os métodos não vinculantes dos métodos 
vinculantes e decisórios. Nos métodos de RADs decisórios, as partes têm, pelo menos 
inicialmente, um maior controle do que teriam num processo judicial. Como se verá 
adiante, as partes são livres para determinar como o caso será apresentado, porém, definido 
o método, as partes não conseguirão controlar o resultado.
c) Conciliação
A conciliação pode ser definida como um processo autocompositivo breve no qual as partes 
ou os interessados são auxiliados por um terceiro, neutro ao conflito, ou por um painel de 
pessoas sem interesse na causa, para assisti‑las, por meio de técnicas adequadas, a chegar a 
uma solução ou a um acordo. Originalmente, estabeleciam‑se diversos pontos de distinção 
entre a mediação e a conciliação, sugerindo‑se que: i) a mediação visariaà ‘resolução do 
conflito’ enquanto a conciliação buscaria apenas o acordo; ii) a mediação visaria à restauração 
22
da relação social subjacente ao caso enquanto a conciliação buscaria o fim do litígio; iii) a 
mediação partiria de uma abordagem de estímulo (ou facilitação) do entendimento enquanto 
a conciliação permitiria a sugestão de uma proposta de acordo pelo conciliador; iv) a mediação 
seria, em regra, mais demorada e envolveria diversas sessões enquanto a conciliação seria um 
processo mais breve com apenas uma sessão; v) a mediação seria voltada às pessoas e teria 
o cunho preponderantemente subjetivo enquanto a conciliação seria voltada aos fatos e 
direitos e com enfoque essencialmente objetivo; vi) a mediação seria confidencial enquanto 
a conciliação seria eminentemente pública; vii) a mediação seria prospectiva, com enfoque 
no futuro e em soluções, enquanto a conciliação seria com enfoque retrospectivo e voltado 
à culpa; viii) a mediação seria um processo em que os interessados encontram suas próprias 
soluções enquanto a conciliação seria um processo voltado a esclarecer aos litigantes pontos 
(fatos, direitos ou interesses) ainda não compreendidos por esses; ix) a mediação seria um 
processo com lastro multidisciplinar, envolvendo as mais distintas áreas como psicologia, 
administração, direito, matemática, comunicação, entre outros, enquanto a conciliação seria 
unidisciplinar (ou monodisciplinar) com base no direito.
Merece destaque que as distinções acima apresentadas mostravam‑se necessárias em 
razão da inexistência de uma abertura, por parte de órgãos públicos, para as críticas à 
forma com que se conduziam as conciliações até o início do século XXI. Com lançamento 
do Movimento pela Conciliação, pelo Conselho Nacional de Justiça, partiu‑se da premissa 
de que um poder judiciário moderno não poderia permitir a condução de trabalhos sem 
técnica. Diante desta abertura, passou‑se a se defender explicitamente a utilização de 
técnicas na conciliação. Com isso, as distinções entre mediação e conciliação passaram, 
progressivamente, a se reduzir.
Atualmente, com base na política pública preconizada pelo Conselho Nacional de Justiça 
e consolidada em resoluções e publicações diversas, pode‑se afirmar que a conciliação 
no Poder Judiciário busca: i) além do acordo, uma efetiva harmonização social das partes; 
ii) restaurar, dentro dos limites possíveis, a relação social das partes; iii) utilizar técnicas 
persuasivas, mas não impositivas ou coercitivas para se alcançarem soluções; iv) demorar 
suficientemente para que os interessados compreendam que o conciliador se importa 
com o caso e a solução encontrada; v) humanizar o processo de resolução de disputas; 
vi) preservar a intimidade dos interessados sempre que possível; vii) visar a uma solução 
construtiva para o conflito, com enfoque prospectivo para a relação dos envolvidos; viii) 
permitir que as partes sintam‑se ouvidas; e ix) utilizar‑se de técnicas multidisciplinares para 
permitir que se encontrem soluções satisfatórias no menor prazo possível.
Nesse contexto, pode‑se afirmar que a conciliação no século XX, na perspectiva do Poder 
Judiciário, possuía características muito distintas das já existentes em muitos tribunais 
brasileiros no século XXI e pretendidas em alguns outros que ainda não modernizaram 
suas práticas de capacitação e supervisão de conciliadores. Assim, pode‑se afirmar que 
ainda existe distinção em relação à mediação, todavia, a conciliação atualmente é (ou ao 
menos deveria ser) um processo consensual breve, envolvendo contextos conflituosos 
23
Manual de
Mediação Judicial
menos complexos, no qual as partes ou os interessados são auxiliados por um terceiro, 
neutro à disputa, ou por um painel de pessoas sem interesse na causa para ajudá‑las, por 
meio de técnicas adequadas, a chegar a uma solução ou acordo.
Merece destaque que o novo Código de Processo Civil estabelece em seu art. 165 § 2o não 
uma definição de conciliação mas uma orientação de encaminhamento1. De igual forma 
o § 3o do mesmo artigo não define mediação, mas apenas orienta o encaminhamento 
de casos. Assim, exemplificativamente, nada impede que em uma hipótese de acidente 
aéreo no qual partes da aeronave tenham caído sobre propriedade de produtores rurais 
hipossuficientes que nunca tenham viajado de avião possa ser resolvida por mediação. No 
exemplo citado, note‑se que não há vínculo anterior entre os interessados e ainda assim 
a mediação mostra‑se um processo consensual aplicável ao caso. 
A utilização de técnicas adequadas na conciliação, como as ferramentas da mediação, 
pressupõe na essência que os profissionais não se afastem dos princípios norteadores 
dos métodos mediativos, dispostos no Código de Ética da Resolução 125 de 29/11/2010, 
ressaltando‑se especialmente:
 » Confidencialidade: tudo o que for trazido, gerado, conversado entre as partes 
durante a conciliação ou mediação fica adstrito ao processo;
 » Imparcialidade: o conciliador/mediador não toma partido de nenhuma das partes;
 » Voluntariedade: as partes permanecem no processo mediativo se assim desejarem;
 » Autonomia da vontade das partes: a decisão final, qualquer que seja ela, cabe 
tão somente às partes, sendo vedado ao conciliador e ao mediador qualquer 
imposição.
d) Arbitragem
A arbitragem pode ser definida como um processo eminentemente privado – isto porque 
existem arbitragens internacionais públicas –, nas qual as partes ou interessados buscam 
o auxílio de um terceiro, neutro ao conflito, ou de um painel de pessoas sem interesse 
na causa, para, após um devido procedimento, prolatar uma decisão (sentença arbitral) 
visando encerrar a disputa. Trata‑se de um processo, em regra, vinculante, em que ambas 
as partes são colocadas diante de um árbitro ou um grupo de árbitros. Como regra, 
ouvem‑se testemunhas e analisam‑ se documentos. Os árbitros estudam os argumentos dos 
advogados antes de tomarem uma decisão. Usualmente, em razão dos custos, apenas causas 
de maior valor em controvérsia são submetidas à arbitragem e os procedimentos podem 
durar diversos meses. Apesar de as regras quanto às provas poderem ser flexibilizadas, por 
1 Dispõe o referido § 2o do art. 165 que “o conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada 
a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem” e § 3o que “o mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre 
as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções 
consensuais que gerem benefícios mútuos.”.
24
se tratar de uma heterocomposição privada, o procedimento se assemelha, ao menos em 
parte, por se examinarem fatos e direitos, com o processo judicial.
A característica principal da arbitragem é sua coercibilidade e capacidade de pôr fim 
ao conflito. De fato, é mais finalizadora do que o próprio processo judicial, porque não 
há recurso na arbitragem. De acordo com a Lei n. 9.307/96, o Poder Judiciário executa 
as sentenças arbitrais como se sentenças judiciais fossem. Caso uma das partes queira 
questionar uma decisão arbitral devido, por exemplo, à parcialidade dos árbitros, uma 
demanda anulatória deve ser proposta (e não um recurso).
A despeito de a arbitragem ser o procedimento decisório mais parecido com um processo 
judicial, tal método privado oferece as seguintes vantagens:
 » Antes de iniciada a arbitragem, as partes têm controle sobre o procedimento 
na medida em que podem escolher o(s) árbitro(s) e as regras procedimentais 
da preparação à decisão arbitral. Havendo consenso entre as partes quanto 
ao procedimento, a liberdade de escolhaestende‑se inclusive ao direito e a 
possibilidade de julgamento por equidade pelo árbitro
 » A arbitragem é conhecida por ser mais sigilosa e célere que o processo judicial 
na maior parte dos casos. A menos que estejam limitadas por regras acordadas 
anteriormente, as partes e seus advogados podem controlar o processo e agilizá‑lo 
drasticamente, reduzindo custos e tempo.
e) Med‑Arb e outras hibridações de processos
A med‑arb consiste em um processo híbrido no qual se inicia com uma mediação e, na 
eventualidade de não se conseguir alcançar um consenso, segue‑se para uma arbitragem. 
Originalmente concebida na década de 80, a med‑arb valia‑se do mesmo profissional para 
atuar como mediador e árbitro. Posteriormente, considerando se tratar de procedimentos 
bastante distintos, passou‑se a indicar profissionais distintos para as duas etapas desse 
processo híbrido. Naturalmente, para haver uma med‑arb, faz‑se necessária uma convenção 
ou cláusula denominada de ‘escalonada’ por haver a previsão da referida hibridação.
De igual forma, a cláusula contratual ou o compromisso de resolução de disputas pode 
contemplar uma fase anterior à mediação que consiste em negociação direta de gestores 
ou diretores. Nesse caso, denomina‑se o processo de neg‑med‑arb, por se tratar de uma 
negociação, seguida de uma mediação e, na hipótese de ausência de sucesso das duas 
fases preliminares, segue‑se para uma arbitragem.
Merece destaque o fato de todos esses processos possuírem bastante flexibilidade 
procedimental a ponto de, como indicado anteriormente, ser possível a concepção ou 
o ‘desenho’ de um processo de resolução de disputas que melhor se adeque ao conflito 
25
Manual de
Mediação Judicial
concreto e aos seus participantes. Desta forma, pode‑se afirmar que não existe um processo 
que seja absolutamente melhor que outro. Seria equivocado supor que a mediação seria 
sempre melhor que a arbitragem ou o processo judicial. Imagine uma ação de indenização 
por danos morais movida em desfavor de uma escola de ensino fundamental em razão 
de prática de racismo. Uma mediação, absolutamente confidencial, pode não ser mais 
interessante para todos os envolvidos e, principalmente, para a sociedade como um todo. De 
igual forma, uma ação na qual se discute o direito constitucional de liberdade de expressão 
movida por um autor de uma biografia em desfavor da figura pública descrita na obra não 
será, necessariamente, melhor resolvida em uma conciliação do que em um processo judicial. 
De fato, por se tratar de uma matéria ainda não decidida pelo Supremo Tribunal Federal, 
melhor seria permitir que a questão se consolide como um precedente jurisprudencial.
f) Práticas autocompositivas inominadas
Um dos grandes desafios do Poder Judiciário, no século XXI, consiste em combater a 
posição singularista de que para cada conflito de interesse só pode haver uma solução 
correta – a do magistrado, que, sendo mantida ou reformada em grau recursal, se torna 
a “verdadeira solução” para o caso. A ideia de que o jurisdicionado, quando busca o 
Poder Judiciário, o faz na ânsia de receber a solução de um terceiro para suas questões, 
vem, progressivamente, sendo alterada para uma visão de Estado que orienta as partes 
a resolverem, de forma mais consensual e amigável, seus próprios conflitos e, apenas 
excepcionalmente, como última hipótese, se decidirá em substituição às partes. Nesse 
sentido, tem se trabalhado a noção de que o Estado precisa preparar o jurisdicionado para 
utilizar, adequadamente, o sistema público de resolução de disputas bem como, quando 
possível, resolver seus próprios conflitos.
Nesse contexto, diversos tribunais brasileiros têm organizado treinamentos, workshops, 
aulas, grupos de apoio, oficinas, entre outras práticas para orientar o jurisdicionado 
a resolver melhor seus conflitos. Entre esses treinamentos, destacam‑se as oficinas de 
parentalidade (ou oficinas de pais e filhos) que buscam orientar pais divorciandos e seus 
filhos a lidarem melhor com os conflitos nessa fase de transição. Dessa forma, procura‑ se 
evitar a evolução de conflitos familiares. Seguindo a mesma premissa, existem também, 
no Brasil, oficinas de comunicação conciliatória que buscam transmitir aos participantes 
estruturas comunicativas recomendáveis para que esses possam melhor interagir com 
outras pessoas por meio do aperfeiçoamento das suas consciências verbais. Além de 
uma abordagem de clareza e habilidade de expressão pessoal, essas oficinas possibilitam 
mudanças estruturais no modo de perceber e organizar as relações humanas (gestão de 
grupos e organizações) além de trabalhar a questão de responsabilidade, diminuindo a 
probabilidade de violência ou interações contraproducentes.
Além dessas práticas – que claramente não podem ser definidas como práticas 
mediativas, mas que possuem relevante papel de prevenção de conflitos –, existem, 
26
no Brasil, oficinas de abordagem e auxílio a dependentes químicos, de resolução de 
conflitos familiares, e oficinas de abordagens não mediativas de prevenção da violência 
familiar, círculos restaurativos, negociações assistidas para a resolução de questões 
cíveis em contextos de violência familiar, entre outros. Merece destaque que essas 
práticas não se encaixam na definição de processos autocompositivos, mediação, 
conciliação ou negociação. Por este motivo, recebem a nomeclatura genérica de 
práticas autocompositivas inominadas.
Do enfoque deste manual ante a RAD
O campo da chamada ‘Resolução Apropriada de Disputas’ inclui uma série de métodos de 
resolução de conflitos que precisam ser compreendidos com flexibilidade e consciência 
quanto as suas vantagens e limitações. Ademais, as próprias conceituações sobre esses 
processos de resolução de disputas podem ser flexibilizadas diante de um caso concreto. 
Exemplificativamente, a despeito de a arbitragem ser, em regra, um processo vinculante, 
há situações excepcionais em que as partes convencionam que a sentença arbitral 
será meramente opinativa. Naturalmente, nesses raríssimos casos, as partes recebem a 
sentença arbitral apenas como uma base para seguirem com suas negociações. De igual 
forma, cada vez mais, nota‑se nos tribunais a existência de processos consensuais que 
possuem algumas características da mediação e outras características da conciliação. O 
exaustivo debate sobre qual a nomeclatura a ser atribuída para o referido processo importa 
relativamente pouco se comparado com a necessidade efetiva de adequado atendimento 
dos interessados no processo de resolução de disputas.
Breve histórico da mediação no poder judiciário
A despeito de este ser um manual com enfoque prático na mediação, faz‑se necessário 
apresentar, ainda que brevemente, uma contextualização histórica da mediação no poder 
judiciário. A história da mediação está intimamente ligada ao movimento de acesso à justiça 
iniciado ainda na década de 70. Nesse período, clamava‑se por alterações sistêmicas que 
fizessem com que o acesso à justiça fosse melhor na perspectiva do próprio jurisdicionado. 
Um fator que significativamente influenciou esse movimento foi a busca por formas 
de solução de disputas que auxiliassem na melhoria das relações sociais envolvidas na 
disputa. Isso porque já existiam mecanismos de resolução de controvérsias (e.g. mediação 
comunitária e mediação trabalhista), quando da publicação dos primeiros trabalhos em 
acesso à justiça2, que apresentavam diversos resultados de sucesso3, tanto no que concerne 
à redução de custos como quanto à reparação de relações sociais.
2 Cf. SANDER, Frank E.A. Varieties of Dispute Processing. In: The Pound Conference. 70 Federal Rules Decisions 111, 1976; CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Access to Justice: The Worldwide 
Movement to Make Rights Effective. A General Report. Milão: Ed. Dott A. Giuffre, 1978.
3 Cf. AUERBACH, Jerold S. Justice without Law? NovaIorque: Ed. Oxford University Press, 1983.
27
Manual de
Mediação Judicial
Nessa oportunidade houve clara opção por se incluir a mediação – definida de forma 
ampla como uma negociação catalisada por um (ou mais) terceiro imparcial – como fator 
preponderante no ordenamento jurídico, esse período, começou‑se a perceber a relevância 
da incorporação de técnicas e processos autocompositivos como no sistema processual como 
meio de efetivamente realizar os interesses das partes de compor suas diferenças interpessoais 
como percebidas pelas próprias partes. Com isso, iniciou‑se uma nova fase de orientação da 
autocomposição à satisfação do usuário por meio de técnicas apropriadas, adequado ambiente 
para os debates e relação social entre mediador e partes que favoreça o entendimento.
Vale frisar que a mediação, como elemento característico dos juizados de pequenas causas 
nos Estados Unidos, fortemente influenciou o legislador brasileiro a ponto de este incluir 
a conciliação em seu sistema dos juizados especiais. Todavia, a autocomposição prevista 
pelo legislador brasileiro na Lei n. 9.099/1995 se distinguiu significativamente daquela 
prevista no modelo norte‑americano4 em razão de dar menor ênfase às técnicas e ao 
procedimento a ser seguido5 bem como ao treinamento (e.g. nos juizados de pequenas 
causas em Harlem, NY, os mediadores recebem curso de 30 horas/aula exclusivamente 
sobre técnicas de negociação e mediação) e, atualmente, ao maior componente 
transformador das mediações. Sobre esse componente, os professores Robert Baruch Bush 
e Joseph Folger6 sustentam que deve ser considerada como objetivo da autocomposição 
e, indiretamente, de um sistema processual, a capacitação (ou empoderamento) das partes 
(i.e. educação sobre técnicas de negociação) para que essas possam, cada vez mais, por si 
mesmas compor seus futuros conflitos. Dessa forma, proporcionam‑se ao jurisdicionado 
efetivos meios de aprendizado quanto à resolução de disputa, obtendo‑se também o 
reconhecimento mútuo de interesses e sentimentos, o que gera uma aproximação real 
das partes e consequente humanização do conflito decorrente dessa empatia. Tal corrente, 
iniciada em 1994 por Baruch Bush e Folger, costuma ser referida como transformadora (ou 
mediação transformadora)7.
A experiência, aliada a pesquisas metodologicamente adequadas8, tem demonstrado 
que o que torna um procedimento efetivo depende das necessidades das partes em 
conflito, dos valores sociais ligados às questões em debate e, principalmente, da qualidade 
4 Cabe registrar opinião de um dos colaboradores deste trabalho, o Juiz Roberto Portugal Bacellar, segundo a qual se sustenta implicitamente que a lei de Juizados Especiais no Brasil prevê um sistema 
de mediação judicial (ou paraprocessual) e que cabe ao operador do direito implementar a mediação como processo autocompositivo no sistema dos Juizados Especiais (Cf. BACELLAR, Roberto 
Portugal. Juizados especiais – a nova mediação paraprocessual. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2004.). 
5 Sendo a mediação um processo caracterizado pela flexibilidade procedimental, há divergência na doutrina sobre seu procedimento. Exemplificativamente, John W. Cooley, aposentado juiz federal 
norte‑americano e professor das faculdades de Direito da Universidade de Loyola e da Universidade Northwestern, divide o processo de mediação em oito fases: i) iniciação, momento no qual as 
partes submetem a disputa a uma organização pública ou privada ou a um terceiro neutro em relação ao conflito, para que seja composta; ii) preparação, fase na qual os advogados se preparam 
para o processo, coletando um conjunto de informações, tais como os interesses de seus clientes, questões fáticas e pontos controversos; iii) sessão inicial ou apresentação, momento em que o 
mediador explica a natureza e o formato do processo de mediação aos advogados e às partes; iv) declaração do problema, quando as partes, por já estarem debatendo acerca da disputa abertamente, 
delimitam os pontos controversos que deverão ser objeto de acordo; v) esclarecimento do problema, fase em que o mediador isola as questões genuinamente básicas em disputa buscando melhor 
relacionar os interesses das partes com as questões apresentadas; vi) geração e avaliação de alternativas, momento em que o mediador estimula as partes e os advogados a desenvolverem possíveis 
soluções para a controvérsia; 
vii) seleção de alternativas, estágio no qual as partes, diante das diversas possibilidades desenvolvidas na fase anterior, decidem quanto à solução; 
viii) acordo, momento no qual o mediador esclarece os termos do acordo a que tiverem chegado as partes e auxilia na elaboração do termo de transação (COOLEY, John W. A advocacia na mediação. 
Brasília: Ed. UnB, 2000.).
6 V. BARUCH BUSH, Robert et al. The Promise of Mediation: Responding to Conflict Through Empowerment and Recognition. São Francisco: Ed. Jossey‑Bass, 1994.
7 V. YARN, Douglas E. Dictionary of Conflict Resolution. São Francisco: Ed. Jossey‑Bass Inc., 1999. p. 418.
8 V. RHODE, Ob. Cit. p. 132.
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dos programas. Um recente trabalho do Instituto de Pesquisa RAND constatou que 
não houve vantagens significativas para a mediação quando comparada ao processo 
heterocompositivo judicial e concluiu que esses resultados insatisfatórios decorreram 
de programas que não foram adequadamente desenvolvidos para atender os objetivos 
específicos que os usuários de tal processo buscavam. Esses projetos examinados 
pelo Instituto RAND tiveram, como conclui essa pesquisa, insuficiente treinamento de 
autocompositores e oportunidades inadequadas para a participação dos envolvidos9.
Segundo a professora Deborah Rhode10, a maioria dos estudos existentes indica que a 
satisfação dos usuários com o devido processo legal depende fortemente da percepção de 
que o procedimento foi justo. Outra importante conclusão foi no sentido de que alguma 
participação do jurisdicionado na seleção dos processos a serem utilizados para dirimir 
suas questões aumenta significativamente essa percepção de justiça. Da mesma forma, 
a incorporação pelo Estado de mecanismos independentes e paralelos de resolução de 
disputas aumenta a percepção de confiabilidade (accountability) no sistema11.
Em suma, constata‑se que o sistema autocompositivo estatal, como componente importante 
do ordenamento jurídico processual, está se desenvolvendo independentemente de uma 
equivocada orientação de que o sistema jurídico processual somente evolui por intermédio 
de reformas procedimentais impostas em alterações legislativas. Com o desenvolvimento 
de bem‑sucedidos projetos‑piloto em autocomposição forense e a releitura do papel 
autocompositivo nos juizados especiais12, conclui‑se que é possível o desenvolvimento de 
processos construtivos sob os auspícios do Estado. Naturalmente, isso somente ocorrerá 
se (seguindo as conclusões alcançadas a partir da pesquisa elaborada pelo Instituto RAND) 
houver: i) adequado planejamento do programa de autocomposição forense considerando 
a realidade fática da unidade da federação ou até mesmo da comunidade; ii) adequado 
treinamento de mediadores; e iii) adequada oportunidade para que as partes possam 
diretamente participar do processo.
O presente manual tem o propósito principal de apresentar de forma direta e simplificada 
técnicas autocompositivas (em sentido amplo) a serem adotadas por mediadores e, 
algumas destas também por conciliadores. Naturalmente, cada mediador tem um 
vocabulário próprio, uma abordagem e um estilo de comunicação que deve ser respeitado 
como parte de sua individualidade. A incorporação das técnicas de mediação, algumas 
destas apresentadas nesse manual, e a formação de um estilo pessoal passa pela premissa 
de que a prática da mediação não permite uma abordagem intuitiva na qual o mediador 
age por mera experimentação ou sem consciência da provavel resposta a uma ação 
comunicativasua. A incorporação dessas técnicas pressupõe a existência de um marco 
teórico e a orientação à progressiva melhoria da prática do mediador.
9 HENSLER, Deborah. R. Puzzling over ADR: Drawing Meaning from the RAND Report, Dispute Resolution Magazine. n. 8, 1997. p. 9 apud RHODE, Deborah. Ob. Cit. p. 133.
10 Ob. Cit. p. 135.
11 LIND e TAYLOR. Procedural Justice. 64‑67, 102‑104; Stempel, Reflections on Judical ADR, 353‑354 apud RHODE, Deborah. Ob. Cit. p. 135. 
12 Cf. BACELLAR, Roberto Portugal. Juizados especiais: a nova mediação paraprocessual. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2004. 
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Manual de
Mediação Judicial
Ademais, com essa orientação voltada à melhoria contínua dos serviços autocompositivos 
prestados por mediadores, o presente manual apresenta também alguns mecanismos que 
podem proporcionar a melhoria não apenas da atuação dos mediadores mas também 
de seus resultados. Por outro lado, optou‑se por não adotar uma recomendação do que 
é uma boa autocomposição ou um bom facilitador, pois se acredita que bom mediador 
ou conciliador é aquele que se importa com o jurisdicionado a ponto de se dispor a buscar a 
melhoria contínua no uso de ferramentas e de suas técnicas autocompositivas.
Valores consensuais do Novo CPC
Como será examinado no capítulo seguinte, a Política Pública de Resolução Apropriada 
de Disputas conduzida preponderantemente pelo Conselho Nacional de Justiça, tem 
refletido um movimento de consensualização do Poder Judiciário uma vez que passa a 
estabelecer a autocomposição como solução prioritária para os conflitos de interesse. Isso 
significa que o legislador crê que a maior parte dos conflitos pode ser resolvida por meios 
consensuais. O Código de Processo Civil apresenta uma série de indicações nesse sentido 
como o conciliador e o mediador sendo auxiliares da justiça (art. 149) e a criação de centros 
judiciários de solução consensual de conflitos (art. 165). De fato, estas indicações refletem 
normas infralegais estabelecidas no CNJ, como a Recomendação 50/2014 e a Resolução 
125/10, respectivamente. 
O legislador, tanto na Lei de Mediação como no NCPC, prestigiou a proposta de 
consensualização do Poder Judiciário preconizada com o Movimento pela Conciliação e 
especialmente pela Res. 125/10. Todavia, nota‑se que o legislador avançou estabelecendo a 
regra de encaminhamento à conciliação ou à mediação no art. 334 do NCPC, indicando que 
se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência 
liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação. O estímulo 
pretendido foi tão enfático que o § 4o do mesmo artigo estabelece que a audiência não 
será realizada apenas se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na 
composição consensual ou quando não se admitir a autocomposição. Ademais, o § 8o 
desse mesmo artigo estabelece também que o não comparecimento injustificado do autor 
ou do réu à audiência de conciliação deve ser considerado ato atentatório à dignidade da 
justiça e deve ser sancionado com multa de até dois por cento da vantagem econômica 
pretendida ou do valor da causa, revertida em favor da União ou do Estado.
Assim, de um lado, o legislador cumpriu, ao menos em boa parte, o seu dever ao enfatizar 
a importância dos meios consensuais no sistema processual. Por outro lado, cabe destacar 
que a autocomposição requer interpretações próprias das normas positivadas uma vez 
que parte de premissas distintas da heterocomposição. As características intrínsecas dos 
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processos autocompositivos, como podem ser examinadas na tabela a seguir, impõe 
mudanças significativas também na gestão desses processos e de seus encaminhamentos. 
Processos autocompositivos Processos heterocompositivos 
 
• Prospectivos 
• Foco em soluções 
• Disputa deve ser resolvida 
• Enfoque pluralista 
• Uso pragmático do Direito 
• Formalismo definido pelo usuário 
• Linguagem e regras simplificadas 
• Participação
 
ativa das partes
 
• Advogados direcionados a 
contribuir com soluções 
negociadas 
• Foco em interesses 
• Processo humanizado 
• Retrospectivos 
• Foco em culpa 
• Disputa deve ser vencida 
• Enfoque monista 
• Uso dogmático do Direito 
• Formalismo definido pelo 
prestador 
• Linguagem e regras tradicionais 
• Participação ativa dos 
operadores do direito 
• Advogados direcionados a atuar 
no processo para vencer 
• Foco em direitos e fatos 
• Processo positivado 
A perspectiva temporal. Processos autocompositivos são, como regra, prospectivos 
uma vez que se preocupam com o futuro da relação em questão. Por sua vez processos 
heterocompositivos são retrospectivos na medida em que buscam examinar o passado 
da relação e verificar como compensar eventuais equívocos passados com reparações 
no presente.
O foco preponderante. Processos consensuais possuem, em linhas gerais, foco 
em soluções. Busca‑se pensar diante da situação presente consolidada quais são as 
melhores saídas para a realização dos interesses daquelas partes envolvidas bem como 
o que é necessário para atender às necessidades dos interessados. Na autocomposição, 
frequentemente, não se pensa em quem está certo e quem está errado mas em como 
solucionar as questões e quais as melhores formas de atender aos interesses dos envolvidos. 
Na heterocomposição, por sua vez, possui foco preponderante na culpa e, quando possível, 
na reparação ainda que esta venha ser pecuniária.
Como se lida com o conflito. Como será examinado em capítulo próprio a seguir, 
processos autocompositivos abordam a disputa e o conflito como fenômenos a serem 
resolvidos de forma preponderantemente colaborativa. Já processos heterocompositivos, 
como regra, abordam a disputa como um uma dinâmica a ser vencida. Nesses processos há

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