Buscar

Veja 11 Out 2017 - Sertão com Parque Fotovoltaico

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

PLACAS SOLARES A italiana Enel construiu na Bahia o 
m aior parque fo tovo lta ico do país: energia para até 166000 lares
0 SERTÃO VAI 
VIRAR LUZ
A seca no Nordeste derruba o nível dos reservatórios das usinas para 
o mesmo patamar do apagão de 2001A diferença é que, agora, o 
país dispõe de fontes alternativas de energia b ia n c a alvareng a
116
ECONOMIA ENERGIA
E
m meados da década de 
70, quando a barragem 
de Sobradinho começou 
a ser construída, no se- 
m iárido da B ahia, os 
compositores Sá e Guara- 
byra registraram o im­
pacto causado pela obra com os 
versos: “O sertão vai virar mar, dá 
no coração / o medo que algum 
dia o mar também vire sertão”. 
Era o temor dos possíveis impac­
tos ambientais da construção. Po­
rém, além de prover água para o 
consumo humano e para a irriga­
ção de plantações, o lago serve de 
reservatório para três usinas hi­
drelétricas ao longo da bacia do 
Rio São Francisco. A grave seca 
que castiga o Nordeste, a mais se­
vera jamais registrada, deu nova 
atualidade à canção da dupla: o 
mar de Sobradinho está prestes a 
virar sertão. Com apenas 4,8% da 
capacidade total de água armaze­
nada, é possível que o lago entre 
no volume morto no próximo mês. 
Se isso acontecer, as únicas duas 
turbinas da hidrelétrica que ainda 
estão ligadas devem ser desativa­
das. Detalhe: a usina representa 
quase 60% da capacidade de gera­
ção de energia no Nordeste. A pro- 
babilidade de desabastecimento
de água nas cidades que m ar­
geiam o reservatório é iminente, 
mas não há, por enquanto, risco de 
falta de energia. Qual o milagre? 
As fontes alternativas, especial­
mente o vento. No mês passado, 
53% da energia que abasteceu o 
Nordeste foi gerada em parques 
eólicos. A sombra do racionamen­
to de energia de 2001 deixou um 
legado importante para o setor: o 
Brasil percebeu a urgência em di­
versificar sua matriz energética — 
e está fazendo o dever de casa.
Quando o assunto é falta de 
chuva, não é somente a Região 
Nordeste que está em uma situa­
ção delicada. Dados da consulto­
ria Thymos mostram que o nível 
médio dos reservatórios das hi­
drelétricas de todo o país está no 
mais baixo patam ar desde 2001 
(veja o quadro ©). O fenômeno 
resulta dos efeitos do El Nino, que 
reduziu o volume pluviométrico 
no interior nordestino e em parte 
do cerrado brasileiro.
Tanto que o governo anunciou 
recentem ente que as contas de 
energia de outubro virão com a 
bandeira vermelha no nível 2, a 
classificação mais cara na escala 
tarifária. O sistema de bandeiras 
foi criado em 2015 para sinalizar
2| 6
ECONOMIA ENERGIA
ao consumidor o custo de produ­
ção da energia. Na prática, a ban­
deira vermelha é aplicada quando 
as formas mais caras de geração 
são acionadas. Desde que o atual 
sistema está em vigência, a ban­
deira vermelha no nível 2 ainda 
não tinha sido acionada. Ela impli­
ca um custo extra de 3,50 reais a 
cada 100 quilowatts-hora, o que
representa um acréscimo de 6 re­
ais em uma conta de consumo mé­
dio. A tarifa adicional, uma ma­
neira de incentivar a redução no 
consumo, deve ser mantida até o 
fim do ano. Apesar de o período 
de chuvas começar oficialmente 
em outubro, meteorologistas esti­
mam que a pluviosidade ficará 
abaixo da média histórica neste
RESERVATÓRIOS EM BAIXA
0 volume de água armazenado nas represas das usinas hidrelétricas é o menor desde 2001
eo%
316
ECONOMIA ENERGIA
ALTA VOLTAGEM A produção eólica, como a feita no sertão baiano (foto),
já representa metade da energia nordestina
ano. Se assim for, é possível que o 
nível dos reservatórios baixe para 
patamares inferiores ao de 2001.
Apesar das projeções preocu­
pantes, o risco de um novo racio­
namento é baixo. “A recessão eco­
nômica e o aumento no preço das 
contas de luz fizeram com que o 
consumo ficasse estagnado nos úl­
timos três anos. Se a demanda ti­
vesse crescido como esperávamos, 
a situação atual seria muito pior”, 
ressalta João Carlos Mello, presi­
dente da Thymos. Se o Brasil não 
tivesse ultrapassado a pior crise 
econômica da história, seriam ne­
cessárias mais duas usinas de Belo 
Monte para atender ao consumo.
Mas, além da recessão, um fator 
indesejado, o grande diferencial
4|B
LU
aA
M
A
SE
fft
t/A
JT
lf*
 «
E
SS
ECONOMIA ENERGIA
do quadro atual para crises ener­
géticas passadas é a disponibilida­
de de energias alternativas. Em 
2001, 90% de toda a eletricidade 
vinha de fontes hídricas. Os outros 
10% eram gerados por usinas tér­
micas e nucleares. (Hoje, as fontes 
hídricas respondem por 73%, as 
térmicas e nucleares, por 21%, e as 
alternativas já chegam a 6%.) O 
Brasil acreditava ter uma capaci­
dade de geração superior ao con­
sumo nacional, mas o ciclo de seca 
severa no começo dos anos 2000 
derrubou a produção de energia e 
forçou o corte no consum o. O 
ônus político e econômico do ra­
cionamento fez com que o planeja­
mento energético fosse pauta dos 
ex-presidentes Lula e Dilma Rous- 
seff. A necessidade de uma alter­
nativa rápida e segura às hidrelé­
tricas levou a investimentos em 
térmicas, uma opção cara e po-
5| 6
RU
JL
 
SP
lfW
SS
JA
Í 01
H 
W
£S
S
ECONOMIA ENERGIA
luente. Apesar de seu custo, essas 
usinas salvaram o país de um ra­
cionamento em 2014, quando ou­
tro ciclo de seca severa baixou o 
nível dos reservatórios. Técnicos 
do Ministério de Minas e Energia 
alertavam para um possível racio­
namento, hipótese descartada pe­
la ex-presidente Dilma, que tenta­
va a reeleição. O acionamento de 
todas as térm icas encareceu as 
contas de luz, mas evitou o desa- 
bastecimento no país.
As fontes renováveis tornaram- 
se relevantes apenas recentemente, 
mas estão ganhando espaço. No 
mês passado, as usinas eólicas pro­
duziram 5 870 megawatts médios, 
suficientes para abastecer 25 mi­
lhões de pessoas. Já a energia solar 
ganhou os seus primeiros parques 
nos últimos dois anos. É um siste­
ma ainda caro, que, para ser viável 
em larga escala, depende de uma 
queda no preço das placas fotovol- 
taicas, responsáveis pela captação 
da luminosidade a ser transforma­
da em eletricidade. Em setembro,
foi inaugurado no sertão da Bahia 
o maior polo de geração de energia 
fotovoltaica da América Latina, 
implantado pela italiana Enel. A 
diversificação contribuirá, no futu­
ro, para preservar o nível dos re­
servatórios de água, que não estão 
se recuperando plenamente nem 
mesmo nos anos mais chuvosos. 
Mas, se a economia voltar a cres­
cer com força, como se espera, o 
país poderá enfrentar um novo 
gargalo energético. Não existe ou­
tro grande projeto de geração pre­
visto, observa Cristopher Vlavia- 
nos, presidente da comercial izado- 
ra de energia Comerc. “Seria im­
portante investir em fontes seguras 
e baratas, como a geração térmica 
a gás.” Se não quiser passar um 
atestado de incompetência, o go­
verno precisa acelerar a concessão 
de projetos para livrar os brasilei­
ros definitivamente do risco de 
apagões. Não faz sentido que um 
país tão rico em recursos como 
água, vento, sol e gás natural en­
frente essa ameaça. ■
6|6

Continue navegando