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BRUNA BRITO RESENHA FILME SYBIL 05102017

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – CAMPUS SULACAP 
DISCIPLINA PSICOLOGIA DA PERSONALIDADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESENHA DO FILME SYBIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO-RJ 
2017 
 
 
 
TRABALHO SOLICITADO PELO 
PROFESSOR NILTON RODRIGUES JUNIOR 
 
BRUNA BRITO – MATRICULA 201702076512 
 
 
2 
 
O filme Sybil de 2007, é uma regravação do filme original de 1976 estrelado por Sally 
Field. Baseado na obra de mesmo nome, publicada em 1973 por Flora Rheta Schreiber. 
Sybil Dorsett, é uma jovem, estudante de artes, que ao longo de sua vida desenvolveu 
16 personalidades distintas para lidar com os abusos sofridos na infância, abusos estes 
cometidos por sua mãe, que era esquizofrênica. Sybil, é ajudada pela Dra. Cornelia Wilbur, 
psicanalista, que passa a tratá-la, mesmo sem saber ao certo o tipo de transtorno com o qual 
estava lidando. 
 
Logo no início, o filme situa o espectador acerca dos "blackouts" de Sybil, que ao 
quebrar um vidro em uma de suas aulas de artes, se sente transtornada e abandona a classe. 
Quando retorna a sua consciência, percebe que se encontra no estado da Philadelphia sem se 
quer saber como foi parar lá. Estes blackouts são ausências de consciência experimentadas por 
Sybil desde criança. 
Sybil é brilhante, exímia aluna e com QI altíssimo, após ficar sumida por uma semana, 
é avaliada como sofrendo um transtorno denominado histeria, chamado na época de "doença 
de mulher". Ela é então encaminhada para tratamento com psicanálise com a Dra. Wilbur. 
Já em uma primeira sessão, Dra. Wilbur mediante algumas perguntas, se depara com 
diferentes "Sybils", a cada pergunta uma nova personalidade emerge e se mostra diferente da 
Sybil inicial. Sybil, demonstra medo e acredita que quando se casar, tudo ficará bem. 
O filme segue apresentando sessões de Sybil com a Dra. Wilbur que aos poucos vai 
percebendo o que está de fato ocorrendo com a paciente. A Dra. Wilbur vai tendo contato com 
as demais personalidades de Sybil e entendendo sobre as suas memórias e comportamentos. 
É a personalidade de Vic, que fala francês, que está ciente de todas as demais 
personalidades e explica a Dra. Wilbur acerca das "outras", e informa que são 16 personalidades 
no total. As principais personalidades exploradas durante o filme são: 
 Vicky, Victoria Antoinette Sharleau: Fala francês fluente, é sofisticada; 
 Peggy Lou e Peggy Ann: Ambas crianças, aparentam ser uma única personalidade, 
Peggy Lousiana é o nome que a mãe de Sybil daria inicialmente a filha. Ambas falam 
frases soltas e Peggy Lou quebra copos quando está com raiva; 
 Marcia: Pintora; 
 
 
3 
 
 Vanessa: Dramática e ótima pianista assim como era a mãe de Sybil; 
 Sid: Uma das personalidades masculinas de Sybil, ele fala sobre Mike durante uma 
visita a casa do pai de Sybil, que seria uma outra personalidade também masculina. Sid 
acredita que é um homem assim como o seu pai e acredita que seu pênis ainda vai 
crescer, pois quer ser como o pai de Sybil; 
 Ruthie, Uma criança de 2 ou 3 anos que adora desenhar com crayon. 
Ao longo da trama, Dra. Wilbur tenta convencer aos demais psicanalistas que sua paciente 
sofre de um transtorno ainda não identificado, o qual ela nomeia como múltiplas 
personalidades. Sofre pressão dos mesmos e é acusada de sugerir estas múltiplas 
personalidades a uma paciente histérica altamente sugestionável. É vítima de chacota pelos 
colegas de trabalho. 
Em um dado momento, Dra. Wilbur tem um insight ao ver uma Matrioska (“boneca russa”, 
caracterizada por reunir uma série de bonecas de tamanhos variados que são colocadas uma 
dentro das outra). Ao perceber que a Matrioska é em suma uma boneca dentro de outra, Dra. 
Wilbur entende e a usa para explicar a Sybil que existem "outras" personalidades dentro dela. 
Sybil se recusa a acreditar e tem medo de ser internada em um sanatório. Em um acesso de 
pânico, emerge a personalidade de Ruthie, a qual traz consigo o abuso sexual cometido pela 
mãe de Sybil, que a estuprava utilizando um gancho. 
A Dra. Wilbur apresenta a Sybil gravações com as vozes de suas outras personalidades, 
iniciando por Peggy Lou, explicando que Peggy sentiu a raiva que Sybil não conseguiu sentir 
naquele momento. É um momento muito doloroso para Sybil. Dra Wilbur, segue mostrando a 
gravação da personalidade de Vanessa tocando piano e assim Sybil finalmente começa a 
perceber suas outras personalidades. Ela questiona porque as personalidades fazem estas coisas, 
porque roubam a sua vida, porque fazem coisas que ela não consegue fazer. 
Sybil, durante o filme passa por várias tentativas de uma vida normal, como ir a um concerto 
ou sair com um namorado, mas todas as tentativas acabavam-se frustradas por uma ou outra 
personalidade assumir o controle e estragar o momento. 
Quando Sybil começa a ter consciência das demais personalidades, se inicia uma mudança, 
ela passa a perceber quando as mesmas assumem o controle. Sybil, ao se perceber desta forma 
tenta se matar, mas não consegue, dizendo a Dra. Wilbur que foi salva por todas as 
personalidades juntas. 
 
 
4 
 
Dr. Wilbur sugere hipnose e acredita que trazendo todas as personalidades de Sybil para a 
sua idade atual, fará com que Sybil acumule as memórias vivenciadas por todas elas e assim 
possa trazer à tona suas lembranças e emoções acerca dos traumas vivenciados na infância que 
fizeram surgir estes mecanismos de defesa. 
O filme dá a entender que a hipnose levou longas horas, e exibe de forma breve as principais 
personalidades concordando em "crescer". Ao acordar do transe, Sybil se sente diferente, Dra. 
Wilbur lhe faz algumas perguntas e finalmente Sybil explode em um acesso de raiva, colocando 
para fora toda a ira que sentia por sua mãe, repete que a odiava e que desejava que a mesma 
morresse. 
O filme se encerra relatando os acontecimentos posteriores a catarse. Foram anos de 
conversa até que Sybil se integrasse por completo. Relata que Sybil e a Dra. Wilbur ficaram 
amigas até a sua morte. 
O nome real da personagem Sybil é Shirley Ardell Mason. Em 1998, após sua morte, são 
revelados trabalhos de arte criados em diversos estilos dando suporte a crer que eram pinturas 
de diferentes artistas, usando a mesma mão. 
O filme traz uma narrativa acerca do transtorno de múltiplas personalidades, mais tarde 
sendo conhecido e aceito como transtorno dissociativo de identidade. Pessoas que sofrem deste 
transtorno, modificam sua personalidade em determinadas situações, em geral nas quais não 
sabem lidar. Estas personalidades são usadas como mecanismos de defesa criados pelo 
inconsciente para lidar com situações traumáticas, em geral abusos sofridos na infância. 
O filme está repleto de conceitos psicanalíticos importantes, tais como a transferência, que 
ocorre em diversas cenas onde as diferentes personalidades de Sybil transferem seus 
sentimentos para a Dra. Wilbur, em uma destas cenas, quando Ruthie se recorda de um estupro 
sofrido pela mãe de Sybil, a personalidade ataca a Dra. Wilbur. Um outro conceito válido de se 
mencionar é o Édipo, ainda vivido por uma das personalidades masculinas de Sybil, Sid, que 
acredita que seu pênis ainda vai crescer. 
Apesar de ficar claro que a mãe de Sybil era esquizofrênica, é importante observar que Sybil 
não desenvolveu a doença da mãe. O transtorno dissociativo de identidade difere da 
esquizofrenia, na qual incide na experiência atual do sujeito e não com uma personalidade sobre 
a outra. Na esquizofrenia, há uma confusão de vozes e alucinações, o que não ocorre no 
transtorno dissociativo. 
 
 
5 
 
Como aobra data de uma época em que o transtorno dissociativo de identidade ainda não é 
considerado no DSM-5, a narrativa traz consigo as dúvidas e inseguranças da Dra. Wilbur 
acerca do que está de fato ocorrendo com Sybil. Ela mesma se indaga se está prestes a descobrir 
um diagnóstico de uma nova patologia ou se está mediante uma paciente histérica altamente 
sugestionável e manipuladora, já que Freud observava que a histeria tinha propensão de dividir 
a consciência, e o que seriam essas múltiplas personalidades senão divisões de uma 
consciência? 
O conflito da Dra. Wilbur não é somente interno, ela é confrontada diretamente pelos 
colegas profissionais, os quais chegam a zombar dela durante o filme. Mas a trama não explora 
muito este lado, deixando inclusive esta questão sem um desfecho claro, no fim deixam em 
aberto que mesmo após muitos anos, alguns de seus colegas ainda acreditavam que as 
personalidades de Sybil foram sugestionadas pela Dra. Wilbur. 
O grande insight da Dra. Wilbur e do filme fica a cargo das Matrioskas, exibidas logo no 
início com uma criança comprando estas bonecas, induzindo o espectador a iniciar uma reflexão 
sobre partes dentro de um todo. De acordo com a cultura russa, as Matrioskas simbolizam dentre 
algumas ideias, a ideia de maternidade e fertilidade, o que pode ser entendido como uma 
metáfora acerca da criação ou do nascimento de novas personalidades no decorrer da vida de 
Sybil. As Matrioskas, abrigam por norma entre 6 e 7 bonecas de diferentes tamanhos. Uma 
Matrioska para Sybil precisaria de 15. O simbolismo da Matrioska vai das bonecas separadas, 
que uma vez colocadas corretamente uma dentro da outra, se mostrarão como uma boneca 
única, auto contida em si. 
No desenrolar da trama, o espectador vai percebendo que Sybil criou a maioria das outras 
personalidades ainda na infância, como um mecanismo de defesa aos abusos e violências que 
sofria constantemente, além de traumas como a perda de sua avó e de seu namorado de 
adolescência. Assim como no filme, podemos observar que a maioria dos casos de transtornos 
dissociativos possuem relação com traumas de infância. Cada situação de estresse intolerável 
como abuso sexual, físico ou psíquico, pode ser o estopim para a criação de uma nova 
personalidade que irá enfrentar esta situação insuportável no lugar da pessoa. 
Em uma cena espetacular, a qual também repleta de conceitos psicanalíticos, Sybil vê suas 
diferentes personalidades alternadas em um espelho, e cada uma entra em conflito com Sybil. 
Esta cena na verdade se trata de um sonho, e mostra uma das formas de acesso aos conteúdos 
inconscientes. Mesmo sendo um sonho, esta cena me remeteu a uma reflexão sobre o estádio 
 
 
6 
 
do espelho de Lacan. Nesta concepção, uma das mais antigas de J. Lacan, a criança ao se olhar 
no espelho percebe sua própria imagem e constitui o primeiro esboço do que seria o ego. Mesmo 
dentro de um sonho, poderíamos dizer que Sybil, ao se olhar no espelho e ver pela primeira vez 
suas múltiplas personalidades, poderia também pela primeira vez se perceber constituída como 
sujeito único, teria ali, Sybil constituído um primeiro esboço do que deveria ter sido o seu ego 
ideal? Reflexões a parte, o que ocorre é que Sybil acorda e deseja tirar a própria vida, desejando 
por fim aquele sofrimento. 
Mesmo tratando de uma narrativa sobre transtorno dissociativo de identidade, o filme Sybil 
pode ser visto como uma metáfora para diversas dissociações do nosso cotidiano. Por quantas 
vezes no decorrer da trajetória de nossas vidas, não passamos por situações onde gostaríamos 
que um outro assumisse o controle para que fosse menos dolorido para nós? 
Sybil é um filme recomendado a todos aqueles que são fascinados pelas diversas facetas da 
mente humana. 
 
Título Original: Sybil 
Título no Brasil: Sybil 
País de origem: Estados Unidos 
Ano de Lançamento: 2007 
Direção: Joseph Sargent

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