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Ao Juízo da Vara Civil da Comarca de Itabuna / BA Joana, brasileira, solteira, técnica em contabilidade, portadora da cédula de identidade..., expedida pelo ..., inscrita no CPF/MF número ..., com endereço eletrônico ..., residente e domiciliada na rua ..., n°..., bairro ..., Itabuna, Bahia, CEP ..., por intermédio de seu advogado “in fine” infra assinado com êxito na rua ..., n°..., bairro ..., Itabuna, Bahia, Cep ..., onde recebe notificações e intimações, vem mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência, conforme se verifica na procuração em anexo para os fins do artigo 77, inciso II, propor: AÇÃO DE ANULAÇÃO DE NEGÓCIO JURÍDICO Pelo procedimento comum, em face de Joaquim, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da cédula de identidade n°..., expedida pelo..., inscrito no CPF/MF n°..., com endereço eletrônico ..., residente e domiciliado na rua ..., n° ..., bairro ..., Itabuna, Bahia, CEP, pelos fatos e fundamentos abaixo aduzidos: I – DA AUDÊNCIA DO ARTIGO 334 DO CPC: Cumpre informar que a autora possui interesse na realização de audiência de conciliação prevista no artigo 334 do CPC, devendo ocorrer à citação e intimação do réu para comparecer a citada audiência estando assim cumprindo o requisito do artigo 319, inciso VII do CPC. II – DOS FATOS No dia 20/12/2016, a autora recebeu notícia que seu filho Marcos, de 18 anos de idade, tinha sido preso de forma ilegal e encaminhado equivocadamente ao presídio XXX. No mesmo dia a autora procurou um advogado criminalista para atuar no caso, sendo que o advogado cobrou R$ 20.000,00 de honorários. A autora, ao chegar em casa, comentou com o réu, seu vizinho, que não tinha o valor cobrado pelo advogado e que estava desesperada. O réu, vendo a necessidade da autora de obter dinheiro para contratar um advogado, aproveitou a oportunidade para obter uma vantagem patrimonial, propôs à autora comprar seu carro pelo valor de R$ 20.000,00, sendo que o carro o preço de mercado no calor de R$ 50.000,00. Diante da situação que se encontrava, a autora resolveu celebrar o negócio jurídico. No dia seguinte ao negócio jurídico realizado e antes de ir ao escritório do advogado criminalista, a mesma descobriu que a avó paterna de seu filho tinha contratado outro advogado criminalista para atuar no caso e que tinha conseguido a liberdade de seu filho através de um Habeas Corpus. Diante destes novos fatos, a autora falou com o réu para desfazerem o negócio, entretanto, o mesmo informou que não pretendia desfazer o negócio jurídico celebrado. III – DOS FUNDAMENTOS: Diante do narrado verifica-se que o contrato de compra e venda do automóvel já descrito está modulado pelo vicio da lesão conforme será demonstrada. IV – DOS PEDIDOS Pede e requer a autora a V. Exa.: a) a designação da audiência de conciliação ou mediação e intimação do réu para o seu comparecimento; b) citação do réu para integrar a relação processual; c) a procedência do pedido da autora para anular o negócio jurídico entabulado pelas partes; d) a condenação do réu nos ônus sucumbência. V – DAS PROVAS Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, na amplitude dos artigos 369 e seguintes do CPC, em especial documental superveniente, testemunhal, pericial e depoimento pessoal do réu. Dá–se à causa o valor de R$ 20.000,00 (vinte e mil reais), nos termos do art. 292, I, do CPC. Termos em que Pede deferimento. Itabuna, 14 de agosto de 2017. TJ-MG - Apelação Cível AC 10720100022584001 MG (TJ-MG) Data de publicação: 18/06/2015 Ementa: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO ORDINÁRIA DE NULIDADE DE ATO JURÍDICO- VENDA DE IMÓVEL A DUAS PESSOAS DISTINTAS - ANULAÇÃO DE ESCRITURA PÚBLICA E DO REGISTRO - CONLUIO E MÁ-FÉ - AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO - NULIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO - IMPOSSIBILIDADE. - "A só e só circunstância de ter havido boa-fé do comprador não induz a que se anule o registro de uma outra escritura de compra e venda em que o mesmo imóvel foi vendido a uma terceira pessoa que o adquiriu também de boa-fé. Se duas distintas pessoas, por escrituras diversas, comprarem o mesmo imóvel, a que primeiro levar a sua escritura a registro é que adquirirá o seu domínio. É o prêmio que a lei confere a quem foi mais diligente". Doutrina Segundo MARTINS (2007, p. 38-39), transplantando a doutrina do abuso de direito para o ramo das obrigações derivadas do contrato, verifica-se que ele (o abuso de direito) pode manifestar-se em qualquer de suas fases: pré-contratual, contratual e pós-contratual, ou, melhor, na formação, execução ou rescisão dos contratos. A proposta interpretativa defendida no presente artigo é reforçada pelo artigo 187 já referido, visto que o princípio da boa-fé deve ser aplicado em toda a extensão da contratualidade: antes, durante e após a sua execução; não apenas aos contratos regularmente manifestados, mas ainda àqueles encobertos pela simulação. Em todo caso, se alguma das partes suportou prejuízos de ordem material ou moral, decorrentes de violação do negócio dissimulado ou abuso de direitos, nasce a obrigação de reparar, conforme sustenta STOCO (2004. p. 124)., seja através de indenização pelo que se perdeu (dano emergente) ou se deixou de ganhar (lucro cessante), seja compensando a ofensa aos valores morais da pessoa com um quantum em dinheiro mais ou menos aleatório e que se pega de uma só vez, segundo entendimento doutrinário e jurisprudencial pacífico.