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9. Taenia

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 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE/FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – UERN/FACS 
Discente: Tatiana Leal Marques – Medicina/Turma 14 
CESTODAS 
Taenia solium e T. saginata 
 
Considerações iniciais: 
 Tem-se T. solium e T. saginata. 
 Os cestodas são mais fáceis de serem reconhecidos, já que tem corpo longo, fino e segmentado (parecem fita métrica, 
com unidades de medida). 
 2 cm a 10 m. 
 Corpo alongado. 
 Não tem tubo digestório, sendo parasito obrigatório. 
 Hermafroditas. 
 
Morfologia: 
 Desenvolvimento: ovo > forma jovem (HI) > forma adulta (HD). A forma jovem muda de nome conforme o parasito, 
podendo ser cisticercoide, cisticerco ou hidátide, de acordo com o tamanho da vesícula (é preenchida por líquido 
que vem do hospedeiro) – todos têm vesícula e cabeça do parasito, mas essa está invaginada. No caso da hidátide, 
a multiplicação é por brotamento (várias cabeças do parasito). 
 O homem é HD e, por isso, possui parasito adulto, possuindo teníase. São parasitos grandes e que, assim, não 
caberiam em outro local do corpo que não no intestino. É enfermidade benigna, isto é, com bom prognóstico. 
Animais são HI, mas, acidentalmente (não é favorável para o parasito), o homem pode se comportar como HI, tendo, 
nesses casos, o cisticerco, caracterizando a cisticercose. O cisticerco pode se alojar em qualquer parte do corpo, 
inclusive no SNC, onde dificilmente passará desapercebido, caracterizando a neurocisticercose. 
 É conhecido popularmente com solitária. Como são grandes, causam grandes escoriações no hospedeiro. 
Desencadeiam imunidade para destruir formas jovens (não adultos), a imunidade concomitante, e, por isso, é difícil 
haver mais de uma Taenia. 
 Parte anterior é mais fina e posterior é mais larga (triângulo bem longo). 
 Não dá pra visualizar cabeça a olho nu. 
 T. solium pode ter até 5 m e a T. saginata pode ter o dobro do tamanho (há relatos de até 25 m). 
 Possui cabeça ou escólex (precisa ser ampliada), onde estão as ventosas (estruturas de fixação); colo ou pescoço, 
parte mais estreitada abaixo da cabeça e também parte mais importante, por que é de onde são produzidas as 
proglotes (se quebrar parasito e mantiver pescoço intacto, ele se regenera); corpo ou estróbilo, que é o conjunto dos 
proglotes (as proglotes são os pedaços, as unidades). Se, além das ventosas, há coroa de espinhos (ventosas mais 
laterais), é T. solium – essa coroa é pequena, com dupla fileira de espinhos para bom auxilio à fixação. A T. solium 
possui até 1.000 proglotes, enquanto a T. saginata possui até o dobro. 
 As proglotes não são todas iguais. As mais próximas ao pescoço são mais jovens, sendo mais largas do que altas; 
as do meio são as maduras e têm equilíbrio largura e altura, e aqui já se pode identificar aparelhos reprodutores 
 
 
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 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE/FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – UERN/FACS 
Discente: Tatiana Leal Marques – Medicina/Turma 14 
masculino e feminino; e as mais distantes, em maior grau de maturação, as grávidas, são mais altas do que largas, 
com útero (linha) aumentado e ramificado para guardar ovos. Quem é eliminado nas fezes são as proglotes grávidas 
e cheias de ovos. 
 Estrobilização progressiva: o corpo vai se desenvolvendo à medida em que vai se distanciando do pescoço. As 
proglotes grávidas sofrem apólise ou ruptura. As proglotes podem soltar e manter movimento (mais em T. saginata, 
que tem parede mais forte), podendo causar prurido anal caso chegue à ampola retal, sendo possível a visualização 
de proglotes no bolo fecal – em T. solium esse movimento não é tão significativo. 
 Ovo tem mesmo formato. 
 O DD pode ser pelas proglotes, que são diferentes – laboratório faz sob solicitação. Ramificações mais numerosas, 
finas e com padrão dicotômico são características de T. saginata; T. solium tem ramificações menos numerosas, 
mais grossas e irregulares. 
 É ovo de parede grossa – resistência ambiental – vive no solo por 1 ano ou mais, mas não é geo-helminto, por que 
dentro de seu ovo eliminado já tem embrião e esse ovo pode sobreviver, mas não se desenvolve no solo. 
 A casca grossa é estriada (“blocos” de proteínas) com embrião no interior, às vezes perceptível (vê-se espinhos). 
 O embrião posteriormente se desenvolve em cisticerco (parasito com cabeça, sem corpo), em que há o parasito 
protegido por vesícula. Tem membrana externa e interna. A parte branca é a cabeça invaginada do parasito. 
 Não há processo inflamatório ou acúmulo de células de defesa mesmo com o contato íntimo da membrana externa 
do cisticerco com a meninge do hospedeiro, por que o parasito modula a resposta inflamatória do hospedeiro, apesar 
das microvilosidades que aumentam a área de contato entre ambos para retirada de nutrientes (líquido que enche 
vesícula). Logo, quem tem cisticerco, é para tê-lo de forma imperceptível. É comum em pessoas que têm cisticercose 
os sintomas desaparecerem repentinamente; também é comum os sintomas aparecerem quando o parasito morre. 
 Inicialmente, acreditava-se que o cisticerco encontrado nas carnes era outro parasito, tendo sido chamados 
Cysticercus cellulosae (T. solium) e C. racemosus (T. saginata). Tem em torno de 1cm. É sensível à temperatura, 
logo, o cozimento de carne por 10 min a 96º eliminaria (ainda, temperatura menor por mais tempo ou temperaturas 
muito frias). 
 Quando ingere ovo, há embrião dentro, que tem espinhos na parede, logo, passa por locais específicos, havendo 
resposta. Com isso, a parede do ovo quebra e libera embrião. Esse usa os espinhos para penetrar na parede do 
intestino, sendo ali perdidos. Circula no sangue como embrião. O embrião procura lugar para se fixar, havendo 
preferência por locais de alta oxigenação, como mm de atividade constante, sendo esses, nos animais, especialmente 
os da mastigação e os da respiração. No homem, vê-se preferência pelo SNC (também alta oxigenação), onde tende 
a causar sintomas (em outros locais ficam assintomáticos). 
 O cisticerco rancemoso é grande (mais de 5cm, gigantes), com formato irregular e sem vesícula interna onde estaria 
cabeça do parasito. 
 
Ciclo biológico: 
 Estenoxênico. 
 Clássico – homem é HD (logo, parasito poderia ser erradicado). 
 
 
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 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE/FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – UERN/FACS 
Discente: Tatiana Leal Marques – Medicina/Turma 14 
 Teníase: intestino > produção das proglotes com ovos > ambiente (ovo resiste por 1 ano) > animais ingere ovo do 
ambiente – pastagem, água etc > especificidade/estenoxênico: bovinos ingerindo ovos de T. saginata e suínos 
ingerindo ovos de T. solium > liberação do embrião > espinhos usados para penetrar parede do intestino > embrião 
migra pela corrente circulatórios > embrião fixa em local de alta oxigenação > mm. da mastigação e da respiração 
> formação da cabeça e da vesícula do parasito > 6 meses > cisticerco (6 anos) > abatimento do animal e ingestão 
do cisticerco viável pelo HD > intestino > cabeça do parasito evagina > vesícula atrofia > crescimento do parasito 
a partir do pescoço > parasito adulto > solta proglotes. 
 Cisticercose: ao invés do porco, se o homem é contaminado – fezes contaminam o ambiente > contaminação do 
solo > contaminação de alimentos e água > ingestão. 
 
Transmissão: 
Para ter teníase, precisa-se consumir carne de porco ou boi crua, mal cozida, infectada por cisticerco. Para ter 
cisticercose, precisa-se ingerir água ou alimento contendo ovos. 
Uma vez tendo teníase, elimina-se diariamente ovos, podendo haver auto-infecção. Para o ovo se transformar em 
cisticerco, precisa-se de ingestão. Por autoinfecção externa (mãos mal higienizadas) ou consumo de fezes (crianças), 
tem-se as duasdoenças. Tendo-se cisticercose inicialmente, não tem como adquirir teníase. Tendo-se teníase, adquire-
se cisticercose. Pode ainda haver a auto-infecção interna (T. solium mais comum), que é mais difícil; aqui, para os ovos 
transformarem-se em cisticerco, há movimentos peristálticos inversos, indo ao estômago, onde, posteriormente, 
voltariam ao intestino. 
 
Sintomatologia: 
 Na teníase, no intestino, a Taenia produz excrementos que acarretam reações. Como crescem muito, podem gerar 
ação espoliadora em indivíduos sem bom estado nutricional. 
 É benigna. 
 Pode causar sintomas como diarreia (expulsão do parasito), urticária, vertigem, prurido (devido proglotes na ampola 
retal), apetite em excesso, perda de peso, eosinofilia. 
 O cisticerco costuma ser assintomático quando viável (poucos micrômetro; modula sistema de defesa). Quando 
cresce (alguns cm), pode gerar algo, especialmente por compressão no SNC – sintomas aparecendo de uma hora 
para outra. Quando morre, transformando-se em cicatriz que pode ser calcificada, aparecem alguns sintomas. 
Algumas pessoas ficam com sintomas para o resto da vida, como convulsões (possivelmente decorrentes do parasito 
que já morreu, logo, é necessário tratar o sintoma, não o parasito). 
 No SNC, pode ser encontrado no parênquima – deficiências motoras, hipertensão craniana, epilepsias; na região 
interventricular – obstrução de passagem de líquido e hidrocefalia; ou na espinha. 
 Neurocisticercose: crises epilépticas (suspeita nº 1), dores de cabeça intensas, alterações visuais, hidrocefalia, 
náusea, vômitos, ataxia, quadros psicóticos. 
 
 
 
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 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE/FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – UERN/FACS 
Discente: Tatiana Leal Marques – Medicina/Turma 14 
Diagnóstico: 
 EPF com sedimentação. 
 Adesivo – proglotes podem ficar soltando ovos que ficam na região anal. 
 Sob EPF, caso encontre-se proglote, Taenia sp. 
 É importante saber qual o agente para saber os riscos de infecção (auto-infecção e infecção de outros, especialmente 
pessoas próximas – se for teníase, é importante localizar fonte de infecção). 
 Teníase pode ser diagnosticada pela eliminação da proglote. 
 Cisticerco pode ser verificado por exames de imagem. 
 
Tratamento: 
Teníase: Praziquantel; Niclosamida; conhecimentos populares – sementes de abóbora + purgativo. 
Cisticercose: Albendazol; Praziquantel; controle do quadro para evitar complicações sob morte do parasito. 
 
Epidemiologia: 
 Em torno de 50 milhões com T. saginata e 8 milhões com T. solium – T. saginata é maior, produz mais ovos e, com 
isso, contamina mais o ambiente. 
 Há cerca de 300.000 com cisticercose, havendo cerca de 50.000 mortes anualmente. 
 Atinge todas as idades. 
 É comum em áreas sem saneamento. 
 No Brasil, há no país inteiro, com algumas áreas mais críticas (casos ocasionais na nossa região). 
 Associado a consumo de carne crua ou mal cozida. 
 
Hymenolepis nana e H. diminuta 
 
 H. nana: homem; H. diminuta: rato. Um pode infectar o outro. 
 Desenvolvimento: ovo > cisticercoide > adulto. 
 Homem elimina ovo nas fezes (ovo com embrião) > ingestão pelo homem > liberação do embrião > parede do 
intestino > cisticercoide > 4 dias > cisticerco sai da parede do intestino > adulto (jovem e adulto no mesmo 
hospedeiro) > ovos nas proglotes > saída nas fezes. 
 Comum em crianças, difícil em adultos – formação de resposta imunológica eficaz para o cisticerco. Se encontrar 
em adulto, o parasito usou via alternativa. 
 Tende a ser assintomático ou dar quadros repentinos – só vive 14 dias. 
 Tratamento semelhante a demais. 
 Profilaxia semelhante à usada para demais afecções em que há transmissão por ovos. 
 
 
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 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE/FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – UERN/FACS 
Discente: Tatiana Leal Marques – Medicina/Turma 14 
 Boa distribuição nacional. 
 
Echinococcus granulosus 
 
 Somente focos, distribuição muito específica. 
 Mais comum na região Sul – costume de usar cães em pastoreio, favorecendo o contato desses animais. 
 Ciclo biológico envolvendo cão e ovino, e acidentalmente o homem. 
 Cão é HD e ovino é HI. Quando homem entra, ocupa espaço do HI. 
 Cão se alimenta das vísceras do ovino, fechando o ciclo. 
 Ovo semelhante aos demais. 
 Quando homem ingere ovo que vem das fezes do cão, libera embrião, que vai para a corrente sanguínea e se 
estabelece em qualquer parte do corpo. Onde se estabelece, transforma-se em hidátide (vesículas com novas 
vesículas dentro, dentro das quais há o parasito reproduzindo-se assexuadamente). 
 Parasito pequeno, normalmente em grande número. 
 Hidátide cresce.

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