Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Questões referentes à aula 5: 5.1. Quais as principais causas envolvidas na instalação da anemia? 5.2. O que caracteriza uma anemia verdadeira e uma anemia relativa? 5.3. Qual o princípio da “Teoria do Bloqueio Mucoso”, em relação à absorção de ferro pelo organismo? 5.4. O que é Apotransferrina e onde é sintetizada? 5.5. Qual patologia está associada ao acúmulo de ferro nos tecidos e qual sua etiologia? 5.6. Como é caracterizada a anemia megaloblástica? 5.7. Qual o principal fator para o desencadeamento da anemia perniciosa? ANEMIAS HEMOLÍTICAS Profº Barone Anemias hemolíticas Introdução • Caracterizadas pelo aumento na destruição dos eritrócitos (hemólise); • Classificam-se em: 1. Hereditárias, apresentando defeitos intrínsecos celulares; 2. Adquiridas, apresentando alterações extracorpusculares ou mesmo ambientais. Anemias hemolíticas Características clínicas e laboratoriais • Palidez cutâneomucosa, icterícia, esplenomegalia, cálculos vesiculares; • Laboratorialmente: aumento da bilirrubina sérica, reticulocitose, poiquilocitose com presença de eliptócitos, drepanócitos, fragmentos celulares, aumento da fragilidade osmótica. Anemias hemolíticas Classificação HEREDITÁRIA • DEFEITO DE MEMBRANA • DEFEITO NO METABOLISMO CELULAR • DEFEITO NA MOLÉCULA DE HEMOGLOBINA ADQUIRIDA • IMUNOLÓGICAS • INFECCIOSAS • POR AGENTES QUÍMICOS • HEMOGLOBINÚRIA PAROXÍSTICA NOTURNA Anemias hemolíticas Classificação HEREDITÁRIA • DEFEITO DE MEMBRANA: 1. Esferocitose hereditária • DEFEITO NO METABOLISMO CELULAR: 1. Deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase (G-6-PD) 2. Anemia sideroblástica • DEFEITO NA MOLÉCULA DE HEMOGLOBINA: 1. Talassemias 1.1. Síndromes α-talassêmicas 1.2. Síndromes β-talassêmicas 2. Síndromes falcêmicas Transcrição gênica Anemias hemolíticas Classificação ADQUIRIDA • IMUNOLÓGICAS 1. Auto-imunes 2. Reações hemolíticas transfusionais 3. Doença hemolítica do recém-nascido (DHRN) • INFECCIOSAS 1. Malária • POR AGENTES QUÍMICOS 1. Drogas • HEMOGLOBINÚRIA PAROXÍSTICA NOTURNA Esferocitose hereditária • Caracterizada pela diminuição da interação entre a membrana da hemácia e o citoesqueleto, por perda de porções lipídicas da membrana; • As células são produzidas normalmente, mas gradativamente perdem sua forma bicôncava e tomam a forma esférica; • São sequestrados prematuramente e destruídos pelo sistema monocítico-fagocitário. DEFEITOS DA MEMBRANA Esferocitose hereditária • Herança autossômica dominante; • Comum nos caucasianos; • Clinicamente a esplenomegalia é comum, bem como a formação de cálculos vesiculares; • Citologicamente, encontra-se esferócitos e também pode ocorrer a presença de reticulócitos; • Ocorre o aumento da fragilidade osmótica; • Em casos severos, pode ser indicada e esplenectomia. DEFEITOS DA MEMBRANA Esfregaço de amostra de paciente com Esferocitose Hereditária Deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase (G-6-PD) • Torna a hemácia suscetível ao estresse oxidante; • Forma descritas 400 variantes, com diferentes manifestações citológicas; • Herança ligada ao sexo. DEFEITOS NO METABOLISMO CELULAR Deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase (G-6-PD) • Clinicamente, pode ser assintomática; • O quadro hemolítico pode ser desencadeado por alguns fármacos (sulfas, antibióticos, analgésicos); • Citologicamente, observa-se a presença de Corpúsculo de Heinz; • Laboratorialmente, pode ocorrer hemoglobinúria. DEFEITOS NO METABOLISMO CELULAR Esfregaço de amostra de paciente com Deficiência de G-6-PD Anemia sideroblástica • Pode ser congênita (ligada ao sexo) ou adquirida (drogas, intoxicação, idiopática); • Ocorre alteração na síntese do grupo heme, por desordens enzimáticas na mitocôndria dos precursores eritróides. DEFEITOS NO METABOLISMO CELULAR Anemia sideroblástica • Laboratorialmente: microcitose, hipocromia, policromasia, poiquilocitose, sideroblastos . • Tratamento: nas adquiridas, cessar o estímulo. Transfusões de sangue. DEFEITOS NO METABOLISMO CELULAR Amostra de medula óssea de pacientes com anemia sideroblástica Talassemias • Agrupa as patologias decorrentes da redução ou ausência de síntese das cadeias peptídicas da molécula de hemoglobina; • As principais alterações são: 1. α-talassemias: com redução (α+) ou ausência (α0) das cadeias alfa; 2. β-talassemias: com redução (β+) ou ausência (β0) das cadeias beta; 3. δβ-talassemias: mais raras, podendo haver redução ou ausência de síntese das cadeias δou β. DEFEITOS NA MOLÉCULA DE HEMOGLOBINA Estrutura da molécula de Hb Hemoglobina (Hb) Hb normais do indivíduo adulto (3-6 meses pós nascimento): • Hb A: α2β2 (98,0%) • Hb A2: α2δ2 (1,5%) • Hb F (fetal): α2γ2 (0,5%) Todas as moléculas de Hb são constituídas por 1 par de cadeias alfa e um par de cadeias não-alfa. DEFEITOS NA MOLÉCULA DE HEMOGLOBINA Talassemias Incidência: • Alfa: ásia, áfrica • Beta: oriente médio, mediterrâneo, índia A deficiência na produção das cadeias ocaiona: • Diminuição na síntese da molécula de Hb; • Aumento relativo da cadeia predominante, causando alterações na vida média das hemácias; • São anemias com hemácias hipocrômicas. DEFEITOS NA MOLÉCULA DE HEMOGLOBINA Talassemias Classificação: quanto a gravidade clínica • Maior ou Major • Menor ou Minor (traço talassêmico) DEFEITOS NA MOLÉCULA DE HEMOGLOBINA α-Talassemias • Células diplóides possuem 4 genes que codificam a cadeia alfa (α2α1/α2α1); • Nas talassemias um ou mais genes podem estar comprometidos, resultando assim em formas variadas da doença: DEFEITOS NA MOLÉCULA DE HEMOGLOBINA α-Talassemias 1. Todos os genes comprometidos, com ausência da síntese de cadeias alfa. Ocorre então a formação do tetrâmero γ4, chamada de Hb Bart. Esta condição é incompatível com a vida, causando morte intra-uterina por hidropsia fetal. Pode-se encontrar pequenas quantidades do tetrâmero β4 (HbH) no sangue. Hb de Bart: alta afinidade pelo oxigênio DEFEITOS NA MOLÉCULA DE HEMOGLOBINA α-Talassemias 2. Pode ocorrer a ausência de 3 genes, comprometendo a formação da HbA e excesso de Hb com cadeias beta – HbH. Pequena quantidade de Hb de Bart é encontrada; 3. Nas formas heterozigóticas, as cadeias alfa se formam, mas com quantidade reduzida. A forma é silenciosa, sendo os indivíduos praticamente normais, podendo apresentar hemácias microcíticas e hipocrômicas. DEFEITOS NA MOLÉCULA DE HEMOGLOBINA β-Talassemias • β0 talassemia – ausência total da síntese da cadeias beta; • β+ talassemia – diminuição na síntese de cadeias beta. • Nos indivíduos homozigóticos (β0β0) ocorre ausência de cadeias beta. Após o nascimento, não há formação da HbA. A doença é conhecida como Talassemia major ou Doença de Cooley; • Nos indivíduos heterozigóticos (β+β0) ocorre produção reduzida de cadeias beta. A doença é conhecida como Talassemia minor. DEFEITOS NA MOLÉCULA DE HEMOGLOBINA δβ-Talassemias • (δβ)0 – ausência na síntese de cadeias δ e β; • (δβ)+ - redução na síntese de cadeias δ e β; • Hb Lepore – do tipo δβ, resultante da fusão dos cromossomos que codificam δ e β. DEFEITOS NA MOLÉCULA DE HEMOGLOBINA Talassemias Quadroclínico e laboratorial • Pode ser grave, intermediário e leve; • Retardo no crescimento, palidez, aumento do volume abdominal, icterícia, anormalidades esqueléticas; • Laboratorialmente: anisopoiquilocitose com anemia hipocrômica e microcítica, reticulócitos aumentados, corpúsculos de Heinz e/ou Howell-Jolly, hemácias em alvo, alterações na eletroforese de hemoglobina, ferro sérico e ferritina normais, aumento na saturação da transferrina, hemoglobinúria, hemoglobinemia. DEFEITOS NA MOLÉCULA DE HEMOGLOBINA Icterícia e hemoglobinúria Talassemias Tratamento • Transfusões de sangue; • Quelantes de ferro; • Esplenectomia; • Transplante de medula óssea. DEFEITOS NA MOLÉCULA DE HEMOGLOBINA β-talassemia major β-talassemia minor Síndromes falcêmicas Anemia Falciforme ou Drepanocítica • Comum na áfrica; • Principal causa: substituição do ácido glutâmico pela valina na posição 6 do segmento A da cadeia polipeptídica β; • A HbS é formada por cadeias α e β, com os genes β do tipo βS; • A condição pode ser de homozigose ou heterozigose. DEFEITOS NA MOLÉCULA DE HEMOGLOBINA Anemia Falciforme ou Drepanocítica • A HbS, em condições de baixas tensões de oxigênio, polimeriza-se formando estruturas filamentosas de desoxihemoglobina; • O fenômeno é irreversível, impedindo que a molécula transporte os gases; • Pode ocorrer ainda o fenômeno de vaso oclusão, principalmente no baço. DEFEITOS NA MOLÉCULA DE HEMOGLOBINA Anemia Falciforme ou Drepanocítica Clinicamente: • Tromboses; • Crises dolorosas (ósseas, musculares, abdominais); • Embolias; • Crises de hemólise aguda; • Crise de insuficiência renal; • Cálculos vesiculares; • Icterícia; • Esplenomegalia. DEFEITOS NA MOLÉCULA DE HEMOGLOBINA Anemia Falciforme ou Drepanocítica Laboratorialmente: • Eletroforese de hemoglobina; • Prova de solubilidade; • Policromasia, anisopoiquilocitose, drepanócitos, hemácias em alvo, corpúsculos de Howell-Jolly. DEFEITOS NA MOLÉCULA DE HEMOGLOBINA Anemia Falciforme ou Drepanocítica Tratamento: • Transfusões; • Hidratação; • Analgésicos; • Esplenectomia. DEFEITOS NA MOLÉCULA DE HEMOGLOBINA Presença de drepanócitos em sangue periférico Outras hemoglobinopatias • Hemoglobinopatia C: substituição do ácido glutâmico na posição 6 da cadeia β pela lisina. Manifestações hemolíticas discretas; • Hemoglobinopatia D,E; • Alterações na afinidade pelo oxigênio (alterações na ligação com 2-3-DPG); • Hb com alta afinidade pelo oxigênio (promovendo a policitemia); • Metemoglobinemia, podendo ser genética ou adquirida. DEFEITOS NA MOLÉCULA DE HEMOGLOBINA Anemia hemolítica auto-imune (AHAI) • São extracorpusculares; • Ocorre a produção de anticorpos anti-eritrocitários em resposta a um agente estimulante, podendo ser de origem química, microbiana, celular; • Os anticorpos podem ser detectados circulando ou aderidos às hemácias; • Geralmente são da classe IgG ou IgM. Hemácias com anticorpos aderidos à membrana Anemia Hemolítica Adquirida Auto-imune 1. Causada pela produção de auto-anticorpos; 2. Detectada pelo teste direto antiglobulina (TDA) - Teste de Coombs Direto; 3. Divididos em dois tipos, de acordo com a temperatura reativa: 4°C: anticorpos “frios” 37°C: anticorpos “quentes” 1. AHAI a quente - Primária - Secundária: LES, LLC, Linfomas, Tumores 2. AHAI a frio (Síndrome de aglutinina fria) - Primária - Secundária: Mycoplasma, Viroses, LLC 3. AHAI tipo misto 4. Hemoglobinúria paroxística a frio 5. Anemia induzida por droga Anemia Hemolítica Adquirida Auto-imune Anticorpos “quentes” (IgG) • Hemácias revestidas com anticorpos (opsonização)são fagocitadas pelos macrófagos através do receptor para fração Fc. • Destruição total quando revestido também com C3d, fragmento de C3. Anemia Hemolítica Adquirida Auto-imune Fagocitose de hemácia Anemia hemolítica transfusional • Decorrente da incompatibilidade pelos antígenos eritrocitários; • Comuns em pacientes politransfundidos; • O painel de antígenos eritrocitários deve ser realizado. DEFINIÇÃO: Doença hemolítica neonatal é causada pela destruição precoce dos eritrócitos do neonato, consequente à passagem placentária de anticorpos maternos contra antígenos do fator Rh do neonato. Doença Hemolítica do Recém-Nascido Incompatibilidade do Rh: Desenvolve-se quando há uma diferença no tipo sangüíneo de Rh da gestante (Rh negativo) e do feto (Rh positivo); Como conseqüência, anticorpos anti-Rh positivos são formados. Doença Hemolítica do Recém-Nascido Sistema Rhesus (Rh) Esse sistema sanguíneo recebeu esse nome por ter sido o resultado de pesquisas feitas com uma espécie de macacos, a MACACA Rhesus. Diagnóstico 1) Determinação do fator Rh e do grupo sangüíneo da mãe. 2) Teste de Coombs indireto: • Inespecífico • Detecta presença de IgG materna anti-eritrócito. • Sensibilidade de 65% para prever o grau de comprometimento fetal. Teste de Coombs Indicações da imunização: • Pós-parto de mães Rh – , com 1º filho Rh +; • Síndromes hemorrágicas: abortamento, ameaça de abortamento, gestação ectópica, placenta prévia, descolamento prematuro de placenta, trauma abdominal ou uterino; • Procedimentos invasivos (amniocentese). Profilaxia pré-natal • Aplicação de Ig Rh na 28a semana de podendo ser repetida na 34a semana; • 0,7 – 1,9% dos casos de isoimunização ocorrem durante a gestação, pois o antígeno Rh está presente no feto a partir do 38° dia da concepção e pode passar para a circulação materna a partir da 6a semana; • Estudos demonstraram que houve uma redução de 1,8% para 0,1% na taxa de isoimunização das pacientes acompanhadas. Profilaxia pós-parto • Realizar nas primeiras 72 horas após o parto de recém- nascido Rh +; • A eficácia é maior nas primeiras 72 horas, mas em casos de não realização neste período, pode ser realizada até 14 ou 28 dias; • Dose de 300mg. Hemoglobinúria Paroxística Noturna • É adquirida; • Ocorre um defeito intrínseco na membrana do eritrócito, com acentuada sensibilidade à ação do sistema complemento; • Caracterizada pela eliminação de urina escura pela manhã, pois ocorre elevada hemólise durante a noite. Hemoglobinúria Paroxística Noturna • As células surgem a partir de um clone anormal; • Efeitos extrínsecos (infecção, drogas, estresse, exercício físico, gravidez) influenciam no grau da hemólise; • Granulócitos e plaquetas também podem estar susceptíveis a ação do complemento. Hemoglobinúria Paroxística Noturna • Laboratorialmente: hemólise, ferropenia, neutropenia, plaquetas normais ou diminuídas; • Os pacientes são propensos a tromboses, infecções e hemorragias. Hemoglobinúria Paroxística Noturna O tratamento pode conter: • Administração de ferro; • Corticosteróides; • Medicação anticoagulante; • Transplante de medula óssea em casos graves.
Compartilhar