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RESUMO Direito Civil Brasileiro - Direito das Coisas do autor Carlos Roberto Gonçalves

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O Código Civil regula o direito das coisas no Livro III de sua Parte Especial. Trata primeiramente da posse e, em seguida, dos direitos reais. Destes, o mais importante e mais completo é o direito de propriedade, que constitui o título básico (III) desse Livro. Os demais resultam de seu desmembramento e são denominados direitos reais menores ou direitos reais sobre coisas alheias.
O livro Direito Civil Brasileiro - Direito das Coisas do autor Carlos Roberto Gonçalves traz em sua introdução um apanhado geral sobre o direito das coisas, desde evolução histórica até figuras hibridas ou intermediarias presentes nesse direito.
Roberto Gonçalves traz o conceito de direito das coisas na visão clássica de Clóvis Beviláqua, que diz que o direito das coisas é o “complexo de normas reguladoras das relações jurídicas referentes às coisas suscetíveis de apropriação pelo homem. Tais coisas são, ordinariamente, do mundo físico, porque sobre elas é que é possível exercer o poder de domínio”. Traz também que coisas são bens corpóreos (existem no mundo físico e hão de ser tangíveis pelo homem) e bens são coisas que, por serem úteis e raras, são suscetíveis de apropriação e contêm valor econômico. 
É possível perceber que historicamente o direito das coisas é o ramo do direito civil mais influenciado pelo direito romano. Coube ao direito romano estabelecer a estrutura da propriedade, sendo concepção da propriedade marcada, inicialmente, pelo aspecto nitidamente individualista. 
O sistema feudal, introduziu no regime da propriedade do direito romano, profundas alterações que marcou a concepção da propriedade na época medieval. Havia aquele que podia dispor da terra e a cedia, mas a disponibilidade real do bem cabia sempre àquele que detinha o poder político. O direito dos outros, do direito deste se originava e dependia... Havia todo um sistema hereditário.
Com a Revolução Francesa a propriedade passa a ter características fiéis à tradição romana e aos princípios individualistas. A liberdade preconizada servia à burguesia, afeiçoando-se aos seus interesses e proporcionando segurança aos novos proprietários, pertencentes à aludida classe. Considerava-se até mesmo legítima a possibilidade de o proprietário abusar do seu direito de propriedade, colocando, destarte, a propriedade num verdadeiro altar, cujo sacerdote era o proprietário.
Essa concepção egoística e individualista foi-se modificando. O sopro da socialização acabou impregnando o século XX, influenciando a concepção da propriedade e o direito das coisas. Restrições foram impostas à onipotência do proprietário, proclamando-se o predomínio do interesse público sobre o privado.
O direito das coisas, como visto, no seu âmbito somente incluem-se os direitos reais, portanto, é importante estabelecer a distinção entre direitos reais e pessoais, para delimitar e precisar o objeto do direito das coisas. Salienta Lafayette Rodrigues Pereira que o direito real é o que afeta a coisa direta e imediatamente, sob todos ou sob certos respeitos, e a segue em poder de quem quer que a detenha. O direito pessoal, por sua vez, consiste numa relação jurídica pela qual o sujeito ativo pode exigir do sujeito passivo determinada prestação. Constitui uma relação de pessoa a pessoa e tem, como elementos, o sujeito ativo, o sujeito passivo e a prestação. Os direitos reais têm, por outro lado, como elementos essenciais: o sujeito ativo, a coisa e a relação ou poder do sujeito sobre a coisa, chamado domínio. 
Sobre essa diferença tem-se algumas teorias. A teoria clássica ou tradicional é também denominada dualista, precisamente pela apontada contraposição entre os conceitos de direito pessoal e direito real, que são apresentados como dois conceitos completamente distintos, essa doutrina mostra-se, com efeito, mais adequada à realidade, tendo sido por isso acolhida no direito positivo brasileiro; Ainda existem as teses unitárias, que dividem-se em duas teorias opostas: a personalista e a realista ou impersonalista. 
Os direitos reais regem-se por determinados princípios, que traçam o seu perfil e norteiam a sua disciplina, enfatizando as suas características próprias, que os distinguem dos direitos pessoais ou obrigacionais. São eles: princípio do absolutismo (os direitos reais se exercem erga omnes, ou seja, contra todos, que devem abster-se de molestar o titular. Surge, daí, o direito de sequela, isto é, de perseguir a coisa e de reivindicá-la em poder de quem quer que esteja bem como o direito de preferência); princípio da publicidade ou da visibilidade (os direitos reais sobre imóveis só se adquirem com o registro, no Cartório de Registro de Imóveis, do respectivo título. Sendo oponíveis erga omnes, faz-se necessário que todos possam conhecer os seus titulares, para não molestá-los; princípio da taxatividade ou numerus clausus: os direitos reais são criados pelo direito positivo por meio da técnica denominada numerus clausus. A lei os numera de forma taxativa, não ensejando, assim, aplicação analógica da lei); princípio da tipicidade (os direitos reais existem de acordo com os tipos legais. São definidos e enumerados determinados tipos pela norma, e só a estes correspondem os direitos reais, sendo, pois, seus modelos); princípio da perpetuidade (a propriedade é um direito perpétuo, pois não se perde pelo não-uso, mas somente pelos meios e formas legais: desapropriação, usucapião, renúncia, abandono, etc); princípio da exclusividade (não pode haver dois direitos reais, de igual conteúdo, sobre a mesma coisa. Duas pessoas não ocupam o mesmo espaço jurídico, deferido com exclusividade a alguém, que é o sujeito do direito real); princípio do desmembramento (conquanto os direitos reais sobre coisas alheias tenham normalmente mais estabilidade do que os obrigacionais são também transitórios, pois, como exposto, desmembram-se do direito matriz, que é a propriedade).
Entre o direito de propriedade, que é o direito real por excelência, e o crédito de uma quantia certa, que é o direito pessoal mais característico, há uma grande variedade de figuras que, à medida que se distanciam dos extremos, tendem a confundir-se. Para esses casos, anota santiago dantas, a doutrina medieval engendrou a figura das obrigações propter rem, obrigações em consequência da coisa. 
A doutrina menciona, com efeito, a existência de algumas figuras híbridas ou intermédias, que se situam entre o direito pessoal e o direito real. Constituem elas, aparentemente, um misto de obrigação e de direito real, denominam – se erroneamente de obrigação real (obrigações reais são, no entanto, obrigações com eficácia real que, sem perder seu caráter de direito a uma prestação, transmitem-se e são oponíveis a terceiro que adquira direito sobre determinado bem. Certas obrigações resultantes de contratos alcançam, por força de lei, a dimensão de direito real), mas também pode ser chamado de obligationes ob rem ou propter rem. Os ônus reais, uma das figuras híbridas, têm mais afinidade com os direitos reais de garantia.
Obrigação propter rem é a que recai sobre uma pessoa, por força de determinado direito real. Só existe em razão da situação jurídica do obrigado, de titular do domínio ou de detentor de determinada coisa. E ônus reais são obrigações que limitam o uso e gozo da propriedade, constituindo gravames ou direitos oponíveis erga omnes, como, por exemplo, a renda constituída sobre imóvel. Aderem e acompanham a coisa. Por isso se diz que quem deve é esta e não a pessoa.

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