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a literatura infantil como recurso

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1 
 
A LITERATURA INFANTIL COMO RECURSO PARA AQUISIÇÃO DA 
LINGUAGEM DA CRIANÇA. 
 
Maria de Jesus Marques Silva/UESPI 
 
RESUMO 
Este artigo discute a importância da Literatura Infantil para o desenvolvimento da 
linguagem oral das crianças, analisando entre outros aspectos as narrativas feitas por 
elas bem como o papel dos professores diante de uma sessão de contação de histórias. 
Nessa perspectiva, este trabalho tem como objetivo analisar a importância de colocar as 
crianças em contato com as várias dimensões da linguagem; identificar atividades que 
ajudem a desenvolver a linguagem oral através da Literatura Infantil, bem como refletir 
sobre o processo de construção da oralidade das crianças nas atividades desenvolvidas, 
em sala de aula, sob a mediação do professor. A pesquisa foi realizada com quinze 
crianças, de três anos e uma professora de uma escola pública de Educação Infantil na 
cidade de Parnaíba. Como parte do referencial teórico que embasa esta investigação, 
estão as contribuições de Vygotsky para compreensão da linguagem, assim como 
Zilberman (1998), Oliveira (1988)e ainda as reflexões contidas no RCNEI- Referencial 
Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998), dentre outros estudos 
que compõem a base teórica da pesquisa. O conteúdo desse artigo, promove uma 
reflexão sobre a literatura infantil através da contação de histórias, enquanto 
instrumento capaz de favorecer de forma relevante o desenvolvimento da linguagem 
oral das crianças, a medida em que pode ser associada a outras formas de expressão de 
linguagem, contribuindo potencialmente para o desenvolvimento humano das crianças, 
ao constituí-las como seres culturais e participantes da sociedade em que vivem. Nesse 
contexto, o papel do professor é fundamental no desenvolvimento da linguagem da 
criança, enquanto mediador, capaz de estimulá-la a se interessar pelos textos literários e 
suas diferentes linguagens, antes mesmo que ela saiba ler e escrever. 
 
PALAVRAS CHAVES: Literatura infantil. Linguagem oral. Narrativas. 
 
INTRODUÇÃO 
 
A infância é a fase onde os hábitos da criança se formam e portanto, é 
importante incentivar a formação do hábito da leitura, utilizando a literatura infantil. A 
partir do momento em que a Literatura Infantil se torna um hábito, ela leva a criança aos 
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caminhos de desenvolvimento da imaginação, das emoções, bem como das várias 
linguagens, de forma prazerosa e significativa. 
Quando se fala de linguagens, estão incluídos diversos segmentos como: a 
linguagem musical, a visual, a artística, a corporal, a escrita, dentre outras. Neste artigo, 
a abordagem do tema é voltada especificamente à linguagem oral das crianças, 
propondo em sua problemática a seguinte questão norteadora: Como a Literatura 
Infantil contribui no processo de desenvolvimento da linguagem oral dos educandos da 
Educação Infantil? 
A Educação Infantil está adquirindo uma crescente importância e os 
profissionais desta área buscam possibilitar o desenvolvimento integral das crianças 
levando em consideração as contribuições e benefícios das múltiplas linguagens. 
Pensando assim, este trabalho de pesquisa visa analisar a importância de proporcionar 
às crianças um contato com as várias dimensões da linguagem oral, identificar a 
aplicação de atividades que ajudem a desenvolver a linguagem oral das crianças e 
analisar o processo de construção da oralidade das crianças nas atividades 
desenvolvidas através da Literatura Infantil. 
A realização deste artigo, é resultado da pesquisa realizada sob as bases 
teóricas fornecidas por autores como Vygotsky (1995), Zilberman (1998), Souza 
(2010), Faria e Mello (2009), Brandão e Rosa (2010), dentre outros. 
Para compreender a questão proposta neste artigo, foi necessário também 
conhecer melhor o RCNEI- Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil 
(BRASIL, 1998), enquanto documento do MEC, que está estruturado em sete eixos 
temáticos, que correspondem a variadas formas de linguagens a serem desenvolvidas na 
infância, além de ser o primeiro documento oficial que serve de base para o trabalho 
pedagógico com as múltiplas linguagens presentes no cotidiano e na prática das 
instituições de Educação Infantil. 
É através dessas linguagens e, principalmente da linguagem oral que a 
criança se comunica com o mundo e com os outros; quando bebês, através dos sons 
emitidos e com o passar do tempo vão se apropriando gradativamente e desenvolvendo 
sua linguagem oral internamente, para depois externalizá-la através da fala. 
A Literatura Infantil através da contação de histórias pode contribuir 
significativamente no desenvolvimento da linguagem oral das crianças. Assim, o 
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conteúdo deste trabalho visa promover a reflexão sobre este aspecto da linguagem 
presente na educação das crianças, além de abordar a importância e as possibilidades de 
trabalhar a linguagem oral através da Literatura Infantil. 
A escolha do tema abordado neste trabalho surgiu a partir do 
reconhecimento da importância de promover situações significativas para as crianças, 
de modo a desencadear o desenvolvimento da oralidade. Para isso, é necessário que, ao 
ouvir uma história, a criança sinta-se parte dela e tenha oportunidade de falar.O que é 
relatado neste artigo é resultado, portanto, do diálogo entre as crianças e a literatura, em 
forma de narrativas que durante a pesquisa foram transcritas e analisadas. 
 
2 O ENCONTRO DA CRIANÇA COM A LITERATURA INFANTIL 
 
Para a formação do hábito da leitura em uma criança, considera-se 
importante que, desde cedo ela entre em contato com o universo da Literatura Infantil. 
Em casa ou na sala de aula, mesmo antes de compreender o código escrito, ela precisa 
ser estimulada com livros e histórias que desenvolvam sua imaginação, emoções e 
linguagens. 
De acordo com Zilberman (1998), é a partir da Idade Moderna que a 
Literatura Infantil começa a ganhar espaço nas escolas. Atualmente, ela tem um papel 
importantíssimo nas salas de aula. Ainda segundo Zilberman (1998, p. 14) “[...] a sala 
de aula é um espaço privilegiado para o desenvolvimento do gosto pela leitura, assim 
como um importante setor para o intercâmbio da cultura literária, não podendo ser 
ignorado, muito menos desmentida a sua utilidade”. 
Na Educação Infantil, as crianças que não são alfabetizadas, buscam os 
textos não para estudar, mas para através da mensagem que os livros transmitem 
aprenderem sobre si, sobre os outros e sobre os modos de viver no coletivo. Antes de 
dominar o alfabeto a criança enxerga o valor da linguagem, através das leituras feitas 
para ela, dos gestos, dos ritmos a ela oferecidos. Segundo Oliveira (1988, p. 09), “[...] o 
hábito de ler, como é comprovado, deve começar nos primeiros anos de vida e antes 
mesmo da entrada da criança na escola”. 
O contato das crianças com os livros de Literatura Infantil, desde cedo, 
permite à criança desenvolver o hábito e o prazer pela leitura, desenvolver as 
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capacidades orais e ampliar a compreensão de mundo de forma intelectual e crítica, e 
sobretudo, contribue para a constituição da criança como narradora por meio das 
histórias que constituem essa arte. 
 
2.1 A LITERATURA INFANTIL DESENVOLVENDOA LINGUAGEM ORAL 
DAS CRIANÇAS 
 
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil - RCNEI 
enquanto documento oficial do MEC, constitui uma diretriz para as instituições, 
contribuindo para o planejamento, desenvolvimento e avaliação de práticas educativas. 
O RCNEI é uma coleção de três volumes e o presente artigo baseou-se 
predominantemente no terceiro volume, que se refere à construção das diferentes 
linguagens das crianças, e mais especificamente o eixo Linguagem Oral e Escrita. 
De acordo com o RCNEI (BRASIL, 1998), o trabalho com a linguagem oral 
nas instituições deste segmento vem se restringindo às rodas de conversa. Entretanto, 
vale dizer também que é possível desenvolver a linguagem oral de várias formas, como 
por exemplo, através de gestos, sinais, movimentos corporais, dando significado e 
apoiando a linguagem oral das crianças. Ainda segundo o documento, um dos objetivos 
da dimensão da linguagem oral e escrita para as crianças na faixa etária de zero a três 
anos é fazer com que elas se interessem pela leitura de histórias. 
Considerando estas afirmações, não há como negar a importância da 
Literatura Infantil no desenvolvimento da linguagem oral de uma criança, seja por meio 
de poema, adivinha, trava língua ou o livro de histórias propriamente dito. Tais formas 
de expressão da linguagem podem ser trabalhadas com as crianças de maneira a atraí-las 
pelas rimas de uma poesia, pela brincadeira de adivinhar, pela sonoridade e diversão de 
falar um trava língua ou pela viagem ao descrever as imagens de uma história fantástica. 
Através de uma roda de contação de histórias, a imaginação e a criatividade 
é aguçada, além de fazer as crianças entrarem em contato com a linguagem de autores e 
histórias diferentes, levando-as a criar suas próprias histórias e terem vontade de falar 
sobre elas. Quando se torna uma prática do cotidiano da sala de aula, esta atividade 
oferece vantagens às crianças porque, ao ouvir histórias, elas despertam o interesse 
pelas coisas sensíveis, criativas, inteligentes e belas, além de se sentirem importantes no 
ambiente escolar. Como dizem Faria e Mello (2009, p 07) “[...] ouvir uma história tem 
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importância muito grande para a criança: faz com que ela se sinta importante, sinta que 
alguma coisa está sendo feita especialmente para ela”. 
Ao desenvolver sua linguagem oral, a criança organiza seu pensamento e 
aprende a realizar tarefas do cotidiano. Vygotsky, na visão de Rego, diz que (1995, p. 
63) “[...] a linguagem habilita as crianças a providenciarem instrumentos auxiliares na 
solução de tarefas difíceis, a superarem a ação impulsiva, a planejarem a solução para 
um problema antes de sua execução e a controlarem seu próprio comportamento”. 
Segundo Vygotsky (apud Rego, 1995, p. 57) “[...] a mente da criança 
contém todos os estágios do futuro desenvolvimento intelectual: eles existem já na sua 
forma completa, esperando o momento adequado para emergir”. Apoiado nessa ideia, 
ele atribui uma grande importância ao papel da interação social no desenvolvimento 
humano. Ouvir histórias não só é uma forma de interação social, como também é um 
estímulo para que os estágios de desenvolvimento da sua linguagem aconteçam. Para 
ele, de acordo com Rego (1995, p. 63), “[...] signos e palavras constituem para as 
crianças, primeiro e acima de tudo, um meio de contato social com outras pessoas”. 
Nesse estágio, Vygotsky diz que a fala é global e ainda não é utilizada como 
instrumento do pensamento. Aos poucos é que a criança atinge a função planejadora da 
fala, onde ela usa a linguagem para planejar uma ação futura. 
A Literatura Infantil é um instrumento para estimular a imaginação e a 
criatividade da criança, na medida em que promove situações para isso, como a 
brincadeira do faz de conta, demonstrando cenas de uma história contada, ou o ato de 
brincar espontaneamente. Na visão de Vygotsky (1984, p.110): 
 
Palavras e gestos possibilitam transformar uma coisa em outra. É a 
linguagem que torna possível o faz de conta, a criação da situação imaginária. 
A criação não emerge do nada, mas requer um trabalho de construção 
histórica e participação da criança na cultura. A brincadeira infantil é, assim, 
um lugar por excelência de incorporação de práticas e exercícios de papéis 
sociais. 
 
Para que a criança exercite sua imaginação e criatividade é necessário que 
ela seja estimulada a isso e a linguagem é que cria situações de estímulo. Quando uma 
história é contada à criança em um diálogo simples onde ela seja estimulada a contar 
coisas da sua rotina, por exemplo, ela está sendo estimulada a usar sua imaginação e é 
capaz de criar histórias próprias através da linguagem oral. Oliveira (1997, p. 47), 
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destaca a visão de Vygotsky quando expõe que “a interação com membros mais 
maduros da cultura, que já dispõem de uma linguagem estruturada, é que vai provocar 
um salto qualitativo para o pensamento verbal”. Dessa maneira, cabe ao professor 
promover situações onde a criança possa interagir com ele, que já tem uma linguagem 
estruturada para que ela vá desenvolvendo a sua também. E a Literatura Infantil pode 
ajudá-lo nesse aspecto, já que cada livro suscita linguagens diversificadas. 
 
2.2 A MEDIAÇÃO DO PROFESSOR NO USO DA LITERATURA INFANTIL 
PARA DESENVOLVER A LINGUAGEM ORAL 
 
A Literatura Infantil não chega às crianças muito pequenas sem a mediação 
do adulto, seja um familiar ou professor. Ler narrativas para uma criança não 
alfabetizada é estimulá-la na sua futura leitura e escrita, desenvolvendo nela o valor da 
oralidade, a importância da linguagem oral. Ao falar sobre os seus benefícios por meio 
da narração de histórias, Elias José (2007, p.60) expressa que “[...] a narração é uma arte 
que diverte, educa, ensina, desperta a criança para o espírito ético, para a verdadeira 
cidadania e sobretudo a leitura literária.” 
Para despertar na criança a criatividade, a imaginação e o desejo de se 
expressar oralmente, o professor precisa estar consciente da sua importância para isso. 
Aplicar atividades que trabalhem a linguagem oral das crianças em sala de aula é 
necessário na Educação Infantil, pois é nessa fase da infância que as crianças estão 
desenvolvendo sua fala. E é através da mediação do professor que essas atividades serão 
bem sucedidas ou não. 
Oliveira (1997, p. 62), citando Vygotsky, diz que “[...] o professor tem papel 
explícito de interferir na zona de desenvolvimento proximal dos alunos provocando 
avanços que não ocorreriam espontaneamente.” Assim, o papel do professor é 
fundamental no desenvolvimento da linguagem da criança, para estimulá-la a se 
interessar pelos textos literários e suas diferentes linguagens, antes mesmo que ela 
saiba ler e escrever. 
Analisando o questionário aplicado com a professora e a observação feita 
em sala de aula, foi possível constatar a aplicação de atividades variadas, utilizando a 
Literatura Infantil no desenvolvimento de linguagens das crianças. Além da contação de 
histórias com o uso do livro, foi possível observar em outros momentos o uso de 
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fantoches, figuras com sequência de cenas, como também cantigas populares, parlendas 
e poesias, havendo grande interesse das crianças por estas atividades.Percebe-se, portanto, que existem vários caminhos e possibilidades para se 
trabalhar a linguagem oral com crianças utilizando a Literatura Infantil, de maneira a 
proporcionar as mesmas a construção de suas identidades da forma mais rica possível, 
tornando assim a Educação Infantil um espaço de vivências sócio- culturais, onde as 
crianças se sintam à vontade para viajar no imaginário e construir conhecimento. 
No uso da Literatura Infantil há várias atividades que podem envolver 
poesias, canções, gravuras. E, no caso específico deste artigo, foi analisada a contação 
de histórias, em que o papel da professora é fundamental para a interação e a 
participação da criança. Brandão e Rosa (2010, p. 45) explanam sobre isso dizendo que 
“Recomenda-se, portanto que a professora assuma seu papel de mediadora, criando uma 
situação de diálogo em que as crianças sejam realmente ouvidas, assegurando-se de que 
a roda de história seja, de fato, um encontro entre leitores”. 
 
3 NARRATIVAS: estratégias metodológicas no desenvolvimento da linguagem oral 
 
Este artigo apresenta uma pesquisa de abordagem qualitativa, bibliográfica e 
de campo, realizada na Escola Municipal Antonieta Martins de Oliveira, localizada no 
município de Parnaíba-PI, tendo como sujeitos da pesquisa uma professora e quinze 
crianças na faixa etária de três anos. A escola pesquisada fica situada num bairro de 
periferia, recebendo crianças da comunidade e também de outros bairros, na sua 
maioria, oriundas de famílias de baixa renda. A referida escola inaugurada 
recentemente, possui um prédio conservado com instalações adequadas à faixa etária 
atendida (três e quatro anos). Esta instituição foi escolhida por ser o local de trabalho da 
pesquisadora, porém a sala de aula pesquisada foi a de uma outra professora. 
A coleta de dados foi feita através da observação e de questionário aberto e 
fechado, o qual pode informar o perfil profissional da professora, permitindo maior 
conhecimento da mesma, assim como das suas práticas de sala de aula relacionadas ao 
tema do artigo. Outro instrumento de coleta de dados, além do questionário e 
observação da sala, foram as narrativas, que consistem no diálogo entre os sujeitos 
participantes da pesquisa, dando destaque à voz das crianças, cujo resultado foi 
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transcrito e analisado. O enfoque desta categoria foi de grande importância para se 
pensar como a linguagem literária pode atuar na aprendizagem, considerando os 
significados que as crianças atribuem a essa forma de saber. 
Ao propor a narrativa como instrumento de coleta de dados neste artigo, a 
intenção foi permitir que as crianças participassem ativamente da pesquisa, expressando 
o que sentem no momento da roda de contação de história. Assim como também 
mostrar o quanto a narração de história é importante nas salas de aula da Educação 
Infantil. Elias José (2007, p. 55) diz que “Pela palavra falada e pelo poder da narrativa, 
estimulamos uma educação dialógica, lírica, poética e lúdica”. 
Para a criança narradora de histórias são significativas as contribuições que 
lhe permitem o desenvolvimento de sua oralidade, especialmente, a possibilidade dela 
poder expressar-se oralmente, à sua maneira, respeitando e valorizando suas 
características sociais. Contar uma história é algo produtivo que se materializa na 
linguagem. 
 Ao observar o trabalho da professora pesquisada e analisar o questionário 
aplicado à mesma, foi possível constatar que as crianças da sala de aula têm, de fato, um 
contato próximo com a Literatura Infantil. A sala de aula possui vários livros à 
disposição das crianças, e a contação de história é um hábito frequente. A Literatura 
Infantil também é utilizada como recurso para desenvolver vários tipos de linguagens 
como a musical, corporal, oral e artística, por exemplo. 
Ainda na observação foi possível ver que as rodas de leitura eram feitas num 
canto específico da sala, com tapete e almofadas, onde as crianças ficavam à vontade 
para ouvir as histórias. Nesse sentido, Faria e Mello (2009, p. 13) explanam que “[...] o 
canto da leitura torna-se um lugar onde o conteúdo é fascinante. O fato de que a criança 
pode fantasiar faz de qualquer lugar um espaço fantástico”. 
 Analisando o questionário aplicado com a professora, juntamente com a 
observação feita em sala de aula, foi possível também constatar a realização de 
atividades variadas, utilizando a Literatura Infantil no desenvolvimento das linguagens 
das crianças. Além da contação de histórias com o uso do livro, pode-se observar em 
outros momentos o uso de fantoches, figuras com sequência de cenas, como também 
cantigas populares, parlendas e poesias, havendo grande interesse das crianças por estas 
atividades. 
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Na sala de aula pesquisada, as crianças têm contato frequente com a 
contação de história, de duas a três vezes por semana. Foi analisada a contação do conto 
de fadas Branca de Neve e os Sete Anões. As crianças sentaram-se na forma de círculo 
junto com a professora, e antes de iniciar a história, a professora mostrou o livro, 
perguntou se elas já o conheciam e a maioria disse que não. Neste dia, o recurso 
utilizado foi o próprio livro, mas cabe ressaltar a importância de variar os recursos e 
utilizar fantoches ou gravuras, pois como expressa Oliveira (1988, p. 13), é 
imprescindível “[...] levar a criança a se interessar pelo tema da leitura através de: 
canção, expressão corporal, dança, observação, contato com a realidade”. A história 
começou a ser contada e as crianças, em sua maioria, mantiveram-se atentas. 
Ao ouvir uma história, a criança precisa também se envolver nela, sentir-se 
parte do que está ouvindo. Na visão de Oliveira (1988, p. 41) esse envolvimento é “[...] 
o mais importante ao contar uma história”. Quando a criança se envolve, usa sua 
imaginação, lembra de fatos acontecidos com ela e desperta sua vontade de expressar-se 
oralmente, tornando-se também uma narradora. 
Durante a contação da história, foi observado que, no momento da fala dos 
sete anões, a professora aproveitou para relacionar a contagem matemática oral, 
mostrando o livro e contando em voz alta, juntamente com as crianças, a sequência dos 
numerais representados pela quantidade de anões, trabalhando a linguagem oral na área 
matemática também, pois é totalmente possível e oportuno inter-relacionar conteúdos. 
Oliveira (1988, p. 14) explana sobre isso quando diz que “[...] a literatura infantil 
permite interrelacionar diferentes disciplinas em sala de aula”. Ao término da história, a 
professora mostrou figuras, pedindo que as crianças fossem colocando-as no quadro e, 
novamente, utilizou a contagem oral. 
Após esse momento, foi aplicado o roteiro de leitura com as crianças para 
que elas pudessem narrar, expressar seus sentimentos em relação à história e o que mais 
lhe chamou atenção nela. Quando se fala em histórias, na maioria das vezes, imagina-se 
que elas sempre tenham uma função utilitário-pedagógica, deixando de lado a prática de 
ouvir e contar histórias, como prática em si mesma, onde a criança aprenderá novas 
palavras, aprimorando sua linguagem oral, expressará aquilo que já foi vivenciado e 
organizará seus pensamentos e sentimentos como medo, sonhos ou novas culturas. Tudo 
isso é possível constatar no seguinte episódio: 
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(Professora) – Vocês gostaram da história? 
(Criança) – Sim 
(Professor)- E vocês gostam do momento da contação de histórias? 
(Crianças)- Sim 
(Professora) – O que mais vocês gostaram da história? Que parte dela? 
(Criança 1)A parte que ela caiu desmaiada 
(Criança 2)- Da bruxa 
(Criança 3) – Quando o príncipe acordou ela. 
(Criança 4) – Quando a bruxa colocou veneno na maçã. 
(Professora) – Mas por quê? 
(Criança 1) – Por causa do veneno da maçã. 
(Professora)- Foi a primeira vez que vocês ouviram essa história 
(Crianças) – Sim 
(Professora)- Que outras histórias vocês já conhecem? 
(Criança 1) – A história do cachorrinho 
(Criança 2) – A do lobo mau 
(Criança 3) – A chapeuzinho vermelho 
(Criança 4) – A do carneirinho 
(Professora) – Em casa, a mãe de você costuma contar história para vocês? 
(Maioria das crianças) – Não! 
(Criança 1) – A minha conta de noite 
(Criança 2) – A minha conta que... 
 
 
Analisando o momento da contação de histórias, percebe-se que as crianças 
entram em contato com o vocabulário do autor, que é diferente do dela e ampliam o seu 
próprio, ligando a palavra à ilustração da história. Como por exemplo, quando uma das 
crianças diz que gostou quando a Branca de Neve caiu desmaiada, ela aprendeu a 
palavra e seu significado porque ligou a palavra à cena ilustrada no livro. 
Também é importante destacar que a maioria das crianças presentes não tem 
contato com a contação de histórias em suas casas ao relatarem que suas mães não 
costumam fazer isso. Então, quando o professor oportuniza o diálogo no momento da 
contação da história e este é bem explorado, pode despertar nelas o interesse e gosto 
pelas histórias, já que em casa a maioria delas não é estimulada a isso. 
Apesar de terem sido estimuladas pela professora, através de perguntas 
sobre a história, para que todas se manifestassem, apenas algumas expressaram suas 
ideias e emoções. Mesmo sem participarem diretamente do diálogo percebeu-se o 
envolvimento de todas elas. É importante destacar que a espontaneidade das que se 
expressaram é resultado do importante papel de mediação desenvolvido pela professora. 
Como são crianças muito pequenas ainda, é importante dar espaço e vez a 
elas para que comecem a vivenciar melhor essa prática, se expressando oralmente cada 
vez mais e melhor, narrando com mais segurança suas vivências escolares ou não. Sobre 
isso explana Elias José (2007, p. 56) “[...] do ouvido, surge o prazer de também criar 
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histórias escritas. Surge o prazer de também criar histórias, seja a nível familiar ou 
escolar, com pretensão literária ou não”. 
Para que as crianças sejam boas narradoras elas precisam vivenciar a prática 
da narração de histórias, na escola ou em casa. Se a professora ou os pais têm o hábito 
de contar histórias a elas, certamente terão mais chances de desenvolver esse hábito e 
consequentemente desenvolverão melhor também a linguagem oral de forma mais 
prática e prazerosa. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Todas as formas de linguagem são ricas e possíveis no trabalho com a 
Educação Infantil. O artigo abordou especificamente a linguagem oral, na qual existem 
várias possibilidades de novas vivências e experiências que ampliam o repertório 
cultural das crianças, oportunizando diversas interações das mesmas com as obras 
literárias, com a professora e com os colegas. 
Ao ouvir as narrativas, a criança pode experimentar, através da imaginação, 
outros lugares, outros tempos e culturas. Na medida em que se compreendem as 
contribuições da Literatura Infantil ao desenvolvimento da linguagem oral da criança, 
percebe-se que a mesma aprende não só por meio da repetição, ou da leitura e escrita, 
mas por todas as vivências inerentes no processo de apropriação do conhecimento. 
Tão importante quanto ouvir, as crianças precisam contar suas histórias, 
dialogando e interagindo com as pessoas ao seu redor, na escola ou fora dela. Precisam 
expressar-se verbalmente sobre o que estão ouvindo, as palavras novas que aprendem, 
as emoções e os sentimentos que a situação narrada ou apresentada desperta. E o adulto, 
quer sejam pais ou professores, têm o importante papel de mediar esse diálogo. 
 
REFERÊNCIAS 
 
BRANDÃO, Ana Carolina Perrusi; ROSA, Ester Calland de Sousa (orgs.). Ler e 
escrever na Educação Infantil: discutindo práticas pedagógicas. Belo Horizonte, MG: 
Autêntica Editora, 2010. 
 
 
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 Livro 3 - p.004158
12 
 
BRASIL. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Volume 1. 
Brasília, DF: MEC/SEF, 1998. 
 
 
BRASIL. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Volume 3. 
Brasília, DF: MEC/SEF, 1998. 
 
 
FARIA, Ana Lúcia Goulart de; MELLO, Suely Amaral (orgs.). Linguagens Infantis: 
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XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012
Junqueira&Marin Editores 
 Livro 3 - p.004159

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