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DESMISTIFICANDO A AÇÃO DO LACTATO NOS EVENTOS DE DOR MUSCULAR TARDIA INDUZIDA PELO EXERCÍCIO FÍSICO: PROPOSTA DE UMA AULA PRÁTICA
Trabalho de Bioquímica
Alunos: Adriana, Higor,Emerson, Everton e Liliane
2º período Bacharel - Educação Física
Disciplina : BioquÍmica
Prof: Wagner ZeFerino de Freitas
Introdução:
A ação do lactato nos eventos da dor muscular tardia (DMT) é induzida pelo exercício físico. Tema este que gera controvérsias junto a disciplina de Bioquímica do Exercício Físico . Pois alunos e profissionais possuem visões diferentes.
Uma das hipóteses que surge com maior freqüência é que o exercício físico, realizado em alta intensidade, aumenta a produção de lactato, de forma que o acúmulo deste metabólito propicia a instalação de um processo tardio de dor muscular.
A anóxia temporária devido à isquemia muscular é dor de curta duração e desaparece quando a atividade é cessada. Em contraste, a DMT é a sensação de desconforto e rigidez nos músculos que, muitas vezes depois de uma atividade física não habitual, normalmente aumenta a intensidade nas primeiras 24 horas depois do exercício, com picos tardios .
A explicação mais plausível para a instalação da dor muscular tardia relaciona-se com os eventos de microlesões celulares induzidos pelo exercício exaustivo.
Para termos uma idéia do grau de alteração da célula muscular ou da permeabilidade da membrana é a dosagem de enzimas sarcoplasmáticas no plasma, dentre elas, sobretudo a Creatina Quinase (CK).
.
Materiais e Métodos
Participaram do exercício de corrida exaustiva:
5 alunos – 3 homens e 2 mulheres – com idade média de 21±2 anos de idade. Todos os envolvidos, alunos de Educação Física, possuem hábitos rotineiros de prática de atividade física, porém não realizam em suas atividades o protocolo proposto. 
Voluntários para Pesquisa :
Os alunos ingressantes no curso de Educação Física e Esporte da METROCAMP, que estavam cursando a disciplina Biologia Geral, esta que ocorre no semestre anterior à disciplina Bioquímica da Atividade Física.
Foi realizada por:
Joaquim M. F. ANTUNES NETO; Patrícia MELO; Jairo Pinto AGOSTINHO FILHO; Nilda
Patrícia MAGALHÃES; Leonardo da Silva PILATTI; Mariana Ocanha SOLDER.
Publicada como artigo pela:
Exercício Exaustivo.
Os alunos realizaram 3 corridas intensas de 250 metros, em pista oficial de 400 metros, com intervalos de recuperação ativa de 150 metros de caminhada. O objetivo foi desenvolver uma atividade não habitual e exaustiva, a fim de elevar a concentração de lactato sangüínea e induzir um nível de desconforto muscular. 
Coleta de Sangue e Análises Bioquímicas.
Coletamos 3 mL de sangue total imediatamente antes ao esforço físico (valor controle- CO), imediatamente após (T0h), duas horas após (T2h) e quatro horas após a realização da corrida exaustiva (T4h). Tanto as dosagens de lactato e de CK foram obtidas em todos estes momentos de coleta de sangue. 
As análises de concentração de lactato em sangue total foram realizadas através do aparelho Accutrend ® Lactate (Roche) .
As análises das dosagens dos níveis de CK através do método reativo para determinação de quantidade plasmática (CK NAC – Método Cinético, Laborlab) por meio de espectrofotometria a 340 nm. 
Análises Estatísticas. 
Utilizamos o software GraphPad Instat® (San Diego-CA) para conduzir as análises estatísticas. O teste apropriado foi “one way” ANOVA para amostras pareadas e o teste Tukey foi adotado como pós teste.
RESULTADOS
1) Conhecimento Prévio dos Alunos de Primeiro Semestre de Curso em
Educação Física e Esporte Sobre a Temática Dor Muscular Tardia
2) Cinética da Concentração de Lactato em Sangue Total Após 4 Horas de Exercício Exaustivo
A)
Figura 2. Cinética de acúmulo e remoção de lactato em sangue total após 4 horas de exercício exaustivo. Onde A: valores individuais; B: valores de média e desvio-padrão.
* = p < 0.001 em relação ao controle e T2h e T4h.
B)
3) Cinética de Liberação de Creatina Quinase no Plasma Após 4 horas de Exercício Exaustivo Não Acostumado
	B)
Figura 3. Cinética de liberação da enzima creatina quinase no plasma após 4 horas da execução de corrida exaustiva. Onde A: valores individuais; B: valores de média e desvio-padrão do grupo. * = p < 0.05 em relação ao grupo controle (CO).
Em relação aos 02 últimos Gráficos
Podemos observar através do gráfico A que houve um comportamento idêntico quanto ao aumento de concentração de CK plasmática para todos os indivíduos analisados. Após 4 horas da realização do exercício exaustivo, obtivemos um pico de liberação plasmática de CK, onde podemos observar, no gráfico B, que houve um aumento significativo em T4h (p < 0.05) em comparação ao grupo controle, mesmo incluindo as análises de homens e mulheres.
Avaliação Subjetiva para Quantificar a Extensão da DMT.
Utilizamos o protocolo de Howell e equipe , com modificações em relação aos membros estudados. Pontuam 4 níveis de instalação da DMT:
0, sensibilidade não percebida;
1, sensibilidade percebida somente por palpação intensa;
2, sensibilidade levemente percebida por completa extensão ou flexão do joelho;
3, sensibilidade substancialmente percebida por completa extensão ou flexão;
4, sensibilidade contínua.
Tabela 1 - Avaliação Subjetiva da Extensão da DMT Durante o Período de 7 dias
		T4h
	Dia 1
	Dia 2
	Dia 3
	Dia 4
	Dia 5
	Dia 6
	Dia 7
	Aluna 1
	2
	3
	4
	4
	4
	3
	2
	1
	Aluna 2
	1
	3
	4
	4
	3
	1
	0
	0
Discussões, Perguntas e Respostas
	Os alunos possuem um conhecimento prévio do conceito de lactato, porém apresentado de forma incorreta quando relacionado a questão das Dores Musculares Tardia. Então este trabalho propôs uma estratégia de aula prática com o objetivo de discutir os fatores que podem induzir a instalação da DMT. 
	Para tanto,“pré-conceitos”formados pelos alunos, tal como a participação do lactato como agente metabólico efetivo na indução de DMT, devem ser reconstruídos e apresentados de forma correta na perspectiva da bioquímica do exercício.
1 - Por que houve a formação de alta taxa de lactato durante o exercício proposto pelo protocolo? 
Para o aluno, deve ficar claro que o metabolismo anaeróbio e o metabolismo aeróbio não são estratégias concorrentes do organismo nos eventos de geração de energia, mas sim complementares. haverá momento, durante a execução de um exercício de alta intensidade, onde a produção constante de ATP via o metabolismo aeróbio não será suficiente para o rendimento muscular; desta forma, a célula precisará acelerar um mecanismo mais rápido para produção de ATP e que requeira menos enzimas degradativas envolvidas no processo: o metabolismo anaeróbio.
Nesse caso aluno idealiza os eventos anaeróbios como cooperativos do aparato mitocondrial.
O lactato é um metabólito final dos eventos ditos glicolíticos anaeróbios. A glicose possui duas fases de degradação. Uma fase citosólica, constituído por dez enzimas, tendo como produto final piruvato e um rendimento de dois ATP, e uma fase mitocondrial, onde o piruvato transforma-se em substrato energético para os dois sistemas mais efetivos de produção de ATP: o ciclo de Krebs e a cadeia de transporte de elétrons, com produção final de 38 ATP. 
A fase Mitocondrial é mais complexa, o que deixa o processo de produção de ATP mais lento, porém mais rentável. Em condições onde há a necessidade de uma alta taxa de produção de ATP, a célula não poderá contar apenas com o aparato mitocondrial: os eventos citosólicos são acelerados e a produção de ATP por este mecanismo torna-se elevada: apesar de um rendimento menor - 2 ATP e a aceleração do processo supre as necessidades instantâneas de energia. 
Glicose + 2 ADP + 2 Pi + 2 NAD+ ® 2 Piruvato + 2 ATP + 2 H2O + 2 NADH + 2 H+
Esquema 1. Equação geral
da glicólise anaeróbia.
2 - Como se deu a remoção do lactato do sangue de forma tão efetiva após um pico de alta concentração?
Através dos estudos da Bioquímica do Exercício, desenvolvido em sala de aula, os alunos aprendem que o lactato produzido durante a utilização da via glicolítica anaeróbia em exercícios de alta intensidade pode ser drenado dos músculos para a circulação sangüínea, sendo absorvido pelo fígado em um processo chamado gliconeogênese.
O fato do lactato ser drenado para fora da célula, para que possa ser metabolizado no fígado, é devido a existência de proteínas específicas que atuam como transportadores de lactato/H + na membrana do tecido músculo esquelético. A forte liberação de lactato do músculo minimíza as perturbações de pH intracelular. Tecidos como o cérebro e hemáceas apenas utilizam-se de glicose para sua sobrevivência.
O fato da reserva hepática de glicogênio ser limitada e insuficiente para manter os níveis glicêmicos normais além de 8 horas de jejum, há a necessidade de que uma outra via metabólica possa utilizar compostos que não são carboidratos (aminoácidos, glicerol e lactato) para a síntese de glicose . 
2 Piruvato + 2 NADH + 2H+ Û Lactato + 2 NAD+
Esquema 2. Formação de lactato a partir da regeneração da coenzima NAD+.
Tais proteínas, conhecidas como transportadores de monocarboxilato (TMC), dividem-se em 7 classes que já foram identificadas e clonadas .
A TMC1 é a proteína transportadora mais expressa, tanto em músculo estriado esquelético quanto em cardíaco, estando altamente relacionada à capacidade oxidativa dos músculos esqueléticos , possuem capacidade tanto de retirar o lactato da circulação como de removê-lo do tecido muscular.
A abundância de TCM3 e TCM4 nos músculos ricos em fibras do tipo IIa e/ou IIb, concomitantemente com uma baixa expressão em fibras do tipo I, sugere que tais proteínas atuam como transportadores de lactato para fora do tecido, em direção a circulação sangüínea. Juntamente com a TCM1, torna -se mais expressas, tanto em tecido músculo esquelético animal quanto em humano .
O treinamento com exercícios de alta intensidade parece induzir aumento de expressão destas proteínas transportadoras .
O acúmulo reduzido de lactato em músculos oxidativos ou treinados aerobiamente durante exercício físico é devido a uma diminuição da atividade metabólica da via glicogenolítica e a um aumento da capacidade de oxidação de piruvato.
Como Ocorre a conversão de Lactato em Piruvato no fígado: 
A primeira transformação que ocorre no fígado é a conversão de lactato a piruvato através da enzima lactato desidrogenage. Essa transformação de piruvato em glicose pela gliconeogênese processa-se no sentido oposto ao da glicólise.
3 - Qual a relação existente entre a presença da enzima CK no sangue e microlesão celular?
A enzima CK localiza-se no sarcoplasma e atua na reação de fornecimento de energia por meio de um processo estritamente anaeróbio :
Creatina + ATP ⇔ Fosfocreatina + ADP + H +
Esquema 4. Liberação de energia a partir de fosfocreatina.
A liberação de CK no sangue, durante um exercício exaustivo e não acostumado, reflete que o sarcolema sofreu alterações induzidas pelos estresses mecânico (ações musculares excêntricas) e/ou metabólicos (anoxia temporária dificultando a produção de ATP). Os eventos de microlesões celulares induzidos por estresse mecânico envolvem desconfigurações da Banda A e Linha Z dos sarcômeros ; contudo, pode haver rompimento do retículo sarcoplasmático, conduzindo a um aumento na concentração intracelular de cálcio ([Ca 2+ ]i), o que permite a ativação de outros processos degradativos no sarcolema. A condição que pode propiciar uma maior característica lesiva à contração excêntrica, em comparação com a contração concêntrica, é o alongamento ativo dos sarcômeros . A tensão miofibrilar desenvolvido no esforço excêntrico pode distorcer ou romper os elementos citoesqueléticos e conjuntivos do músculo , principalmente na região miotendinosa . Causando a DMT..
	
As microlesões acometidas pelo estresse mecânico causam liberação de enzimas sarcoplasmáticas na circulação, sendo as principais encontradas a creatina quinase, lactato desidrogenage, aspartato aminotransferase e mioglobina, o que sugere refletir uma significativa mudança na estrutura e permeabilidade do sarcolema.
Dosagens plasmáticas dessas proteínas, em especial a creatina quinase, são utilizadas como biomarcadores de alteração muscular.
As rupturas nas fibras musculares levam a formação de fragmentações protéicas que, em um período de 24 a 72 horas, atingem um pico de acúmulo no interstício celular e promovem a sensação da DMT .
Principais características da DMT .
Início em 8 a 24 horas após o exercício;
Picos de intensidade em 24 a 96 horas após o exercício e 	recuperação completa no limite de 7 a 10 dias;
Resultado de exercícios estressantes predispostos por ações 	excêntricas; 	
Resposta mais acentuada após exercício não acostumado; 	
Associada com lesões ultra estruturais do músculo e liberação de 	proteínas intracelulares;
Pode ocorrer em conjunto com diminuição de força e encurtamento 	muscular (o que gera inflexibilidade muscular);
Causada principalmente pela ativação de terminações nervosas livres
Considerações Finais
O retorno dos níveis sanguíneos de lactato para valores controle , 2 horas após o exercício exaustivo, ilustra muito bem que a célula muscular possuem aparato de consumo e remoção do lactato bem eficiente, desmistificando a influência deste metabólico em eventos geradores de DMT.
Quanto aos alunos que foram amostras não desencadearam alterações lesivas importantes nas estruturas miofibrilares. Pois tanto as alunas que se queixaram de índices mais elevados de sensibilidade muscular que ocorreram num período de 48 horas após o exercício exaustivo, em seguida havendo retorno para uma situação estabelecida como normal, quantos aos alunos que não apresentaram instalações severas de DMT, pois os mesmos ainda foram praticar musculação e outros foram participar de partidas de futebol.
Referências Bibliográficas:
Joaquim M. F. ANTUNES NETO; Patrícia MELO; Jairo Pinto AGOSTINHO FILHO; Nilda
Patrícia MAGALHÃES; Leonardo da Silva PILATTI; Mariana Ocanha SOLDER.
Faculdades Integradas Metropolitanas de Campinas (METROCAMP), curso de Educação
Física e Esporte. Laboratório de Estudos Multidisciplinares do Estresse (LEME).
*joaquim_netho@yahoo.com.br
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