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CARBOIDRATOS Msc. Denise Andrade da Silva Janeiro - 2015 Aracaju - SE 1 INTRODUÇÃO Biomoléculas orgânicas mais abundantes na natureza; Também chamados hidratos de carbono, glicídios, ou mais comumente, açúcares. Os nomes carboidratos e hidratos de carbono explicam-se pelo fato de serem substâncias constituídas, basicamente de carbono e água. Em alguns casos, podem também apresentar nitrogênio (N) ou enxofre (S) na sua composição. Quimicamente são definidos como aldeídos ou cetonas poliidroxilados ou substâncias que se hidrolisam para produzir aldeídos ou cetonas pollidroxilados. AQUINO (2008) 2 INTRODUÇÃO São poliidroxialdeídos ou poliidroxicetonas ou substâncias que por hidrólise liberam um desses dois compostos; 3 poli = vários Idroxi = hidroxila (OH) Aldeído Idroxi = hidroxila (OH) poli = vários Cetona A carbonila (C=O) se encontra na extremidade da cadeia A carbonila (C=O) se encontra em qualquer posição que não na extremidade da cadeia Aldose Cetose INTRODUÇÃO Determinados pela fórmula Cx (H2O)y, que contém C, H, e O. A produção ocorre nas plantas verdes pelo processo de fotossíntese. A planta contém o pigmento verde clorofila, que catalisa a biossíntese de carboidratos, a partir de dióxido de carbono e água. A energia necessária é fornecida pela luz solar. 6 CO2 + 6 H2O C6(H2O)6 + 6 O2 4 RIBEIRO & SERAVALLI (2007) Luz, clorofila Metabolismo animal INTRODUÇÃO As plantas sintetizam carboidratos a partir de CO2 e água. Os organismos animais degradam carboidratos a CO2 e água. Os animais consomem as plantas e combinam os carboidratos com o oxigênio do ar e, executam a reação inversa à fotossíntese, a respiração. A oxidação de carboidratos oferece ao animal a energia necessária para manter os processos vitais e regenera o CO2 que a planta utilizará na fotossíntese. 5 RIBEIRO & SERAVALLI (2007) INTRODUÇÃO São fonte de energia, reserva de energia, estrutural e matéria-prima para biossíntese de outras moléculas. Os alimentos ricos em carboidratos: cereais, pães, farinhas, mandioca, batata, doces, frutas etc. Tanto pelo paladar, como pela facilidade de absorção, mais da metade da dieta de todos nós é composta de carboidratos. 6 AQUINO (2008) CLASSIFICAÇÃO Em função de seu peso molecular os carboidratos são classificados em monossacarídeos, oligossacarídeo (2 a 10 unidades de monossacarídeos) e polissacarídeos (acima de 10 unidades). 7 • Monossacarídeos; •Oligossacarídeos; •Polissacarídeos. Subdivisão de acordo com o peso molecular Glicose, frutose, galactose Sacarose, lactose, maltose Amido, celulose, pectinas, glicogênio MONOSSACARÍDEOS São os menores e mais simples carboidratos, que se hidrolisados não serão mais carboidratos. Esses compostos apresentam um dos seguintes grupos funcionais: polihidroxialdeído (aldose), polihidroxicetona (cetose), polihidroxiálcool e polihidroxiácido. 8 Figura 01. Exemplos de representação dos grupos funcionais de monossacarídeos. RIBEIRO & SERAVALLI (2007) MONOSSACARÍDEOS Os principais monossacarídeos para os organismos vivos são: Pentoses: (ribose – função estrutural – RNA; desoxirribose – função estrutural - DNA) Hexoses (glicose - encontrada em vegetais, frutas e hortaliças e é rapidamente absorvida; frutose - encontrada principalmente nas frutas e no mel. É o mais doce dos açúcares simples; galactose - da lactose de leite e derivados ). O menor monossacarídeo apresenta 3 carbonos na sua molécula, em alimentos normalmente 6 carbonos e menos frequentemente 5 carbonos. 9 AQUINO (2008) MONOSSACARÍDEOS Em geral, eles obedecem à fórmula básica dos carboidratos: (CnH2nOn). Assim, de acordo com o valor de "n" que varia de 3 a 7, temos os seguintes tipos de monossacarídeos: Terminação ose – cadeia de poliidroxialdeído (aldose); terminação ulose – cadeia de poliidroxicetona (cetose). Triose: C3H6O3 Triulose Tetrose: C4H8O4 Tetrulose Pentose: C5H10O5 Pentulose Hexoses: C6H12O6 Hexulose Heptoses: C7H14O7 10 RIBEIRO & SERAVALLI (2007) MONOSSACARÍDEOS Os monossacarídeos apresentam isomeria (Compostos diferentes com a mesma fórmula molecular) óptica (Os isômeros são opticamente ativos e diferem pelo sentido do desvio do plano de vibração da luz polarizada). O mais simples de todos, de menor peso molecular é o gliceraldeído, possui apenas um carbono assimétrico (ou quiral - tem os quatro átomos ou radicais a ele ligados diferentes entre si). 11 Figura 02. Carbono assimétrico. Carbono com quatro substituintes diferentes ESTRUTURA TRIDIMENSIONAL OU ESTEREOQUÍMICA 12 Levógiro (do latim laevus, esquerda): giro da luz para esquerda indicado por ( - ) Dextrógiro (do latim dexter, direita): giro da luz para direita indicado por ( + ) LIRA (2011) ESTRUTURA TRIDIMENSIONAL OU ESTEREOQUÍMICA D-gliceraldeído: desvia a luz polarizada para a direita. L-gliceraldeído: desvia a luz polarizada para a esquerda. 13 Figura 04. Representação tridimensional das estruturas isômeras do gliceraldeído. Figura 03. Representação das estruturas isômeras do gliceraldeído. Nº máximo de isômeros = 2n , sendo n = nº de carbonos assimétricos. ESTRUTURA TRIDIMENSIONAL OU ESTEREOQUÍMICA Compostos distintos que apresentam mesma fórmula molecular, mas estruturas diferentes. Ex.: Glicose (C6H12O6) e Galactose (C6H12O6); D-Glicose (C6H12O6) e L-Glicose (C6H12O6). 14 Figura 06. Representação das estruturas isômeras da glicose. Figura 05. Representação das estruturas da glicose e galactose. LIRA (2011) DERIVADOS DOS MONOSSACARÍDEOS Os grupos funcionais dos monossacarídeos como a hidroxila (OH) e a carbonila (C=O) podem sofrer reações, produzindo derivados como ésteres fosfóricos, monossacarídeos ácidos (urônicos e aldônicos), desoxi-açúcares e açúcares aminados. 15 Ésteres fosfóricos são obtidos por fosforilação (adição de fosfato) a OH dos monossacarídeos como glicose e frutose. Ácidos aldônicos são os derivados de de aldoses, nos quais o grupo aldeído de C-1 foi convertido em um ácido carboxílico (COOH). Os ácidos aldônicos são nomeados por adição do sufixo “ônico” à raiz do nome da aldose; Ácidos urônicos apresentam um grupo COOH em vez de um álcool (-OH) no último carbono. Os ácidos urônicos são nomeados por adição do sufixo “urônico” à raiz do nome da aldose LIRA (2011) DERIVADOS DOS MONOSSACARÍDEOS Os grupos funcionais dos monossacarídeos como a hidroxila (OH) e a carbonila (C=O) podem sofrer reações, produzindo derivados como ésteres fosfóricos, monossacarídeos ácidos (urônicos e aldônicos), desoxi-açúcares e açúcares aminados. 16 Desoxi-açúcares são monossacarídeos derivados, nos quais um grupo de OH é substituído por um hidrogênio (H). O desoxi- açúcar de maior importância biológica é a β-D-2-desoxirribose, componente dos nucleotídeos do DNA Amino açúcares são obtidos por substituição de um ou mais grupo de OH do monossacarídeo por um grupo amino (NH2). Esse grupo amino é freqüentemente acetilado (ou seja, o grupoacetil-CH3CO, se liga ao NH2), como ocorre nos glicosaminoglicanos. Os monossacarídeos N- acetilglicosamina e N-acetilgalactosamina são os mais comuns LIRA (2011) OLIGOSSACARÍDEOS Dissacarídeos – são formados a partir da união de 2 monossacarídeos. Eles não são imediatamente aproveitáveis como fonte de energia, para isso precisam ser quebrados por hidrólise dando origem a dois monossacarídeos. Os principais dissacarídeos são: Sacarose (glicose + frutose, encontrada na cana-de- açúcar e beterraba); Maltose (glicose + glicose, em cereais e derivados de malte); Lactose (glicose + galactose, principal açúcar presente no leite, sendo de 5 a 8% no leite humano e de 4 a 5% no leite de vaca, sendo o açúcar menos doce). 17 AQUINO (2008) OLIGOSSACARÍDEOS São polímeros contendo de 2 a 10 unidades de monossacarídeos unidos por ligação hemiacetálicas, denominadas de ligações glicosídicas. Na polimerização de n moléculas de monossacarídeos é liberado n-1 moléculas de água, obtidas da condensação do grupo hidroxila anomérico de um monossacarídeo com uma das hidroxilas da unidade adjacente. O radical produzido pela perda do grupo hidroxila anomérico denomina-se de glicosil. 18 RIBEIRO & SERAVALLI (2007) OLIGOSSACARÍDEOS 19 LIRA (2011) Os oligossacarídeos mais comuns são: sacarose, lactose, maltose, trealose (dissacarídeo), rafinose (trissacaríedo e estaquiose (tetrassacarídeo). Figura 10. Estrutura da sacarose (não redutora), e da lactose (redutora). ORDÓÑEZ PEREDA et al. (2005) POLISSACARÍDEOS São formados por vários monossacarídeos e podem ser desdobrados em açúcares simples por processo de hidrólise. São insolúveis em água e essa propriedade é vantajosa para os seres vivos por 2 motivos: permite que eles participem como componentes estruturais da célula. permite que funcionem como armazenadores de energia (AQUINO, 2008). São classificados em: Homopolissacarídeo: contêm um único tipo de monossacarídeo. Ex.: amilose, amilopectina, glicogênio, celulose Heteropolissacarídeo: contém dois ou mais tipos de monossacarídeos. Ex.: Ácido hialurônico, peptidioglicano, gomas , mucilagens, pectina (ORDÓÑEZ PEREDA et al., 2005; LIRA, 2011). 20 POLISSACARÍDEOS Propriedades: moléculas de alto peso molecular; dissolvem-se com mais dificuldade que os monossacarídeos que as constituem; têm pouco sabor doce; suas reações são mais lentas. Encontram-se distribuídos na natureza: no reino vegetal – amido, celulose, pectinas; no reino animal – glicogênio (ORDÓÑEZ PEREDA et al., 2005). 21 POLISSACARÍDEOS Os principais polissacarídeos são: a) energéticos (função de reserva) – amido em vegetais e glicogênio em animais. OBS: o amido qd quebrado por hidrólise produz mais de 10 moléculas de glicose. b) estruturais – celulose na parede celular de vegetais e quitina na parede celular de fungos e carapaça de artrópodes. Pectina: é um polissacarídeo indigerível, absorve água formando gel, está presente na casca de frutas. Utilizada em geléias, marmelada, e como estabilizante em bebidas e sorvetes. 22 AQUINO (2008) POLISSACARÍDEOS OBS: Os carboidratos simples, como o açúcar e o mel, têm um teor maior teor de glicose e são digeridos mais rapidamente. Resultado: você sente fome pouco depois de comer. Já os nutrientes considerados complexos têm digestão mais lenta, mantendo uma saciedade prolongada - pães, biscoitos, cereais, massas, arroz, grãos, vegetais e frutas são alguns exemplos. 23 AQUINO (2008) AMIDO Contém dois tipos de polímeros de glicose. 24 Cadeias longas não ramificadas, de unidades D-glicose unidas por ligações (α1→4) Cadeias longas e ramificado e não solúvel em água, contendo resíduos de glicose unidos por ligação (α1→4) e nos pontos em que há ramificação, os residuos de glicose são unidos por ligação (α1→6). As ligações (α1→4) são dobráveis, o que permite que a molécula do amido se dobre sobre si mesma, facilitando o enovelamento desse polímero na célula, formando grânulos densos. A ligação (α1→4) é hidrolisada pela enzima α-amilase, liberando glicose AMIDO Amilose: Formada por uma cadeia linear de unidades de α–D- glicopiranoses unidas por ligações glicosídicas α1,4. Pode conter 350 a 1000 unidades de glicose em sua estrutura. Formando assim unidades de maltose. Amilopectina: Apresenta estrutura ramificada, constituída por cadeias lineares de 20 a 25 unidades de α–D-glicoses unidas em α-1,4. Essas cadeias estão unidas entre si, por ligações glicosídicas α-1,6. Constituída de 10 a 500 mil unidades de glicose. Apresenta estrutura esférica. 25 BOBBIO & BOBBIO (1992); RIBEIRO & SERAVALLI (2007) AMIDO Propriedades: Espessante - dispersa facilmente na água, provocando um grande aumento da viscosidade e produzindo deste modo em efeito gelificante Umectante Estabilizante Aplicação: Patês, pudins, geléias, gelatina, iogurte, confeitaria, panificação, agente ligante etc. 26 GLICOGÊNIO Polímero de subunidades de glicose mais ramificado (~1 ramificação a cada 8 ou 12 subunidades) é mais compacto que o amido; É insolúvel em água e possui as subunidades de glicose unidas por ligações (α1→4) e as ramificações por ligações (α1→6); É encontrado no fígado (7% da massa úmida) e músculo esquelético. 27 CELULOSE Substância fibrosa, resistente e insolúvel em água, é encontrada na parede celular do vegetais, principalmente na parte lenhosa (tronco, galho); É a maior parte da madeira e principalmente do algodão; Polímero com 10 mil ou mais subunidades de D- glicose não ramificado com ligações (β1→4); É quebrada pela enzima celulase, produzida por alguns microorganismos. 28 29 POLISSACARÍDEO FUNÇÃO E FONTE Glicogênio Açúcar de reserva energética de animais e fungos Amido Açúcar de reserva energética de vegetais e algas Celulose Função estrutural. Compõe a parede celular das células vegetais e algas Quitina Função estrutural. Compõe a parede celular de fungos e exoesqueleto de artrópodes Ácido hialurônico Função estrutural. Cimento celular em células animais 30 Tabela 1. Origem, propriedades e usos mais comuns das principais gomas empregadas em alimentos. Fonte: BOBBIO & BOBBIO (1992) PROPRIEDADES FUNCIONAIS DOS CARBOIDRATOS EM ALIMENTOS Os carboidratos conferem aos alimentos, nos quais estão naturalmente presentes ou são adicionados, diferentes características, em função de sua estrutura e concentração, e das condições do alimento, como: teor de água, pH etc. Os carboidratos contribuem para o valor nutricional do alimento, fornecem calorias, podem ser umectantes, plastificantes, texturizantes, fortalecedores de sabor e adoçantes. 31 RIBEIRO & SERAVALLI (2007) PROPRIEDADES FUNCIONAIS DOS CARBOIDRATOS EM ALIMENTOS 1. Ligação com água; 2. Higroscopicidade; 3. Umectante; 4. Agente de textura; 5. Ligação com flavorizantes; 6. Doçura. 32 PROPRIEDADES FUNCIONAIS DOS CARBOIDRATOS EM ALIMENTOS LIGAÇÃO COM ÁGUA A capacidade de ligarem a água, ocorre devido a presença de várias hidroxilas capazes de fazer pontes de hidrogênio com a água. Essa propriedade é variável em função da estrutura do carboidrato. HIGROSCOPICIDADE Devido a capacidade de se ligarem a água por meio de suas hidroxilas, os carboidratos absorvem água do ar atmosférico. A alta higroscopicidade da frutose é responsável pela característica de pegajosidade em alimentos ricos nesse açúcar. 33 RIBEIRO & SERAVALLI (2007) PROPRIEDADES FUNCIONAIS DOS CARBOIDRATOS EM ALIMENTOS UMECTANTE É a habilidade de ligar água e controlar a Aw do alimento. Dependendo do produto, pode ser desejável limitar a entrada de água no alimento ou controlar a saída. Esse método é utilizado na produção de doces, geléias etc., para reduzir a Aw e aumentar a vida de prateleira desses produtos. A sacarose e o açúcar invertido – são os mais utilizados na produção desses alimentos. 34 RIBEIRO & SERAVALLI (2007) PROPRIEDADES FUNCIONAIS DOS CARBOIDRATOS EM ALIMENTOS AGENTE DE TEXTURA Decorre da elevada solubilidade dos açúcares em água. A diferença de solubilidade é função da forma anomérica (α ou β). Os efeitos estruturais dos açúcares nos alimentos dependem de seu estado físico e de suas interações com a água. Os açúcares podem formar soluções supersaturadas, conferindo consistência de sólido e transparência (estado vítreo) – caramelo duro, ou podem se cristalizar – caramelo mole. 35 RIBEIRO & SERAVALLI (2007) PROPRIEDADES FUNCIONAIS DOS CARBOIDRATOS EM ALIMENTOS LIGAÇÃO COM FLAVORIZANTES Capacidade de reter compostos voláteis aromáticos e pigmentos naturais, principalmente em processos de secagem convencional e liofilização. Dissacarídeos retêm mais compostos voláteis (aldeídos, cetonas,ésteres, ácidos carboxílicos) nos alimentos que os monossacarídeos. Ex.: Dextrina – capazes de formar sistemas que prendem o composto flavorizante e o protegem. Goma arábica (polissacarídeo) – forma película em torno dos compostos flavorizantes e os protege de absorção de umidade, perda por evaporação ou oxidação química. Misturas de goma arábica e gelatina – são utilizadas na técnica de microencapsulação. 36 RIBEIRO & SERAVALLI (2007) PROPRIEDADES FUNCIONAIS DOS CARBOIDRATOS EM ALIMENTOS DOÇURA Os mono- e oligossacarídeos possuem sabor doce e diferenciam-se por seu poder edulcorante. Os mais importantes são: sacarose, frutose e xaropes de amido. O poder edulcorante do açúcar não se deve à sua concentração. Dessa forma é difícil assegurar que um açúcar é n vezes mais doce que outro. Assim, a intensidade do sabor doce é mensurada mediante um substância de referência – a sacarose, ao qual se atribui arbitrariamente um valor relativo de 100. A intensidade e qualidade do sabor doce de um alimento varia: com a estrutura do açúcar (a intensidade do sabor diminui nos oligossacarídeos com o aumento da extensão da cadeia), temperatura, pH, presença de outras substâncias que possam interferir no sabor, concentração no alimento, apreciação de substâncias aromáticas presentes de forma simultânea, cor do alimento. 37 RIBEIRO & SERAVALLI (2007) 38 RIBEIRO & SERAVALLI (2007) Tabela 2. Doçura relativa de alguns carboidratos. APLICAÇÕES INDUSTRIAIS DOS AÇÚCARES 1. xaropes para caldas de frutas e frutas cristalizadas; 2. redução da atividade de água; 3. modificação de textura e sabor (açúcar provoca na fruta – redução da Aw - evita crescimento de mos. – muda textura – interage com a casca – maior rigidez da fruta e menor sabor ácido – ex: figo em calda); 4. em sorvetes, a lactose pode sofrer cristalização devido as baixas temperaturas e juntamente com a formação de grandes cristais de H2O pode prejudicar a qualidade do produto final. Para minimizar estes problemas pode-se submeter o produto a uma agitação durante o congelamento para diminuir o tamanho dos cristais e também adicionar polissacarídeos para evitar a cristalização da lactose. 39 AQUINO (2008) REAÇÕES QUÍMICAS DE CARBOIDRATOS 1. Hidrólise 2. Mutarrotação 3. Enolização 4. Reação de desidratação 5. Reações de escurecimento não-enzimático ou químico 1. Caramelização 2. Reação de Maillard 3. Oxidação da vitamina C 40 REAÇÕES QUÍMICAS DE CARBOIDRATOS Hidrólise É influenciada por vários fatores como pH, T, configuração anomérica (α é mais susceptível que β), forma e tamanho do anel (piranosídicas são mais estáveis que as furanosídicas). As ligações glicosídicas são + facilmente quebradas em meio ácido que em meio alcalino. A ligação glicosídica ocorre entre o carbono anomérico de um monossacarídeo e qualquer outro carbono do monossacarídeo seguinte, através de suas hidroxilas e com a saída de uma molécula de água. 41 RIBEIRO & SERAVALLI (2007) REAÇÕES QUÍMICAS DE CARBOIDRATOS Hidrólise Pode ser realizada tb pela enzima invertase. Está reação é comercialmente importante porque os 2 monossacarídeos misturados apresentam um sabor mais doce que a sacarose e são mais úteis na preparação de balas, sorvetes e refrigerantes. Sacarose + H2O → Frutose + Glicose OBS: Comercialmente a glicose é denominada de dextrose e a frutose de levulose. 42 RIBEIRO & SERAVALLI (2007) REAÇÕES QUÍMICAS DE CARBOIDRATOS Mutarrotação É a primeira e mais simples alteração que ocorre nos açúcares e que consiste na abertura do anel hemiacetálico, que depois se fecha. Consiste na mudança gradativa da rotação óptica até alcançar um ângulo de equilíbrio. Esse comportamento se deve ao fato de que esses compostos apresentam duas estruturas espaciais possíveis, uma das quais se transforma na outra durante a dissolução, até que um estado de equilíbrio, onde ambas as estruturas coexistem, seja alcançado. 43 RIBEIRO & SERAVALLI (2007); AQUINO (2008) REAÇÕES QUÍMICAS DE CARBOIDRATOS Mutarrotação Reação catalisada por ácidos e bases. Todos os mono e oligossacarídeos redutores sofrem esse fenômeno. A proporção de α e β no ponto de equilíbrio varia de uma substância para a outra. A sacarose (dissacarídeo), quando hidrolisada, apresenta inversão da rotação óptica, passando de dextro para levógira. A mistura assim formada denomina-se açúcar invertido. 44 RIBEIRO & SERAVALLI (2007); AQUINO (2008) REAÇÕES QUÍMICAS DE CARBOIDRATOS Enolização O anel heterocíclico do açúcar se abre e produz um enol (instável). Catalisado por base. Na faixa de pH de 3 – 4, a maioria dos açúcares redutores são estáveis. Pode ocorrer em condições ácidas, mas em condições básica é muito mais rápida. 45 RIBEIRO & SERAVALLI (2007); LEITE & STEFANI (2013) REAÇÕES QUÍMICAS DE CARBOIDRATOS 46 Figura 11. Reação da enolização da D- glicose. RIBEIRO & SERAVALLI (2007) REAÇÕES QUÍMICAS DE CARBOIDRATOS Reação de desidratação Eliminam 3 H2O e formam: Pentoses: 2-furaldeído (furfural), Hexoses: 5-hidroximetil-2-furaldeído (HMF). Reação ocorre em meio ácido, sob aquecimento. 47 RIBEIRO & SERAVALLI (2007) Figura 12. Representação da conversão de D-glicose em HMF. REAÇÕES QUÍMICAS DE CARBOIDRATOS Reação de desidratação O principal mecanismo ocorre a β eliminação e a enolização. O furaldeído é volátil, enquanto o HMF não. O HMF é menos estável que o furaldeído e se decompõe em ácido levulínico e ácido fórmico. Ácidos produzidos em maior qtd. quando as soluções são fortemente ácidas. Produz ácido levulínico, ácido fórmico, acetoína, diacetil, ácido láctico, ácido pirúvico e acético. Alguns desses produtos apresentam aromas pronunciadose sabores desejáveis e indesejáveis. 48 RIBEIRO & SERAVALLI (2007) REAÇÕES QUÍMICAS DE CARBOIDRATOS Reações de escurecimento Reação oxidativa ou enzimática: O2 + substrato fenólico → enzima polifenoloxidase (não envolve carboidratos) Reação não oxidativa ou não enzimática envolve: Caramelização, Reação de Maillard: interação de proteínas ou aminas com carboidratos. 49 RIBEIRO & SERAVALLI (2007) REAÇÕES QUÍMICAS DE CARBOIDRATOS Reações de escurecimento A intensidade das reações de escurecimento não enzimático depende da qtd. e do tipo de carboidrato presente no alimento. Ocorre entre açúcares redutores e aminoácidos. A degradação do açúcar, a degradação oxidativa do ácido ascórbico, e a condensação de compostos carbonílicos formados com grupos amina presentes, resulta na formação de pigmentos escuros. As reações de escurecimento não enzimático → aquecimento e armazenamento. 50 RIBEIRO & SERAVALLI (2007) REAÇÕES QUÍMICAS DE CARBOIDRATOS Reações de escurecimento 3 Mecanismos de escurecimento não enzimático: 51 Mecanismo Requerimento de oxigênio Requeriment o de NH2 pH ótimo Produto final Maillard Não Sim >7,0 Melanoidinas Caramelização Não Não 3,0 a 9,0 Caramelo Oxidação de ácido ascórbico Sim Não 3,0<pH< 5,0 Melanoidinas Fonte: Araújo, J. M.A., Química de Alimentos– Teoria e Pratica (2004). Tabela 3. Mecanismos das reações de escurecimento não-enzimático REAÇÕES DE ESCURECIMENTO NÃO ENZIMÁTICO Essas reações são indesejáveis do ponto de vista nutricional e visual, como em leite e derivados (destruição da lisina durante tratamento térmico), sucos, vegetais, produtos desidratados e concentrados, cereais e derivados (destruição da lisina durante a secagem). No entanto em alguns produtos a reação é desejável quando permite a melhoria da aparência e do flavor, como: crosta de pão (destruição de 70% da lisina), café torrado, chocolate, cerveja, carne de peixe assado, outros. 52 ARAÚJO (1999) REAÇÕES DE ESCURECIMENTO NÃO ENZIMÁTICO Reação de Caramelização É a reação induzida, que envolve a degradação do açúcar na ausência de aminoácidos ou proteínas. Os açúcares no estado sólido são relativamente estáveis ao aquecimento moderado, mas quando submetidos a temperaturas acima de 120°C são pirolisados para diversos produtos de degradação de alto PM e escuros, denominados caramelos. Frações de baixo PM presente na mistura caramelizada possui, além do açúcar que não reagiu, ácido pirúvico, aldeídos e derivados de furano. 53 ARAÚJO (1999); RIBEIRO & SERAVALLI (2007) REAÇÕES DE ESCURECIMENTO NÃO ENZIMÁTICO Reação de caramelização Mecanismo da reação ainda desconhecido – o aquecimento provoca quebra de ligações glicosídicas, abertura do anel hemiacetálico, formação de novas ligações glicosídicas e como resultado ocorre a formação de polímeros insaturados, os caramelos. 54 Figura 13. Reação de caramelização. ARAÚJO (1999); RIBEIRO & SERAVALLI (2007) REAÇÕES DE ESCURECIMENTO NÃO ENZIMÁTICO Reação de Caramelização – fatores que afetam a reação A reação é facilitada por pequenas qtd. ácidos e certos sais, porém, a velocidade é maior em meio alcalinos. A utilização de diferentes catalisadores permite a obtenção de corantes específicos de caramelo. Sem catalisador a 200-240°C – caramelos de baixa intensidade de cor – mais úteis como flavorizantes do que corantes. Com catalisador – Temp. mais baixas (130-200°C) - alta intensidade de cor - úteis como corantes alimentícios. 55 RIBEIRO & SERAVALLI (2007) REAÇÕES DE ESCURECIMENTO NÃO ENZIMÁTICO Reações de Caramelização Sacarose → produção de aromas e corantes → aquecida em sol. com ácido ou sais de amônio → caramelos mais escuros, ex. refrigerante tipo “cola” e cervejas. 56 RIBEIRO & SERAVALLI (2007) Diferentes tonalidades do caramelo em função da temperatura. REAÇÕES DE ESCURECIMENTO NÃO ENZIMÁTICO Reações de Caramelização – Aplicação na Indústria 3 cores são mais produzidas: Caramelo ácido feito com bissulfito de amônio – refrigerantes “Cola”; Cor característica de cerveja – aquecimento da sacarose com íon amônio; Cor de panificado ou assado – pirólise direta da sacarose; Cajuína – Nordeste do Piauí - bebida não- alcoólica clarificada e esterilizada, a partir do suco de caju, coloração amarelo-âmbar. 57 AQUINO (2008) REAÇÕES DE ESCURECIMENTO NÃO ENZIMÁTICO Reação de Maillard É a principal causa do escurecimento desenvolvido durante o aquecimento e armazenamento prolongados do produto. Foi descoberta em 1912, por Louis-Camille Maillard durante a tentativa de síntese de peptídeos em condições fisiológicas, esta descoberta abriu as portas ao que mais tarde viria a ser o mercado da cor e do sabor dos alimentos. 58 ARAÚJO (1999); AQUINO (2008) REAÇÕES DE ESCURECIMENTO NÃO ENZIMÁTICO Reação de Maillard É a reação entre o grupo carbonila de açúcares redutores (reduz o agente oxidante, ex: glicose) e o grupo amina de aminoácidos, peptídeos e proteínas resultando na formação de um pigmento escuro denominado melanoidina, cuja cor é mais intensa quanto maior for seu peso molecular e pode variar de marrom claro até preto. 59 ARAÚJO (1999) REAÇÕES DE ESCURECIMENTO NÃO ENZIMÁTICO Reação de Maillard No alimento essa reação vai depender da presença do açúcar redutor que dará o grupamento C=O, vindo de um aldeído ou de uma cetona. Não só um açúcar fornece a carbonila, mas também as gorduras que tem esse grupo livre em cada 1 dos 3 ácidos graxos ligados à glicerina. 60 AQUINO (2008) REAÇÕES DE ESCURECIMENTO NÃO ENZIMÁTICO Reação de Maillard Os aminoácidos irão colaborar com os grupamentos (NH2) essenciais para a reação. O grupamento ácido do aminoácido COOH ou C=O também pode fornecer a carbonila como no caso do ácido graxo ou do açúcar redutor. Os aminoácidos básicos como a lisina, a hidroxilisina, que têm grupamentos NH2 extras à ligação peptídica, quando presentes nos alimentos tornam mais provável a reação. É importante classificar os aminoácidos também quanto à reatividade. O ácido glutâmico é o mais reativo. 61 AQUINO (2008) REAÇÕES DE ESCURECIMENTO NÃO ENZIMÁTICO Reação de Maillard Além do escurecimento, a reação provoca outras alterações indesejáveis como: redução da digestibilidade da proteína; inibição de enzimas digestivas; destruição de nutrientes como aminoácidos essenciais (arginina, histidina, principalmente a lisina que é mais sensível) e ácido ascórbico; interferência no metabolismo de minerais (devido à complexação de metais) Em alguns produtos a reação é desejável quando permite a melhoria da aparência e do flavor, como: crosta de pão, café torrado, chocolate. 62 ARAÚJO (1999) REAÇÕES DE ESCURECIMENTO NÃO ENZIMÁTICO Reação de Maillard A reação de Maillard compreende 3 fases: inicial, intermediária e final. Fase inicial Ocorre entre açúcares redutores e aminoácidos, na proporção de 1:1 e resulta em produtos incolores e sem sabor e aroma. Os complexos amino-açúcar que se produzem nas primeiras fases da reação têm propriedades físico- químicas, como ausência de cor, alta solubilidade e estabilidadeao calor, diferentes das exibidas pelos produtos finais da reação que têm fraca solubilidade e são de cor castanha. 63 RIBEIRO & SERAVALLI (2007); AQUINO (2008) REAÇÕES DE ESCURECIMENTO NÃO ENZIMÁTICO Reação de Maillard - Fase intermediária Nesta fase inicia-se a percepção de aromas e a cor torna-se amarelada. O produto final da fase inicial (cetose amina) pode sofrer vários tipos de reações e seguir caminhos diferentes. 64 RIBEIRO & SERAVALLI (2007); AQUINO (2008) REAÇÕES DE ESCURECIMENTO NÃO ENZIMÁTICO Reação de Maillard - Fase final É a etapa em que ocorre o desenvolvimento de cor (vermelho castanho e marrom escuro), aroma e sabor. Os aminoácidos definem o sabor e o aroma, independente do tipo de açúcar redutor. A cor aparece devido à formação de compostos poliméricos de alto peso molecular - (>12.000 Daltons) - melanoidinas; 65 RIBEIRO & SERAVALLI (2007); AQUINO (2008) 66 REAÇÃO DE MAILLARD REAÇÕES DE ESCURECIMENTO NÃO ENZIMÁTICO Reação de Maillard – Fatores que afetam a reação Temperatura Inicialmente ocorre em temperaturas maiores que 70°C. Continua em Temp. da ordem de 20°C e durante o processamento e/ou armazenamento. Qto maior a elevação da T, maior a velocidade do escurecimento. A cada aumento de 10°C, a velocidade aumenta de 2 a 3 vezes. 67 RIBEIRO & SERAVALLI (2007) REAÇÕES DE ESCURECIMENTO NÃO ENZIMÁTICO Reação de Maillard – Fatores que afetam a reação pH A velocidade da reação é máxima em pH próximo a neutralidade (6-7). Alimentos com pH < 6 (ácidos) geralmente não formam pigmentos escuros, pois a amina estará protonada (NH3+), retardando a reação com o grupo carbonila do açúcar. Podemos citar como exemplos destes produtos, sucos, frutas e vegetais. Em meio alcalino, ocorre a rápida degradação independente da presença de aminoácidos. Valores de pH abaixo de 5,00, e na presença de ácido ascórbico, a reação de escurecimento é provocada pela oxidação da Vitamina C. 68 RIBEIRO & SERAVALLI (2007) REAÇÕES DE ESCURECIMENTO NÃO ENZIMÁTICO Reação de Maillard – Fatores que afetam a reação Tipo de açúcar Açúcar redutor (glicose, frutose, galactose, maltose e lactose) é essencial para a interação da carbonila com os grupos amina livres. A natureza do açúcar determina a reatividade: Pentoses > hexoses > dissacarídeos Dissacarídeos não redutores são utilizados na reação após a hidrólise da ligação glicosídica. 69 RIBEIRO & SERAVALLI (2007) REAÇÕES DE ESCURECIMENTO NÃO ENZIMÁTICO Reação de Maillard – Fatores que afetam a reação Atividade de água Ocorre um maior escurecimento em valores de aw intermediários (0,5 a 0,8). Em aw > 0,9 – menor velocidade, maior a diluição dos reagentes. Em aw < 0,2-025 – a velocidade tende a zero, ausência de solvente. 70 RIBEIRO & SERAVALLI (2007) REAÇÕES DE ESCURECIMENTO NÃO ENZIMÁTICO Inibição da reação de Maillard Uso de açúcares não-redutores, como a sacarose, em condições nas quais não possa ser hidrolisada. Redução da aw ou aumento por diluição. Remoção de açúcares redutores por enzimas – O tratamento com a enzima glicose oxidase em ovos produzindo ácido glucônico a partir da glicose. Adição de SO2 (sulfito) – inibe o escurecimento enzimático, mas dependendo da concentração utilizada, pode provocar o aparecimento de odores indesejáveis, e destruir as vitaminas B1 (tiamina) e C. 71 RIBEIRO & SERAVALLI (2007) REAÇÕES DE ESCURECIMENTO NÃO ENZIMÁTICO Oxidação da Vitamina C A vitamina C oxida rapidamente em solução aquosa por processos enzimático e não- enzimático. Especialmente qd expostos ao ar, calor e à luz. A reação é acelerada por íons metálicos (Cu2+ e Fe3+), e em meio de baixa umidade, a destruição é função de Aw. Na ausência de catalisadores o ac. ascórbico reage lentamente com o oxigênio. 72 ARAÚJO (1999) REAÇÕES DE ESCURECIMENTO NÃO ENZIMÁTICO Oxidação da Vitamina C A contaminação com íons metálicos (ferro e cobre) durante o processamento resulta no aumento da oxidação do ac. ascórbico para deidroácido ascórbico (DAA). O deidroácido ascórbico é convertido irreversivelmente em ácido dicetogulônico e posteriormente pela desidratação seguida da descarboxilação, ocorre a formação de furfural. A reação de polimerização subseqüente forma pigmentos escuros (melanoidinas) (Equação 78). 73 ARAÚJO (1999) REAÇÕES DE ESCURECIMENTO NÃO ENZIMÁTICO Oxidação da Vitamina C 74 ARAÚJO (1999) REAÇÕES DE ESCURECIMENTO NÃO ENZIMÁTICO Oxidação da Vitamina C Certas enzimas (peroxidase e ácido ascórbico oxidase) presentes nos alimentos aceleram a oxidação do ác. ascórbico. Essas enzimas devem ser inativadas para prevenir essas perdas oxidativas. 75 ARAÚJO (1999) REAÇÕES DE ESCURECIMENTO NÃO ENZIMÁTICO Oxidação da Vitamina C A velocidade da oxidação aeróbica é dependente do pH, em meio alcalino ocorre de maneira mais rápida e a degradação é maior. As perdas mais significativas no processamento de alimentos são resultados da degradação química. Em alimentos ricos em ác. ascórbico a perda está relacionada com as reações de escurecimento não-enzimático. No processamento e no armazenamento de frutas a utilização de SO2 reduz as perdas de ác. Ascórbico. 76 ARAÚJO (1999) REAÇÕES DE ESCURECIMENTO NÃO ENZIMÁTICO Oxidação da Vitamina C - Mecanismo de ação: O sulfito adicionado reduz o peróxido de hidrogênio formado pela oxidação do AA na presença de Cu++, protegendo indiretamente, desta maneira, a oxidação do AA. Com a adição de SO2, o deidroácido ascórbico (DAA) forma produto de adição (DAA-SO2), evitando sua participação nas reações de escurecimento não- enzimático. 77 ARAÚJO (1999) REAÇÕES DE ESCURECIMENTO NÃO ENZIMÁTICO Oxidação da Vitamina C - Mecanismo de ação: Outra forma de ação é através da interrupção das reações de formação de compostos carbonílicos. O armazenamento de sucos concentrados por longos períodos de tempo deve ser feito em condições de congelamento para se evitar perdas. Qto maior o nível de ác. ascórbico (suco concentrado de laranja) mais rápido se dá o processo de escurecimento. 78 ARAÚJO (1999) REAÇÕES DE ESCURECIMENTO NÃO ENZIMÁTICO Oxidação da Vitamina C - Mecanismo de ação: A concentração de AA em frutas e hortaliças varia com as condições de crescimento, maturação e tratamento pós- colheita. A origem do suco de fruta por si só determina a estabilidade do AA. Por exemplo, a estabilidade (maior estabilidade, maior acidez) do: Suco de laranja > suco de maçã Suco de abacaxi > suco de limão Suco de laranja >suco de limão A razão disso, no entanto não está bem esclarecida, mas acredita-se na participação de flavonóides atuando na inibição da oxidação enzimática (bloqueando a formação de radicais livres) e da não-enzimática (complexando metais), como tb o ácido cítrico atuando na complexação de metais. 79 ARAÚJO (1999) 80 ARAÚJO (1999) Alterações Alimentos Considerações Desejáveis Indesejáveis leite e derivados São muito sensíveis às reações de escurecimento não- enzimático, em razão do elevado teor de lactose e da presença de proteínastermossensíveis, especialmente proteínas do soro. Não informado Durante o tratamento térmico ocorre a alteração da cor, além da destruição da lisina. Em leite pasteurizado a perda é em torno de 3% e, no esterilizado, de 8 a 12%; dependendo do processo de secagem do leite, pode ocorrer perda de até 30%. carne e derivados São relativamente resistentes às reações de escurecimento não-enzimático, em razão da acidez natural e do baixo teor de açúcares reativos. Não informado Não informado Tabela 4. Alterações por reações de escurecimento em alguns alimentos. 81 Alterações Alimentos Considerações Desejáveis Indesejáveis cereais e derivados Os grãos são estáveis quando intactos, mas com a moagem iniciam-se as reações. Ocorre a formação de “flavor” e de coloração desejáveis. Destruição da lisina. vegetais e derivados As reações de deterioração resultantes são importantes em produtos concentrados e desidratados, principalmente em vegetais não-ácidos ou com baixa acidez e ricos em açúcares e aminoácidos. Não informado Não informado ARAÚJO (1999) Tabela 4. Alterações por reações de escurecimento em alguns alimentos.
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