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A Pessoa Natural (Cap:2) – Resumo. Pessoa natural – É o nome que o direito civil atribui ao ser da espécie humana, considerado enquanto sujeito de direitos e obrigações. Para ser pessoa natural, basta existir enquanto ser da espécie humana. Personalidade jurídica – É a aptidão genérica para ser sujeito de direitos e deveres, aptidão esta que poderá ser executada a partir de seu nascimento com vida e dura até sua morte. • A natureza jurídica do nascituro. Nascituro – É o ser já concebido, aquele que está por nascer. Nascituro é o ser humano em estagio fetal que se mantém vivo e ligado a sua mãe, aguardando que ela lhe dê a luz. A potencialidade do seu nascimento com vida deve ser certa, fato que pode ser constatado através de exames médicos. Natimorto – É o ser que já se acha morto, embora ainda ligado ao útero materno. O natimorto não tem expectativa de deixar o útero materno com vida, pois o óbito ocorre durante o seu período gestacional. Teoria Natalista – É a teoria aceita pelo STF. De acordo com ela, a personalidade jurídica da pessoa natural tem inicio a partir do nascimento com vida. Teoria Concepcionista – Entende que a personalidade jurídica tem inicio desde a concepção. Teoria da Personalidade Condicional – A personalidade condicional entende que, desde a concepção, o feto seria titular de direitos existenciais e ao nascer com vida passaria a ser titular de direitos patrimoniais. Em decorrência da parte final do art.2° do código civil, o nascituro é possuidor, dentre outros, aos seguintes direitos: a) É titular de direitos personalíssimos (como o direito à vida) b) Pode receber doação, conforme dispõe o art. 542 do CC: “A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita por seu representante legal” c) Pode ser beneficiado por legado e herança (art. 1798 do CC) d) Pode ser-lhe nomeado curador para a defesa dos seus interesses (arts. 877 e 878 do CPC) e) O Código Penal tipifica o crime de aborto f) Tem direito a alimentos. • A capacidade civil e suas classificações. Para que o sujeito de direito possa exercer os poderes inerentes à personalidade jurídica ou civil, necessita do que o direito chama de capacidade civil, que pode ser classificada em: Capacidade de Direito – É a capacidade que todas as pessoas possuem não sendo necessário o implemento de nenhuma condição para aquisição ou gozo de direitos, basta nascer com vida para possuir capacidade de direito. Capacidade de Fato – Exige uma aptidão descrita na lei, é aquela que se adquire quando atingida a maioridade civil, aos dezoito anos de idade completos, ou por escritura de emancipação, passando a poder exercer por si mesmo todos os atos da vida civil. Capacidade Plena – Se identifica presente quando a pessoa possui tanto a capacidade de direito quanto a capacidade de fato ao mesmo tempo. Capacidade Limitada – Se da quando uma pessoa possui a capacidade de direito, mas não possui a capacidade de fato. • A incapacidade civil. A incapacidade nada mais é do que a restrição ao exercício dos direitos e obrigações da pessoa e pode ser classificada em: Incapacidade Absoluta – A pratica de um ato por uma pessoa absolutamente incapaz acarreta a sua nulidade, pois se trata de proibição total. Desse modo, para que o absolutamente incapaz possa praticar algum ato civil, ele deverá ser representado por outra pessoa capaz. *Art.3º do Código Civil: “São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: I – os menores de 16 anos; II – os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiveram o necessário discernimento para a prática desses atos; III – os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. Incapacidade Relativa – A lei permite aos relativamente incapazes que pratiquem atos da vida civil, desde que assistidos; se praticarem atos sozinhos, o ato será anulável. *Art.4º do Código Civil: “São relativamente incapazes: I – os maiores de 16 anos e menores de 18 anos; II – os ébrios habituais, os viciados em tóxicos e os que, por deficiência mental, tenham discernimento reduzido; III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; IV – os prodígios. Parágrafo único – a capacidade dos índios será regulamentada por legislação especial”. Cessação da incapacidade civil – A incapacidade civil cessará de modo natural quando a pessoa adquirir a maioridade civil, completando 18 anos, a partir de quando exercerá a capacidade civil plena. Suprimento da incapacidade civil – O suprimento da incapacidade civil ocorrerá por meio da emancipação, sendo que existem 3 formas de emancipar a capacidade civil da pessoa natural: ➢ Emancipação voluntária – Ocorre quando os pais, por ato voluntário, reconhecem que o filho adquiriu maturidade suficiente para zelar por sua pessoa e suas posses, seus bens, não necessitando mais da proteção pelo estado na qualidade de incapaz. Essa é a forma mais fácil de realizar esse processo. Pois se faz necessário a presença do jovem em questão e dos parentes responsáveis em uma reunião extrajudicial. Quando o adolescente possui os dois pais presentes e esses também concordam com a emancipação do filho, o processo é feito ainda em cartório, sem a presença de um juiz. ➢ Emancipação Judicial - Ocorre em dois casos. Primeiro, se não houver consenso entre os pais do jovem, o juiz irá intervir e julgar o melhor o determinado caso. Outras intervenções da justiça ocorrem quando o adolescente em questão possui apenas um dos pais ou nenhum tutor. ➢ Emancipação Legal - Nessa situação, o menor pode ser considerado independente quando ocorre o matrimônio, colação de grau de ensino superior ou pelo estabelecimento comercial e pela existência de relação ao emprego. Em todas essas circunstâncias, para a libertação acontecer é necessário o jovem possuir no mínimo 16 anos. Independe de escritura pública e registro, surtindo efeitos a partir do dia do fato jurídico. Extinção da Personalidade Jurídica – Extingue-se a personalidade jurídica da pessoa natural quando esta vier a morrer. A morte da pessoa natural pode ser real ou presumida. A morte real ocorre quando cessam as atividades cardíacas ou respiratórias da pessoa, ou quando se dá a morte cerebral ou encefálica. OBS: A emancipação é irrevogável, o adolescente não volta ao estado de incapaz uma vez que emancipado. • Os modos de Individualização da Pessoa Humana. Para que o sujeito de direitos e deveres seja identificável, torna-se imprescindível que exista segurança quanto aos modos pelos quais ele poderá ser encontrado na sociedade. Os principais elementos de individualização da pessoa natural são: 1- Nome civil. Toda pessoa natural tem direito à identidade civil, e o nome civil ocupa o relevante papel de tornar cada pessoa um ser único, integrando ao nome civil sua personalidade pessoal, que permanece viva durante toda sua existência, e, após a morte, indicando suas origens e família. O nome civil é um direito da personalidade da pessoa natural. A identificação civil possui como principal finalidade dar segurança jurídica à sociedade, na medida em que não deixa duvidas quanto à pessoa natural, facilitando desse modo ao estado punir os autores de crime, bem como aos terceiros interessados (credores), promoverem ações judiciais para tutelar e salvaguardar seus interesses. A composição do nome civil obedece a um padrão composto por: Prenome e Sobrenome. Prenome – É o primeiro nome que a pessoa possui. Aquele que é dado ao nascer por escolha de seus pais. Sobrenome, Cognome ou Patronímico – É o apelido de família, transmitidona identificação de parentesco sucessório. Agnome – Serve para diferenciar os membros da mesma família que possuam o mesmo nome; eles são inseridos ao final da composição nominal sob a referência de: filho, Junior, neto, sobrinho, ou ainda por números ordinais: Primeiro, Segundo, Terceiro, etc. Vocatório ou Profissional – É a abreviação do nome completo da pessoa, que visa facilitar a identificação. Por exemplo: Marco Aurélio Mendes de Farias Mello (Marco Aurélio). Não se deve confundir o nome Vocatório com alcunha ou apelido, estes últimos são conhecidos como variações de cognome, que são formas pejorativas ou afetivas de se identificar uma pessoa. A possibilidade de alteração do nome civil mostra-se viável quando demonstrado de modo claro e especifico o motivo que fundamenta o pedido. Em tais hipóteses, a lei autoriza a modificação do nome civil, o que quanto à forma pode se dar pela via administrativa ou judicial. Da Modificação Administrativa: ➢ Maioriadade Civil – Ao completar 18 anos e até o último dia de completar 19 é possível a pessoa natural requerer a alteração de seu nome diretamente ao oficial do cartório do registro civil. Esta é a única possibilidade imotivada de alteração de nome civil. O pedido administrativo poderá ser atendido desde que não prejudique os apelidos da família. ➢ Erros Aparentes de Grafia – Desde que visivelmente tenha ocorrido um erro na posição das letras do nome, ou a inserção a escrita errônea, inversão ou outros erros aparentes no nome civil, é possível a requisição administrativa de sua correção. Da Modificação Judicial: ➢ Nomes Ridículos, Exóticos ou Vexatórios – A lei proíbe que os pais escolham para seus filhos nomes ridículos, vexatórios, que os exponham ao ridículo. Caso tenham surgido nomes atribuídos à pessoa, que exponha a tais circunstâncias, poderá ela requerer a alteração. Demonstrada a motivação pela via judicial. ➢ Vitimas, Réus, Delatores ou Testemunhas de Crimes – Admite-se a mudança de nome em proteção às testemunhas, às vitimas ou aos réus que colaborarem com a justiça no esclarecimento de atos criminosos, sempre que presente a coação ou ameaça. ➢ Uso Prolongado – O uso prolongado e constante de nome diverso que conste do registro de nascimento também justifica a alteração, pois, o prenome imutável é aquele que foi posto em uso, embora não conste no registro. ➢ Alcunha ou Apelido – Na mesma compreensão, pelo uso prolongado do nome, constante e habitual, a lei permite a alteração do nome civil, para inclusão do apelido ou alcunha. Obviamente que a agregação da alcunha atinge apenas o prenome, ampliando-o. ➢ Inclusão do Sobrenome de Ascendente – Estudamos ser possível a inclusão do nome do ascendente quando o interessado requer, administrativamente, dentro de um ano de quando atinge a maioridade civil. Entretanto, poderá ainda requerer a alteração judicial do sobrenome, quando superado aquele prazo, pugnando pela inserção do sobrenome de ascendente, mesmo que este sobrenome não tenha sido usado por uma ou mais gerações. E após inserto o sobrenome do pai, poderá ainda requer a inserção do sobrenome da mãe. ➢ Inclusão de Sobrenome do Padrasto ou Madrasta – No mesmo sentido, é possível a inserção do sobrenome do padrasto ou da madrasta desde que eles concordem. ➢ Homonímia – O interessado deve demonstrar, para que se justifique seu pedido de alteração judicial, que sofre prejuízo, humilhação ou constrangimento por causa da homonímia. Por isso chamamos de homônima depreciativa, pois para se justificar deve depreciar a pessoa quando pronunciado o seu nome. ➢ Alteração do Prenome do Adotado – É facultativo aos pais da criança adotada requerer judicialmente a alteração do prenome do adotado. ➢ Tradução do Nome Estrangeiro – Pode trocar o prenome estrangeiro traduzindo-o para o português com a finalidade de tornar mais clara e precisa a sua identidade civil. ➢ Inclusão ou Exclusão do Sobrenome Do cônjuge – É facultativo aos noivos incluírem o sobrenome do consorte em seu nome civil quando casados. Caso houver divórcio ou anulação do casamento poderão optar por excluir o nome de seu ex cônjuge. ➢ Inclusão ou Exclusão Do sobrenome do Companheiro – Os companheiros são aqueles que vivem em união estável. A união estável é equiparada ao casamento, com garantia constitucional. Devemos lembrar que o STF interpretou ser possível a constituição de união estável por pessoas do mesmo sexo, portanto eles também podem mudar o nome civil. ➢ Concubinato – A lei permite a concubina obtenha o sobrenome do companheiro enquanto durar o concubinato, mas isso só será possível quando houver concordância mútua. ➢ Trangenitalização – A lei permite que a pessoa que mudou de sexo cirurgicamente mude também o seu nome civil. 2- O estado civil A soma das qualificações de uma pessoa na sociedade que indicariam o modo peculiar inerente à uma pessoa, constitui o estado civil, e distingue-se na ordem: Individual – através da descrição física do ser. Cor, altura, sexo, idade, capaz ou incapaz, criança, adolescente ou adulto. Familiar – A indicar sua descrição quanto à solteiro, casado, divorciado, viúvo, bem como graus de parentes e origem da família. Política – Quando a se tratar de brasileiro nato ou estrangeiro. Como o estado esta ligado à pessoa, pode-se afirmar que recebe proteção judicial por suas características: indivisível, indisponível, imprescritível. 3- O domicilio civil Domicilio – É o lugar onde a pessoa civil estabelece sua residência com ânimo definitivo. É a sede jurídica da pessoa, onde ela se presume presente para efeitos de Direito. É o lugar pré-fixado pela lei onde a pessoa presumivelmente se encontra. O domicilio tem caráter definitivo e toda a vida do individuo está concentrada nesse local. O domicílio acontece quando há vínculos jurídicos, ou seja, por exemplo quando há um contrato de serviços como água , luz, telefone, tv a cabo, entre outros. Nesse caso, a sua residência está criando um vínculo jurídico com as empresas que prestam esses tipos de serviços. Por esse motivo, quando um empresa faz um contrato, eles especificam que o contratante é residente e domiciliado naquele endereço de determinada cidade. Residência – Residência é quando a pessoa tem um outro local, onde não mora. Por exemplo: A casa de Praia. Regras de domicilio – I-) Quando a pessoa tem várias residências onde alternativamente vivam, o domicilio é qualquer um deles; II-) Pessoas sem residência habitual, o domicilio é o lugar onde for encontrado; III-) domicilio dos incapazes é o dos seus representantes, da mulher casada é o de seu marido, do funcionário publico é o lugar onde exerce suas funções, do militar é o lugar onde serve, do preso é o lugar onde cumpre sentença, dos oficiais e tripulantes da marinha mercante é o lugar onde o navio está matriculado. • Comoriência, ausência e morte presumida. Comoriência – Quando dois ou mais indivíduos (com relação de sucessão hereditária) vierem a falecer ao mesmo tempo, havendo dúvidas quanto a quem tenha morrido primeiro, a legislação permite a aplicação da presunção de que tenham morrido ao mesmo tempo. Esta regra afasta a incidência da sucessão entre os comorientes. Ausência - O instituto da ausência se aplica quando a pessoa desaparece de seu domicilio sem deixar noticias, tampouco alguém que o represente. As relações jurídicas e o os bens que essa pessoa deixou necessitam de cuidados e administração. Para garantir a continuidade das relações jurídicas e manter a segurança jurídica, o estado permite que a aplicação da morte presumida pela ausência da pessoa,que se pleita em 3 fases: ➢ Declaração da Ausência – A requerimento do interessado ou do representante do ministério publico, o juiz declarará a ausência e nomeará um curador determinando que os bens deixados sejam arrecadados. Para garantir a defesa do ausente, são publicados editais por um ano, a cada bimestre, pondo-se os filhos menores sob tutela, se houver. ➢ Sucessão Provisória – Após um ano do primeiro edital, poderá ser aberta a sucessão provisória, passando-se aos herdeiros a posse dos bens, desde que prestem garantia de devolvê-los integralmente caso o ausente apareça. ➢ Sucessão definitiva – Após dez anos da sucessão provisória, poderão os interessados requererem a sucessão definitiva levantando as cauções que prestaram juízo. Caso o ausente apareça, nos 10 anos seguintes, receberá os bens no estado em que se encontram. Se passado o referido prazo e não surgir sucessor, o espólio passará ao estado por herança jacente. Aberta a sucessão definitiva, a morte presumida extingue o vínculo conjugal. Morte Presumida – A morte presumida pode ser conseqüência de um processo de ausência, ou quando houverem indícios veementes de vida, desaparecimento em campanha, feito prisioneiro, não for encontrado após dois anos do término da guerra.
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