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Aula neoclassicismo

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Neoclássico
 “O período de 1760-1830 que, para os historiadores 
da economia, é o período da Revolução Industrial, 
corresponde, nos livros de História da Arte, ao 
neoclassicismo.” (L. Benevolo)
 As grandes descobertas arqueológicas do século XVIII 
(Herculano, Pompéia, Estabia etc.);
 As escavações realizadas em Atenas, Palmira, Baalbek, 
Roma etc.;
 O trabalho das sociedades acadêmicas na Itália criadas 
por ingleses - a Sociedade dos Antiquários (1717) e a 
Sociedade dos Dilettanti (1734) - e por franceses, que 
permitiram um rico intercâmbio entre artistas e 
estudiosos de diferentes origens.
 A documentação produzida a partir destas 
descobertas arqueológicas transformadas, logo a 
seguir, em inúmeras (e importantes) publicações;
 Destaque para os oito volumes da Le Antichità di 
Ercolano de Karl Jacob Weber (arquiteto e 
engenheiro suíço encarregado das primeiras 
escavações organizadas de Pompéia e Herculano), 
publicados entre 1755 e 1792; 
 Estas obras foram traduzidas em diversas línguas e 
influenciaram, como seria de se esperar, a difusão do 
neoclassicismo no resto da Europa.
 Mas o retorno à “contenção” típica da Antiguidade 
Clássica não se deu apenas em matéria de “gostos”; 
 Esta volta também indicava 
mudanças semelhantes que ocorriam 
em outras áreas: o desenvolvimento 
do racionalismo na filosofia, a 
utilização do grego e do latim 
clássicos como modelos para a 
literatura, a tendência geral de exigir 
regras e princípios claros em todas as 
expressões artísticas etc.
 Para a história da arquitetura, portanto, o 
neoclassicismo do século XVIII foi um movimento 
“reacionário contra os excessos do Rococó e do 
Barroco tardio”;
 Àquela altura, o Barroco, de 
fato, havia “atingido um 
impasse, em que só se afigurava 
possível uma elaboração cada 
vez maior das mesmas ideias”. 
(L. Benevolo)
 E assim, dentre todas as “opções disponíveis”, a 
arquitetura clássica pareceu desde o início como o 
estilo “mais racional” e “mais claramente definido” 
(ou seja, aquele mais compatível com a nova 
racionalidade proposta pelos iluministas). (R. Jordan)
Igreja de São Francisco de Paula, em Nápoles (1824)
 Da mesma forma, o estilo neoclássico também atendia 
perfeitamente aos ideais de grandeza do absolutismo
monárquico (particularmente o francês).
Igreja de La Madeleine 
(Paris), versão do projeto 
de 1806 (Pierre-Alexandre 
Vignon e Jacques-Marie 
Huvé), concluída na 
década de 1830. Foi 
consagrada em 1842 
(após quase virar uma 
estação ferroviária!).
Igreja de La Madeleine 
(Paris)
 De acordo com Benevolo, o neoclássico foi 
introduzido na França a partir da visita do influente 
Marquês de Marigny - junto com o arquiteto 
Jacques-Germain Soufflot (1713-1780) - ao norte 
da Itália em 1748; 
 No retorno à França, artigos 
publicados pelos dois no jornal 
Le Mercur passaram a criticar 
duramente o Rococó, 
“preparando o terreno para o 
neoclássico”.
 Destaque também, neste período, para as obras Ruines de 
Grèce (1758), de Julien-David Le Roi, e a coletânea de 
desenhos do próprio Sufflot e G. P. M. Dumont (1764). 
 Entre 1762 e 1768, é construído em Versalhes o 
Petit Trianon, projeto de Ange-Jacques Gabriel.
Le Petit Trianon (Versalhes)
Le Petit Trianon (Versalhes)
 Contudo, é do próprio Soufflot um dos principais 
projetos neoclássicos de Paris no século XVIII: a 
igreja – de planta centrada - de Sainte-Geneviève, 
construída em 1756.
Igreja de Sainte-Geneviève / Panteão (Paris)
 Renomeada após a 
Revolução Francesa, passou 
a ser conhecida desde então 
como o “Panteão”.
Igreja de Sainte-Geneviève / Panteão (Paris)
Igreja de Sainte-Geneviève / Panteão (Paris)
 A cúpula de Sainte-Geneviève eleva-se sobre uma 
parede quase inteiramente lisa (pois as janelas 
originais foram tapadas em 1791 por Quatremère
de Quincy).
 A iluminação interior do Panteão é extremamente 
suave (outro êxito de Quatremère de Quincy) e o 
traçado dos pendentes e arcos realmente “admirável”.
Igreja de Sainte-Geneviève / Panteão (Paris)
 Após funcionar como uma 
igreja por pouco tempo, foi 
então transformada num 
mausoléu para os grandes 
nomes da cultura e ciência 
da França: Voltaire, 
Rousseau, Victor Hugo, 
Marie Curie etc. 
Detalhe da fachada principal do “Panteão” de Paris
 A Revolução Francesa, por sinal, embora tenha 
interrompido temporariamente, não chegou a alterar 
substancialmente os “ideais arquitetônicos do 
absolutismo”;
 Na verdade, pouco depois, já sob o 
governo de Napoleão Bonaparte 
(1799 – 1815), estes valores foram 
reafirmados. 
 De fato, enquanto Napoleão 
governou a França com o título 
de imperador (1804-1815), foi 
dada uma ênfase especial ao 
estilo clássico.
Napoleão como o deus Marte 
(Antonio Canova, 1802-1806)
 Napoleão, que gostava de ser retratado como o 
sucessor dos imperadores romanos, foi nomeado “Rei 
da Itália” (em 1805) e logo fez de Roma a segunda 
capital do Império;
 Dessa forma, como símbolo do 
mais poderoso império do 
passado europeu, a cidade de 
Roma sofreu diversas 
intervenções de restauro.
Napoleão com a coroa de Rei da Itália
 Curiosidade: em 1795, Napoleão obrigou o papa Pio 
VI a autorizar o envio à França de um conjunto de 
preciosidades da antiguidade romana, reunidas sob o 
nome “bouquet de Napoléon”. Estavam incluídas 
neste “bouquet”: o Apolo de Belvedere, o conjunto 
de Laocoonte, o torso de Belvedere, diversas pinturas 
de Rafael etc.
 Ao mesmo tempo, um gosto pela antiga cultura 
romana tornou-se moda em Paris, tanto na vida social, 
quanto no teatro e, é claro, também nas artes em geral. 
“Antiochus e Stratonice”, de Jean Auguste Ingres (1840)
 Um dos melhores exemplos do uso do neoclássico 
por Napoleão: o “espetacular” Arco do Triunfo, obra 
de Jean-François Chalgrin (1739-1811), inaugurado 
em 1808.
Detalhes do Arco do Triunfo de 
Paris
Detalhes do Arco do Triunfo de 
Paris
 Este monumento - o maior de 
todos os arcos do triunfo – ainda 
domina o longo eixo dos 
Champs-Elyseés (apesar de 
prejudicado por sua situação 
atual tão inadequada, rodeado 
por inúmeras avenidas...);
 Como diz Benevolo, o arco de 
Napoleão “quase torna concreto 
o ideal de grandeza”. 
 Outro exemplo: a coluna de 
Napoleão na Place
Vendôme, baseada na 
coluna de Trajano em 
Roma;
 Foi construída entre 1806 e 
1810 em comemoração à 
vitória na Batalha de 
Austerlitz (1805).
Coluna de Trajano 
(Roma) – 113 d.C.
Coluna de Trajano 
(Roma) – 113 d.C.
Coluna de Napoleão 
(Paris)
Coluna de Napoleão 
(Paris) – 1806/1810
Coluna da Place
Vendome, parcialmente 
demolida em 1814, 
reconstruída na década 
de 1830, destruída na 
revolta da Comuna de 
Paris em 1871 e 
novamente “restaurada” 
em 1873.
Arc de Triomphe du Carrousel (1806-1808), obra de Charles Percier e Pierre-François 
Fontaine na Place du Carrousel (um dos 3 arcos entre o Louvre e La Défense )
 A obra mais importante para a difusão do 
neoclassicismo na Inglaterra teria sido o volume de 
1763 de Robert Adam: The Ruins of the Palace of 
Diocletian, recheado de impressionantes gravuras 
que fariam de seu autor o líder do movimento 
neoclássico inglês. 
Pranchas da publicação de 
Robert Adams, “As Ruínas 
do Palácio de Diocleciano”
Vista atual do Palácio de Diocleciano (Croácia)
 Na Inglaterra, contudo, oambiente é bem “menos 
ambicioso” e muito mais “descontraído” do que o 
francês; 
 Este “informalismo” inglês pode ser explicado tanto 
por sua estrutura social e política (menos rigorosa, 
com um maior equilíbrio entre a monarquia, a 
nobreza e a classe média), como também pela força 
da tradição inglesa no domínio da construção.
 Apesar das típicas aldeias e propriedades rurais 
permaneceram quase inalteradas, vamos encontrar na 
Inglaterra, a partir deste momento, uma série de 
“autênticos arquitetos” que se lançam em projetos de 
acordo com a tradição clássica. 
 Benevolo: “Enquanto os arquitetos de Napoleão 
tentavam transformar Paris numa cidade digna de 
César, Londres deixava de ser uma cidade 
provinciana do Norte (...) para se transformar numa 
grande capital. Não havia, nem poderia haver, em 
Londres, a sabedoria clássica dos franceses ou a 
escala monumental de Paris, mas a seu modo – o de 
uma classe média culta e bem instalada – deu o seu 
contributo”.
 Destaque inicial para o trabalho dos dois John Wood, 
pai e filho, na estância termal e recreativa de Bath ao 
longo do século XVIII;
 Nascido em Bath, John Wood (o pai), além de 
arquiteto, era também um empreendedor e próspero 
homem de negócios; 
 O seu desejo era o de transformar a pequena cidade de 
Bath, já conhecida por suas águas termais, em uma 
“Roma britânica”.
John Wood, “the Elder” 
(1704-1754)
 Curiosidade: a cidade de Bath (“banho” em inglês) 
havia sido uma importante cidade romana, Aquae Sulis
(famosa por seus banhos públicos com águas termais, 
construídos por volta do ano 75 de nossa era), 
conservando até hoje importantes vestígios 
arquitetônicos e arqueológicos desse período.
 Entre 1727 e 1780, os Wood criaram dois importantes 
tipos de construção: os terraces (filas de típicas casas 
inglesas, alinhadas e padronizadas, que se tornaram um 
protótipo para ruas e praças na Grã-Bretanha por mais 
de um século) e uma série de “espaços harmoniosos, 
mas contrastantes” que ficaram na história como bons 
exemplos de arquitetura urbana: Queen Square, Gay 
Street, o Royal Circus e o Royal Crescent.
Conjunto de terraces de John Wood em Bath (Inglaterra)
 Com suas construções voltadas para o alojamento e 
entretenimento dos visitantes, os Wood realmente 
transformaram Bath e tornaram sua arquitetura um 
marco de referência para o resto da Europa.
Royal Crescent (1767-1774): 
conjunto de 30 casas em Bath
Royal Crescent (Bath)
Royal Crescent (Bath)
Royal Crescent
(Bath)
The Royal Circus (começado por John Wood pai e 
concluído pelo filho) – Bath (Inglaterra)
Royal Circus
Royal Circus (Bath)
Queen Square em 1784
Queen Square no final do século XVIII (Bath)
Queen Square (vista do North Terrace) em Bath
Queen Square (vista atual) em Bath
 Porém, a relação entre arquitetos, patronos e 
construtores passaria por rápidas mudanças na 
Inglaterra; 
 Com “a nova ênfase dada à elegância, à pureza, à 
precisão”, a arquitetura tornava-se, cada vez mais, uma 
“matéria de estudiosos” e não mais algo deixado sob 
os cuidados de “construtores amadores”; 
 Isso explica a importante evolução que ocorreu logo a 
seguir na arquitetura inglesa e que traria a principal 
contribuição deste país para o neoclassicismo: o 
movimento palladiano (Andrea Palladio, 1508-1580).
“Pontes palladianas”: jardins da 
Wilton House (1736/7), jardins da 
Stowe House (c.1742) e no Prior Park 
(c.1740).
 Os seus expoentes máximos foram: William Kent
(1685-1748), Lord Burlington (1694-1753), 
William Chambers (1723-1796) e Robert Adam
(1728-1792); 
 Robert Adam, como veremos, foi o responsável 
pela “ligação com o puro Romantismo, clássico e 
gótico, que nos leva até ao século XIX”. (Benevolo)
 Com alas extensas, torres nos cantos e diferentes 
pavilhões, cada secção deste edifício relativamente 
complexo constitui “uma experiência independente 
de purismo no estilo clássico palladiano”. 
 O grande projeto de William Kent para 
Holkham Hall – “uma obra-prima austera” -
em Norfolk, foi começado em 1734; 
Vista aérea do Holkham Hall
Planta baixa do Holkham Hall
Fachada do Holkham Hall 
voltada para o jardim
Interior do Holkham Hall (Marble Hall)
Interior do Holkham
Hall: o vestíbulo 
(Saloon)
Interior do Holkham Hall: a galeria de estátuas (todas romanas, esculpidas entre os 
séculos I e III): a maior coleção residencial na Grã-Bretanha
Interior do Holkham Hall: uma das três bibliotecas
Interior do Holkham Hall: Sala das Paisagens
Interior do Holkham Hall: a capela
 Kent, além disso, foi também um dos precursores do 
tradicional jardim de estilo inglês, sendo responsável 
pelos projetos paisagísticos de diversas edificações: 
Chiswick House (de Lord Burlington), 
Buckinghamshire, o do próprio Holkham Hall etc. 
Jardins da Chiswick House
Vistas dos jardins da 
Chiswick House
Treasury Building em Whitehall (1733-1737), também um projeto de William Kent
 Lord Burlington, apesar de rico aristocrata, também 
gostava de atuar como arquiteto (e não era o único!);
 Isso demonstra a curiosa situação em 
que se encontrava a prática arquitetônica 
inglesa no início do século XVIII: estava 
em risco de se tornar “uma mera arte 
delicada”, enquanto a grand tour (a 
viagem pela Europa, considerada um 
complemento indispensável dos estudos 
superiores) perigava tornar-se um “mero 
passeio turístico”. 
 Chiswick House (c.1725), foi a villa que Lord
Burlington criou para si mesmo, próximo a Londres;
 Colocada simetricamente sobre uma plataforma, com 
“complicadas escadarias” e um pórtico, este edifício 
tem “um encanto especial” por imitar a Villa Rotonda
de Palladio. 
Chiswick House, de 
Lord Burlington
Villa Rotonda de Palladio
Vista áerea de 
Chiswick House
Planta baixa de 
Chiswick House
Chiswick House: fachada oeste
Interiores de Chiswick House
Interiores de Chiswick House
Chiswick House: Velvet Room (Salão Vermelho)
 Porém, como está situada a uma latitude norte de 
51° , ela obviamente funciona muito mal como 
habitação... 
 Também de Burlington foi o projeto dos Assembly
Rooms, na cidade de York (1731-1732);
 Este projeto hoje é tido por autores contemporâneos 
como um exemplo “mal proporcionado” (ou seja, o 
entablamento divide o interior praticamente ao meio), 
numa evidência das limitações de Burlington como 
arquiteto...
Interior do Assembly Rooms
 De Robert Adam, destacamos, de início, 
uma longa série de grandes casas de 
campo: Harewood House (c.1761, em 
Yorkshire), Croome Court (em 
Worcestershire), Bowood (em Wiltshire) 
etc.
Harewood House
Harewood House
(Yorkshire)
Croome Court
(Worcestershire)
Croome Court no inverno...
 Mas, de acordo com Benevolo, é como “decorador 
exímio” que R. Adam deve ser lembrado; ou seja, 
por seus projetos de mobiliário, tapetes, lareiras de 
mármore, tetos de estuque etc.
Projetos de Robert Adam
Projetos de Robert Adam
 De fato, a partir da segunda metade do 
século XVIII, a Inglaterra vivia uma “época 
consciente de um requinte recentemente 
descoberto” e Robert Adam (junto com seu 
irmão James), neste aspecto, representou um 
importante papel; 
 Robert Adam, portanto, introduziu o 
requinte no mobiliário da casa inglesa, 
atendendo uma clientela aristocrática que 
foi, praticamente, “a última geração que se 
preocupou com a elegância clássica”.
Sala de jantar de LansdowneHouse (1765-1767)
Sala de jantar de Lansdowne House (1765-1767)
Hall de entrada de Osterley Park House
Interiores da Kenwood House
 Outro arquiteto inglês muito importante no período 
foi John Nash (1752-1835), que destacou-se 
principalmente como urbanista; 
 Entre 1812 e 1827, Nash realizou um grande 
complexo de parques, ruas, terraces, praças e igrejas 
na região do West End de Londres, desde Regent’s
Park (ao norte) até St. James’s Park (ao sul).
Cumberland Terrace
Hannover Terrace
O Neoclássico na Inglaterra
Carlton House Terrace
O Neoclássico na Inglaterra
Carlton House Terrace
 Com este projeto, Nash transformou Londres “numa 
grande cidade cosmopolita”, transferindo o seu 
centro do “velho labirinto de ruas largas e estreitas da 
City e do Soho” para as zonas elegantes de St. 
James’s e Mayfair. 
Cornwall Terrace
Cumberland Terrace
O Neoclássico na Inglaterra
Park Crescent (Londres)
O Neoclássico na Inglaterra
Park Crescent
O Neoclássico na Inglaterra
Park Crescent (Londres)
 O plano de Nash para Londres consistiu basicamente 
dos seguintes elementos: (1) os 10 terraces à volta do 
Regent’s Park; (2) a incorporação do Portland Place, 
de Robert Adam; (3) a criação de uma Royal Mile
completamente nova, composta pela Upper e Lower
Regent Street; (4) a praça do Piccadilly Circus; (5) a 
Waterloo Place; (6) a Carlton House Terrace e (7) o 
St. James’s Park, assim como uma série de ruas e 
espaços adjacentes; 
 Dentro deste grande plano, Nash foi o arquiteto de 
quase todos os edifícios.
A praça de Picadilly Circus (Londres) – final do século XIX
Picadilly Circus (Londres) - atual
Waterloo Place (em 1830)
Waterloo Place (atual)
 A arquitetura de Nash – tal 
como se pode ver nos 
terraces ao longo do 
Regent’s Park – é “alegre, 
versátil e despreocupada”. 
(L. Benevolo)
Hannover Terrace
 O traçado das ruas criadas por Nash tinha grande 
qualidade: as retas e as curvas, por exemplo, “eram 
cuidadosamente demarcadas com pequenas torres de 
canto”.
Regent Street em 1822
Regent Street (atual)
Regent Street (atual)
 O Quadrant, que ligava Regent Street a Piccadilly
Circus, “contava-se entre as melhores soluções deste 
gênero na Europa”. 
Quadrant (c.1830)
Quadrant (c.1830) – destaque para a 
colunata bastante original
 Comparando os terraces de Regent’s Park com as ruas 
equivalentes de Bath (mas de uma geração anterior de 
projetistas), “é visível a mudança operada na 
arquitetura”. 
Royal Crescent (Bath) de John 
Wood (filho)
Cumberland Terrace (Nash)
 No resto da Europa, percebemos que o Classicismo, 
assim como na França napoleônica, foi adotado 
“como a materialização dos ideais autocráticos”.
Alte Pinakotheke (Munique: 1826-1836), de Franz Leo von Klenze
Alte Pinakotheke (Munique: 1826-1836), de Franz Leo von Klenze
Portão de Brandenburgo (Berlim), inaugurado em 1791
 Obras como essas, na Alemanha, nas palavras de 
Benevolo, “aspiram (...) mais à monumentalidade 
que ao encanto”. 
Teatro São João (RJ)
José da Costa e Silva (1813)
Palácio dos 
Governadores-Gerais do 
Grão-Pará (Belém)
Antônio José Landi 
(1762-1768)
Na segunda metade do 
século XVIII surgem os 
primeiros edifícios com 
influência neoclássica, 
mesclando o barroco com 
alguns detalhes clássicos.
Paço da Associação Comercial da Bahia (1816/1817): Cosme Damião da Cunha Fidié
Missão Artística Francesa (1816)
Academia Imperial de Belas-Artes do RJ (Grandjean de Montigny – 1826)
 Para o espírito iluminista, as “tradicionais 
formas renascentistas” justificavam-se por 
duas razões principais: (1) o fato de que 
correspondiam aos antigos modelos greco-
romanos (que agora eram estudados com um 
maior rigor científico) e (2) o fato de que a 
racionalidade das formas clássicas acabavam 
favorecendo os construtores naquelas 
situações em que os elementos tradicionais 
(colunas, arquitraves etc.) podiam ser 
assimilados mais facilmente pelos elementos 
construtivos (pilares, vigas etc.). 
 Ou seja, o progresso da técnica construtiva tornou 
“mais precisos os raciocínios de construção” e o 
próprio funcionamento dos elementos construtivos; 
 Com isso, as “regras tradicionais” começam a sofrer 
um processo de “retificação” e também algumas 
restrições;
Museu de Belas-Artes de 
Budaeste
 Exemplos: (a) uma coluna seria 
justificada somente quando 
estivesse isolada (e não mais 
embutida); (b) o frontão só se 
justificava quando havia por trás 
um telhado e assim por diante. 
 O “sistema da arquitetura tradicional” 
(principalmente a academia), contudo, não estava 
preparado para lidar com críticas e/ou exigências 
dessa natureza; 
 Como diz Benevolo: “o caráter 
de necessidade que era 
atribuído (...) aos elementos 
clássicos, não podia mais ser 
sustentado” (pelo menos com os 
tradicionais argumentos) pelos 
arquitetos em seus projetos. 
 Diante do impasse, os defensores do neoclássico 
dividiram-se em grupos que usavam três possíveis 
argumentos para justificar sua posição:
Os que defendiam as “supostas leis eternas da 
beleza”, posição adotada por teóricos que seguiam 
as ideias de Winckelmann e por membros mais 
“radicais” da Academia, preocupados “em pôr a 
salvo a autonomia da cultura artística”.
1.
Canova: “Cupido e Psichè”
 Os artistas vinculados a este grupo tendiam a fazer 
uma imitação bem mais rigorosa dos antigos 
monumentos e obras de arte (exemplos: o italiano 
Antonio Canova (1757-1822), o dinamarquês Bertel
Thorvaldsen (1770-1844), o francês Louis-Pierre 
Baltard (1764-1846) etc.). 
Antigo Fórum de Lyon 
(França) – L.P. Baltard
(1835)
Perseu com a cabeça de 
Medusa (1801) – A. Canova
Hércules e Licas (1795) – A. 
Canova
Os que defendiam o papel da arte como “veículo para 
inculcar as virtudes civilizadas” na sociedade. Sob 
esta ótica, as formas antigas serviriam justamente 
para lembrar os “nobres exemplos da história grega e 
romana”;
2.
Esta postura foi característica da geração envolvida 
na Revolução Francesa (tais como Ledoux). Seus 
defensores adotavam a arte como “profissão de fé 
política”, produzindo às vezes uma “excitação 
expressiva peculiar”, como a encontrada nos projetos 
fantásticos de Boullée.
Por fim, havia aqueles que atribuíam a manutenção 
do repertório clássico simplesmente à moda ou ao 
hábito. Ou seja, para eles o neoclassicismo seria 
apenas uma mera convenção, à qual não era atribuída 
qualquer significado especial.
3.
De acordo com Benevolo, a origem desta postura 
pode ser traçada às escolas de engenharia, onde se 
graduavam, a partir daquele momento, a maior parte 
dos projetistas.
Downing College, Cambridge 
(1807-21) de William Wilkins
 Os membros do primeiro e do segundo grupo foram 
“uma minoria culta e batalhadora”, que atribuíam ao 
neoclassicismo um “valor cultural inquestionável”; 
 O seu neoclassicismo pode ser chamado de 
“neoclassicismo ideológico”. (L. Benevolo)
Igreja de St. Philippe-du-Roule (Paris), projeto 
de Jean François Chagrin (1774-1784), mesmo 
arquiteto do Arco do Triunfo de Paris
 Os membros do terceiro grupo (ou seja, os 
construtores), por sua vez, ao manterem o uso dos 
elementos clássicos sem perder muito tempo com as 
discussões a respeito das questões formais/estéticas 
do estilo, conseguiram dedicar-se com mais afinco a 
desenvolver de modo científico (como exigia a 
cultura técnica da época) os problemas práticos de 
distribuiçãoe construção;
 Eles praticavam o que Leonardo Benevolo chamou 
de “neoclassicismo empírico”.
 A partir do início do século XIX, “duas posições 
opostas, ambas extremas e representadas por um 
instituto oficial, se confrontavam na França”: a École
des Beaux-Arts e a École Polytechnique, ambas em 
Paris; (S. Giedion)
 A École des Beaux-Arts, criada em 1803 por 
Napoleão (uma das 5 instituições que compunham o 
Institut de France), tinha um programa que cobria toda 
a área das artes plásticas, mantendo “aquela unidade 
entre a arquitetura e as outras artes que no período 
barroco havia sido tão completa quanto espontânea”, 
mas que, infelizmente, fomentou “um isolamento 
crescente das artes em relação às condições da vida 
cotidiana”.
 A École Polytechnique (fundada em 1794), por sua 
vez, oferecia “uma formação científica uniforme 
para as escolas técnicas avançadas” – l’école des
ponts et chaussées, l’école des mines, l’école de 
l’artillerie etc. – contando com ilustres matemáticos, 
físicos e químicos em seu quadro docente;
 S. Giedion: “a École Polytechnique desempenhava 
o importante papel de combinar a ciência teórica à 
prática. O fato de ter influenciado diretamente a 
indústria é irrefutável”.
 A existência em separado dessas duas Écoles, 
portanto, era um reflexo – e também um agente 
fomentador – da crescente “cisão entre arquitetura e 
construção” que seria observada ao longo do século 
XIX e que, por sua vez, “criaria a demanda por uma 
nova arquitetura”; (S. Giedion)
 De fato, as questões mais discutidas na época 
surgiam das controvérsias entre estas duas escolas: 
(1) Que princípios deve seguir a formação de um 
arquiteto?; (2) Qual a relação entre o engenheiro e o 
arquiteto? (3) Quais as atribuições específicas de 
cada um? (4) Eles constituem uma só pessoa? 
 Na École Polytechnique, o curso de 
arquitetura (a partir de 1795) foi 
ministrado por Jean-Louis Nicolas 
Durand (1760-1834), arquiteto e 
discípulo de Étienne-Louis Boullée; 
 Ele empregou o “legado complexo e eminentemente 
teórico” do neoclássico para transmitir à geração 
seguinte um sistema de regras racionais e práticas, 
adaptada ao grande número de tarefas que agora se 
apresenta aos construtores.
 Para Durand, o objetivo da arquitetura, era “a 
utilidade pública e particular, a conservação, o bem-
estar dos indivíduos, das famílias e da sociedade”; 
 E os meios que a arquitetura deveria empregar para 
atingir estes objetivos eram: a conveniência e a 
economia;
 A conveniência impunha que o edifício fosse 
sólido, salubre e confortável; a economia, que ele 
tivesse uma forma tão simples, regular e simétrica 
quanto fosse possível.
 Durand passou a criticar, por 
exemplo, a noção tradicional das 
ordens clássicas: “é preciso concluir, 
necessariamente, que as ordens não 
formam, de fato, a essência da 
arquitetura; que o prazer que se extrai 
de sua utilização e da decoração que 
daí resulta não existe; que essa 
mesma decoração é uma quimera e as 
despesas a que leva constituem uma 
loucura”.
 Ou seja, para Durand a beleza agora “deriva 
necessariamente da coerência com que o arquiteto 
atinge seu escopo utilitário”, e a “verdadeira” 
decoração, portanto, resulta da disposição mais 
conveniente e mais econômica dos elementos 
estruturais. 
Prancha do “Compêndio das 
Lições em Arquitetura”, 
publicado por Durand em 1805, 
tornando-se um dos tratados de 
arquitetura mais influentes do 
século XIX.
 Enfim, Durand, adotando um raciocínio 
“rigorosamente lógico” entende que “nada impede 
que elas [as formas clássicas] sejam determinadas 
lançando-se mão das formas (...) extraídas dos 
edifícios antigos”, mas “uma vez que estas variam 
um tanto nos edifícios gregos imitados pelos 
romanos e naqueles, por sua vez, imitados pelos 
povos modernos da Europa, estamos livres para 
escolher entre estas as formas e as proporções que, 
sendo as mais simples, são mais adequadas a 
satisfazer o olho e o espírito, favorecendo a 
economia do edifício”. 
 Ele efetua, assim, uma espécie de “seleção das 
formas” tradicionais, dando preferência justamente às 
mais “simples e esquemáticas”, aplicadas a esquemas 
modulados (uma ideia que antecipou a moderna 
noção de industrialização da construção).
Prancha do “Compêndio das 
Lições em Arquitetura”, 
publicado por Durand em 1805, 
tornando-se um dos tratados de 
arquitetura mais influentes do 
século XIX.
 Em seu tratado “Compêndio das 
Lições em Arquitetura” (1805), 
estão expostas as principais 
características da arquitetura 
defendida por Durand: o modo 
de composição por justaposição, 
a independência da estrutura em 
relação aos acabamentos, a 
preferência por cotas em 
números “redondos” e pelas 
formas elementares, que reduzem 
ao mínimo as escolhas dos 
projetistas.
 Ou seja, nesse tratado, Durand já prenunciava toda a 
produção dos engenheiros do século XIX!
 Estas características serão encontradas mais tarde, na 
França, nas obras de Eiffel, de Contamin, de 
Hennebique etc.
Grand Hotel Trajan (1882), na 
Romênia (projeto e construção de 
Gustave Eiffel: estrutura metálica, 
elementos pré-fabricados, 
divisórias em madeira e vidro etc.)
 Em resumo: ao longo do século XIX, os engenheiros 
fazem progredir a técnica das construções e 
“preparam os meios de que se irá servir o movimento 
moderno”;
 Porém, ao mesmo tempo, colocam sobre esses meios 
“uma pesada hipoteca cultural, associando a eles uma 
espécie de indiferença pela qualificação formal”. 
 Contudo, observamos que a associação do gosto 
clássico à prática construtiva tem resistido bravamente 
ao passar do tempo, como demonstram inúmeros 
projetos em vários cantos do mundo...
Teatro do Champs-Elysées (Paris, 1913), 
de Auguste Perret
Palais d’Iéna (Paris, 1936),
projetos de Auguste Perret
Universidade Federal do Paraná 
(UFPR) – prédio de 1912
American Bank Note Company –
NY – projeto de Kirby, Petit & 
Green (1912)
Schermerhorn Symphony Center (Nashville, EUA – 2006)
Quinlan Court, projeto de Quinlan Terry (Danbury, Inglaterra) - 2011 
BENEVOLO, Leonardo. Historia da arquitetura moderna. 
São Paulo: Perspectiva, 1994.
GIEDION, Siegfried. Espaço, tempo e arquitetura: o 
desenvolvimento de uma nova tradição. São Paulo: Martins 
Fontes, 2004.
JORDAN, Robert Furneaux. História da Arquitetura no 
Ocidente. São Paulo: Editorial Verbo, 1985.
PEVSNER, Nikolaus. Panorama da Arquitetura Ocidental. 
São Paulo: Martins Fontes, 2002.

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