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Pratica simulada caso concreto 11

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CENTRO​ ​UNIVERSITÁRIO​ ​ESTÁCIO​ ​DE​ ​SÁ 
DIREITO-​ ​MATUTINO 
6​ ​ª​ ​FASE 
ALUNA:​ ​JULLY​ ​ANNE​ ​FERNANDES 
 
 
 
EXCELENTÍSSIMO​ ​SENHOR​ ​DOUTOR​ ​JUIZ​ ​DE​ ​DIREITO​ ​DA​ ​1ª​ ​VARA​ ​CÍVEL​ ​DA 
COMARCA​ ​DE​ ​ANÁPOLIS/GO 
 
 
 
 
PROCESSO​ ​NÚMERO 
 
 
 
 
JOÃO PINHO, ​já qualificado, por seu advogado representado, com 
endereço profissional na (endereço completo), a quem deve ser intimado para a 
continuidade dos atos processuais, nos autos da AÇÃO DE ANULAÇÃO DE 
NEGÓCIO JURÍDICO, pelo PROCEDIMENTO COMUM, movida por XYZ, vem 
cordialmente​ ​apresentar 
 
CONTESTAÇÃO 
 
Para​ ​que​ ​possa​ ​expor​ ​e​ ​requerer​ ​o​ ​que​ ​segue. 
 
 
 
I-​ ​PRELIMINARES 
 
I.a)​ ​DA​ ​INCOMPETÊNCIA​ ​DO​ ​JUÍZO 
 
Inicialmente, cumpre salientar que este juízo é incompetente para julgar o 
mérito em questão, já que se trata de ação de Direito Pessoal, e como aduz o 
art.46 do NCPC, o local correto para incidir esta Ação é o de DOMICÍLIO DO 
RÉU, qual seja a cidade de GOIÂNIA, GO, para que sejam cumpridos os 
princípios de celeridade e economia processual, além de que se facilita a defesa 
do​ ​réu. 
Portanto, desde logo requer-se que os autos sejam remetidos para o juízo 
competente​ ​para​ ​o​ ​julgamento​ ​desta​ ​ação. 
 
I.b)​ ​DA​ ​INÉPCIA​ ​DA​ ​PETIÇÃO​ ​INICIAL 
 
Verificou-se, desde o início que na Petição Inicial não consta a 
documentação necessária para que se comprove a representação do autor por 
um​ ​advogado​ ​constituído. 
Assim como versa o art. 337, IV, existe aqui o vício de representação, 
cabendo​ ​inclusivo​ ​a​ ​incidência​ ​do​ ​art.​ ​485,​ ​IV,​ ​​in​ ​verbis​: 
 
Art.​ ​485.​ ​​ ​O​ ​juiz​ ​não​ ​resolverá​ ​o​ ​mérito​ ​quando: 
IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e 
de​ ​desenvolvimento​ ​válido​ ​e​ ​regular​ ​do​ ​processo; 
 
Destarte, há que se pleitear que o vício seja sanado, sob pena de 
extinção​ ​do​ ​processo​ ​sem​ ​resolução​ ​do​ ​mérito. 
 
 
 
I.c)​ ​DO​ ​LITISCONSÓRCIO​ ​NECESSÁRIO 
 
Por se tratar de AÇÃO DE NEGÓCIO JURÍDICO, está claro que deve 
figurar no polo passivo da demanda todos os interessados no assunto, conforme 
os artigos 114 e 115, II, do NCP, sob pena de incidência do Parágrafo único no 
artigo 115, que prevê inclusive a extinção do processo, caso não sejam incluídos 
todos​ ​que​ ​devam​ ​ser​ ​litisconsortes. 
Assim sendo, desde logo requer a inclusão de MARA PINHO e MARTA 
PINHO​​ ​no​ ​polo​ ​passivo​ ​da​ ​presente​ ​demanda​ ​judicial. 
 
II-​ ​​ ​DA​ ​DECADÊNCIA 
 
Veja, Excelência, que, conforme será relatado posteriormente e será 
devidamente provado nos autos, não há o que se falar em FRAUDE CONTRA 
CREDORES. Mas, ainda que fosse esse o caso em questão, o autor já não teria 
o direito de ajuizar ação contra o réu, uma vez que já se extrapolou o prazo 
decadencial para este tipo de demanda, conforme consta no artigo 178, II, do 
Código​ ​Civil,​ ​​in​ ​verbis​: 
 
 
Art. 178​. É de quatro anos o prazo de decadência para 
pleitear-se​ ​a​ ​anulação​ ​do​ ​negócio​ ​jurídico,​ ​contado: 
II ​- no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de 
perigo​ ​ou​ ​lesão,​ ​do​ ​dia​ ​em​ ​que​ ​se​ ​realizou​ ​o​ ​negócio​ ​jurídico; 
 
 
Conforme evidenciado através do registro da Doação dos Imóveis, o 
negócio foi consumado em 06 de janeiro de 2012 e o ajuizamento da questão se 
deu somente em 08 de novembro de 2016. O autor se manteve inerte por 10 
meses​ ​além​ ​do​ ​prazo​ ​legalmente​ ​previsto. 
Destarte, requer-se que se aplique o previsto no inciso II do artigo 487, 
que​ ​versa: 
 
Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o 
juiz: 
II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a 
ocorrência​ ​de​ ​decadência​ ​ou​ ​prescrição; 
 
 
 
III-​ ​DO​ ​MÉRITO 
 
Consta, em face de inicial, que o sr. João Pinho, fiador do contrato de 
locação entre o sr. Mario Vargas desde 05 de março de 2008, e que hoje vigora por 
prazo​ ​indeterminado. 
Em 06 de janeiro de 2012, o sr. João, em ato de mera liberalidade, fez a 
doação em vida de dois imóveis, situados na Rua Arboredo 324, apartamentos 307 e 
505, e que são o alvo desta ação, um para cada uma de suas filhas. Ambos os imóveis 
foram,​ ​inclusive,​ ​adquiridos​ ​para​ ​esse​ ​fim. 
O autor alega em seu pedido que este ato caracteriza fraude contra 
credores,​ ​e​ ​por​ ​isso,​ ​requer​ ​a​ ​anulação​ ​da​ ​doação. 
Veja, Excelência, que à época do fato, o réu não era insolvente, e que 
optou pela doação antecipada da herança à suas filhas, conforme prevê o Código Civil, 
no​ ​artigo​ ​544,​ ​e​ ​portanto,​ ​nada​ ​há​ ​de​ ​ilegal​ ​em​ ​sua​ ​conduta. 
 
Art. 544. A doação de ascendentes a descendentes, 
ou de um cônjuge a outro, importa adiantamento do que 
lhes​ ​cabe​ ​por​ ​herança. 
 
Para que se caracterize a fraude contra credores, como alega o autor, é 
imprescindível que o doador já se encontre em fase de insolvência, o que não era o 
caso do réu, de tal modo que não há o que falar em fraude. Tal entendimento já é 
pacificado​ ​entre​ ​os​ ​tribunais.​ ​Vejamos: 
 
Processo AC 70073698185 RS Orgão Julgador 
Décima Quinta Câmara Cível Publicação Diário da Justiça do 
dia 15/08/2017 Julgamento 9 de Agosto de 2017 Relator 
Adriana da Silva Ribeiro Ementa ​APELAÇÃO CÍVEL. 
DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. AÇÃO 
PAULIANA. FRAUDE CONTRA CREDORES. NÃO 
CONFIGURADA. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA 
MANTIDA​. 1. No caso, da análise das razões recursais, 
percebe-se que estas atacam os fundamentos da sentença, 
em atendimento ao disposto no artigo 1.010, II, do CPC, o 
qual confere ao apelante, quando da interposição do recurso, 
a obrigação de rebater as questões que justificariam a 
reforma da sentença, explanando os fundamentos de fato e 
de direito pelos quais entenda deva ser reformada a 
sentença recorrida. ​2. Para a configuração da fraude 
contra credores são necessários, em regra três 
requisitos: a) a anterioridade do crédito; b) a existência 
de dano ao direito do credor (eventus damni), o que se 
constata a partir da demonstração do estado de 
insolvência do devedor; e c) o consenso entre o devedor 
e o adquirente (consilium fraudis). Circunstância dos autos 
que não permite concluir a existência dos requisitos 
necessários ao reconhecimento do ato fraudulento, de modo 
que merece ser mantida a sentença de improcedência. 
PRELIMINAR CONTRARRECURSAL REJEITADA. 
RECURSO DE APELAÇÃO DESPROVIDO. (Apelação Cível 
Nº 70073698185, Décima Quinta Câmara Cível, Tribunal de 
Justiça do RS, Relator: Adriana da Silva Ribeiro, Julgado em 
09/08/2017). 
 
Veja que surpresa desagradável para o réu quando foi notificado por essa 
ação descabida, quando sua intenção era tão somente ​PRESENTEAR SUAS FILHAS 
COM UM APARTAMENTO PARA CADA, atendendo ao último pedido de sua 
esposa no leito de morte, sendo impensável que se admita o acolhimento do 
pedido​ ​infundado. 
 
IV-​ ​DO​ ​PEDIDO 
 
Ante​ ​o​​exposto,​ ​cordialmente,​ ​requer: 
 
1- O acolhimento da preliminar de Incompetência, com o envio dos autos ao juízo 
competente; 
2- O acolhimento do pedido para que seja sanado o vício de representação, e caso não 
seja​ ​sanado,​ ​que​ ​seja​ ​extinto​ ​o​ ​processo​ ​sem​ ​resolução​ ​de​ ​mérito; 
3- Que sejam incluídas no polo passivo da demanda as senhoras Mara Pinho e Marta 
Pinho, por se tratar de litisconsórcio necessário, e caso não sejam incluídas, que se 
extinga​ ​o​ ​processo​ ​conforme​ ​artigo​ ​115,​ ​inciso​ ​II​ ​do​ ​NCPC; 
4- Requer, ainda, que seja reconhecida a DECADÊNCIA, e consequente extinção do 
processo; 
5- Que seja INDEFERIDO o pedido de ANULAÇÃO DE NEGÓCIO JURÍDICO, sob 
alegação de FRAUDE CONTRA CREDORES, uma vez que está evidente a 
inocorrência​ ​do​ ​fato; 
6- E, por último, requer a condenação do réu ao pagamento do ônus de sucumbência e 
dos​ ​honorários​ ​advocatícios,​ ​no​ ​importe​ ​de​ ​20%​ ​do​ ​valor​ ​da​ ​causa. 
 
V-​ ​PROVAS 
Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, de acordo 
com o artigo 369 e seguintes do NCPC, em especial prova documental, testemunhal e 
depoimento​ ​pessoal​ ​do​ ​autor. 
 
Termos​ ​em​ ​que​ ​aguarda​ ​o​ ​deferimento. 
 
Local​ ​e​ ​data 
Nome​ ​completo​ ​do​ ​advogado​ ​e​ ​assinatura 
OAB/UF

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