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DIREITO PENAL IV

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Crimes contra a Administração Pública praticados por funcionário público I. (AULA 1)
Para fins de exemplificação, vejamos algumas narrativas hipotéticas: 
Narrativa 1: O agente A, funcionário público de determinada repartição pública, com o fim de subtrair um notebook da sua seção, decide ir ao prédio no qual trabalha na noite de sexta-feira e, aproveitando-se do fato de o vigia o reconhecer, mente informando que irá buscar sua mochila que havia esquecido. Ainda, pede a seu cunhado B que o acompanhe com o fim de auxiliá-lo caso haja algum problema. Nessa situação, podemos afirmar que A praticou o delito de peculato furto, previsto no art. 312, §1º, do Código Penal, sendo a mesma conduta típica aplicável a seu cunhado, uma vez que este tinha conhecimento da condição de funcionário público utilizada por A. 
Narrativa 2: Suponhamos que A pratique a mesma conduta com o auxílio de uma nova namorada que desconheça sua condição de funcionário público. Neste caso, teremos o rompimento da teoria monista ou unitária do concurso de agentes, na medida em que sua namorada desconhecia a elementar funcionário público, razão pela qual sua conduta restará tipificada como furto, e não peculato.
 Narrativa 3: A, com o auxílio de seu cunhado, decide arrombar a janela de sua seção para que ninguém o veja subtraindo o notebook. Neste caso, como o agente em momento algum se utilizou da condição de funcionário público, não há que se falar no delito de peculato, mas no delito de furto qualificado pelo concurso de agentes e pelo rompimento de obstáculo, majorado pelo repouso noturno.
Distinção entre crimes funcionais próprios e impróprios – Podemos definir crimes funcionais como aqueles praticados por funcionário público no exercício de suas funções ou em decorrência destas, podendo ser esses classificados como próprios ou impróprios (mistos). 
Crimes funcionais próprios - são aqueles em que, caso não esteja presente a elementar do tipo “funcionário público”, a conduta será considerada atípica.
Crimes funcionais impróprios - são aqueles nos quais, uma vez excluída a elementar funcionário público, a conduta será tipificada como outro crime.
Conceitos de funcionário público e funcionário público por equiparação - Para fins penais, compreende-se como funcionário público, para fins penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
A aplicação do princípio da insignificância aos crimes contra a Administração Pública - O questionamento acerca da incidência do princípio da insignificância visa, em última análise, à exclusão da responsabilidade jurídico-penal mediante o reconhecimento da exclusão da tipicidade da conduta.
A aplicação do princípio da insignificância aos crimes contra a Administração Pública - No que concerne aos crimes contra a Administração Pública, o entendimento do STJ é no sentido de que não há que se cogitar a incidência do referido princípio para fins de exclusão da tipicidade da conduta. Por outro lado, o STF já se manifestou no sentido da possibilidade da aplicação do referido princípio.
Crimes em espécie - Para que possamos melhor identificar os crimes em espécie contra a Administração Pública, utilizaremos a divisão estabelecida pelos capítulos do CP. A saber: 
• Dos crimes praticados por funcionário público contra a administração em geral; 
• Dos crimes praticados por particular contra a administração em geral; 
• Dos crimes contra a Administração da Justiça.
Dos crimes praticados por funcionário público contra a administração em geral - Peculato – O delito de peculato se caracteriza como delito funcional impróprio ou misto, pois as condutas dolosas previstas descrevem figuras especiais dos delitos de apropriação indébita e de furto, uma vez que excluída a elementar funcionário público da figura típica, esta será caracterizada como um destes delitos contra o patrimônio.
Sujeitos do delito - Configura-se como delito próprio, mas admite o concurso de pessoas, desde que o estranho à Administração Pública tenha conhecimento da condição do sujeito ativo. 
Peculato próprio - As condutas de peculato previstas, respectivamente, na primeira e última parte do caput do art. 312 do CP classificam-se em peculato apropriação e peculato desvio, também denominado malversação. O peculato apropriação, diferencia-se do delito de apropriação indébita em decorrência da elementar funcionário público, pois se configura como a apropriação de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, do qual o funcionário público tenha a posse em razão do cargo. Desta forma, consuma-se no momento em que o funcionário inverte o animus sobre a res e passa a agir como se seu titular fosse, caracterizando-se como delito material. 
Peculato impróprio – A conduta do funcionário público que, embora não tenha a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, para si ou para outrem, prevalecendo-se da condição de funcionário público. Podemos perceber que o núcleo do tipo “subtrair” denota que o funcionário público não tem a posse sobre o bem, dinheiro ou valor, mas tão somente se aproveita da sua condição para ter acesso ao objeto material do delito. Logo, somente se consuma quando o agente efetivamente subtrai o bem, independentemente do fato da posse ser mansa ou pacífica). Ainda, sendo o iter criminis fracionável, torna-se possível a tentativa.
Peculato culposo - A figura típica de peculato culposo, se configura quando o funcionário público quebra o seu dever objetivo de cuidado de modo a facilitar a prática do crime de outrem. Na verdade, trata-se de participação culposa em crime doloso tratado como crime autônomo face aos princípios norteadores da Administração Pública e ao bem jurídico penal protegido.
Peculato mediante erro de outrem - Na medida em que o funcionário público se utiliza de ardil ou fraude para a apropriação de dinheiro ou qualquer outra utilidade recebida face ao erro de outrem. Para ilustrar: particular, mediante uma falsa percepção da realidade, entrega dinheiro ou utilidade qualquer vantagem ou lucro a funcionário público que não esteja autorizado a recebê-lo e este dolosamente não informa ao terceiro e tampouco à Administração Pública acerca do erro, com o fim de assegurar a sua apropriação.
Concussão - O delito de concussão, descreve figura especial do delito de extorsão, caracterizando-se, portanto, como delito funcional impróprio ou misto.
Análise do tipo penal - Vejamos os elementos: 
(a) a conduta de exigir se configura como verdadeiro constrangimento ilegal, na medida em que visa obrigar o sujeito passivo a fazer o que não quer – fornecer a vantagem indevida; 
(b) a conduta caracteriza-se como subjetivamente complexa, pois possui o dolo genérico, vontade livre e consciente de exigir e o especial fim de agir de obter vantagem indevida para si ou para outrem.
Consumação e tentativa - Configura-se, em regra, como delito formal, ou seja, se consuma com a conduta de exigir, para si ou para outrem, mas em razão da função, a vantagem indevida; caso esta ocorra, será caracterizada como mero exaurimento da conduta. O delito de concussão é plurissubsistente, logo, admite tentativa quando não ocorrer o efetivo constrangimento, ou seja, quando a vítima não se sentir coagida.
Excesso de exação - Pode ser compreendido como a exigência rigorosa de tributos (imposto, taxa ou contribuição de melhoria) ou contribuição social e se perfaz mediante duas modalidades: exigência indevida do tributo ou contribuição social e cobrança vexatória ou gravosa não autorizada em lei. Na primeira modalidade, parte-se da premissa de que o agente saiba ou deva saber que o tributo ou contribuição social são indevidos. A segunda modalidade se configura com a prática da cobrança vexatória ou gravosa não autorizada em lei. Neste caso, ainda que o tributo ou contribuição social sejam devidos, a forma com a qual foram cobrados pelo funcionário público tipifica a conduta. As duas modalidades se consumam independentemente do recebimento de qualquer valorcorresponde ao tributo ou contribuição social, logo se classificam como delito formal.
Corrupção passiva - como tipo penal de ação múltipla ou tipo misto alternativo face à possibilidade da realização de mais de uma conduta, sendo considerado crime único, ainda que haja a prática de mais de uma conduta no mesmo contexto fático. Vejamos as condutas: 
(a) solicitar vantagem indevida – a proposta emana do agente público e consuma-se independentemente da entrega da vantagem; 
(b) receber vantagem indevida – a proposta emana do terceiro e consuma-se no momento em que o agente recebe a vantagem indevida e 
(c) aceitar promessa de tal vantagem: neste caso, não é necessário o recebimento da vantagem; o delito restará consumado com o mero consentimento do agente público.
Corrupção passiva majorada – Nesta figura típica, se, além de aceitar a promessa ou receber a vantagem indevida, efetivamente deixar de praticar ou retardar a prática de ato de ofício de sua competência, a pena é aumentada de um terço, na medida em que há efetiva lesão ou dano à Administração Pública ou, indiretamente, também a algum particular.
Corrupção passiva privilegiada –Nesta figura típica, o funcionário público não visa atender a interesse próprio, mas cede à solicitação de terceiro “comum na reciprocidade do tráfico de influência”. 
Facilitação de contrabando ou descaminho – a conduta de funcionário público que colabora ou concorre para a prática das condutas de descaminho ou contrabando praticadas por particular.
Consumação e tentativa - Por caracterizar-se como delito formal, se consuma no momento em que o agente pratica a conduta de facilitação, por meio de conduta comissiva ou omissiva, infringindo dever funcional, sendo, portanto, irrelevante se o particular logrou êxito no descaminho ou contrabando. Não obstante trata-se de crime formal, por admitir o fracionamento do iter criminis (plurissubsistente). É possível a caracterização da tentativa como causa de diminuição de pena.
Prevaricação – o agente público sobrepõe seu interesse ou sentimento pessoal ao interesse público, independentemente da obtenção de qualquer vantagem indevida, na medida em que sua conduta de deixar de praticar ou retardar a prática de ato de ofício tem por motivação ou especial fim de agir a satisfação de interesse ou sentimento pessoal.
Consumação e tentativa - Por tratar-se de delito formal, consuma-se no momento em que o funcionário público retarda ou deixa de praticar indevidamente ato de ofício ou ainda quando o pratica contra disposição expressa de lei, ou seja, consuma-se independentemente da efetiva satisfação de interesse ou sentimento pessoal. Ainda que caracterizado como delito formal, admite a modalidade tentada nas condutas comissivas.
Prevaricação imprópria - Configura-se como a prevaricação de agente penitenciário que permite, através da quebra de seu dever funcional, que o preso tenha acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, possibilitando a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo.
Condescendência criminosa – nesta infração penal a relação entre a quebra do dever funcional pelo funcionário público se dá em decorrência da conduta de outro funcionário público, não de particular
Consumação e tentativa - Por se tratar de crime formal, se consuma quando da prática da conduta omissiva pelo funcionário público hierarquicamente superior, independentemente da impunidade do subalterno. Ainda, por ser unissubsistente, não admitirá a tentativa.
Advocacia administrativa – A expressão “patrocinar” compreende as condutas de proteger, beneficiar ou defender, direta ou indiretamente, interesse privado, que pode ser legítimo ou não). Cabe salientar que o patrocínio pode configurar-se como mero “favor”, não sendo exigido, portanto, que o agente público receba qualquer vantagem.
Consumação e tentativa - Por tratar-se de crime formal, se consuma quando da prática da conduta comissiva pelo funcionário público, independentemente de efetivo prejuízo à Administração Pública. Por ser plurissubsistente, em tese, admitirá a tentativa.
Confronto com o delito de prevaricação - No delito de advocacia administrativa, o agente público não tem competência para a prática de determinado administrativo e se vale de sua função para influenciar aquele que possui a referida competência com o fim de auferir qualquer benefício a terceiro estranho à Administração Pública.
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado – penal Configura-se como norma penal do mandato em branco no que concerne à expressão “exigências legais”. A figura apresenta-se como dolosa e contempla apenas o dolo genérico, todavia para a caracterização da expressão “sem autorização”, elementar normativa do tipo a ser valorada no caso concreto, necessário, nos casos de exoneração, remoção, substituição ou suspensão, para a caracterização do delito que o agente público tenha sido comunicado pessoalmente pela autoridade superior, não sendo a publicação em Diário Oficial suficiente para a configuração do delito.
Consumação e tentativa -Configura-se como delito formal, sendo admissível a tentativa por tratar-se de delito plurissubsistente.
Distinção entre exoneração, remoção, substituição e suspensão: 
(a) exoneração é perda do cargo; 
(b) remoção é a mudança do funcionário de um posto para outro, sendo mantido o cargo; 
(c) substituição é a colocação de um funcionário em local de outro; 
(d) suspensão é a sanção disciplinar na qual o funcionário é afastado temporariamente de cargo ou função.
Dos crimes contra a Administração Pública praticados por particular (AULA 2)
Usurpação de função pública – O delito de usurpação de função pública compreende a conduta de exercício indevido, ou seja, a efetiva prática de ato específico de determinada função pública e, por tratar-se de delito formal, consuma-se independentemente da ocorrência de efetivo prejuízo à administração.
Consumação e tentativa - Delito formal que se consuma no momento em que o agente pratica algum ato de ofício inerente ao exercício da função pública, independentemente da ocorrência de efetivo prejuízo à administração.
Resistência – o agente se opõe ao cumprimento de ato legal mediante o emprego de violência ou ameaça. A violência deve ser praticada durante a prática do ato legal com a finalidade de impedir sua execução
Consumação e tentativa - Por tratar-se de delito formal, se consuma no momento em que é empregada a ameaça ou a violência, não importando se o ato legal deixou de ser praticado. Por ser delito que admite o fracionamento do iter criminis (plurissubsistente), em tese, a tentativa é admissível.
• A prática do delito de resistência em seguida ao delito de roubo e a possibilidade de concurso de crimes. Para fins de exemplificação, vejamos as seguintes narrativas hipotéticas:
(a) a violência é empregada contra o agente público após a consumação do roubo. Neste caso, haverá concurso de crimes entre a figura do roubo próprio (art.157, caput, do CP) e o delito de resistência; 
(b) o agente subtrai a res e, em seguida, emprega violência ou grave ameaça contra policial a fim de evitar sua prisão em flagrante. 
Desobediência – o delito é a ordem legal não cumprida.
Consumação e tentativa - Trata-se de delito formal que se consuma no momento em que o agente desobedece ou infringe ordem legal endereçada diretamente a ele, independentemente da ocorrência de efetivo prejuízo à administração.
Desacato – visa humilhar ou desrespeitar o funcionário público no exercício de suas funções. Possui como objeto material a honra funcional do agente público. 
São requisitos para a configuração do delito:
(a) que a conduta seja praticada na presença do funcionário público ofendido; 
(b) que o funcionário público se sinta ofendido.
Tráfico de influência – Configura-se como tipo de ação múltipla (alternativo), podendo a conduta do agente comportar desde a solicitação até a exigência ou recebimento da vantagem indevida.
Requisitos para a configuração do delito:(a) emprego de meio fraudulento, isto é, o agente se diz influente com determinado funcionário quando, na realidade, não exerce nenhum prestígio;
(b) deve tratar-se de funcionário público. No caso de não cumprimento de quaisquer destes requisitos, a conduta restará tipificada como incursa na figura de estelionato.
Consumação e tentativa - Configura-se como delito formal nas três primeiras figuras, haja vista consumar-se no momento em que o agente pratica qualquer um dos atos descritos na figura típica, independentemente da obtenção da vantagem indevida. Por outro lado, em relação à conduta de obter, caracteriza-se como delito material.
Corrupção Ativa – Análise do tipo penal Configura-se como tipo misto alternativo e possui como ações nucleares as condutas de favorecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público com o fim de determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício. Logo, além do dolo genérico constante nas condutas de oferecer ou prometer a vantagem indevida, possui o especial fim de agir relacionado ao ato de ofício do funcionário público. Não podemos esquecer que o ato de ofício objeto da proposta de vantagem indevida deve, obrigatoriamente, ser de específica atribuição do funcionário público.
Consumação e tentativa - Configura-se como delito formal aquele que se consuma no momento em que o agente oferece ou promete a vantagem indevida ao funcionário público, independentemente do aceite por parte deste. Desta forma, não é necessário para sua configuração que haja a aceitação da vantagem indevida pelo funcionário público.
Analisemos as seguintes hipóteses: 
Narrativa 1: corrupção passiva sem a corrupção ativa: o funcionário público solicita a vantagem indevida ao particular, independentemente da entrega da vantagem por este. 
Narrativa 2: corrupção ativa sem corrupção passiva: neste caso, o particular oferece ou promete vantagem indevida ao funcionário público independentemente do aceite da promessa ou recebimento da vantagem indevida. 
Narrativa 3: corrupção ativa e passiva simultaneamente: para a configuração de ambas as condutas, é necessário que o particular ofereça a vantagem e o funcionário a aceite ou receba; em outras palavras significa dizer que para que haja a ocorrência simultânea dos dois delitos é imprescindível que a conduta inicial seja do particular
Contrabando e descaminho – o descaminho configura-se no tipo fundamental pela conduta de iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria, ao passo que a figura básica do delito de contrabando acresce a elementar normativa “mercadoria proibida”.
Com relação ao delito de descaminho, o dolo caracteriza-se pela vontade livre e consciente de fraudar a arrecadação tributária (IPI) e abrange tanto a importação quanto a exportação. No crime de contrabando, por sua vez, o dolo contempla a vontade livre e consciente de neste delito o objeto material sobre o qual recai a conduta é a mercadoria cuja importação ou exportação seja proibida ou para a qual haja restrições para importação ou exportação. 
Consumação e tentativa - O crime de descaminho se consuma no momento em que a mercadoria é liberada pelo órgão alfandegário sem que haja o devido pagamento do tributo. Por sua vez, o contrabando se consuma com a entrada (importação) ou saída (exportação) do país da mercadoria proibida. Todavia, no caso de a execução do contrabando ocorrer de forma clandestina, a consumação ocorrerá quando da ultrapassagem da fronteira pelo agente.
• Princípio da insignificância ao delito de descaminho: Admite o princípio da insignificância, o valor das mercadorias deva ultrapassar R$ 10.000,00 para que seja deflagrada a execução fiscal. 
Dos Crimes contra a Administração da Justiça (AULA 3)
Denunciação caluniosa – há a imputação de fato que configure crime ou contravenção penal a terceiro que o agente tenha ciência ser inocente, mas que em decorrência da falsa imputação gera a instauração de investigação policial, de processo judicial, de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa.
Consumação e tentativa - O delito se consuma no momento em que é iniciado qualquer dos procedimentos investigativos descritos no tipo penal.
Comunicação falsa de crime ou contravenção – Nesta conduta não há a imputação de infração penal a qualquer pessoa, pois na verdade sequer há a ocorrência do crime ou contravenção penal de modo a provocar a ação da autoridade pública. Podemos citar, como exemplo, a prática do trote. 
Consumação e tentativa - Trata-se de crime formal, logo consuma-se no momento em que o agente realiza a falsa comunicação de infração penal, independentemente do efetivo prejuízo à administração da justiça. Em tese, admite a tentativa, haja vista o iter criminis ser fracionável.
Autoacusação falsa – o agente confessa perante a autoridade um crime inexistente ou praticado por outrem.
Falso testemunho ou falsa perícia – Transita por todas as esferas do direito e caracteriza-se como tipo misto alternativo na medida em que a ação nuclear contempla três formas de conduta: 
Fazer afirmação falsa; (b) negar a verdade; ou (c) calar a verdade.
Consumação e tentativa - Consuma-se no momento em que a testemunha ou perito falta com a verdade. Com relação à tentativa, somente é possível ocorrer nos casos em que o falso testemunho se der por escrito.
Exercício arbitrário das próprias razões – Inicialmente, é relevante salientar que nesta figura típica a pretensão visada pelo agente é lícita ou legítima (elementar normativa do tipo). Todavia, o meio empregado por ele para alcançá-la transforma sua conduta em relevante sob o prisma jurídico-penal. A conduta é descrita como a denominada justiça realizada pelas próprias mãos de modo a afastar, portanto, a normal administração da justiça.
Fraude processual – Possui como elemento subjetivo o dolo genérico consistente na vontade livre e consciente de inovar artificiosamente, bem como o especial fim de agir de induzir a erro juiz ou perito.
Favorecimento pessoal – efetivo auxílio prestado por terceiro com vistas a beneficiar o autor do fato típico através da impossibilidade da atuação estatal. 
Contempla um comportamento comissivo e tem por requisitos: 
(a) prática de crime anterior; 
(b) que o crime anterior seja apenado com reclusão, pois, caso seja apenado com detenção, restará caracterizado o favorecimento pessoal privilegiado (§ 1º). 
Para a configuração do delito, é essencial que haja efetivo auxílio prestado por terceiro com vistas a beneficiar o autor do fato típico através da impossibilidade da atuação estatal.
Favorecimento Real – A conduta caracteriza-se pela assistência dada ao autor do fato delitivo após a prática do crime com a finalidade de tornar seguro o proveito do crime.
• Art. 349-A do Código Penal - Pena: detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano. Volta-se principalmente à segurança pública como objeto jurídico e tem por objeto material o aparelho telefônico de comunicação móvel, de rádio ou similar (sobre sua definição, vide o art. 60, §1º, da Lei nº 9.472/1997). Ainda, possui como elementar normativa do tipo a ausência de autorização legal. Importante destacar que não é imprescindível para sua caracterização que o aparelho seja apreendido diretamente das mãos de algum preso.
Consumação e tentativa - A figura prevista no caput consuma-se no momento em houver o efetivo auxílio, independentemente da produção de efetivo prejuízo à Administração Pública ou a terceiro. A figura prevista no art. 349-A, por sua vez, se consuma com o ingresso do aparelho telefônico de comunicação móvel, de rádio ou similar, de modo a iludir os funcionários responsáveis por sua fiscalização e vedação de ingresso. Ambas as condutas, em tese, admitem tentativa.
Exploração de prestígio – O delito de exploração de prestígio guarda similitude com o delito de tráfico de influência, previsto no art. 332 do Código Penal, na medida em este configura espécie de tráficode influência que recai sobre a conduta de magistrado, jurado, órgão do Ministério Público, perito ou testemunha. Possui como elemento subjetivo o dolo genérico consistente na vontade livre e consciente solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, bem como o especial fim de agir de influir na conduta de juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha (este rol é taxativo).
Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão de direito – 
Consumação e tentativa - Consuma-se quando houver a habitualidade no exercício de função, atividade, direito, autoridade ou múnus de que o agente foi suspenso ou privado por decisão judicial. Ainda, por tratar-se de crime habitual, não admitirá a tentativa.
Crimes hediondos e equiparados. Política criminal de drogas (AULA 4)
A Lei nº 8072/1990 e seu controle de constitucionalidade.
A progressão de regimes aos condenados por crimes hediondos - requisitos específicos: cumprimento de, no mínimo, 2/5 de pena se o apenado for primário, e 3/5, se reincidente. 
Consectários penais e processuais - Vedação à indulgência soberana: o art. 5º, XLIII, da CRFB/1988, expressamente estabelece que os crimes hediondos e equiparados serão insuscetíveis a graça ou anistia, ou seja, serão insuscetíveis a incidência dos institutos de extinção de punibilidade, nos quais o Estado “desiste” de exercer o seu direito de punir.
Associação criminosa para a prática de delitos hediondos, milícia privada e Lei de Crimes Hediondos - para fins de confronto com o art. 8º da Lei de Crimes Hediondos, temos as seguintes formas de associação criminosa: 
• Art. 288-A do Código Penal - associação criminosa, organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão de, no mínimo, três pessoas, com animus de permanência, constituída para a prática de quaisquer crimes previstos no Código Penal, ainda que hediondos (art.1º da Lei nº 8.072/1990), exceto crimes equiparados a hediondos (art. 2º da Lei nº 8.072/90) e associação para fins de tráfico de drogas. (art. 35 da Lei nº 11.343/06). Pena: reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos. 
• Art.8º da Lei nº 8072/1990 - associação criminosa de, no mínimo, três pessoas, com animus de permanência para a prática de quaisquer crimes hediondos e equiparados (arts.1º e 2º da Lei nº 8072/90), exceto milícia privada e associação para fins de tráfico de drogas (art. 35 da Lei nº 11343/06). Pena: reclusão de 3 (três) a 6 (seis) anos. 
• Art. 35 da Lei nº 11343/2006 - associação criminosa de, no mínimo, duas pessoas, com animus de permanência para a prática de tráfico de drogas (art. 35, Lei nº 11.343/06). Pena: reclusão de 3 (três) a 10 (dez) anos e pagamento de 700 a 1.200 dias-multa.
A delação premiada na Lei de Crimes Hediondos: o art. 8º da Lei de Crimes Hediondos, em seu parágrafo único, previu uma causa de diminuição de um a dois terços da pena, a ser aplicada ao delito de extorsão mediante sequestro (art.159 do Código Penal), nos casos em que o participante e o associado denunciarem à autoridade a associação criminosa de modo a possibilitar seu desmantelamento. 
(a) é essencial que haja nexo causal entre a delação e o desmantelamento; 
(b) o entendimento majoritário é no sentido de que a causa de diminuição de pena apenas se aplique ao delito de associação criminosa, não ao delito de extorsão mediante sequestro.
O instituto do livramento condicional na Lei de Crimes Hediondos: requisitos específicos para a concessão de livramento condicional: o cumprimento de mais de 2/3 da pena nos casos de condenação por crime hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza.
O rol de crimes hediondos:
Os delitos de homicídio qualificado e o homicídio praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente - O delito de homicídio qualificado-privilegiado e a Lei de Crimes Hediondos: Sobre a inaplicabilidade da hediondez ao homicídio qualificado-privilegiado, existem as seguintes justificativas: 
(a) a circunstância do privilégio não foi expressamente prevista no art.1º, I, da Lei de Crimes Hediondos; 
(b) as circunstâncias do §1º do art.121, CP referem-se ao motivo determinante do crime e deve ser reconhecido o predomínio do motivo sobre o método do crime, de modo a afastar a hediondez). 
A distinção entre os delitos de homicídio praticado em atividade típica de extermínio e o delito de genocídio - Inicialmente cabe destacar que o homicídio praticado em atividade típica de extermínio, inserido pela Lei nº 8.930/1994, nada mais é que um homicídio qualificado pelo motive torpe. art.1º, I, da Lei nº 8072/1990 para acrescentar ao rol de crimes hediondos o homicídio praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente.
Os delitos de estupro e estupro de vulnerável - são consideradas hediondos em quaisquer de suas figuras (simples ou qualificadas), pois tutela-se não somente autonomia e dignidade sexual, mas, principalmente, a própria dignidade da pessoa vítima deste delito.
O delito de epidemia com resultado morte - somente foi tipificado como hedionda a figura qualificada pelo resultado morte –figura preterdolosa, na qual há o dolo genérico de perigo coletivo com a produção de resultado mais gravoso, morte objetivamente previsível.
Os delitos de falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais.
O delito de favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável: O referido delito passou a integrar o rol de crimes hediondos, em qualquer de suas modalidades.
Crimes equiparados a hediondos. Crime de tortura (AULA 5)
Tortura: constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental.
Conceito de tortura: alcance da expressão “sofrimento físico e mental” - as modalidades psicológicas de tortura que podem causas sequelas indeléveis à vítima (torturas psicológicas utilizadas as ameaças constantes dos familiares ou o fato de serem obrigados a assistir a tortura de parentes, bem como a confusão mental e temporal)
Prazo para fins de prorrogação da prisão temporária, a vedação à indulgência soberana e a fixação de cumprimento mínimo de 2/5 ou 3/5 de pena, no caso de réu primário ou reincidente, para fins de progressão de regimes de cumprimento de pena.
Tortura castigo - a conduta de submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. Do conceito descrito na lei, podemos extrair as seguintes conclusões: 
• Configura-se como delito próprio, pois exige especial condição do agente. É subjetivamente complexo, pois, além do dolo genérico de causar intenso sofrimento físico ou mental, exige o especial fim de agir de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventiva. 
• para a caracterização de maus-tratos, necessária é a comprovação de que o agente cometeu o crime com o intuito de corrigir ou repreender alguma atitude, ao passo que no delito de tortura o agente, por exemplo, pode agredir a vítima deliberadamente, sem qualquer razão aparente. Ou seja, a finalidade do agente é fazer a vítima experimentar intenso sofrimento físico e emocional.
A figura qualificada - A figura prevista no art.1, § 3º, configura-se como delito preterdoloso, no qual o resultado lesão grave ou morte ocorrem como resultados mais gravosos culposos, razão pela qual, no caso de lesão grave ou gravíssima, a pena abstrata passa de 2 (dois) a 8 (oito) anos de reclusão para de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e, no caso de resultado morte, de 8 (oito) a 16 (dezesseis) anos. Questão interessante a ser analisada é a distinção entre o delito de tortura qualificada pelo resultado morte e o delitode homicídio qualificado pela tortura: a pena abstrata prevista para o delito de tortura qualificada varia entre oito a dezesseis anos, enquanto no delito de homicídio qualificado pela tortura, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. Tal opção legislativa tem por base o elemento volitivo do agente, qual seja: a finalidade de eliminação da vida ou não.
A Lei de Drogas. Política criminal de drogas e figuras equiparadas a delitos hediondos (AULA 6)
A partir da premissa de que o sistema penal constitucional é pautado no princípio da alteridade, ou seja, segundo o qual não se pune a autolesão, o uso indevido de drogas não é visto como tal na medida em que o bem jurídico-penal tutelado é a saúde da própria coletividade, não diretamente do usuário da droga. Possibilidade ou não da incidência do princípio da insignificância para fins de exclusão da tipicidade da conduta prevista no art. 28 da Lei nº 11.343/2006. Por configurar-se como bem jurídico-penal a saúde da coletividade, prevalece o entendimento de que não se aplica o referido princípio a esta situação.
Do uso indevido de drogas: ocorreu apenas a despenalização, na medida em que a conduta de porte para uso próprio se tornou infração penal de menor potencial lesivo. A partir desta premissa, e, em consonância com a política criminal de redução de danos, a Lei 11.343/2006 em título específico tratou não apenas do caráter retributivo do controle social penal, mas também das medidas de prevenção do uso indevido e reinserção social de usuários ou dependentes de drogas.
Posse de droga para consumo pessoal –houve apenas despenalização, à medida que a pena privativa de liberdade foi substituída por medidas alternativas, ou seja, o discurso proibicionista cedeu à redução de danos e riscos. 
As condutas típicas - Art. 28, caput, §1º, da Lei nº 11.343/2006 –
 Pena: (i) advertência sobre os efeitos das drogas; 
(ii) prestação de serviços à comunidade; 
(iii) medida educativa de comparecimento à programa ou curso educativo.
A figura típica do plantio para uso próprio - a conduta não só deixou de ser equiparada a delito hediondo, como também passou a ser considerada infração penal de menor potencial ofensivo.
Prescrição penal da pretensão punitiva - prazo de 2 anos para a caracterização da prescrição da pretensão punitiva, respeitados os prazos interruptivos previstos no Código Penal.
Lei nº. 11.343/2006 – Tráfico de drogas (AULA 7)
Figuras típicas e equiparadas – Análise do art. 33 da Lei de Drogas: Art.33, caput, §1º, da Lei nº 11.343/2006. A figura típica do art. 33, caput, configura-se como tipo misto alternativo, sendo, desta forma, irrelevante se o agente pratica uma ou mais das condutas previstas no tipo penal, pois será responsabilizado por uma única conduta. Possui como ações nucleares as condutas de importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente.
• A figura típica do art. 33, caput, configura-se como tipo misto alternativo, sendo, desta forma, irrelevante se o agente pratica uma ou mais das condutas previstas no tipo penal, pois será responsabilizado por uma única conduta
As figuras equiparadas do §1º do art. 33: as condutas descritas neste parágrafo, na verdade, configuram meros atos preparatórios que, excepcionalmente, foram tipificados pelos legislador como atos executórios. Neste parágrafo, foi mantida a elementar normativa do tipo sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar.
• O inciso I versa sobre a matéria-prima, o insumo ou o produto químico destinado à preparação de drogas, compreendidos como os produtos naturais ou sintéticos, dos quais será preparada a droga, não sendo necessário que estes, por si só, sejam capazes de causar dependência física ou psíquica. 
• O inciso II descreve as condutas de quem semeia, cultiva ou faz a colheita de plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas. As três condutas formam o conjunto de atos para o plantio e preparação da droga, não sendo necessário, contudo, para a caracterização da conduta que o agente participe de todas as fases de preparação. 
• O inciso III, por sua vez, refere-se ao local ou bem de qualquer natureza utilizado para a prática do tráfico ilícito de drogas. É irrelevante para a caracterização da conduta se o agente é proprietário, possuidor ou detentor, ainda que gratuitamente, do local ou bem utilizado.
Cessão gratuita a pessoa de seu relacionamento – Questão a ser analisada com cuidado é a elementar normativa do tipo “pessoa de seu relacionamento”, sendo imprescindível que eles se conheçam anteriormente ao momento da cessão da droga. Caracteriza-se, portanto, como tipo subjetivamente complexo, pois, além do dolo genérico de oferecer eventualmente a droga, possui o especial fim de agir de consumo conjunto.
Requisitos:
 (a) que a droga seja oferecida eventualmente e sem objetivo de lucro;
 (b) que a droga seja oferecida a pessoa de relacionamento do agente;
 (c) que o agente e a pessoa de seu relacionamento consumam a droga juntos. 
Associação para fins de tráfico - Art. 35 da Lei nº 11.343/2006 – Pena: reclusão de 3 (três) a 10 (dez) anos e pagamento de 700 a 1.200 dias-multa
Organização criminosa. (AULA 8)
Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional.
Requisitos para a caracterização da organização criminosa: 
• Associação de 4 (quatro) ou mais pessoas, estruturalmente ordenada; 
• Divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza; • Prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou a prática de infrações penais que sejam de caráter transnacional. Ainda que a expressão utilizada seja infração penal, não há que se falar na aplica- ção para contravenção penal por força de duas exigências: que a pena seja superior a quatro anos ou que a conduta tenha caráter transnacional.
Crimes por natureza e por extensão - Por questões topográficas, o art. 1º, § 1º, da Lei nº 12.850/2013 prevê os denominados crimes por natureza, enquanto o § 2º, os crimes por extensão, quais sejam:
 (a) as infrações penais previstas em tratado ou convenção internacional quando, iniciada a execução no país, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; 
 (b) as organizações terroristas, entendidas como aquelas voltadas para a prática dos atos de terrorismo legalmente definidos.
Dos crimes em espécie - Lei nº 12.850/2013
A constituição de organização criminosa - a conduta de quem promove, constitui, financia ou integra, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização criminosa. Podemos identificar a conduta de promover como articular ou incentivar; a conduta de constituir é sinônimo de criar a organização criminosa; financiar contempla o custeio e integrar, a conduta de participar efetivamente na hierarquia e organização. A figura típica apresenta-se como subjetivamente complexa, pois, além do dolo de promover, constituir, financiar ou integrar organização criminosa, possui o especial fim de agir de obtenção de vantagem indevida de qualquer natureza.
A colaboração premiada - configura-se como verdadeira “delação premiada”, caracterizada pela confissão do agente em qualquer fase da persecução penal, na qual presta informações relevantes acerca da organização criminosa, de modo a ter sua pena reduzida em até 2/3 ou obter a extinção de punibilidade pelo perdão judicial, desde que suas informações sejam capazes de produzir os seguintes resultados,previstos no art. 4º, incisos I a V, da Lei nº 12.850/2013: 
• A identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações penais por eles praticadas; 
• A revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa; 
• A prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa; 
• A recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela organização criminosa; 
• A localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada.
Ação controlada e o flagrante retardado fruto de ação controlada e da Lei de Organização Criminosa - Conforme estabelece o art. 8º da Lei nº 12.850/2013, compreende-se por ação controlada no retardamento da intervenção policial ou administrativa relativa à ação praticada por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz à formação de provas e obtenção de informações. Controvérsia surge acerca da compreensão da expressão “comunicação”. Adotaremos o entendimento no sentido de que a ação controlada não necessita de autorização judicial, diferentemente do que ocorre na Lei de Drogas (art. 53, caput, da Lei nº 11.343/2006), pois no caso da Lei nº 12.850/2013 o agente público, ao retardar em horas, ou até mesmo em dias, o flagrante, visa obter acesso não apenas a alguns agentes da organização criminosa, mas a todo o sistema organizacional. Desta forma, interpretaremos a expressão “comunicação”, prevista no parágrafo único do art. 8º, não como pedido de “autorização”, mas “informação”, ou seja, comunicação acerca da necessidade do retardamento do flagrante, e caberá ao juiz estabelecer limites a partir do princípio da razoabilidade. Ainda, não podemos esquecer que a ação controlada pode ser exercida tanto pela autoridade policial, como pela autoridade administrativa, por exemplo, agente da Receita Federal ou da ABIN.
Confronto com os delitos de associação criminosa e milícia privada - não há que se confundir as condutas, seja pelo número mínimo de agentes, pela divisão e hierarquização das atividades e consequente complexidade da organização, pelas penas mínimas aplicadas às condutas ou à transnacionalidade das mesmas.
Estatuto do Desarmamento (AULA 9)
Política criminal e a criação do Sistema Nacional de Armas - O Dec. nº 5.123, de 1º de julho de 2004, ao regulamentar a Lei nº 10.826/2003, dispôs sobre o registro, posse e comercialização de armas de fogo e munição, bem como sobre o Sistema Nacional de Armas – SINARM. Consoante o disposto no art. 1º do referido decreto, o Sistema Nacional de Armas – SINARM, instituído no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Federal, com circunscrição em todo o território nacional e competência estabelecida pelo caput e incisos do art. 2º da Lei nº 10.826/2003, tem por finalidade “manter o cadastro geral, integrado e permanente das armas de fogo importadas, produzidas e vendidas no país, de competência do SINARM, e o controle dos registros dessas armas”.
Arma de brinquedo ou simulacro - Com o advento da Lei nº 10.826/2003, o art. 26 vedou expressamente a fabricação, a venda, a comercialização e a importação de brinquedos, réplicas e simulacros de armas de fogo que com estas se possam confundir. Desta forma, diferentemente do disposto na revogada Lei nº 9.437/1997, art. 10, §1º, II, não há que se falar em crime de porte ou posse de arma de brinquedo ou da utilização de qualquer outro instrumento simulador de arma de fogo – simulacro. Por outro lado, é cediço na doutrina e jurisprudência que, não obstante o simulacro não possua potencialidade lesiva por se tratar de crime impossível, resta caracterizada a sua potencialidade intimidatória, razão pela qual, quando empregada para fins de subtração de coisa alheia móvel, caracterizará o emprego de grave ameaça e, portanto, a figura típica do roubo simples, previsto no art. 157, caput do Código Penal. Por outro lado, não há que se cogitar da majorante prevista no §2º, inciso I, do citado dispositivo legal, face à absoluta ineficácia do objeto, no que concerne à sua potencialidade lesiva
Arma de fogo desmuniciada e adequação típica - caracterização do crime de perigo abstrato
Código de trânsito brasileiro. (AULA 10)
No Código de Trânsito, a tutela objetiva imediata volta-se à proteção da própria coletividade, identificada como a segurança viária, razão pela qual há diversas figuras típicas eminentemente de perigo, tais como o delito de embriaguez ao volante e a participação em competição não autorizada. De forma reflexa, tutela-se a vida e a integridade física nos denominados crimes de dano, tais como o homicídio culposo e a lesão corporal culposa na direção de veículo automotor.
Princípios norteadores do Código de Trânsito e Segurança Viária - Acrescidos aos princípios norteadores e limitadores do Direito Penal, podemos citar os princípios da proporcionalidade das penas e confiança como norteadores da responsabilização e consequente individualização das sanções penais constantes no CTB. 
• Em relação ao princípio da proporcionalidade das penas, juízo de reprovabilidade das condutas a incidência de sanções diferenciadas – mais severas, nos casos do incremento de riscos não tolerados. Suponhamos que, em decorrência das tecnologias hoje desenvolvidas para os veículos automotores e da gravidade das lesões que possam vir a ser causadas à integridade física dos cidadãos no caso de acidentes decorrentes de condutas culposas, não há como se auferir o mesmo juízo de reprovabilidade aplicável às demais situações de lesões corporais culposas, até mesmo porque a gradação entre lesão leve, grave ou gravíssima somente é aplicável aos delitos de lesões corporais dolosas. 
• Quanto ao princípio da confiança, este pode ser definido a partir da confiança que os indivíduos possuem em relação à prática de condutas por terceiros dentro dos limites estabelecidos pelo risco permitido ou tolerado, ou seja, todo condutor de veículo automotor espera que o outro aja de acordo com o seu dever objetivo de cuidado. Tal princípio vem sendo utilizado para fins de exclusão de responsabilidade jurídico-penal nos crimes de trânsito.
Crimes de trânsito - A relevância da distinção entre dolo eventual e culpa consciente para os crimes de trânsito: a partir da distinção entre dolo eventual e culpa consciente na análise dos casos concretos que nos são propostos, podemos afastar ou não a incidência da Lei nº 9.503/1997, deixando a tipificação da conduta a cargo do Código Penal, bem como nos casos de homicídio estabelecer a competência do Tribunal do Júri para seu processo e julgamento, e não do Juiz Singular. 
• A concorrência de culpas nos crimes de trânsito: dois ou mais condutores de veículos automotores concorrerem culposamente para a prática de um acidente com a consequente produção recíproca de resultados ilícitos (lesões corporais culposas ou homicídios culposos), não haverá possibilidade de exclusão de responsabilidade jurídico-penal dos agentes em decorrência da concorrência de culpas. 
• Concurso de crimes e conflito aparente de normas entre os crimes de trânsito: importante destacar que, no caso da prática no mesmo contexto fático dos crimes de trânsito, previstos nos arts. 302 a 312 da Lei nº 9.503/1997, por força da controvérsia sobre a possibilidade de incidência de concurso de crimes entre crimes de perigo e crimes de dano, e não somente a constatação da existência de conflito aparente de normas (a ser solucionado pelo princípio da consunção), doutrina e jurisprudência, tem apresentado diversos entendimentos, dentre eles:
1º entendimento: pela caracterização do conflito aparente de normas, por exemplo, entre os delitos de embriaguez ao volante e homicídio culposo ou lesão corporal culposa (estes previstos no CTB) ou homicídio doloso ou lesão corporal dolosa (previstos no Código Penal), sendo a embriaguez ao volante absorvida por estes, haja vista tratar-sede crime de perigo. Em outras palavras, significa dizer que a sistemática do CTB possui um caráter eminentemente preventivo e que, portanto, tipificou em alguns casos as condutas de perigo, tal como a embriaguez ao volante, com a finalidade de evitar a produção de um resultado lesivo – crime de dano. Logo, através da adoção do princípio do non bis in eadem, o delito de dano absorverá o delito de perigo 
2º entendimento: de forma oposta, sustenta a possibilidade de concurso de crimes, por exemplo, entre os delitos de embriaguez ao volante e os delitos de homicídio culposo ou lesão corporal culposa (estes previstos no CTB) ou homicídio doloso ou lesão corporal dolosa (previstos no Código Penal). 
Incidência dos institutos despenalizadores da Lei nº 9.099/1995 - Por se tratar de lei especial, o art. 291 da Lei nº 9.503/1997 estabelece a aplicação subsidiária das normas previstas no Código Penal e no Código de Processo Penal, o que nada mais é do que a aplicação do disposto no art. 12 do Código Penal. Ainda, o § 1º do art. 291 expressamente dispõe que, no caso de lesões corporais culposas, cuja pena máxima abstrata não excede a dois anos, somente não poderá ser realizada a composição dos danos civis e a transação penal, previstas respectivamente nos arts. 74 e 76 da Lei nº 9.099/1995, nos casos em que estas tiveram por elemento propulsor o condutor do veículo automotor que deu causa ao resultado lesivo: 
• A embriaguez ao volante; 
• A participação em competição não autorizada; 
 • A condução do veículo em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h. Nestes casos, deverá ser instaurado inquérito policial para a investigação da infração penal.
Crimes em espécie: 
 Homicídio culposo na condução de veículo automotor 
• Art. 302, CTB – Pena: detenção de dois a quatro anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. 
• Objetividade jurídica e material: protege-se de forma direta a segurança viária e de forma indireta, a vida. Possui por objeto material a pessoa cuja vida é eliminada. 
• Classificação doutrinária: crime comum, material, de dano, aberto (em decorrência do elemento normativo culpa), comissivo ou omissivo impróprio, unissubjetivo, e não admite a tentativa por se tratar de crime culposo.
Lesão corporal culposa na condução de veículo automotor - Art. 303, CTB – Pena: detenção de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. Da mesma forma que o delito de homicídio culposo na direção de veículo automotor, a lesão corporal culposa pode ser praticada em via pública ou particular. 
• Objetividade jurídica e material: protege-se de forma direta a segurança viária e de forma indireta, a integridade física ou fisiológica. Possui por objeto material a pessoa que sofre a lesão corporal culposa.
 • Classificação doutrinária: crime comum, material, de dano, aberto (em decorrência do elemento normativo culpa), comissivo ou omissivo impróprio, unissubjetivo e não admite a tentativa por se tratar de crime culposo.
 • Configura-se como infração penal de menor potencial ofensivo, em decorrência da pena máxima abstrata cominada, conforme dispõe o art. 61 da Lei nº 9.099/1995.
Omissão de socorro:
 • Art. 304, CTB – Pena: detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano ou multa, se o fato não constituir elemento de crime mais grave. • Objetividade jurídica e material. Protege-se de forma direta a segurança viária e de forma indireta, direito à vida e à integridade física ou fisiológica. 
• Classificação doutrinária: crime omissivo, formal, doloso (dolo de perigo), unissubjetivo e não admite a tentativa por se tratar de crime.
 • Trata-se de figura expressamente subsidiária, pois a conduta descrita no CTB requer que o agente esteja na condução do veículo automotor, que esteja envolvido no acidente ao qual omite socorro e que não tenha sido o responsável pelo acidente. Caso contrário, sua conduta poderia estar incursa nas figuras dos arts. 302 ou 303 do CTB, acrescidas da causa de aumento decorrente da omissão de socorro. 
• Configura-se como infração penal de menor potencial ofensivo em decorrência da pena máxima abstrata cominada, conforme dispõe o art. 61 da Lei nº 9.099/1995.
Fuga do local do acidente: 
• Art. 305, CTB – Pena: detenção de seis meses a um ano ou multa. 
• Objetividade jurídica e material. Além da segurança viária (incolumidade pública), tutela-se o normal funcionamento da Administração da Justiça. 
• Classificação doutrinária: próprio, unissubjetivo, subjetivamente complexo (possui o dolo genérico e especial fim de agir), formal, comissivo ou omissivo impróprio (art.13, § 2º, CP) e, em tese, admite a tentativa. Diferencia-se do delito previsto no art. 304, pois a conduta do art. 305 possui o especial fim de agir de eximir-se da responsabilidade penal ou civil, e não a mera omissão própria de socorro. 
• Configura-se como infração penal de menor potencial ofensivo em decorrência da pena máxima abstrata cominada, conforme dispõe o art. 61 da Lei nº 9.099/1995. 
Embriaguez ao volante: 
• Art. 306, CTB – Pena: detenção de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. 
• Objetividade jurídica e material. Visa proteger a segurança viária (incolumidade pública). 
• Classificação doutrinária: comum, doloso (dolo de perigo), crime de perigo, mera conduta, unissubjetivo, comissivo ou omissivo impróprio (art. 13, § 2º, CP). Por se caracterizar como delito de mera conduta, não admite a tentativa. 
• Em decorrência da pena mínima abstrata cominada, é possível a aplicação do SURSIS Processual, previsto no art. 89 da Lei nº 9.099/1995.
Violação de suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor:
 • Art. 307, CTB – Pena: detenção de seis meses a um ano e multa, com nova imposição adicional de idêntico prazo de suspensão ou de proibição. Além das penas principais (privativa de liberdade e pena de multa), possui como pena acessória a nova imposição adicional de idêntico prazo de suspensão ou de proibição.
 • Objetividade jurídica e material: além da segurança viária (incolumidade pública), tutela-se o normal funcionamento da Administração Pública. Possui por objeto material o veículo automotor conduzido sem a devida permissão ou habilitação. Neste caso, a figura típica tem por finalidade tornar eficaz a sanção aplicada ao condutor de veículo automotor cuja permissão ou habilitação foi suspensa. 
• Classificação doutrinária: crime próprio, unissubjetivo, doloso, de mera conduta, comissivo e de perigo abstrato. 
• Configura-se como infração penal de menor potencial ofensivo, em decorrência da pena máxima abstrata cominada, conforme dispõe o art. 61 da Lei nº 9.099/1995. 
• A figura equiparada do parágrafo único descreve a conduta daquele que, tendo sua permissão ou habilitação suspensa, não a entrega no prazo estabelecido no § 1º do art. 293 da mesma lei, qual seja: transitada em julgado a sentença condenatória, o réu será intimado a entregar à autoridade judiciária, em quarenta e oito horas, a permissão para dirigir ou a Carteira de Habilitação. 
Participação em competição não autorizada: 
• Art. 308, CTB – Pena: detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. 
• Objetividade jurídica e material: visa proteger a segurança viária (incolumidade pública). 
• Classificação doutrinária: comum, de concurso necessário de agentes, doloso, de perigo concreto (exige-se a produção de situação de risco à incolumidade pública ou privada), de mera conduta e plurissubsistente, razão pela qual, em tese, admite a tentativa. De forma contrária, sustenta Guilherme de Souza Nucci que o crime se configura como delito formal (NUCCI: 2016, p. 907). Ainda, considera-se como tipo aberto, pois possui a elementar normativado tipo penal “disputa ou competição automobilística não autorizada pela autoridade competente”. 
• Em decorrência da pena mínima abstrata cominada, é possível a aplicação do SURSIS Processual, previsto no art. 89 da Lei nº 9.099/1995. 
• As figuras qualificadas dos parágrafos 1º e 2º.
Direção sem permissão ou habilitação:
 • Art. 309, CTB – Pena: detenção de seis meses a um ano ou multa;
 • Objetividade jurídica e material: visa proteger a segurança viária (incolumidade pública). Tem por objeto material o veículo automotor; 
• Classificação doutrinária: crime comum, unissubjetivo, doloso, de perigo concreto (exige-se a produção de perigo de dano) e de mera conduta; 
• Configura-se como infração penal de menor potencial ofensivo em decorrência da pena máxima abstrata cominada, conforme dispõe o art. 61 da Lei nº 9.099/1995.
Entrega de direção de veículo automotor a pessoa não habilitada: 
• Art. 310, CTB – Pena: detenção de seis meses a um ano ou multa. 
• Objetividade jurídica e material: visa proteger a segurança viária (incolumidade pública). Tem por objeto material a direção de veículo automotor. 
• Classificação doutrinária: comum, doloso, de perigo abstrato, mera conduta, comissivo e tipo misto alternativo. Acerca da caracterização como delito abstrato, o Superior Tribunal de Justiça se pronunciou a partir da edição do Enunciado de Súmula nº 575, segundo o qual constitui o crime previsto no art. 310 do CTB, “independentemente da ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na condução do veículo” (julgado em 22/6/2016). 
• Configura-se como infração penal de menor potencial ofensivo em decorrência da pena máxima abstrata cominada, conforme dispõe o art. 61 da Lei nº 9.099/1995.
Crimes econômicos – AV2
AULA 12
Crimes contra as Ordens Tributária e Econômica e Relações de Consumo. Lei nº 80.137/1990 - quando o sujeito passivo da obrigação tributária se abstém do devido recolhimento do tributo, pratica uma infração fiscal que é sujeita a uma sanção de natureza administrativa (normalmente, a multa fiscal). Podemos considerar que há uma maior reprovação social na conduta do contribuinte que propositadamente emprega uma fraude para se omitir do recolhimento do tributo. Nesse caso, o fato pela sua maior gravidade caracteriza crime fiscal, ficando sujeito a uma sanção mais severa, de natureza penal.
Sujeitos - Caracteriza-se como sujeito ativo quem comete o fato punível descrito na norma penal – dos crimes tipificados nos arts. 1 e 2 da Lei 8.137/1990, é o contribuinte pessoa natural ou física que normalmente também é o sujeito passivo da obrigação tributária. De fato, a Seção I do Capítulo I da Lei nº 8.137/1990. Sujeito passivo dos delitos dos arts. 1 e 2 da Lei nº 8.137/1990
– quem é titular do bem jurídico lesado pelo crime –, é o erário, ou, mais especificamente, a pessoa jurídica de direito público (União, Estado Federado, Distrito Federal, Autarquia ou Município) titular do crédito tributário sonegado. Quanto ao crime do art. 3.º da Lei nº 8.137/1990, o sujeito passivo é a Administração Pública.
Pena de multa - O art. 8º da Lei nº 8.137/1990 estabelece a aplicação da pena de multa às condutas previstas nos arts. 1º a 3º, de modo que estas deverão ser fixadas entre 10 (dez) e 360 (trezentos e sessenta) dias-multa, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, em respeito ao princípio da proporcionalidade das penas.
Delação premiada. Art. 16 da Lei nº 80.137/1990 - O art. 16 apresenta uma causa especial de diminuição de pena (de um a dois terços) para o agente concorrente do crime contra a ordem tributária que, mediante confissão espontânea à autoridade policial ou judicial, torne possível o desmantelamento da associação criminosa. Entretanto, caso não ocorra a relação de causalidade entre a delação e o desmembramento da associação criminosa, restará caracterizada a atenuante genérica, prevista no art. 65, III, d, do Código Penal.
Extinção de punibilidade pelo pagamento do tributo - Assim, o agente faz jus à extinção da punibilidade, caso pague o débito principal e os acessórios a qualquer tempo, independentemente da fase procedimental na qual se encontre o processo criminal.
Crimes em espécie: arts. 1º a 3º - trata dos crimes contra a ordem tributária e os classifica conforme o sujeito ativo seja particular ou funcionário público. Os artigos 1º e 2º relatam as condutas praticadas por particular e o art. 3º, por funcionário público. Por outro lado, o Estado sempre figurará como sujeito passivo das condutas.
Crimes contra as Relações de Consumo - às relações de consumo decorrentes da denominada sociedade de consumo e a respectiva adoção de medidas de política criminal voltadas à efetivação dos princípios fundamentais do Direito Penal que limitam o poder punitivo estatal.
A tutela penal econômica nas relações de consumo - Lei nº 8.078/90.
Lavagem de Capitais (Lei n.9613/1998) e Crimes de Colarinho Branco (Lei n.7492/1986) – AULA 13
Lavagem de Capitais - O crime de lavagem de capitais (ou dinheiro) se caracteriza como crime consequente ou derivado, pois necessita da prática de uma infração penal antecedente, conforme dispõe expressamente o art. 1º da Lei nº 9.613/1998. Desta forma, a conduta de lavagem de dinheiro visa ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal.
Conceitos, fases e técnicas
A conduta de lavagem de dinheiro apresenta três fases: conversão, dissimulação e integração.
• A fase da conversão se caracteriza pela transferência do dinheiro procedente de origem ilícita (infração penal antecedente) para outros locais.
• A fase da dissimulação se caracteriza pela busca em dissociar a origem ilícita do dinheiro ou capital, seja através de contas fantasmas, mistura com dinheiro ou capitais de origem lícita ou de quaisquer outras transações financeiras que “mascarem” a origem ilícita.
• A fase da integração se caracteriza pelo exaurimento da lavagem de dinheiro ou capitais, momento em que o(s) agente(s) “ostenta” o dinheiro auferido com a prática de condutas lícitas, como, por exemplo, a abertura de um restaurante ou loja “de fachada”, o qual aparentará ser lucrativo, quando, na verdade, apenas serve para integrar o dinheiro ou capital de origem ilícita ao patrimônio do(s) agente(s) ou organização criminosa.
Delação premiada - O parágrafo 5º do art. 1º estabelece uma causa especial de diminuição de pena que varia de um a dois terços, e ser cumprida em regime aberto ou semiaberto, facultando- se ao juiz deixar de aplicá-la ou substituí-la, a qualquer tempo, por pena restritiva de direitos, se o autor, coautor ou partícipe colaborar espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentos que conduzam à apuração das infrações penais, à identificação dos autores, coautores e partícipes, ou à localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime.
Crimes de Colarinho Branco - O conjunto articulado de instituições, ou entes a ela equiparados, públicos ou privados, que correspondem ao modelo expressamente definido em lei e estruturados com o escopo de ‘promover o desenvolvimento equilibrado do país e servir aos interesses da coletividade’, instituições em atuação na captação, gestão e aplicação de recursos financeiros e valores mobiliários de terceiros – quer entes públicos ou privados – sob a fiscalização do Estado, bem como as relações jurídicas existentes entre tais instituições, seus usuários, seus funcionários e o poder público.
Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional - A Lei nº 7.492/86, em seus artigos 2 a 23, estabelece “os crimes contra o sistema financeiro nacional”, e seus artigos 25 a 31 e 33 a 35, o procedimento criminal, sendo a presente aula voltada ao estudo crítico das principais figuras típicas previstas.

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