Buscar

Teoria Politica - Resumo principais autores

Prévia do material em texto

Teoria Politica 
Hayek. 
Hayek adere um conceito de liberdade com a ausência de coerção, a propriedade privada e o 
direito individual devem ser respeitados. 
O indivíduo é visto como categoria de análise e também como motor da sociedade, indo além 
e em busca da análise da ação humana. 
Não faz apologia a liberdade a partir de um otimismo antropológico, isto é de forma que confie 
na racionalidade humana. Tal linha de pensamento segue o êxito de que tudo isso foi tentando 
ser posto em pratica sem obter êxito. 
Faz uma defesa utilitária da liberdade, sendo ela não algo que alguém gosta de exercer, mas sim 
o tipo de liberdade que alguém necessita para beneficiar a sociedade. 
Os benefícios da liberdade existem mesmo que não seja garantida de forma universal, sendo 
melhor que alguns gozem dela do que ninguém, e que alguns possam gozar da liberdade plena, 
do que todos possuírem a liberdade restrita. 
Tece uma crítica á conservadora á democracia, considera a forma de governo menos perversa, 
mas por outro lado o conservadorismo atribui os males á democracia, quando na verdade os 
problemas não se concentram nos regimes, mas na limitação dos poderes. 
Os seres humanos agem em perspectivas econômicas. 
Impossibilidade do socialismo, colocando-o como o caminho a servidão 
Economia em destaque, colocando a política em menor importância 
Utópico e irracional o Estado tomar decisões 
O princípio do igualitarismo, elimina o incentivo individual, e aumenta o poder de coerção da 
autoridade ao exigir que se tratem diferentes pessoas, de maneira diferenciada com o objetivo 
de coloca-las nas mesmas condições materiais. 
Acreditava na indivisibilidade da liberdade, a menos que se obtenha ou se mantenha a liberdade 
econômica, as outras liberdades, civil e política se esvaem. 
A intervenção estatal na economia. Aceita-se a interferência governamental na previdência 
social, educação ou subsidiando desenvolvimentos experimentais. 
Rawls, Nozcik e Hayec. 
Libertarismo, indica a defesa de um Estado mínimo, postulado por John Rawls e encontrado 
em Robert Nozick, que traz uma crítica a qualquer arranjo político institucional que perpasse 
as funções simples de garantias individuais a tentar redistribuir bens ou serviços. Delimitando 
a esfera política e a econômica, com deliberação sob as funções do Estado no ordenamento 
social. 
A teoria libertária, possuem vertentes normativas, como a pós Teoria da justiça, sendo outras 
duas correspondentes ao liberalismo igualitário, filiado a Jhon Rawls, e o comunitarísmo. A 
última corresponde a inclusão de ampliação de direitos, criticado pelo libertarismo, defendendo 
um Estado mínimo e uma primazia do mercado frente a políticas distributivas. 
A distinção entre as concepções de justiça tanto de Rawls quanto de Nozick, são nítidas, na 
medida que se refere ao princípio da diferença, estabelecido que arranjos sociais só seriam 
justos se beneficiassem indivíduos em piores condições sociais. Contraposição frontal, com 
Rawls que tenta conjugar a liberdade e a igualdade ao passo que Nozick coloca a liberdade 
como prioridade. Hayek nessa mesma visão, acredita na incompatibilidade entre igualdade e 
liberdade. 
Nozick evidencia uma lógica individualista, racionalista e autônoma, sendo os indivíduos 
invioláveis, não podendo ter sua liberdade sacrificada como meio ou instrumento para a 
igualdade. O autor rejeita o intervencionismo estatal demasiado, mas emprega a existência dele 
em dois fatores, o exercício do monopólio da força e o oferecimento de proteção a todos os 
residentes, algo visto como um elemento distributivo. O libertarismo julga a importância do 
Estado no seu papel de legitimidade da punição de pessoa que violam os direitos das outras. 
Prover a proteção seria um direito natural a vida, á liberdade de escolha e a propriedade privada. 
A possível crítica ao libertarismo guardaria semelhanças superficiais, uma vez que concebe e 
justifica o poder político como baseado em uma rede de contratos privados bilaterais requeridos 
para a manutenção do Estado mínimo. 
 
 
 
Introdução ao Marxismo- a crítica ao sistema capitalista e a revolução. 
Os liberais enfatizavam a importância do indivíduo. Naquela época, eles consideravam o 
desenvolvimento e a soberania do indivíduo como o mais importante fenômeno da era. 
"Indivíduo e individualismo" era o slogan liberal da época. E os reacionários já haviam atacado 
essa posição. A única justificativa para uma lei era ver se ela era ou não capaz de promover o 
bem-estar social das pessoas. Em vários países, os liberais e os racionalistas clamavam por 
constituições escritas, pela codificação de leis, e pela criação de novas leis que permitiriam o 
pleno desenvolvimento das aptidões do cada indivíduo. 
Não é o indivíduo quem pensa; é a nação — ou uma entidade social qualquer — quem utiliza 
o indivíduo unicamente para a expressão dos próprios pensamentos dela. Essa ideia foi muito 
enfatizada por Marx e pelos marxistas. Sob esse aspecto, os marxistas não eram seguidores de 
Hegel, cuja principal noção sobre evolução histórica envolvia uma evolução rumo à liberdade 
do indivíduo. Do ponto de vista de Marx e Engels, o indivíduo era uma coisa desprezível e 
insignificante aos olhos da nação. Marx e Engels negavam que o indivíduo tivesse alguma 
função na evolução da história. De acordo com eles, a história caminha por conta própria 
As forças produtivas materiais progridem independentemente, sem nenhuma relação com os 
desejos e vontades dos indivíduos. E os eventos históricos ocorrem com a mesma 
inevitabilidade de uma lei da natureza. 
De maneira acidental, o termo Revolução Industrial foi criado por Arnold Toynbee. Marxistas 
dizem que "O que vai promover a derrubada do capitalismo não é uma revolução — veja a 
Revolução Industrial". 
Karl Marx acreditava que a acumulação de capital era um obstáculo. Aos seus olhos, a única 
explicação para qualquer acumulação de riqueza era que alguém havia roubado um outro 
alguém. Para Karl Marx, toda a Revolução Industrial consistiu simplesmente da exploração 
dos trabalhadores pelos capitalistas. 
Trata-se de pressuposto geral e razoável porque extraído das evidências prático-sensíveis e 
sócio históricas das formas e modos de ser e existir dos homens, constatáveis por vias empíricas. 
O mundo dos homens não pode ser explicado a partir das ideias, e também não servem para 
tanto quaisquer pontos de partida ou bases de sustentação. 
Essa perspectiva que afirma o trabalho como elemento fundamental, fundador da sociabilidade 
humana, já está presente primeiramente nos Manuscritos econômicos e filosóficos, “onde o 
conjunto das esferas da existência humana (desde o lugar da arte, da religião, da filosofia, 
passando pela conceituação de liberdade, até as formas concretas e imediatas de realização do 
trabalho) aparece como dependente da esfera da produção”.68 Essa descoberta representou um 
salto qualitativo muito importante na teoria marxiana, pois, de agora em diante, ela vai 
fundamentar a possibilidade de emancipação humana, superando as proposições presentes na 
Introdução, na qual o proletariado era apenas a classe portadora dos sofrimentos da 
humanidade. 
Essa tese que parte da produção material ou do trabalho para compreender o movimento 
dialético da história e a constituição do homem como ser social recebeu uma importante 
contribuição na obra engelsiana intitulada Sobre papel do trabalho na transformação do macaco 
em homem. Nessa obra, Engels, o grande parceiro de militância política e intelectual de Marx, 
explicita a mesma concepção antropológica naturalista aventada por Aron, buscando 
demonstrar que o trabalho não é apenas a condição sine qnon para a existênciada sociedade, 
pois em todas as formas de organização social ele é imprescindível; mas, principalmente, que 
o trabalho foi o responsável pelo surgimento do homem enquanto espécie inteligente, capaz de 
produzir ferramentas e assim transformar a natureza e também a si próprio. 
Por divisão do trabalho entendemos a forma como a produção material está dividida entre os 
membros da sociedade. Ela pode abranger vários aspectos, por exemplo, a divisão entre trabalho 
material e trabalho intelectual, isto é, entre aqueles que teorizam ou planejam e aqueles que 
executam uma determinada atividade. Pode referir-se também à oposição entre os proprietários 
dos meios de produção e os trabalhadores, com base na qual cada classe ocupa um lugar no 
processo de produção e de apropriação da riqueza. 
Visando demonstrar a relação entre a base material de produção e reprodução da vida e seus 
reflexos espirituais e ideológicos, Marx faz uma análise das formas de propriedade e suas 
respectivas características e implicações políticas econômicas e sociais. Nesse contexto, as 
diferentes fases do desenvolvimento da divisão do trabalho, expressam, por sua vez, diferentes 
formas de propriedade. Desse modo, Marx diferencia três estágios de desenvolvimento da 
propriedade anteriores ao capitalismo: a propriedade tribal, a propriedade estatal ou comunitária 
da antiguidade e, finalmente, a propriedade feudal ou estamental 
A realidade é modificável pelo homem. 
O segundo momento, ou fato histórico, é aquele que corresponde à superação das necessidades 
básicas, “por assim dizer animais”76 dos homens, caracterizado por uma ampliação e 
sofisticação dessas necessidades, onde se verifica a criação de demandas mais ricas, sutis e 
complexas, definindo aquilo que podemos chamar de vida civilizada. O terceiro momento 
refere-se à reprodução do próprio homem por meio da constituição do núcleo familiar, pois, 
uma vez satisfeita e ampliada a primeira necessidade de sobreviver, garantida pelo ato do 
trabalho, os homens passam a estabelecer relações mais complexas, reproduzindo-se, dando 
gênese 
Finalmente, o quarto momento destacado em A ideologia alemã refere-se ao desenvolvimento 
das forças produtivas, que trazem em seu bojo concomitantemente a relação dos homens com 
a natureza e a relação dos homens entre si. As forças produtivas da sociedade compreendem os 
meios de produção e a força de trabalho, isto é, as habilidades, as técnicas, as tecnologias e os 
instrumentos que o homem possui para dominar a natureza, exercer controle sob as condições 
naturais e subordiná-la a suas necessidades. Dispondo desses elementos, faz-se necessário que 
o homem organize-se socialmente para produzir, estabelecendo, assim, as relações sociais de 
produção 
Para Marx, as forças produtivas, as relações sociais de produção e a consciência, isto é, a 
representação ideal que os homens extraem da realidade, devem estar em consonância até o 
momento em que a sociedade esteja estruturada com base em condições objetivas de igualdade 
econômica e social. Porém, em determinado momento, esses três elementos devem e podem 
entrar em contradição entre si, na medida em que se desenvolve a divisão social do trabalho e 
a propriedade privada. 
Para Marx, nesse momento, a ideologia assume um papel importantíssimo na manutenção do 
status quo, pois acaba por orientar a ação dos homens, tanto em sua relação ao ato laborativo, 
quanto em sua relação social com os outros homens. Nesse contexto, na presente obra, a 
ideologia é definida como o conjunto de ideias e valores sociais predominantes em uma 
determinada época, valores tais que correspondem aos interesses da classe dominante, uma vez 
que esta detém o poder político e econômico e, portanto, as condições materiais e culturais para 
fazer com que seus valores sejam assimilados como valores universais de toda a sociedade 
Entretanto, a abordagem que afirma que o proletariado acaba por assimilar passivamente os 
valores da classe dominante, o que contribui para a aceitação e manutenção do status quo, dá 
margem a uma identificação da ideologia apenas como sinônimo de falsa representação do 
mundo real, ou ainda, de falsa consciência. Raymond Aron corrobora esse ponto de vista, qual 
seja, que a ideologia corresponde a uma falsa consciência do mundo, isto é, uma concepção de 
mundo de uma classe particular que ao universalizá-la para as demais classes, cria as condições 
para manter sua dominação material e política. 
Marx retoma o conceito de estranhamento, segundo o qual os produtores do mundo material 
são mantidos apartados da riqueza produzida, não se reconhecem nos produtos de sua criação, 
e, finalmente, são dominados pelo mundo engendrado pelo trabalho. 
Para Marx, a superação desse estranhamento seria viabilizada pela revolução comunista que 
permitiria ao proletariado tomar o controle da sociedade em suas mãos; porém, para que essa 
revolução obtivesse êxito, seria necessário que tal classe, a única verdadeiramente 
revolucionária, pudesse apresentar seus interesses como universais de todas as classes 
oprimidas. 
Utilizando a história como ponto de fundamentação teórica, Marx lembra que o expediente foi 
utilizado pela burguesia francesa, que só pôde sair-se vitoriosa da revolução pelo fato de ter 
conseguido apresentar seus interesses particulares traduzidos sob o lema da liberdade, 
igualdade e fraternidade, como ideais de todas as classes oprimidas. Assim, a tarefa do 
proletariado de apresentar seus interesses particulares como interesses universais de todas as 
classes subalternas nos reconduz à questão do papel da ideologia e de sua função na orientação 
da prática social dos homens. 
O marxismo oriental- Lenin, Estado e revolução 
O autor faz uma análise teórica do imperialismo, descrita por ele como a “fase mais recente do 
desenvolvimento do capitalismo”. Lênin discorre sobre A Concentração da Produção e os 
Monopólios, afirmando que “O enorme incremento da indústria e o processo notavelmente 
rápido de concentração da produção em empresas cada vez maiores constituem uma das 
particularidades mais características do capitalismo”. Para demonstrar isso, o autor utiliza-se 
de dados sobre o processo fornecidos por censos industriais. Com essas informações, Lênin 
assinala o processo de transformação da concorrência em monopólio nos principais centros 
capitalistas do mundo, como Alemanha, Inglaterra, França e Estados Unidos da América. 
 
 
Lênin se detém ainda na explicação pormenorizada da transformação da concorrência em 
monopólio. Ainda neste primeiro capítulo, o autor cita Karl Marx, em O Capital, explicando 
que muito antes de ocorrer esse fenômeno, Marx já anunciava que a livre concorrência gera a 
concentração da produção, que num certo grau de desenvolvimento, conduz ao monopólio. 
Em seguida, o autor discute a importância e o papel do sistema bancário para a consolidação 
dos monopólios, pois são esses instrumentos também se transformam em monopólios “À 
medida que vão aumentando as operações bancárias e se concentram num número reduzido de 
estabelecimentos, os bancos convertem-se, de modestos intermediários que eram antes, em 
monopolistas onipotentes”. A partir dessa premissa, Lênin discorre sobre esses 
estabelecimentos, citando dados de vários países e, tomando como exemplo o Banco Alemão, 
discute como se dá essa centralização. O autor também descreve a competição existente entre 
os bancos e as caixas econômicas e as estações de correio, além de mostrar que existe um 
processo de fusão entre bancos com as maiores empresas 
No capítulo IV, ele explica como se dá a exportação de capitais, que “adquire um 
desenvolvimento gigantesco em princípios do século XX”, e sobre o impacto dessecapital nos 
países estrangeiros, acrescenta “A exportação de capitais repercute-se no desenvolvimento do 
capitalismo dentro dos países em que são investidos, acelerando-o extraordinariamente”. Nesse 
sentido, Neste aspecto desempenham um papel importante os bancos fundados nas colônias, 
bem como as suas sucursais. Lênin discute A partilha do mundo entre as associações de 
capitalistas. Para ilustrar, o autor cita os exemplos da indústria elétrica e seu desenvolvimento 
em vários países, as fábricas de carris de ferro, a indústria do petróleo e marinha mercante, 
como processos de concentração que levaram à “partilha do mundo”. Logo após, o autor mostra 
como se deu a partilha do mundo entre as grandes potências, e, citando o geógrafo A. Supan, 
apresenta a percentagem de território pertencente às potências coloniais européias e aos Estados 
Unidos. “O traço característico do período que nos ocupa é a partilha definitiva do planeta, 
definitiva não no sentido de ser impossível reparti-lo de novo "pelo contrário, novas partilhas 
são possíveis e inevitáveis", mas no sentido de que a política colonial dos países capitalistas já 
completou a conquista de todas as terras não ocupadas que havia no nosso planeta”, afirma. 
Neste capítulo, Lênin explica como a política colonial mundial encontra-se intimamente 
relacionada com o capital financeiro, mostrando o avanço das possessões coloniais das grandes 
potências e a relação entre as colônias e a escassez de matérias-primas nos países 
desenvolvidos. 
O autor inicia fazendo um balanço sobre o assunto e define brevemente “o imperialismo é a 
fase monopolista do capitalismo” para, em seguida, citar as características e os traços 
fundamentais desse processo. Nesse sentido, o autor também discute “o lugar histórico que esta 
fase do capitalismo ocupa relativamente ao capitalismo em geral e a relação entre o 
imperialismo e as duas tendências fundamentais do movimento operário”. 
“O monopólio capitalista gera inevitavelmente uma tendência para a estagnação e para a 
decomposição”. Partindo desse princípio, no capítulo seguinte, o autor descreve como se dá o 
que ele chama de parasitismo e a decomposição do capitalismo, explicando a camada dos 
rentiers, ou seja, “de indivíduos que vivem do ‘corte de cupões’, que não participam em nada 
em nenhuma empresa, e cuja profissão é a ociosidade”. 
Lênin faz um panorama dialogando com vários autores que fazem uma crítica ao imperialismo, 
ressaltando “a atitude das diferentes classes da sociedade perante a política do imperialismo, de 
acordo com a ideologia geral das mesmas”. O autor cita, principalmente, Kautsky, um ex-
marxista, que criou a teoria do ultraimperialismo. “Tanto a análise teórica como a crítica 
econômica e política que Kautsky faz do imperialismo encontram-se totalmente impregnadas 
de um espírito absolutamente incompatível com o marxismo, de um espírito que oculta e lima 
as contradições mais essenciais, impregnadas da tendência para manter a todo o custo a unidade 
em desintegração com o oportunismo no movimento operário europeu”, ressalta. 
Por fim, assinala O lugar do imperialismo na História, mostrando as principais manifestações 
do capitalismo monopolista e afirmando que essa nova conjuntura agudizou todas as 
contradições do capitalismo. 
Rosa Luxemburgo- Socialismo Democrático. 
Os primeiros, ao reduzirem seu pensamento político à famosa fórmula lapidar da "liberdade é 
sempre a liberdade dos que pensam de maneira diferente", utilizaram-no como arma contra o 
bolchevismo, criando assim uma dicotomia entre democracia e ruptura revolucionária - de um 
lado, o luxemburguismo democrático, defensor da democracia como fim em si, de outro o 
autoritarismo bolchevique, segundo o qual a democracia não passariade instrumento para se 
chegar ao socialismo. 
A noção de democracia em Rosa Luxemburgo está intrinsecamente ligada às idéias de ação 
autônoma e de experiência das massas. Mas como a sua teoria política, que nada tem de 
sistemático, é elaborada no diálogo com a conjuntura, em artigos para jornais e revistas social-
democratas, quase sempre em polêmica com os adversários. 
A Greve das Massas não é uma tática contrária à luta quotidiana e parlamentar, mas 
precisamente o meio de criar condições para a conquista de direitos políticos, fundamentais 
para a emancipação dos trabalhadores alemães. 
Rosa mostra, na sua análise, que a história da revolução russa e a história da greve de massas 
se confundem. Greve de massas, para dizer tudo em poucas palavras, é sinônimo de ação 
revolucionária, na qual não há distinção nítida entre reivindicações econômicas e políticas. Em 
análise detalhada do movimento grevista na Rússia, ela mostra como reivindicações 
econômicas desembocam em reivindicações políticas e vice-versa, num movimento circular. 
 Rosa dá mais peso à ação das massas que à teoria, ao partido. É o que podemos perceber na 
mencionada análise da revolução russa de 1905. 
Rosa mostra-as como o elemento livre da história, não tendo uma dependência imediata da 
Aufklärung, do partido e da "ciência" marxista. Ou seja, ao mesmo tempo em que aparecem 
ligadas à "lógica do processo histórico objetivo", elas inventam, são autônomas, criadoras, 
livres. 
Liberdade e democracia mantêm assim uma relação intrínseca com o conceito de massas. Este 
é um fio condutor do seu pensamento político que permanece até o fim. 
E uma última lição: a consciência brota da espontaneidade, indo, ao mesmo tempo além dela, 
num processo de educação ininterrupta. O partido é resultado das lutas espontâneas e se 
alimenta delas. 
Em plena revolução, o partido deve exprimir a posição do proletariado na luta, ser "'porta voz'" 
intérprete da vontade das massas. 
A partir de 1914, há uma guinada no pensamento de Rosa. O viés determinista que por vezes 
aparecia é profundamente abalado com a adesão da socialdemocracia e dos proletariados 
nacionais à guerra imperialista. 
Numa época de crise para o socialismo, como foram os anos da primeira guerra mundial, época 
de refluxo dos ideais revolucionários, a "experiência histórica" passa a ser fundamental. É 
preciso que as massas tomem consciência e façam a crítica de seus erros e ilusões para que a 
humanidade se emancipe. 
 A alienação é vista por ela como momento necessário no processo de constituição de uma 
classe operária consciente, alienação de que se libertará por conta própria, se der ouvidos à 
experiência histórica. 
Por apostar no socialismo como resultado da criação livre das massas, entregues às suas 
próprias experiências, numa relação recíproca de aprendizagem com o partido é que Rosa 
diverge de uma concepção vanguardista e autoritária da política. 
O socialismo como objetivo final a priori, quer dizer, o determinismo, encontra-se aqui 
presente. responsável pelo fascínio exercido por Rosa sobre a esquerda fora dos partidos 
comunistas, tem um sentido polêmico bem claro: opor-se ao burocratismo, às normas rígidas, 
aos esquemas prévios, aos decretos, quer referindo-se à Alemanha, onde predominam a 
paralisia e as "boas maneiras" do proletariado, quer à Rússia, que corre o risco de se transformar 
na ditadura do partido sobre a classe. 
A vontade enérgica do partido revolucionário, que ela exalta nos bolcheviques, não bastava 
para instaurar o socialismo. Só com liberdades públicas poderia o "povo" formar-se 
politicamente, adquirindo autonomia intelectual e moral, pré-requisito imprescindível para a 
"prática do socialismo" se a democracia tem como fundamento a ação livre das massas, há um 
elo indissolúvel entre democracia, revolução e socialismo. Revoluções, pensa Rosa com toda 
razão, são fenômenos altamente democráticos, justamente por consistirem na participaçãode 
amplas massas populares procurando rapidamente transformar a ordem constituída e instaurar 
a igualdade econômica, política e social - isto é, uma verdadeira democracia - o que, no seu 
entender, é incompatível com o capitalismo. 
Não o faz em nome da defesa da democracia como valor universal mas por pensar que a 
democracia e a liberdade são necessárias para que haja vida em todos os organismos 
representativos dos trabalhadores, tanto o parlamento, quanto os sovietes. Liberdade e 
democracia são vitais para as massas poderem agir com autonomia, fazerem as suas próprias 
experiências e aprenderem com elas. 
Para Rosa, não há uma forma única de organização dos trabalhadores, rigidamente determinada, 
em que a consciência de classe estaria para sempre representada, pois a luta de classes, no seu 
movimento incessante, leva a contínuas modificações das formas organizatórias. 
Com a revolução alemã, democracia socialista, para ela, passa a significar concretamente 
governo conselhista. Os conselhos, organismos de base eleitos pelos operários e soldados, de 
acordo com o programa da Liga Spartakus, seriam a nova forma de poder estatal a substituir 
"os órgãos herdados da dominação burguesa ", isto é, "parlamentos e conselhos municipais. 
Os conselhos devem ter funções políticas e econômicas, é o que explica o programa da Liga 
Spartakus. Através dos conselhos, "a grande massa trabalhadora deixa de ser uma massa 
governada" - eis a "essência" do socialismo - passando a autodeterminar-se no plano político. 
Os conselhos, além de instrumentos de mudança política e econômica, seriam também 
instrumento de mudança cultural da sociedade, ou seja, levariam a uma superação das formas 
burguesas de consciência. As massas aprenderiam "autodisciplina", "verdadeiro senso cívico", 
senso da "coletividade", qualidades que constituem o "fundamento moral da sociedade 
socialista, assim como estupidez, egoísmo e corrupção são os fundamentos morais da sociedade 
capitalista. 
Para Rosa, só em épocas de ruptura histórica a democracia se instaura verdadeiramente: quando 
amplas massas, anteriormente vítimas de um destino incontrolado, passam a se autodeterminar 
no plano político, econômico e cultural, conquistando direitos antes negados, é que uma 
alternativa à sociedade capitalista começa a esboçar-se. 
Se, por um lado, Rosa Luxemburgo não é defensora da democracia como valor universal, 
insistindo veementemente na necessidade de distinguir entre o "núcleo social e a forma política 
da democracia burguesa", ou seja, na necessidade de desvendar "o áspero núcleo de 
desigualdade e de servidão sociais escondido sob o doce invólucro da igualdade e da liberdade. 
Sendo uma "socialista entre o oriente e o ocidente", Rosa Luxemburgo revela um pensamento 
político original ao buscar a conciliação entre o ímpeto revolucionário dos russos e o respeito 
pela democracia dos social democratas alemães. É precisamente a ideia de sociedade socialista 
democrática como criação autônoma das massas tomadas conscientes na ação, que foi usada 
como bandeira de luta, tanto do lado de cá, quanto do lado de lá do Muro de Berlim. 
 
O neomarxismo- Gramsci – guerra de movimento e guerra de posição 
Gramsci parte das condições históricas nacionais, sem, no entanto, vilipendiar a 
conjuntura internacional. Na Europa, destacam-se as derrotas dos movimentos socialistas 
revolucionários. E no âmbito global, como propõe Gramsci em Americanismo e Fordismo 
(1988), há o estabelecimento de um novo modo de produzir e de viver que promove a 
continuidade do capitalismo e da hegemonia da classe proprietária. É nesse contexto que 
Gramsci busca construir uma estratégia revolucionária. Gramsci está situado no momento de 
transição entre a primeira geração dos pensadores ligados a Marx e o que denomina marxismo 
ocidental. 
O problema central que perpassa a tradição do pensamento marxiano (ocidental) seria, pois, a 
tentativa de responder por qual motivo a revolução proletária não ocorreu no Ocidente e quais 
condições favoreceram uma revolução no Oriente, ou seja, na Rússia. 
Elabora sua noção de hegemonia tendo em vista as particularidades do Ocidente; sendo 
considerado o teórico que mais insistiu nessa questão e que maior contribuição ofereceu nesse 
sentido. Entrementes, o problema fundamental que se coloca diante de Gramsci não é outro 
senão “o de saber como se articula a multiplicidade das rupturas através das quais a classe 
operária alcança o poder e tende a criar suas condições de hegemonia”. 
Elabora sua estratégia da passagem da guerra de movimento à guerra de posição. Essa discussão 
está inserida, historicamente, no debate de Gramsci com Trotsky, Luxemburgo e, 
principalmente, em relação à adoção da estratégia stalinista pelo Partido Comunista Italiano. 
Concepção do mundo humano como criação dos próprios homens que fazem 
sua própria história e são capazes de pensar e postular a transformação do real, compreender os 
fenômenos existentes e realizar tal projeto na prática. 
 O pensador estabelece as diferenças entre guerra de manobra (de movimento, frontal) e guerra 
de posição. Demonstra que, tanto na esfera militar, quanto na política, a guerra de posição se 
sobrepõe à guerra de manobra nos países mais avançados civil e industrialmente. 
Criticando as posições de Rosa Luxemburgo e Trotsky, o pensador político italiano desenvolve 
com originalidade a proposta leninista de uma estratégia revolucionária para os países do 
Ocidente. Os conceitos guerra de movimento e guerra de posição na arte militar e os conceitos 
relativos à arte política; demonstrando, desse modo, que a luta política é sobremodo mais 
complexa que a guerra no sentido militar. 
No Ocidente, ou seja, nos Estados mais complexos e avançados do ponto de vista civil e 
industrial, a guerra de posição deve se sobrepor à guerra de movimento, uma vez que nestes, “a 
sociedade civil transformou-se numa estrutura muito complexa e resistente às irrupções 
catastróficas do elemento econômico imediato (crises, depressões, etc): as superestruturas da 
sociedade civil são como o sistema de trincheiras na guerra moderna” 
Em face dessa constatação, para a revolução no Ocidente, Gramsci recusa o economicismo 
espontaneísta proposto por Rosa Luxemburgo. 
Na comparação entre as posições de Broinstein e Ilitch, respectivamente, Trotsky e Lenin, o 
filósofo sardo demonstra que o primeiro insiste na estratégia de uma espécie de 
internacionalização permanente e indiscriminada da guerra de manobra. Esse fato, segundo 
Gramsci não o torna um ocidentalista como pode parecer no primeiro momento. Ao contrário, 
torna-o cosmopolita, vem a ser, superficialmente nacional e superficialmente ocidentalista ou 
europeu. 
Gramsci explicita que nas sociedades orientais não foi desenvolvida uma sociedade civil forte 
e autônoma. Nestas, o Estado é tudo e a sociedade civil é incipiente e fluida, porquanto a luta 
se trava, fundamentalmente, visando à conquista do Estado. Sendo o Estado, em certa medida, 
restrito, o movimento revolucionário se expressa como guerra de movimento ou de manobra. 
Sociedade política: (Estado em sentido estrito): formada pelo conjunto dos mecanismos através 
dos quais a classe dominante detém o monopólio legal da repressão e da violência e que se 
identifica com os aparelhos coercitivos ou repressivos de Estado, controlados pelas burocracias. 
Sociedade civil: organizações responsáveis pela elaboração e/ou difusão das ideologias, 
compreendendo as escolas, as igrejas, os partidos políticos, os sindicatos, as organizações 
profissionais, os meios de comunicação, etc. No meio e por meio da sociedade civil, busca-se 
a hegemonia. Os seus portadores materiais são os aparelhos privados de hegemonia.Neste 
contexto, afigura-se imprescindível a estratégia da guerra de posição, vem a ser, a conquista de 
posições importantes para a construção da hegemonia. o pensamento de Gramsci é, sobretudo, 
uma crítica política situada na perspectiva da estratégia revolucionária, cujo elemento central 
não é outro senão a diferença entre guerra de movimento e guerra de posição; reflexão, esta, 
que resgata e amplia o conceito de Estado. Gramsci desenvolve o conceito leninista de 
hegemonia. 
A estratégia da guerra de posição apresentada por Gramsci, insere-se, como mencionado acima, 
no contexto de uma batalha política travada por Gramsci. Suas críticas relativas à guerra de 
movimento dirigem-se a Trotsky e sua insistência na denominada revolução permanente, a Rosa 
Luxemburgo. 
Gramsci propõe ao proletariado a guerra de posição nos países capitalistas desenvolvidos. 
Recomenda que o Estado, nestes países, possui uma organização política em uma sociedade 
civil complexa que não existia na Rússia de 1917, ampliando o conceito de Estado; sociedade 
política mais sociedade civil. 
Em ambos os casos há o que Gramsci denominara revolução passiva, vem a ser, a manutenção 
da exploração e da hegemonia por parte da classe dominante por meio de sua rearticulação, 
mediante concessões às classes subalternas ou mesmo pela coerção. 
Com extraordinária lucidez, Gramsci empreende sua análise da correlação de forças naquele 
momento assaz importante ao capitalismo, vincula o conceito de hegemonia ao Estado, 
desenvolvendo, destarte, o conceito de guerra de posição (para Gramsci, a única estratégia 
possível para o ocidente), definindo o Estado integral: ditadura mais hegemonia. 
Gramsci compreende que a sociedade civil, nos Estados mais avançados, possui uma estrutura 
mais complexa, resistente, inclusive, às crises econômicas e depressões. Destarte, para este 
pensador, nas sociedades ocidentais, na medida em que as crises (orgânicas) se articulam em 
vários níveis, não há uma solução rápida baseada na ideia de um choque frontal. 
 A crise orgânica (comprometimento com a conscientização formação intelectual das massas) 
não traz, por si mesma, a desagregação da classe dominante e a perda de sua hegemonia. Essa 
possibilidade existe, mas não pode prescindir, nesse momento, da iniciativa dos sujeitos 
políticos, vem a ser, da capacidade de organização política da classe dominada. 
Os conceitos de hegemonia e Estado são inseparáveis e só podem ser compreendidos a partir 
da oposição entre guerra de movimento (que exige uma estratégia fulminante na tomado do 
poder contra o Estado forte e coercitivo) e guerra de posição (que exige concentração de 
hegemonia e movimentação de todos os recursos de hegemonia e do Estado para a tomada do 
poder). 
Gramsci retoma a questão da relação entre o político e o econômico, colocando em questão a 
famigerada problemática da conexão entre as estruturas e as superestruturas. Gramsci interpõe, 
entre estas, a mediação da sociedade civil (que é parte do Estado), isto é, do conjunto de 
organizações que compõem o tecido ideológico eorganizativo da hegemonia. E é justamente a 
partir desta perspectiva que o pensador compreende que a luta pela hegemonia é travada no seio 
da sociedade civil. E que um instrumento imprescindível, nesta empreitada é, seguramente, o 
partido político. 
A transição de um país industrial e civilmente avançado para o socialismo se dá noembate pela 
direção da sociedade civil e pela dominação da sociedade política. E seu principal instrumento 
de transformação e de construção de um novo sistema hegemônico é o partido político, vem a 
ser, o intelectual coletivo, o Moderno príncipe de Maquiavel (escrito direcionado p/ massa) 
Nessa passagem da fase econômico-corporativa à da vontade coletiva geral, o papel do partido 
se revela sobremodo importante na medida em que atua dirigindo as massas, guiando o povo; 
possibilitando à classe subalterna tornar-se se classe dirigente, antes mesmo de ser a classe 
dominante. 
• Guerra de movimento ou de manobra entende-se a estratégia do ataque frontal, 
estratégia mostra-se apropriada às sociedades orientais nas quais o Estado é tudo e a 
sociedade civil é fluida e incipiente. Nestas, a estratégia revolucionária objetiva 
fundamentalmente a conquista e a conservação do Estado mediante ao assalto ao poder. 
• A guerra de posição, por sua vez, corresponde à conquista de posições importantes para 
a construção da hegemonia. Afigura-se apropriada às sociedades ocidentais nas quais o 
Estado (ampliado) compreende tanto a sociedade política quanto a sociedade civil; 
sendo, esta última, a esfera da guerra por hegemonia. 
• A luta pela hegemonia é travada no seio da sociedade civil. E, neste empreendimento, 
o partido político exerce função fundamental. No bojo da reflexão gramsicana, a 
passagem de um país industrial e civilmente avançado para o socialismo se dá na luta 
pela direção da sociedade civil e dominação da sociedade política. 
• E seu principal instrumento de transformação e de construção de um novo sistema 
hegemônico é o partido político, vem a ser, o intelectual coletivo, o Moderno príncipe 
de Maquiavel: aparelho que orienta, direciona, organiza e educa a classe trabalhadora. 
 
Teorias da Justiça: Rawls e a construção dos direitos básicos em um 
Estado liberal 
Liberal igualitarista. 
Sua teoria da justiça como eqüidade parte de um pressuposto ético motivacional, com a 
pergunta pelas razões para o compromisso enquanto membro de uma comunidade 
moral, defendendo a tese da co-originalidade de liberdade (liberty) e igualdade 
(equality) em uma sociedade marcada pelo pluralismo razoável. 
Estabelece a prioridade do justo sobre o bem. Estas críticas comunitaristas a Rawls estão 
situadas no debate liberalismo-comunitarismo. 
Propiciou um novo modelo de teoria da justiça para a filosofia política, gerando fortes 
críticas tanto dos libertarianos, como Nozick, ou dos igualitaristas, como Dworkin, bem 
como dos comunitaristas. 
As críticas dos comunitaristas à teoria da justiça de Rawls podem ser sintetizadas em 
cinco teses, a saber: 
1) opera com uma concepção abstrata de pessoa que é conseqüência do modelo de 
representação da posição original sob o véu da ignorância; 
2) utiliza princípios universais (deontológicos) com a pretensão de aplicação em todas 
as sociedades, criando uma supremacia dos direitos individuais em relação aos 
direitos coletivos; 
3) não possui uma teoria da sociedade em função de seu contratualismo, trazendo como 
conseqüência uma atomização do social, em que a pessoa é considerada enquanto átomo 
isolado; 
4) utiliza a ideia de um Estado neutro em relação aos valores morais, garantindo apenas 
a autonomia privada (liberdade dos modernos) e não a autonomia pública (liberdade 
dos antigos), estando circunscrita a um subjetivismo ético liberal; 
5) é uma teoria deontológica e procedimental, que utiliza uma concepção ética 
antiperfeccionista, estabelecendo uma prioridade absoluta do justo em relação 
ao bem. 
O que se estabelece como crítica é que, para os comunitaristas, os princípios morais só podem 
ser tematizados a partir de sociedades reais, a partir das práticas que prevalecem nas sociedades 
reais. 
Para eles, em John Rawls, encontram-se premissas abstratas de base como a liberdade e a 
igualdade que orientam (ou devem orientar) as práticas legítimas. 
Os comunitaristas criticam o esquema contratualista da teoria da justiça de Rawls que procura 
compreender as estruturas da sociedade de uma forma idealizada. Também criticam a idéia de 
uma justiça procedimental que, de forma independente, possa oferecer uma base suficiente para 
as instituições sociais. 
O objetivo de Rawlsé elaborar uma teoria da justiça como eqüidade que se apresente como 
alternativa ao utilitarismo em suas diversas versões. Como, na teoria utilitarista, o bem se define 
de maneira independente do justo, esta teoria é caracterizada como teleológica e, no, 
contratualismo de Rawls, seu objetivo é estabelecer a prioridade do justo. 
Rawls procura formular uma concepção de justiça como eqüidadecolocando a eqüidade como 
base articuladora da justiça, tendo como objetivo central superar a debilidade teórica da filosofia 
moral predominante no mundo anglo-saxão, combatendo principalmente a tese utilitarista que 
prioriza o bem em relação ao justo. 
Sua proposta é estabelecer uma concepção de justiça que generalize e eleve a um plano superior 
a teoria contratualista de Locke, Rousseau e Kant, estabelecendo um construtivismo de tipo 
kantiano. 
O papel da justiça é especificar os direitos e deveres básicos dos cidadãos e determinar as partes 
distributivas apropriadas, sendo a justiça a virtude mais importante das instituições sociais. 
O objetivo primário da justiça é a estrutura básica da sociedade, isto é, a forma pela qual as 
instituições sociais (constituições e acordos) distribuem direitos e deveres fundamentais. 
 O conceito de justiça, então, se define pela atuação de seus princípios na atribuição de direitos 
e deveres e na definição da divisão apropriada de vantagens sociais, não constituindo conflito 
com a noção tradicional de justiça. 
Rawls propõe uma teoria contratualista (que opera em um plano mais abstrato que as teorias 
contratualistas clássicas), apresentando uma concepção de justiça que surge de um consenso 
original e estabelece princípios para a estrutura básica da sociedade. 
Para viver em uma sociedade mais ou menos justa seria necessário que as pessoas partissem de 
seu ponto de início, para fundamentar os conceitos de justiça. 
Cria uma forma abstrata para se reformular a justiça, de maneira que as pessoas “esquecesse” 
seus princípios. De maneira que a pessoa não saiba em quais parâmetros sociais ela se encontra, 
para que se possam estabelecer uma constituição de maneira mais justa. Em uma espécie de 
cooperação forçada. Tal cooperação artificial, evidencia a face liberalista, findada no 
individualismo. 
Postula que as pessoas são desinteressadas umas pelas outras, assim a forma de estabelecer uma 
cooperação ocorreria de maneira contratualista. Coloca-se duas questões a respeito: 1) as 
pessoas são egoístas pela escassez dos recursos 2) possuem desejos diferentes, assim os 
persegue individualmente. 
Princípios de justiça: 1) Cada pessoa tem o mesmo direito a um esquema plenamente apropriada 
de liberdades iguais, desde que seja compatível com a garantia de um esquema idêntico a todos. 
2) As desigualdades sociais e econômicas somente se justificam se duas condições forem 
satisfeitas: A) estiverem vinculadas a posições e cargos aberto a todos, em condição de 
igualdade equitativa de oportunidade. B) se forem estabelecidas pro máximo benefício possível 
dos membros da sociedade que se encontrarem na posição mais desfavorável (princípio da 
diferença) 
O princípio de justiça equitativa, não prega uma sociedade sem desigualdades, mas uma 
sociedade justa. 
Assim, a Justiça para a teoria de Rawls poderia ser confundida com o resguardo dos direitos 
fundamentais, principalmente o direito à liberdade. Ao admitir-se também a compreensão de 
que a construção de tal teoria antecede, inclusive, a fase constitucional, é possível concluir que 
os direitos fundamentais também seriam condicionantes do poder constituinte originário. 
Evidente que o Estado Democrático de Direito é o parâmetro do desenvolvimento de Rawls, 
mas é certo que esta ideia de Estado tende a se universalizar com o progresso humano e 
intelectual das civilizações, haja vista que se trata do modelo de ordem jurídica que assegura os 
direitos fundamentais. A antiga fórmula de dar a cada um o que é seu, sem causar prejuízo a 
outrem, pode ser entendida, com inspiração da teoria da Justiça de Rawls, no sentido de se 
respeitar os direitos fundamentais de todos. Ser justo é observar os direitos essenciais, pois, em 
última análise, os princípios básicos de Justiça e os bens primários terão por objeto o respeito 
aos valores jurídicos fundamentais.

Continue navegando