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P r o f . E s p . L u c a s M a n o e l L i m a S a n t o s Unidade de Vida: Célula e Desenvolvimento Embrionário Membrana Plasmática UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E EDUCAÇÃO CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM CIÊNCIAS NATURAIS Conceição do Araguaia – PA, Março de 2014. As membranas das células exercem diversas atividades A célula está rodeada pela membrana plasmática, uma camada delgada de 6 a 10 nm de espessura composta por lipídios, proteínas e carboidratos; Sua estrutura básica é semelhante à das outras membranas da célula as quais envolvem as organelas do sistema de endomembranas - inclusive o envoltório nuclear - as mitocôndrias e os peroxissomas. As membranas celulares não são simples fronteiras inertes que compartimentam a célula, mas sim estruturas que exercem atividades complexas, como as seguintes: 1)Constituem verdadeiras barreiras permeáveis seletivas que controlam a passagem de íons e de moléculas pequenas, ou seja, de solutos. Assim, a permeabilidade seletiva das membranas impede o intercambio indiscriminado dos componentes das organelas entre si e dos componentes extracelulares com os da célula. 2) Fornecem o suporte físico para a atividade ordenada das enzimas que nelas se encontram. 3) Mediante a formação de pequenas vesículas transportadoras tornam possível o deslocamento de substâncias pelo citoplasma; 4) A membrana plasmática participa dos processos de endocitose e de exocitose. 5) Na membrana plasmática existem moléculas mediante as quais as células se reconhecem e se aderem entre si e com componentes da matriz extracelular . 6) A membrana plasmática possui receptores que interagem especificamente com moléculas provenientes do exterior, como hormônios, neurotransmissores, fatores de crescimento e outros indutores químicos. A partir destes receptores são desencadeados sinais transmitidos pelo interior da célula; Seus primeiros elos se situam próximo do receptor, em geral na própria membrana plasmática; Estrutura Das Membranas Celulares A estrutura básica das membranas celulares corresponde a uma dupla camada lipídica; Os lipídios fundamentais das membranas biológicas são fosfolipídios de tipos distintos e colesterol. São moléculas que possuem uma cabeça polar ou hidrófila e longas cadeias hidrocarbonadas apolares ou hidrófobas. Esta dualidade tem grande importância na estruturação das membranas. Quando os fosfolipídios são colocados entre um óleo e uma solução aquosa formam uma camada com uma molécula de espessura (monocamada), na qual todas as cabeças polares se orientam para a solução aquosa e os ácidos graxos se afastam dela, de modo que os fosfolipídios ficam perpendiculares ao plano da interfase água/óleo; Além disso, se os fosfolipídios e o óleo forem "empurrados" para a solução aquosa, formam-se pequenas vesículas, com as cabeças dos fosfolipídios na periferia - em contato com o meio aquoso e os ácidos graxos orientados para o óleo no interior das vesículas . Por outro lado, nas soluções aquosas puras, os fosfolipídios não formam monocamadas e sim camadas duplas que se fecham sobre si mesmas, formando vesículas de até 1 μm de diâmetro chamadas lipossomos . Como é de se esperar, os ácidos graxos hidrófobos se unem no interior da dupla camada e as cabeças polares hidrófilas de cada monocamada se orientam para as soluções aquosas. Visto que os lipossomos podem se fundir com as membranas plasmáticas, eles são utilizados como veículos para incorporar diversos compostos às células; Quando os fosfolipídios são colocados entre duas soluções aquosas, separadas por uma parede incompleta, formam uma dupla camada lipídica que completa a separação; As proteínas das membranas celulares são classificadas em integrais e periféricas. As membranas celulares contêm importantes quantidades de proteínas. Em média, a proporção de lipídios e de proteínas é equivalente, embora varie nos diferentes tipos de membranas. Por exemplo, a membrana das bainhas de mielina possui 80% de lipídios e 20% de proteínas, enquanto na membrana interna das mitocôndrias essa relação se inverte. As proteínas das membranas celulares exibem uma assimetria maior que os lipídios e são classificadas em periféricas e integrais As proteínas periféricas encontra-se sobre as faces da membrana, ligadas às cabeças dos fosfolipídios ou a proteínas integrais por ligações não-covalentes. Assim, podem ser extraídas com certa facilidade mediante tratamento com soluções salinas. Da superfície das proteínas surgem os resíduos dos aminoácidos polares , que interagem com grupos químicos da própria membrana e dos meios que a banham. As proteínas integrais encontram-se embutidas nas membranas, entre os lipídios da dupla camada, motivo pelo qual, para sua extração, são necessários procedimentos relativamente drásticos, mediante detergentes ou solventes especiais. Seus aminoácidos se distribuem de tal maneira que a parede exterior do cilindro oco - em contato com os ácidos graxos - resulta apolar, enquanto a superfície interna se acha coberta por grupos polares, os quais delimitam um túnel cujas bocas se abrem em ambos os lados da dupla camada. Devemos lembrar também que existem proteínas que se comportam como integrais – pois exigem métodos drásticos para serem removidas - porém que têm posições periféricas. Muitas proteínas da membrana estão associadas aos carboidratos, ou seja, são glicoproteicas. Além disso, na membrana plasmática, quase todas as proteínas pertencem a esta categoria. As membranas celulares respondem ao modelo chamado de mosaico fluido Como os lipídios, as proteínas também podem girar em tomo de seus próprios eixos e se deslocar lateralmente no plano da dupla camada. Elas foram comparadas com "icebergs" que flutuam na dupla camada lipídica. A esta propriedade dinâmica das membranas biológicas chama-se mosaico fluido. A capacidade de migrar pela dupla camada indicaria que as inter-relações químicas entre proteínas e lipídios são efêmeras. Entretanto, na maioria dos casos elas exibem certa estabilidade. Assim, os lipídios que rodeiam uma determinada proteína se mantêm associados a ela, o que parece ser importante para assegurar a configuração da proteína. Comumente, as proteínas da membrana mostram propriedades diferentes quando são encontradas nas membranas e quando foram isoladas e purificadas. Isto levou a reavaliar o ambiente lipídico no qual se encontram e a reconhecer existência de movimentos combinados das proteínas com os lipídios. Ademais, as atividades das proteínas poderiam variar por modificações nos lipídios anexos. Algumas proteínas da membrana plasmática têm sua mobilidade lateral restringida por estarem unidas a componentes do citoesqueleto, os quais as imobilizam em determinados pontos da membrana . Por outro lado, a junção oclusiva impede que as proteínas passem de um lado para outro do limite marcado por ela . Os carboidratos cumprem funções relevantes nas membranas celulares Os carboidratos dos glicolipídios e das glicoproteinas que se localizam na superfície não-citosólica (ou luminal) da membrana das organelas que integram o sistema de endomembranas cumprem diversas funções. Os correspondentes à membrana dos lisossomos,por exemplo, a protegem das enzimas hidrolíticas presentes no interior da organela. Os carboidratos dos glicolipídios e das glicoproteínas que se localizam na face externa da membrana plasmática formam uma cobertura chamada glicocálixe. Suas funções sãoas seguintes: 1) Protegem a superfície da célula de agressões mecânicas e químicas. Por exemplo, o glicocálice das células situadas na superfície da mucosa intestinal as protege do contato com os alimentos e dos efeitos destrutivos das enzimas digestivas. 2) Devido à presença de ácidos siálicos em muitos dos oligossacarídeos do glicocálixe, a carga elétrica em sua superfície é negativa. Isso atrai os cátions do meio extracelular, que ficam retidos na face externa da célula. Esta condição é importante particularmente nas células nervosas; 3) Alguns oligossacarídeos do glicocálixe são necessários para os processos de reconhecimento e de adesão celular; 4) As especificidade dos grupos sanguíneos é determinada por certos oligossacarídeos muito curtos e parecidos entre si, presentes na membrana plasmática das hemácias. 5) Nas células tumorais malignas foram observadas alterações em alguns oligossacarídeos da membrana, que levou a crer que estes influi na conduta anômala que elas assumem. Acredita-se que alterem a regeneração dos sinais que controla divisões celulares. 6) Em algumas células, determinadas proteínas do glicocálixe têm propriedades enzimáticas. Por exemplo, diversas glicoproteínas pertencentes ao glicocálixe das células que revestem o intestino são peptidases e glicosidases que têm por função completar a degradação das proteínas e dos carboidratos ingeridos, iniciada por outras enzimas digestivas. Permeabilidade das Membranas Celulares Os solutos e as macromoléculas atravessam as membranas celulares mediante mecanismos diferentes; Existe um fluxo contínuo de substâncias que entram e saem da célula e circulam por seu interior. Para tanto, os solutos (ou seja, os íons e as moléculas pequenas) devem passar através das membranas celulares; tal fenômeno é denominado permeabilidade; No que diz respeito às macromoléculas, para atravessar as membranas algumas utilizam canais proteicos especiais chamados translócons, outras passam por poros de composição sofisticada e outras se valem de vesículas pequenas. A passagem de solutos através das membranas celulares pode ser passiva ou ativa O intercâmbio incessante de solutos entre o meio que rodeia a célula e o citosol e entre este e o interior das organelas é realizado através da membrana plasmática e das membranas dessas organelas, respectivamente. Conforme o caso, a passagem ocorre sem gasto de energia ou por mecanismos que necessitem de energia. Quando não há consumo de energia, o processo é denominado transporte passivo; o processo que depende de energia é denominado transporte ativo. O transporte passivo ocorre por meio dos componentes da dupla camada lipídica ou pelas estruturas especiais, constituídas por proteínas transmembrianas organizadas para a passagem dos solutos Estas estruturas são de dois tipos: os canais iônicos e as permeases, chamados também transportadores. O transporte passivo através da dupla camada lipídica é denominado difusão simples, e o que é realizado através dos canais iônicos e das permeases leva o nome de difusão facilitada. O transporte ativo ocorre exclusivamente por meio de permeases; O transporte passivo dos solutos ocorre por difusão Quando se dissolve o soluto em um solvente, as partículas do primeiro se dispersam de forma progressiva por todo o solvente até ficarem uniformemente distribuídas. O movimento do soluto - chamado difusão - é realizado dos locais em que está mais concentrado para os de menor concentração, com uma velocidade proporcional à diferença entre as concentrações. Esta diferença é denominada gradiente de concentração. Se o soluto possui carga elétrica, ainda se move pelo gradiente de voltagem ou potencial elétrico que se estabelece entre os diferentes pontos da solução. A soma dos gradientes de concentração e de voltagem é conhecida como gradiente eletroquímico. A difusão a favor desses tais gradientes é um processo que ocorre espontaneamente, sem gasto de energia; daí resulta a denominação transporte passivo. A difusão simples ocorre através da dupla camada lipídica O transporte ativo de solutos também pode ocorrer entre compartimentos aquosos separados por membranas semipermeáveis, como é o caso das duplas camadas lipídicas das membranas celulares. Este tipo de transporte é denominado difusão simples. As substâncias que se dissolvem nos lipídios atravessam a zona hidrófoba das membranas com certa facilidade. Existe uma relação linear direta entre a solubilidade nos lipídios de uma substância e sua velocidade de difusão através das membranas semipermeáveis. Apesar de serem moléculas polares, o glicerol e a uréia atravessam facilmente as membranas celulares porque são pequenas e não possuem carga elétrica. A dupla camada lipídica das membranas celulares permite a passagem de água por difusão simples. Como a água constitui o solvente no qual estão dissolvidos os solutos e dispersas as macromoléculas, o sentido do movimento das moléculas aquosas depende do gradiente osmótico entre ambos os lados da membrana. A difusão das moléculas polares através da dupla camada lipídica é tanto menor quanto maior for o seu tamanho; as hexoses, os aminoácidos e os nucleotídeos, por exemplo, praticamente não se difundem. Quanto aos íons, dada a sua carga elétrica, unem-se a várias moléculas de água, o que os impede de atravessar a dupla camada lipídica por menor que sejam . A difusão simples ocorre de forma espontânea, com uma velocidade diretamente proporcional à diferença de concentração (ou gradiente) do soluto entre um e outro lado da membrana; A difusão facilitada ocorre através de canais iônicos e de permeases A maioria das substâncias que atravessa as membranas celulares a favor dos gradientes – ou seja, sem gasto de energia - o faz a uma velocidade maior que a esperada se sua passagem for por difusão simples. A diferença é explicada pela presença de certos componentes protéicos da membrana chamados canais iônicos e permeases, pelos quais se facilita - embora também se regule - a transferência dos solutos de um lado a outro da membrana. O sentido da difusão é realizado sempre a favor dos gradientes de concentração e voltagem. Como vemos, na difusão facilitada, a força que impulsiona a mobilização das partículas do soluto é o gradiente e, portanto, não consome energia. Desse ponto de vista, a difusão facilitada é similar à difusão simples; a diferença reside em que na primeira participam estruturas proteicas regulado- as e na segunda não. Durante o transporte passivo de solutos por difusão facilitada, os complexos soluto-canal iônico e soluto-permease mostram características de especificidade e saturabilidade similares às do complexo enzima-substrato. Os ionóforos aumentam a permeabilidade das membranas biológicas a certos íons Existem substâncias - chamadas ionóforos - que têm a propriedade de se incorporar às membranas biológicas e aumentar sua permeabilidade a diversos íons. São moléculas de tamanho relativamente pequeno, com uma superfície hidrófoba que lhes permite inserir-se na dupla camada lipídica. São conhecidos dois tipos de ionóforos, os transportadores móveis e os formadores de canais. Como os canais iônicos, permitem fluxos de íons baseados em gradientes eletroquímicos. Como os canais iônicos, permitem fluxos de íons baseados em gradientes eletroquímicos. Os transportadores móveis aprisionam o íon em um lado da membrana, englobam-no no interior de suas moléculas, giram 180º na dupla camada lipídica e o liberam do outro lado da membrana. A este grupo pertence o antibiótico valinomicina, um peptídeo cíclico que transfere K+. Outro ionóforo desta classe é o chamado A 23187, que transfere Ca2+ e Mg2+; é utilizado em experiências nas quais se deseja aumentar rapidamente a concentração intracelular de Ca2+. As aquaporinas são canais específicos que permitem a passagem seletiva de água Embora não se trate de canais iônicos, é oportuno analisar aqui um dispositivo molecular que possibilita a passagem de água através de algumas membranas celulares. Em vários tipos de células - particularmente nas hemácias e nas células epiteliais, da vesícula biliar a membrana é excepcionalmente permeável à água, muito mais do que o esperado se o seu transporte se realizasse exclusivamente mediante o mecanismo de difusão simples. Isso é devido à presença de canais de passagem especiais conhecidos com o nome de aquaporinas. Existem diferentes tipos de permeases passivas envolvidas nos processos de monotransporte, co-transporte e contratransporte Como nos canais iônicos, a parede das permeases é comumente composta por várias proteínas transmembrana de passagem múltipla. Cada permease possui locais de ligação específicos para um ou dois tipos de solutos, acessíveis de uma ou de ambas as faces da dupla camada. A fixação de soluto produz uma alteração conformacional na permease, graças a qual é transferido um material para o outro lado da membrana; Existem três tipos de permeases: 1) As que transferem um único tipo de soluto; esta forma de transferência chama-se monotransporte ; 2) as que transportam dois tipos de solutos simultaneamente ambos no mesmo sentido; este mecanismo é denominado co-transporte; 3) as que transferem dois tipos de solutos em sentidos contrários; este tipo de transferência recebe o nome de contratransporte. Devemos assinalar que no co-transporte e no contratransporte, as transferências de todos os solutos se acham acopladas obrigatoriamente, quer dizer, uma não ocorre sem a outra. O transporte ativo necessita de energia Quando o transporte de soluto é realizado no sentido contrário de seu gradiente de concentração ou de voltagem, isto só é possível com gasto de energia, motivo pelo qual este tipo de passagem é chamado transporte ativo. O transporte ativo ocorre por meio das permeases chamadas bombas, e neste caso, também existem formas de monotransporte, co-transporte e contratransporte. Além disso, o transporte ativo de solutos apresenta as mesmas características de especificidade e saturabilidade assinaladas para a difusão facilitada , embora difencie desta por ser realizado contra o gradiente do soluto. Existem inúmeros exemplos de permeases envolvidas nos processos de transporte ativo. A bomba de Na+K+ Bombas de Ca 2+ Bomba de H+ A membrana plasmática e a parede da célula vegetal A membrana plasmática da célula vegetal é rodeada por uma espécie de exoesqueleto; As células das plantas são similares às dos animais, embora apresentem algumas diferenças. Por exemplo, a célula vegetal possui uma parede celular espessa que envolve a membrana plasmática como se fosse um exoesqueleto. Além de dar proteção e sustentação mecânica à célula e determinar sua forma, essa parede participa da manutenção do equilíbrio entre a pressão osmótica .intracelular e a tendência da água em penetrar no citosol. Também o crescimento e a diferenciação das células vegetais dependem, em grande parte, da organização da parede celular. Assim, a partir desta, ocorre a diferenciação das células do câmbio, dos tubos crivosos dofloema (que servem para o transporte do material desde as folhas) e dos vasos do xilema (que se lignificam).
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