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TERCEIRA Á OITAVA SEMANA PERÍODO EMBRIONÁRIO · O período embrionário ou de organogênese estende-se da terceira à oitava semana do desenvolvimento e é quando cada um dos três folhetos embrionários, o ectoderma, o mesoderma e o endoderma, dá origem a vários tecidos e órgãos específicos. · DERIVADOS DO FOLHETO EMBRIONÁRIO ECTODÉRMICO: · No início da terceira semana do desenvolvimento, o folheto embrionário ectodérmico assume a forma de disco, mais largo na região cefálica que na região caudal. · O aparecimento da notocorda e do mesoderma precordal induz o espessamento do ectoderma sobrejacente e a formação da placa neural. · As células da placa formam o neuroectoderma, e sua indução representa o evento inicial do processo de neurulação. · REGULAÇÃO MOLECULAR DA INDUÇÃO NEURAL: · A indução da placa neural é regulada pela inativação do fator de crescimento BMP4. Na região cranial, a inativação é causada por noggin, chordin e follistatin secretados pelo nó, pela notocorda e pelo mesoderma precordal. A inativação de BMP4 nas regiões do rombencéfalo e da medula espinal é efetuada por WNT3a e FGF. Na ausência de inativação, BMP4 faz com que o ectoderma se transforme em epiderme e que o mesoderma ventralize para formar o mesoderma intermediário e da placa lateral. · NEURULAÇÃO: · É o processo pelo qual a placa neural forma o tubo neural. · O processo é regulado pela sinalização através do caminho da polaridade celular e é essencial para o desenvolvimento do tubo neural. · Conforme a placa neural é alongada, suas extremidades laterais elevam-se para formar as pregas neurais, enquanto a região média deprimida forma o sulco neural. · Gradualmente, as pregas neurais se aproximam uma da outra na linha média, onde se fundem. · A fusão começa na região cervical (quinto somito) e continua cranial e caudalmente (C e D). · Como resultado, forma-se o tubo neural. · Até que a fusão esteja completa, as extremidades cefálicas e caudal do tubo neural se comunicam com a cavidade amniótica pelos neuróporos anterior (cranial) e posterior (caudal), respectivamente. · O fechamento do neuróporo cranial ocorre aproximadamente no vigésimo quinto dia (estágio de 18 a 20 somitos), enquanto o neuróporo posterior se fecha no vigésimo oitavo dia (estágio de 25 somitos) (B). · A neurulação então, se completa, e o sistema nervoso central passa a ser representado por uma estrutura tubular fechada com uma porção caudal estreita, a medula espinal, e uma porção cefálica muito mais larga, caracterizada por várias dilatações, as vesículas cefálicas. · CÉLULAS DA CRISTA NEURAL: · Conforme as pregas neurais se elevam e se fundem, as células na borda lateral da crista do neuroectoderma começam a se dissociar de suas vizinhas. · Essa população celular, a crista neural, sofrerá uma transição epiteliomesenquimal à medida que deixar o neuroectoderma por meio de migração e deslocamento ativo e penetrar o mesoderma subjacente. · As células da crista neural da região do tronco deixam o neuroectoderma após o fechamento do tubo neural e migram ao longo de duas vias: (1) uma via dorsal através da derme, de onde adentram o ectoderma para dar origem aos melanócitos da pele e dos folículos pilosos; e (2) uma via ventral através da metade anterior de cada somito para se tornarem gânglios sensoriais, neurônios simpáticos e entéricos, células de Schwann e células da medula suprarrenal. · Na região cranial, as células da crista neural também se formam e migram das pregas da crista neural, deixando o tubo neural antes de seu fechamento. · Essas células contribuem para a formação do esqueleto craniofacial, dos neurônios dos gânglios craniais, das células gliais, de melanócitos e de outros tipos celulares. · As células da crista neural também são fundamentais, contribuem para a formação de muitos órgãos e tecidos, e são, muitas vezes, também chamadas de quarto folheto embrionário. · Elas também estão envolvidas em pelo menos um terço de todos os defeitos congênitos e muitos cânceres, como melanomas, neuroblastomas e outros. · REGULAÇÃO MOLECULAR DA INDUÇÃO DA CRISTA NEURAL: · Duas regiões formadoras de músculo se diferenciam. Uma é induzida na região dorsomedial do somito pelas proteínas WNT secretadas pela porção dorsal do tubo neural. Outra é induzida na região ventrolateral do somito por uma combinação de BMP4 e FGF, secretados pelo mesoderma lateral, e pelas proteínas WNT, secretadas pelo mesoderma sobrejacente. · A porção média dorsal do somito se torna a derme sob a influência de NT-3, secretada pelo tubo neural dorsal (ver Figura 6.12. O mesoderma também dá origem ao sistema vascular (i. e., coração, artérias, veias, vasos linfoides e todas as células do sangue). Além disso, origina o sistema urogenital: rins, gônadas e seus ductos (mas não a bexiga). Por fim, o baço e o córtex suprarrenal são derivados do mesoderma. · DERIVADOS DA CRISTAL NEURAL: · Por volta do período em que o tubo neural se fecha, dois espessamentos ectodérmicos bilaterais, os placódios óticos e os placódios dos cristalinos, tornam-se visíveis na região cefálica do embrião. · Com a continuação do desenvolvimento, os placódios óticos invaginam e formam as vesículas oticas, que se desenvolvem nas estruturas necessárias para a audição e para a manutenção do equilíbrio. · Aproximadamente ao mesmo tempo, os placódios dos cristalinos aparecem. Esses placódios também invaginam e, durante a quinta semana, formam os cristalinos dos olhos. · Em termos gerais, o folheto embrionário ectodérmico dá origem a órgãos e estruturas que mantêm contato com o mundo externo: · Sistema nervoso central · Sistema nervoso periférico · Epitélio sensorial do ouvido, do nariz e do olho · Epiderme, incluindo o cabelo e as unhas. · Além disso, ele dá origem: · Às glândulas subcutâneas · Às glândulas mamárias · À glândula hipófise · Ao esmalte dos dentes. · DERIVADOS DO FOLHETO EMBRIONÁRIO MESODÉRMICO: · Inicialmente, as células do folheto mesodérmico formam uma lâmina fina de tecido ligado frouxamente de cada lado da linha médio. · Entretanto, por volta do décimo sétimo dia, as células próximas da linha média formam uma placa espessa de tecido, conhecida como mesoderma paraxial. · Mais lateralmente, a camada mesodérmica permanece fina e é conhecida como placa lateral. · Com o aparecimento e a coalescência das cavidades intercelulares na placa lateral, esse tecido se divide em duas camadas: · Uma camada contínua com o mesoderma cobrindo o âmnio, conhecida como camada mesodérmica somática ou parietal · Uma camada contínua com o mesoderma cobrindo a vesícula vitelínica, conhecida como camada mesodérmica visceral ou esplâncnica. · Juntas, essas camadas revestem uma cavidade recentemente formada, a cavidade intraembrionária, que é contínua com a cavidade extraembrionária em cada lado do embrião. · O mesoderma intermediário conecta o mesoderma paraxial ao da placa lateral. · MESODERMA PARAXIAL: · No início da terceira semana, o mesoderma paraxial começa a se organizar em segmentos conhecidos como somitômeros, que aparecem primeiramente na região cefálica do embrião. · Sua formação ocorre no sentido cefalocaudal e cada somitômero consiste em células mesodérmicas organizadas em espirais concêntricas ao redor do centro da unidade. · Na região da cabeça, os somitômeros se formam em associação à segmentação da placa neural em neurômeros e contribuem para a formação do mesênquima na cabeça. · A partir da região occipital, os somitômeros se organizam em somitos, caudalmente. · O primeiro par de somitos surge na região occipital do embrião aproximadamente no vigésimo dia do desenvolvimento, daí em diante, aparecem novos somitos na sequência craniocaudal a uma taxa de aproximadamente três pares por dia, até que, no fim da quinta semana, existem 42 a 44 pares. · Há 4 pares occipitais, 8 cervicais, 12 torácicos, 5 lombares, 5 sacrais e 8 a 10 coccígeos. · O primeiro somito occipital e os últimos cinco a sete coccígeos desaparecem mais tarde, enquanto os somitos remanescentesformam o esqueleto axial. Como os somitos são especificados com periodicidade, a idade do embrião pode ser determinada com precisão durante esse período embrionário pela contagem deles. · DIFERENCIAÇÃO DOS SOMITOS: · Os somitos originam o miótomo (tecido muscular), o esclerótomo (cartilagem e osso) e o dermátomo (derme da pele), e todos eles são tecidos de sustentação do corpo. · Os sinais para a diferenciação dos somitos são derivados das estruturas circunjacentes, que incluem a notocorda, o tubo neural e a epiderme. · A notocorda e o assoalho do tubo neural secretam SHH, que induz o esclerótomo. · MESODERMA INTERMEDIÁRIO: · O mesoderma intermediário, que conecta temporariamente o mesoderma paraxial à placa lateral, diferencia-se em estruturas urogenitais. · Nas regiões cervical e torácica superior, ele dá origem a grupos celulares segmentares (futuros nefrótomos), enquanto, mais caudalmente, forma massa tecidual não segmentada, o cordão nefrogênico. · As unidades excretórias do sistema urinário e as gônadas se desenvolvem a partir desse mesoderma intermediário parcialmente segmentado e parcialmente não segmentado. · MESODERMA LATERAL: · O mesoderma lateral divide-se nas camadas parietal (somática) e visceral (esplâncnica), que revestem a cavidade intraembrionária e recobrem os órgãos, respectivamente. · O mesoderma da camada parietal, junto com o ectoderma sobrejacente, forma as pregas da parede corporal lateral. · Junto com as dobraduras da cabeça (cefálica) e da cauda (caudal), essas pregas fecham a parede corporal ventral. · A camada parietal do mesoderma lateral dá origem, então, à derme da pele na parede corporal e nos membros, aos ossos e ao tecido conjuntivo dos membros e ao esterno. · Além disso, o esclerótomo e as células precursoras musculares que migram para a camada parietal do mesoderma lateral formam as cartilagens costais, os músculos dos membros e a maior parte dos músculos da parede muscular. · A camada visceral do mesoderma lateral, junto com o endoderma embrionário, forma a parede do tubo intestinal. · As células mesodérmicas da camada parietal que circundam a cavidade intraembrionária formam as membranas mesoteliais ou membranas serosas, que revestem as cavidades peritoneal, pleural e pericárdica e secretam fluidos serosos. · As células mesodérmicas da camada visceral formam uma membrana serosa fina ao redor de cada órgão. · SANGUE E VASOS SANGUINEOS: · As células sanguíneas e os vasos sanguíneos também surgem do mesoderma. · Os vasos sanguíneos se formam de duas maneiras: por vasculogênese, por meio da qual os vasos surgem de ilhotas sanguíneas, e por angiogênese, que envolve a ramificação a partir de vasos já existentes. · Essas ilhotas surgem das células mesodérmicas que são induzidas a originar hemangioblastos, um precursor comum para a formação dos vasos e das células sanguíneas. · As células-tronco hematopoéticas definitivas são derivadas do mesoderma que circunda a aorta em um local próximo ao rim metanéfrico em desenvolvimento, chamado de região AGM – aorta-gônada-mesonefros. · Essas células colonizam o fígado, que se torna o principal órgão hematopoético do embrião e do feto entre o segundo e o sétimo mês do desenvolvimento. · As células-tronco do fígado colonizam a medula óssea, o tecido definitivo de formação de sangue, no sétimo mês da gestação; dali em diante, o fígado perde sua função formadora de sangue · DERIVADOS DO FOLHETO EMBRIONÁRIO ENDODÉRMICO: · O sistema digestório é derivado do folheto embrionário endodérmico, o qual recobre a superfície ventral do embrião e forma o teto da vesícula vitelínica. · O alongamento do tubo neural faz com que o embrião se curve na posição fetal à medida que as regiões apicais e caudal (dobraduras) se movimentam ventralmente. · Ao mesmo tempo, formam-se duas dobraduras na parede corporal lateral, que também se movem ventralmente para fechar a parede corporal ventral. · Conforme elas se movem ventralmente, elas puxam o âmnio para baixo com elas, de modo que o embrião fique dentro da cavidade amniótica. · A parede corporal ventral se fecha completamente, exceto pela região umbilical, em que a conexão do bulbo com a vesícula vitelínica se mantém. · Quando essas dobraduras não conseguem fechar a parede corporal, o resultado são os defeitos da parede corporal ventral. · Como resultado do crescimento cefalocaudal e do fechamento das dobraduras da parede corporal lateral, uma porção maior do folheto embrionário endodérmico é incorporada continuamente no corpo do embrião para formar o tubo intestinal se dividido em três regiões: · Intestino anterior: delimitado temporariamente por uma membrana ectoendodérmica - membrana orofaríngea que separa o estomodeu (cavidade oral primitiva derivada do ectoderma) da faringe (parte do intestino anterior derivada do endoderma). Na quarta semana, a membrana orofaríngea se rompe, estabelecendo uma conexão aberta entre a cavidade oral e o intestino primitivo. · Intestino médio: se comunica com a vesícula vitelínica por intermédio de um pedúnculo largo (inicialmente), o ducto vitelino. · Intestino posterior: termina temporariamente em uma membrana ectoendodérmica - a membrana cloacal que separa a porção superior do canal anal (derivada do endoderma) da porção inferior, chamada de proctodeu, formada por uma depressão invaginada alinhada com o ectoderma. A membrana se rompe na sétima semana para criar uma abertura para o ânus. · Outro resultado importante do crescimento cefalocaudal e do dobramento lateral é a incorporação parcial do alantoide dentro do corpo do embrião, onde ele forma a cloaca. · O papel da vesícula vitelínica não está claro. Ela pode funcionar como um órgão nutritivo durante os estágios iniciais do desenvolvimento antes do estabelecimento dos vasos sanguíneos e contribui para algumas das primeiras células sanguíneas, embora esse papel seja muito transitório. · Uma das suas principais funções é abrigar as células germinativas que residem em sua parede posterior e que mais tarde migram para as gônadas a fim de produzir os oócitos e os espermatozoides. · Assim, o folheto embrionário endodérmico forma inicialmente o revestimento epitelial do intestino primitivo e as porções intraembrionárias do alantoide e do ducto vitelino. Com a continuação do desenvolvimento, o endoderma dá origem: · Ao revestimento epitelial do sistema respiratório. · Ao parênquima da tireoide, das paratireoides, do fígado e do pâncreas. · Ao estroma reticular das tonsilas e ao timo. · Ao revestimento epitelial da bexiga urinária e da uretra. · Ao revestimento epitelial da cavidade do tímpano e à tuba auditiva. · APARÊNCIA EXTERNA DURANTE O SEGUNDO MÊS · No fim da quarta semana, quando o embrião tem aproximadamente 28 somitos, as principais características externas são os somitos e os arcos faríngeos. A idade do embrião, portanto, em geral é expressa em somitos. Como a contagem dos somitos fica difícil durante o segundo mês do desenvolvimento, a idade do embrião é indicada pelo comprimento craniocaudal (CCC), expresso em milímetros. O CCC é medido do vértice do crânio até o ponto médio entre os ápices das nádegas. · Durante o segundo mês, a aparência externa do embrião se altera por aumento do tamanho da cabeça e pela formação dos membros, face, orelhas, nariz e olhos. No início da quinta semana, os membros anteriores e posteriores aparecem como brotos em formato de remo. Os primeiros estão localizados dorsalmente à tumefação pericárdica no nível do quarto somito cervical até o primeiro torácico, o que explica sua inervação pelo plexo braquial. Pouco depois, os brotos dos membros inferiores aparecem caudalmente à ligação do pedúnculo umbilical no nível dos somitos lombar e sacral superior. · Com a continuação do crescimento, as porções terminais dos botões se achatam, e uma constrição as separa do segmento proximal, mais cilíndrico. Logo aparecem quatro sulcos radiais que separam cinco áreas levemente mais espessas na porção distal dos brotos, prenunciando aformação dos dedos. · Esses sulcos, conhecidos como raios, aparecem primeiramente na região da mão e um pouco depois no pé, já que os membros superiores têm o desenvolvimento um pouco mais adiantado do que o dos membros inferiores. Enquanto os dedos das mãos e dos pés estão se formando, uma segunda constrição divide a porção proximal dos brotos em dois segmentos e podem ser reconhecidas as três partes características das extremidades adultas.
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