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10/08/2015 1 Profa. Msc. Ilva Santana Santos Epidemiologia: AULA 3 HISTÓRIA NATURAL DAS DOENÇAS O QUE É SAÚDE? O QUE É DOENÇA? 10/08/2015 2 Saúde e doença não são conceitos definitivos nem opostos. • Existem definições de saúde dadas a partir dos ângulos pessoal; • científico (pelos profissionais que atuam nos serviços) e • social (modo como a sociedade identifica os indivíduos saudáveis). Em nível pessoal/individual, a ideia de doença e saúde tem a ver com o “sentir-se bem” e varia de pessoa para pessoa, depende do meio em que o indivíduo está inserido e de sua relação com o mundo (modo de viver). Ao longa da história... No século XVII, na Europa, a doença era considerada resultado da maneira como se constituíam os aglomerados humanos, evidenciada pelo aparecimento de epidemias. Buscava-se eliminar as condições que colocavam em risco a saúde da população – teoria dos miasmas (Segundo a teoria, as doenças teriam origem nos miasmas: o conjunto de odores fétidos provenientes de matéria orgânica em putrefação nos solos e lençóis freáticos contaminados). Robert Koch (1834-1910) derrubou a teoria dos miasmas infectantes, provando a existência de micróbios como causadores de doenças. As doenças passaram a ter uma causa visível – o micróbio - passando a ter prioridade a compreensão da dinâmica e das maneiras de evitá-lo. Doenças como o câncer, por outro lado, levaram ao estudo de agentes internos na origem dos males, impulsionando o avanço da tecnologia médica. 10/08/2015 3 1ª Fase: Teoria mística ou da magia- fenômeno sobrenatural; 2ª Fase: Teoria dos miasmas- contágio pelas alterações ambientes (gazes, pantânos, etc); 3ª Fase: Teoria biológica- descoberta dos micróbios (agente etiológico-vírus, bactérias). Ponto em comum: Abordagem unicausal Ao longa da história... Antecedentes históricos Teoria unicausal – deixa de existir Busca de teorias que explicassem a situação de saúde/doença a partir do modo de organização dos grupos sociais 10/08/2015 4 4ª Fase: descoberta da epidemiologia social agente, hospedeiro e meio: ambiente físico, estilo de vida, biologia humana, aspectos sociais e psicossociais e sistema/serviços de saúde, numa permanente inter-relação e interdependência. Teoria da multicausalidade Ao longa da história... Antecedentes históricos Teoria multicausal das doenças O vigor das explicações unicausais começa a enfraquecer após a Segunda Guerra, quando os países industrializados começam a vivenciar uma transição epidemiológica caracterizada pela diminuição da importância das doenças infecto-parasitárias como causa de adoecimento e morte em detrimento do incremento das doenças crônico-degenerativas. 10/08/2015 5 Modelo multicausal Proposto por Leavell e Clark (1976), esse modelo considera a interação, o relacionamento e o condicionamento de três elementos fundamentais da chamada ‘tríade ecológica’: o ambiente, o agente e o hospedeiro. A doença seria resultante de um desequilíbrio nas auto-regulações existentes no sistema. Conjunto de relações e variáveis que produz e condiciona o estado de saúde e doença de uma população, que se modifica nos diversos momentos históricos e do desenvolvimento científico da humanidade (BRASIL, 2005). Processo saúde doença 10/08/2015 6 São consideradas “medidas preventivas” todas aquelas utilizadas para evitar as doenças ou suas consequências, quer ocorram sob forma esporádica, quer de modo endêmico ou epidêmico. Em Saúde Pública, são tradicionais a providencias destinadas a evitar o início biológico da doença infecciosa e parasitária (exemplo: coloração da água de abastecimento público, a pasteurização do leite, etc) e também as medidas que se destinam a interromper o processo da doença que já se instalou no organismo humano. Medidas preventivas PREVENÇÃO PRIMÁRIA – Manutenção da Saúde. - Promoção da Saúde: Engloba as ações destinadas a manter o bem estar, sem visar a nenhuma doença em particular. * educação sanitária * alimentação e nutrição adequada * moradia adequada * empregos e salários adequados * condições para satisfação das necessidades básicas do indivíduo. - Promoção Específica: Inclui medidas para impedir o aparecimento de uma determinada afecção, em particular, ou de um grupo de doenças afins. * vacinação * exame pré-natal * quimioprofilaxia Prevenção primária 10/08/2015 7 Prevenção Secundária – As medidas são voltadas para o período patológico, enquanto a doença ainda está progredindo. • Diagnóstico e Tratamento Precoce: Trata-se de identificar o processo patológico no seu inicio, antes do aparecimento dos sintomas. * rastreamento * exames periódicos de saúde * busca ativa de casos entre contatos * auto – exame * intervenções médicas ou cirúrgicas precoces. • Limitação da incapacidade do Dano: Consiste em identificar a doença, limitar a extensão das respectivas lesões e retardar o aparecimento das complicações. * Acesso facilidado aos serviços de saúde * Tratamento médico ou cirurgico adequado * hospitalização em função das necessidades Prevenção secundária Prevenção Terciária – Atenuar a invalidez e promover o ajustamento do cliente a condições irreversíveis. • Reabilitação: Objetiva desenvolver o potencial residual do organismo, após ter sido afetado pela doença, prover suporte físico, mental e social. * fisioterapia * terapia ocupacional * treinamento do deficiente * próteses Prevenção terciária 10/08/2015 8 Inter- relações de fatores ligados ao agente, ao hospedeiro e ao meio ambiente Produção de estímulo Período de pré-patogênese 10/08/2015 9 RESUMINDO 1. PROMOÇÃO DA SAÚDE 1. Engloba ações destinadas a manter o bem estar, sem visar a nenhuma doença em particular. Promover um estado nutricional adequado é uma medida de promoção da saúde, assim como prover condições de emprego, habitação e lazer. Educação sanitária Alimentação e nutrição adequadas Habitação adequada Emprego e salário adequados Realização das necessidades básicas 2. PROTEÇÃO ESPECÍFICA 1. Inclui medidas para impedir o aparecimento de uma determinada afecção, em particular, ou de um grupo de doenças afins. São exemplos a vacinação, com que se procura elevar a resistência específica do organismo contra uma dada doença, e a proteção contra riscos ocupacionais. Vacinação Exame pré-natal Quimiprofilaxia Fluoretação da água Não exposição a agentes carcinogênicos RESUMINDO 3. DIAGNÓSTICO E TRATRAMENTO PRECOCE Trata-se de identificar o processo patológico no seu início, antes do aparecimento de sintomas. São exemplos a pesquisa do bacilo da tuberculose no escarro e exames seletivos, dirigidos a subgrupos da população nos quais há maior probabilidade do aparecimento do dano que se busca diagnosticar. Rastreamento Exame periódico de saúde Auto-exame Intervenções médicas e cirúrgicas precoces 4. LIMITAÇÃO DO DANO Consiste em identificar a doença, limitar a extensão das respectivas lesões e retratar o aparecimento de complicações, se não for possível evitá-las por completo. Acesso facilitado a serviços de saúde Tratamento médico ou cirúrgico adequados Hospitalização necessárias 10/08/2015 10 RESUMINDO 5. REABILITAÇÃO Objetiva desenvolver o potencial residual do organismo, após ter sido afetado pela doença. É um trabalho em equipe destinado a prover suporte físico, mental e social, que favoreça a reintegração da pessoa na família, no trabalho e na sociedade. Terapia ocupacional Treinamento do deficiente Condições de trabalho p/ deficientes Próteses e órteses REFERÊNCIAS • BRASIL. Ministério da saúde. Educação profissional e docência em saúde. Rio de Janeiro:Fiocruz. 2012. Disponível em: http://www.epsjv.fiocruz.br/pdtsp/index.php?id=1&prioridade=1 Acesso em: 20 fev 2013. • ALMEIDA FILHO, N. de. O conceito de saúde: ponto cego da epidemiologia? Revista Brasileira de Epidemiologia, 3(1-3): 4-20, 2000b. • ALMEIDA FILHO, N. de. & JUCÁ, V. Saúde como ausência de doença: crítica à teoria funcionalista de Christopher Boorse. Ciência e Saúde Coletiva, 7(4): 879-889, 2002. • BRASIL. Comissão Nacional dos Determinantes Sociais da Saúde – CNDSS. Determinantes Sociais da Saúde ou Por Que Alguns Grupos da População São Mais Saudáveis Que Outros? Rio de Janeiro: Fiocruz, 2006. Disponível em: www.determinantes.fiocruz.br. • BRASIL. Ministério da Saúde. VIII Conferência Nacional de Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 1986. (Anais). • BRASIL. Constituição Federal da República. Brasília: Governo Federal, 1988. • LEAVELL, S. & CLARCK, E. G. Medicina Preventiva. São Paulo: McGraw-Hill, 1976. • LEFEVRE, F. & LEFEVRE, A. M. C. Promoção de Saúde: a negação da negação. Rio de Janeiro: Vieira e Vent, 2004. • SABROZA, P. C. Concepções de Saúde e Doença. Rio de Janeiro: EAD, Ensp, 2001. (Texto de Apoio ao módulo I do Curso de Especialização em Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde).
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