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TERAPIA NUTRICIONAL NOS TRANSTORNOS ALIMENTARES MARIANA CARVALHO TRANSTORNO ALIMENTAR ↓ Transtornos psiquiátricos com graves complicações clínicas Comprometimento do estado nutricional e práticas compensatórias inadequadas para o controle e a perda de peso – vômitos autoinduzidos, uso de diuréticos, anfetaminas e laxativos) Busca incessante pela magreza Distúrbio da imagem corporal Complicações: - Endócrinas - Cardíacas - Pulmonares - Renais - Dentárias (Eating Disorders) Doenças: - Hipercolesterolemia - Hipoglicemia - Osteopenia - Osteoporose - Hipocalemia - Hipomagnesia - Hiponatremia - Hipofosfatemia - Anemia - Constipação - Lanugo (pêlos finos, suaves e abundantes no corpo) - Esofagite - Pancreatite aguda C o n se q u ê n c ia s TRANSTORNOS ALIMENTARES Anorexia Nervosa (AN) Bulimia Nervosa (BN) Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP) Transtornos Alimentares Não Especificado (TANE) PREVALÊNCIA ANOREXIA NERVOSA • Até 0,9% em mulheres jovens BULIMIA NERVOSA • 1% para mulheres • 0,1% para homens TANE/ TCAP • 1 a 4% no geral • (> em obesos) CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS ANOREXIA NERVOSA • Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM–IV-DR) • Classificação Estatistica Internacional de doenças e problemas relaionados com saúde CID-10 BULIMIA NERVOSA • Instrumentos autoaplicáveis e entrevistas • Relacionadas ao padrão e atitudes alimentares, imagem corporal, comorbidades , aspectos psicológicos, sociais, etc TCAP • Acompanhamento com equipe multidisciplinar CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS ANOREXIA NERVOSA • Há perda de peso ou, em crianças, falta de ganho de peso, e o peso corporal é 15% abaixo do esperado • Perda de peso autoinduzida • Distorção da imagem corporal • Transtorno endócrino generalizado (amenorréia e perda de interesse e potência sexual) BULIMIA NERVOSA • Episódios de hiperfagia, quando grandes quantidades de alimento são consumidos em curtos períodos (2x/sem por 3 meses) • Preocupação com o comer e o forte desejo/compulsão alimentar • Tentativa de neutralizar os efeitos “de engordar” por meio de vômitos e purgação autoinduzidos, períodos de inanição e/ou uso de drogas (anorexígenos, laxantes e diuréticos) • Autopercepção de estar gordo, com pavor intenso de engordar e realiza exercícios intensos ou jejuns TCAP • Episódios recorrentes de compulsão alimentar • Perda de controle sobre a ingestão durante o episódio (não consegue parar de comer) • Características: comer mais rapidamente, comer ainda se sentindo cheio, comer grandes quantidades mesmo sem fome • Culpa ao comer, muita angústia • 2 dias/semana por 6 meses • + Medidas compensatórias inadequada ANOREXIA NERVOSA FATORES DE RISCO • A influência da “cultura do corpo” e da pressão para a magreza que as mulheres sofrem nas sociedades ocidentais (especialmente as adolescentes) parece estar associada com o desencadeamento de comportamentos anoréticos. • Comportamento psicológico de autoestima baseado na aparência física e o engajamento em dietas para perda de peso Cerca de 45% das crianças de ambos os sexos em idade escolar querem ser mais magras e 37% tentaram perder peso. • 90% são mulheres • Pessoas ligadas à moda, dança e alguns esportes • Grande incidência entre estudantes universitários e secundaristas Mulheres Homens - Preocupação com peso - Menor preocupação com malhação - Enxergam-se mais gordas - Preocupação com forma - Início mais tardio - Maior quantidade de exercícios - 50% homossexuais (20% tem alguma forma de TA) - Enxergam-se menos musculosos * Histórico de obesidade Grupos de maior incidência Prevalência aumentada em certos grupos ocupacionais • Profissões que exigem boa aparência e corpo muito magro - Bailarinas, dançarinas - Modelos, atrizes - Ginastas, jóqueis, boxers, lutadores Estudantes de Nutrição e nutricionistas Estudantes e prof de Ed. Física Grupos de maior incidência CURSO DA DOENÇA • Restrição dietética progressiva com a eliminação de alimentos “engordantes”. • Passam a apresentar certa insatisfação com os seus corpos e se sentir obesas • Gradativamente, passam a viver exclusivamente em função da dieta, da comida, do peso e da forma corporal, restringindo seu campo de interesses e levando ao gradativo isolamento social. • A prática de exercícios físicos é freqüente Anorexia Nervosa 2 Subtipos: - Restritivo - Purgativo 44% apresentam boa evolução 5,6% morre por década de doença Maiores de 20 anos: 20% mortalidade Causas: Baixa auto-estima/ busca de aprovação Sentimento de inadequação Depressão e ansiedade Relações familiares ou pessoais Dificuldade em expressar sentimentos Mudança no padrão de beleza da sociedade Perfeccionismo ASSOCIAÇÃO COM OUTRAS PATOLOGIAS A associação dos transtornos alimentares com outros quadros psiquiátricos é bastante frequente. Transtornos de humor, de personalidade, depressão, transtorno afetivo bipolar, TOC e comportamentos obsessivos, uso de substâncias. Transição para bulimia ETIOLOGIA Mecanismo multifatorial: - Fatores predisponentes: aumentam a chance de desenvolver - Doenças psiquiátricas, depressão, genética? - Alteração no sistema serotoninérgico: regulador do comportamento alimentar - Personalidade: tipo obsessivos, perfeccionistas, dificuldade em expressar sentimentos, introversão e baixa auto estima - Dinâmica familiar disfuncional: superproteção, rigidez, tendência em evitar conflitos, mães críticas, preocupadas com aparência - Sócioculturais: conceito de beleza e magreza (beleza, sucesso, autocontrole, competência e atratividade sexual) - Outros fatores: abuso sexual, estímulos negativos ao longo do desenvolvimento ETIOLOGIA Mecanismo multifatorial: • Fatores precipitantes: marcam o início - Dieta para perder peso - Dietas restritivas: aumenta 18x chance de TA • Fatores mantenedores: contribuem para instalação e perpetuação - Alterações neuroendócrinas pela provação alimentar - Distorção da auto imagem e cognitivas - Práticas purgativas - Dinâmica familiar BULIMIA NERVOSA ETIOLOGIA - Fatores multicausais - Biológicos: metabólitos da serotonina em níveis elevados - Herança familiar (9,6%) - Fatores psicológicos: insegurança, medo de julgamento, manutenção da aparência física, baixa auto estima, preocupação excessiva com o corpo e dieta - Sócioculturais: mulher retratada como de boa aparência sempre, símbolos de liberdade efeitos negativos nas mulheres - Familiares: conflitos, dificuldade de comunicação, ausência de coesão familiar, alteradas relações interpessoais CURSO DAS DOENÇAS • Início, pode se achar relacionado à fome, mas posteriormente, o ciclo compulsão alimentação-purgação instala-se. • Grande e rápida ingestão de alimentos, com perda de controle • Métodos compensatórios inadequados: vômitos, laxantes, diuréticos, inibidores de apetite, dietas e exercícios • Passa a correr em todo tipo de situação que gera sentimentos negativos (frustração, tristeza, ansiedade, tédio, solidão). Bulimia Nervosa Baixa auto estima, autocrítica elevada Impulsividade: cleptomania, tricotilomania, automutilação, abuso de drogas lícitas e ilícitas, , promiscuidade sexual e tentêndcias suicidas. TRATAMENTO DOS PRINCIPAIS TA TRATAMENTO ESPECIALIZADO PARA PESSOAS COM TRANSTORNOS ALIMENTARES PACIENTE Psiquiatra PsicólogoNutricionistaEnfermeiros, educadores físicos, TO e assistentes sociais CUIDADO NUTRICIONAL • Avaliação nutricional • Formulação do diagnóstico nutricional • Intervenção nutricional • Acompanhamento (com reavaliações) Medidas antropométricas Bioquímicas Clínicas Alimentares ANAMNESE NÃO ESTRUTURADA -Informações básicas: idade, contatos, estado civil, filhos, escolaridade, profissão, nível socioeconômicos, com quem mora e como, indicação para tratamento, narrativa da história de vida - Informações quanto à saúde: doenças pregressas e vigentes, tratamentos já realizados ou em andamento, medicamentos, suplementos, qualidade do sono, sintomas - Informações quanto ao peso: histórico de variação do peso, histórico da prática de dietas, questões de imagem corporal (ex.: conceitos sobre qual considera ser seu peso ideal e graus de insatisfação corporal ANAMNESE NÃO ESTRUTURADA - Informações quanto à alimentação: histórico dos hábitos alimentares do paciente e de sua família, consumo alimentar habitual e atual (com possível cálculo posterior da ingestão de nutrientes, se necessário), evidências de compulsão alimentar, crenças, sentimentos e pensamentos sobre alimentação, alimentos evitados - Informações quanto ao comportamentos compensatórios: uso de laxantes, diuréticos, enemas e remédios para emagrecer, indução de vômitos, realização de jejuns ou restrições alimentares e prática de atividade física EXAME FÍSICO -Alterações nos cabelos: ressecamento e diminuição da espessura, volume e quantidade - Alterações na pele: presença de lanugo e ressecamento - Alterações nas unhas: fracas, quebradiças, com alterações nas mudanças de temperatura EXAMES BIOQUÍMICOS - Densidade óssea - Eletrólitos séricos - Hemograma completo - Ferro - Ferritina - Vitamina B12 - Creatinina - Uréia - Glicemia - Albumina - Pré-albumina -Colesterol total e frações - Exames endoscópicos, hepáticos, cardíacos e hormonais Tratamento Quais são as demandas e necessidades? Qual é o perfil do paciente? Quais são as causas e condições? TRATAMENTO • Hospitalizações: - Situações onde a gravidade clínica pode comprometer a vida do paciente. - A gravidade pode ser expressa: redução do peso, distúrbios do ritmo cardíaco, desidratação, distúrbio dos eletrólitos, hipotensão grave, gravidade do ciclo de voracidade alimentar e purgação. - Na AN, não há consenso sobre peso ou IMC indicando internação (13 kg/m2 ou PP maior de 30%) - Risco de auto ou heteroagressão - Recusa do tratamento - Falta de apoio familiar OBJETIVOS COMUNS AO TRATAMENTO DE QUALQUER TRANSTORNO - Melhorar a estrutura, o consumo e as atitudes alimentares - Ajudar o paciente a perceber os sinais de fome e saciedade - Diminuir ou eliminar os distúrbios de imagem corporal - Estabelecer práticas alimentares saudáveis OBJETIVOS DO CUIDADO NUTRICIONAL OBJETIVOS ESPECÍFICOS ANOREXIA NERVOSA • Restabelecer peso corporal e cessar perda de peso • Melhora de hábitos alimentares • Corrigir sequelas da desnutrição e cessar episódios de métodos compensatórios BULIMIA NERVOSA • Cessar episódios bulímicos e uso de métodos compensatórios • Normalizar funções do TGI (distensão, constipação, esvaziamento gástrico) • Comportamento TCAP • Cessar episódios de compulsão alimentar • Promover a perda de peso de forma lenta e sustentável, se necessário CONCEPÇÕES • A terapia nutricional (TN) raramente é indicada em pacientes com AN ou BN • Via oral sempre preferida • A enteral pode ser melhor aceita que a v.o. Objetivo: recuperar estado nutricional Indicadores: aumento do IMC ou retorno da menstruação • O ganho de peso normalmente recomendado durante a internação hospitalar é de 0,5 a 1,0 kg/semana em acompanhamento ambulatorial, 0,5 kg/semana. TRATAMENTO NUTRICIONAL • Calorias 30 – 40 kcal/ dia, podendo chegar a 70 – 100 kcal/dia. • Macronutrientes: LIP – 1g/kg - 25-30%VCT (mascarar a oferta (granola, queijos magros); negociar, gradualmente, troca de desnatados por integrais PTN – 0,8 a 1,0 g/Kg CHO – 4 a 6 g/kg - 50-55% VCT - priorizar fibras insolúveis: aumentam peristalse - diminuir fibras solúveis: saciedade/constipação – Micronutrientes: Se necessários, suplementar para completar 100% DRI TRATAMENTO NUTRICIONAL CONCLUSÃO Tendo em vista que os transtornos alimentares surgem com grande freqüência na infância e na adolescência, o profissional de saúde envolvido com o atendimento deste grupo etário deve estar bem familiarizado com suas principais diretrizes clínicas. O diagnóstico precoce e uma abordagem terapêutica adequada dos transtornos alimentares são fundamentais para o manejo clínico e o prognóstico destas condições.
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