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Pequenos Negócios Desafios e Perspectivas Educação Empreendedora Coordenação Carlos Alberto dos Santos Antonio Carlos Teixeira Liberato | Antonio Fernando Leal | Carlos Alberto dos Santos | Cândida Bittencourt | Cândido Borges | Clarice Veras | Claudia A. G. Brum | Cristina Castro Lucas de Souza | Ednalva Fernandes C. de Morais | Elyzabeth Tscha | Etel Tomaz | Flávia Azevedo Fernandes | Genésio Gomes da Cruz Neto | Hannah F. Salmen | Juliano Seabra | Karen Virgínia Ferreira | Luís Afonso Bermúdez | Louis Jacques Filion | Marcela Souto de Oliveira Cabral Tavares | Marilda Corbellini |Marcos Hashimoto | Mariana Camargo Marques | Mirela Malvestiti | Mônica Dias Pinto | Tainá Borges Andrade Garrido | Ricardo Rivadávia Lucena Sampaio | Rita Vucinic Teles | Rodrigo Estrela de Freitas | Rosângela M. Angonese | Wilma Resende Araujo Santos Vol. Educação Empreendedora Pequenos Negócios Desafios e Perspectivas Carlos Alberto dos Santos Coordenação Antonio Carlos Teixeira Liberato | Antonio Fernando Leal | Carlos Alberto dos Santos | Cândida Bittencourt | Cândido Borges | Clarice Veras | Claudia A. G. Brum | Cristina Castro Lucas de Souza | Ednalva Fernandes C. de Morais | Elyzabeth Tscha | Etel Tomaz | Flávia Azevedo Fernandes | Genésio Gomes da Cruz Neto | Hannah F. Salmen | Juliano Seabra | Karen Virgínia Ferreira | Luís Afonso Bermúdez | Louis Jacques Filion | Marcela Souto de Oliveira Cabral Tavares | Marilda Corbellini |Marcos Hashimoto | Mariana Camargo Marques | Mirela Malvestiti | Mônica Dias Pinto | Tainá Borges Andrade Garrido | Ricardo Rivadávia Lucena Sampaio | Rita Vucinic Teles | Rodrigo Estrela de Freitas | Rosângela M. Angonese | Wilma Resende Araujo Santos 4Vol. Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Presidente do Conselho Deliberativo Nacional Roberto Simões Diretor-Presidente Luiz Eduardo Pereira Barretto Filho Diretor-Técnico Carlos Alberto dos Santos Diretor de Administração e Finanças José Claudio dos Santos Informações para contato Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SGAS 605 – Conjunto A – Asa Sul CEP 70200-904 – Brasília/DF Telefone: 55 61 3348-7192 Portal Sebrae: www.sebrae.com.br Esta coletânea tem o objetivo de provocar o debate sobre o desenvolvimento bra- sileiro na perspectiva dos pequenos negócios, a partir de abordagens que privilegiam a reflexão teórica da prática, conectando o debate acadêmico com o cotidiano da assis- tência técnica e dos serviços empresariais. Com duas edições temáticas anuais, abertas à colaboração de técnicos e gerentes do Sistema Sebrae, bem como seus parceiros na iniciativa privada, universidades e governos, esta coletânea reúne as seguintes publicações: Vol. 1 – Programas Nacionais Vol. 2 – Desenvolvimento Sustentável Vol. 3 – Inovação Comentários, sugestões e críticas são bem-vindos: pndp@sebrae.com.br. Coordenação Carlos Alberto dos Santos Educação Empreendedora Vol. 4 Pequenos Negócios Desafios e Perspectivas 2013. © Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Sebrae Coordenação Carlos Alberto dos Santos Apoio técnico Cláudia Patrícia da Silva, Denise Chaves, Elizabeth Soares de Holanda, Lorena Ortale, Mirela Malvestiti, Sandra Pugliese, Vinicius Lages Revisão editorial Magaly Tânia Dias de Albuquerque, Miriam Zitz, Silmar Pereira Rodrigues, José Marcelo Goulart de Miranda Edição Tecris de Souza Projeto Gráfico Giacometti Comunicação Editoração Eletrônica Grupo Informe Comunicação Integrada Revisão Ortográfica Grupo Informe Comunicação Integrada As opiniões emitidas nesta publicação são de responsabilidade exclusiva dos autores, não exprimindo, necessariamente, o ponto de vista do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. É permitida a reprodução desde que citada a fonte. Reproduções com objetivo comercial são proibidas (Lei n° 9.610). S237 Santos, Carlos Alberto. Pequenos Negócios : Desafios e Perspectivas: Educação Empreendedora / Carlos Alberto dos Santos, coordenação. -- Brasília: SEBRAE, 2013. 384 p. : il. ISBN 978-85-7333-583-5 1. Atendimento ao cliente. 2. Pequenos negócios. 3. Empreendedorismo. 4. Desenvolvimento econômico. II. Título CDU 334.012.64 Sumário Apresentação .....................................................................................11 Luiz Barretto PREFÁCIO ............................................................................................19 Aloizio Mercadante Capítulo I EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA DE DEBATE DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA: REVISITANDO SCHUMPETER ....................................................................29 Carlos Alberto dos Santos DEZ CONSELHOS PARA OS CRIADORES DE EMPRESAS ............................43 Louis Jacques Filion e Cândido Borges NEGóCIOS EM EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA: SABERES PARA EMPREENDER ..................................................................61 Antonio Fernando Leal RAZÃO E EMOÇÃO NA EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA .........................75 Clarice Veras NOVOS TEMPOS, NOVA EDUCAÇÃO PARA O EMPREENDEDORISMO ......85 Ednalva Fernandes C. de Morais e Luís Afonso Bermúdez Capítulo II ENSINO FORMAL E EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA EMPREENDEDORISMO NO ENSINO SUPERIOR: O CASO SEBRAE NO DF E UNIVERSIDADE DE BRASíLIA .....................................113 Cristina Castro Lucas de Souza, Hannah F. Salmen e Karen Virgínia Ferreira ADOLESCêNCIA ADMINISTRANDO O FUTURO: UMA ExPERIêNCIA PIONEIRA DE EMPREENDEDORISMO JUVENIL NO BRASIL ....................129 Marilda Corbellini e Rosângela M. Angonese UM RETRATO DOS CENTROS DE EMPREENDEDORISMO NAS IES BRASILEIRAS .........................................................................151 Marcos Hashimoto CÉLULAS EMPREENDEDORAS: TRANSFORMANDO O MUNDO POR MEIO DE UMA EDUCAÇÃO PAUTADA NA GESTÃO COLABORATIVA DO CONHECIMENTO .................................167 Genésio Gomes da Cruz Neto e Elyzabeth Tscha EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA EM SOLO POTIGUAR: UM NOVO CAMINHO PARA O ENSINO PúBLICO ......................................183 Antonio Carlos Teixeira Liberato EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA SOB O PRISMA DA JUNIOR ACHIEVEMENT NO BRASIL – O CASO DO PROGRAMA MINIEMPRESA ..................................................................................197 Wilma Resende Araujo Santos EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA: DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O BRASIL ...........................................................209 Juliano Seabra EDUCAÇÃO, TRABALHO, EMPREENDEDORISMO: NASCE O PRONATEC EMPREENDEDOR .............................................219 Flávia Azevedo Fernandes, Marcela Souto de Oliveira Cabral Tavares e Mirela Malvestiti Capítulo III NOVAS TECNOLOGIAS E EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA A DISTâNCIA: ACESSO, APRENDIZAGEM EM REDE E CONECTIVIDADE ...................................231 Rodrigo Estrela de Freitas O DESENVOLVIMENTO DO PERFIL EMPREENDEDOR POR MEIO DA COMUNICAÇÃO NA PRODUÇÃO DE CONTEúDO PARA CURSOS DE EAD EM EMPREENDEDORISMO ..................................................245 Rita Vucinic Teles MANTENDO O FOCO NO CLIENTE NO DESENVOLVIMENTO DE CONTEúDOS ..............................................................................265 Claudia A. G. Brum CAMINHOS PARA UMA EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA: ALIANÇA ENTRE COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO...............................281 Mônica Dias Pinto Capítulo IV ExPERIêNCIAS QUE DISSEMINAM A CULTURA EMPREENDEDORA EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA PARA UM PAíS EMPREENDEDOR.........299 Etel Tomaz e Cândida Bittencourt O PAPEL DA UNIVERSIDADE E DO SEBRAE NA DISSEMINAÇÃO DA CULTURA EMPREENDEDORA ENTRE OS ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS ...315 Tainá Borges Andrade GarridoUNIVERSIDADES CORPORATIVAS: ENSINO E APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL .........................................................................327 Ricardo Rivadávia Lucena Sampaio DESAFIOS EM GESTÃO DAS EMPRESAS CANDIDATAS AO PRêMIO MPE BRASIL NO ESTADO DE SÃO PAULO .........................361 Mariana Camargo Marques Inovar para sustentar o desenvolvImento Inovar para sustentar o desenvolvimen- to: desafio para o Brasil Os pequenos negócios e o empreen- dedorismo inovador no século 21 Inovação para a sustentabilidade – o imperativo de uma nova era A competitividade e a inovação – uma questão de capacidade Inovação: conceitos e abordagens Capítulo 1 Inovar para sustentar o desenvolvImento Inovar para sustentar o desenvolvimen- to: desafio para o Brasil Os pequenos negócios e o empreen- dedorismo inovador no século 21 Inovação para a sustentabilidade – o imperativo de uma nova era A competitividade e a inovação – uma questão de capacidade Inovação: conceitos e abordagens Capítulo 1 Apresentação A p re se nt a ç ã o 11 O Desafio da Educação Empreendedora no Brasil A construção de um Brasil mais produtivo e justo depende di- retamente da educação de seu povo. Nenhum país do mundo se transforma em nação desenvolvida sem estabelecer e colocar em prática políticas para levar o conhecimento e a capacitação téc- nica à sua população, especialmente, à parcela mais jovem dela. Capacitar e educar fazem parte da essência do Sebrae desde sua criação. Promovemos o desenvolvimento competi- tivo e sustentável das micro e pequenas empresas brasileiras – que são 99% das empresas, responsáveis por mais da metade das vagas de emprego e por pagar 40% da massa salarial no país. Fomentamos o empreendedorismo como uma alternativa viável de ocupação e renda para a população. Um grande país não se faz apenas com funcionários, mas também com empreendedores. Nem todas as pessoas pos- suem um dom natural para a gestão empresarial, mas podem aprender desde cedo. Por isso, trabalhamos para que o em- preendedorismo avance como tema de interesse prioritário nas três etapas do ensino – Fundamental, Médio e Superior, atuan- do na base de formação dos estudantes desde a sua infância. A educação empreendedora possui papel estratégico no campo econômico e social e está se tornando uma agenda indispensável para o século 21. É preciso aprender sobre em- Luiz Barretto Presidente do Sebrae 12 A p re se nt a ç ã o preendedorismo. Para o Sebrae, o tema inspira reflexões, dis- cussões, eventos e novas possibilidades. Nesse ambiente, estamos lançando este volume da cole- tânea Pequenos Negócios – Desafios e Perspectivas, que tem o propósito de pensar e discutir a educação empreendedora voltada aos pequenos negócios. Colaboradores do Sebrae, professores e especialistas trazem nesta edição percepções plurais sobre o tema da educação empreendedora no universo das micro e pequenas empresas. O comportamento empreendedor é útil para quem vai ter o próprio negócio ou para quem vai trabalhar em uma empresa. O mercado de trabalho está cada vez mais competitivo e glo- balizado e exige candidatos bem qualificados, mas que tenham um diferencial. Precisamos de pessoas autônomas, com com- petências múltiplas, que saibam trabalhar em equipe. E que te- nham, principalmente, capacidade para aprender e adaptar-se a situações novas e complexas, de enfrentar novos desafios e promover transformações. Já ensinamos empreendedorismo para cerca de 2 milhões de pessoas, de crianças de apenas seis anos até empresários com negócios consolidados. Há projetos, programas e cursos voltados para diferentes perfis, idades e objetivos na nossa car- teira de atuação. Somente no ensino formal nas escolas, mais de 600 mil alunos do Ensino Fundamental, Médio e Superior foram capacitados em projetos de educação empreendedora. O projeto Jovens Empreendedores Primeiros Passos (JEEP) oferece nove cursos para crianças e adolescentes de 6 a 14 anos que estejam cursando o Ensino Fundamental. Ele é viabilizado por parcerias com secretarias de Educação de esta- dos e municípios, no caso de escolas públicas, ou diretamente com as instituições privadas. Em 2011, conseguimos ampliar o alcance do JEEP para todo o Brasil e atingimos a marca de 25 mil alunos atendidos. A p re se nt a ç ã o 13 Professores são capacitados pelo Sebrae para tratar de empreendedorismo de acordo com a faixa etária de seus es- tudantes. As crianças aprendem, por meio de oficinas lúdicas, noções sobre planos de negócio, como a importância de con- trolar o dinheiro – essa conscientização ainda na infância vai ajudar, no futuro, a valorizar práticas como o controle de fluxo de caixa, por exemplo. Os conteúdos no projeto são aprofun- dados conforme a idade dos alunos. Novos temas são inseri- dos, como cultura da cooperação, ética e cidadania. Voltados ao Ensino Médio, temos programas como o Cres- cendo e Aprendendo, Despertar e Formação Jovens Empreen- dedores, que buscam estimular a visão empreendedora como uma das estratégias para a inclusão social e acesso ao merca- do de trabalho. No Ensino Superior, contamos com a parceria de 19 insti- tuições de Ensino Superior para pesquisas relacionadas à visão empreendedora e à difusão do empreendedorismo. Outra atu- ação relevante junto ao público universitário é o Desafio Sebrae, que estimula o espírito empreendedor por meio de jogos em- presariais. Em 12 anos, atendemos mais de 1 milhão de alunos no Brasil e mais de 135 mil estudantes em oito países da Amé- rica Latina somente com o Desafio Sebrae. Para fortalecer nosso trabalho para a educação empreende- dora, mantemos parcerias estratégicas com instituições como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Fundação Roberto Marinho, Junior Achievement e Endeavor. Trabalhando em conjunto com o Ministério da Educação, também estamos inserindo o empreendedorismo na grade dos cursos de ensino técnico: o Pronatec Empreendedor vai oferecer cursos técnicos e profissionais de nível médio para adolescentes de todo o Brasil. Em 2013, estamos comemorando os 20 anos do Empre- tec, metodologia das Nações Unidas que desenvolve carac- terísticas do comportamento empreendedor e estimula mu- 14 A p re se nt a ç ã o danças comportamentais, sugerindo que o participante reveja conceitos e atitudes. Ao todo, 34 países promovem essa ca- pacitação no mundo todo. No Brasil, onde mais de 185 mil pessoas já passaram pelo seminário, o Empretec é executado com exclusividade pelo Sebrae. Assim, o Sebrae atua em diversas frentes para multiplicar os empreendedores no nosso país. Os jovens são curiosos e estão interessados em empreender. Precisamos nos valer des- sa qualidade para estimulá-los a desenvolver comportamentos empreendedores. Nos últimos dez anos, constatamos a participação maior de jovens no empreendedorismo. Pessoas com idade entre 25 e 34 anos respondem pela criação de 34% das empresas, segundo a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), realizada no Brasil pelo Sebrae e Instituto Brasileiro de Quali- dade e Produtividade (IBQP). Os negócios iniciais estão mais concentrados nesse público porque cada vez mais empreender está se tornando uma opção de emprego e renda. O momento econômico que o Brasil vive também está fa- vorecendo o empreendedorismo. A taxa de juros está baixa, temos uma situação de pleno emprego e um mercado interno consumidor de cerca de 100 milhões de pessoas. De cada dez empresas abertas, sete são por oportunidades de negócios. O sonho de abrir um negócio próprio faz parte do imaginário de 44% dos brasileiros, frente a 25% que desejam seguir carreira em uma empresa pública ou privada. A qualidadedo empreendedorismo mudou e hoje o nível de escolaridade do empreendedor está acima da média brasileira. Os candidatos a empreendedores e empresários estão mais preocupados em buscar conhecimento e capacitação. E nós, do Sebrae, estamos empenhados em colaborar na realização desse sonho de empreender e ter sucesso. Prefácio Pr e fá c io 19 Empreendedorismo, Sociedade e Educação O Brasil apresenta hoje um perfil socioeconômico muito di- ferente de anos atrás. Cresceu o nível de emprego e de renda; houve mobilidade social – cerca de 40 milhões de brasileiros ascenderam à “nova classe média”, reduzindo a base da pirâ- mide – e inclusão produtiva. Há mais crédito a um custo mais acessível. O dinamismo da economia brasileira, sustentado por seu mercado interno, com crescimento evidente dos setores do comércio e serviços, impõe novos desafios à nossa sociedade. Os megaeventos esportivos nos próximos anos no Brasil também geram novas possibilidades de negócios, empregos e melhorias nas cidades que sediarão os jogos e seu entorno. São inadiáveis e vêm sendo feitos investimentos em infraes- trutura, mobilidade urbana e, principalmente, em educação. É certo que para uma sociedade ser equilibrada, o caminho mais eficaz passa pela educação, e não só por ela. São necessários suportes sociais, e nesse sentido, o governo federal está aten- to, com uma visão sistêmica de todo o processo de mudança pelo qual o país atravessa. Diante de desafios tão promissores para o desenvolvimen- to brasileiro, o governo federal tem se dedicado ao esforço de elevar o grau de instrução dos brasileiros com resultados posi- tivos: hoje o Brasil investe 5,55% do Produto Interno Bruto (PIB) Aloizio Mercadante Ministro da Educação do Brasil 20 Pr e fá c io em educação. Essa taxa, embora tenha crescido praticamente a cada ano, ainda não é suficiente para fazer frente ao analfa- betismo, à baixa escolaridade da população, bem como para enfrentar a questão da qualidade do ensino. O Plano Nacional da Educação (PNE) vai garantir o investimento de 10% do PIB em educação. Aprovado na Câmara dos Deputados, porém, o PNE ainda encontra-se em tramitação no Senado Federal. Os obstáculos e desafios vêm sendo enfrentados siste- mática e efetivamente pelo Governo Dilma. Temos conseguido mudar a realidade do Ensino Básico e de nível Médio, além da educação profissional, por meio do Pronatec, que já ofereceu mais de 3 milhões de vagas em dois anos. Ampliamos também a oferta de bolsas de estudos no exterior, especialmente por meio do programa Ciência Sem Fronteiras, visando ao aperfei- çoamento dos nossos profissionais, bem como ao intercâmbio com centros de ensino e pesquisa internacionais. O Brasil está fazendo investimentos e reduzindo a carga tributária para aumentar a competitividade de sua economia. Precisamos ampliar a formação profissional e tecnológica dos trabalhadores, pois estamos próximos do pleno emprego em alguns setores e não temos mão de obra disponível com qualifi- cação. O aumento da produtividade, questão fundamental para o Brasil de hoje, está ligado à capacitação dos trabalhadores. Os institutos tecnológicos são instrumentos imprescindíveis ao cumprimento dessa tarefa, que, na atualidade, é indispensável para o Brasil continuar crescendo. Nova realidade, novos desafios e soluções Em meio a tantas mudanças, temos uma nova realidade de país que demanda atenção especial do governo federal e está Pr e fá c io 21 relacionada a um contexto mais amplo de transformações na sociedade brasileira. O empreendedorismo avança e assume contornos relevantes para o desenvolvimento nacional. Abrir o próprio negócio passou a ser o sonho do brasileiro. Se antes o sonho se concentrava prioritariamente na aqui- sição da casa própria, no contexto atual, a opção de ter um ne- gócio próprio é sustentada pelas oportunidades que o mercado oferece em vez de servir para contrapor ao desemprego, como ocorria na década passada. É o chamado empreendedorismo por oportunidade e não mais por necessidade. Soma-se o fato de, nos últimos anos, um contingente de quase 3 milhões de brasileiros ter se formalizado como micro- empreendedor individual, abandonando a condição de traba- lhador autônomo informal. Nesse sentido, o Brasil virou uma página importante de sua história econômica, ao registrar es- ses empreendedores em cerca de 460 ocupações. Todos com CNPJ. Portanto, com cidadania econômica, podendo emitir nota fiscal, além da garantia de direitos previdenciários e aces- so ao crédito. Assim como precisamos ampliar e aprofundar a formação profissional e tecnológica dos trabalhadores brasileiros, tendo em vista a maior competitividade da nossa economia, também esses empreendedores demandam conhecimento e informa- ção para que possam prosperar e gerar mais emprego e renda ao país. Há um ambiente mais favorável ao desenvolvimento dos pequenos negócios, por isso, é chegada a hora de tratar o empreendedorismo com a devida atenção que a educação profissional requer. Outro aspecto importante dessa nova perspectiva que se abre no Brasil refere-se ao esforço de agências de fomento e instituições de Ensino Superior no sentido de promover o acesso à educação empreendedora, por meio de oficinas e cursos de extensão, bem como da inclusão de disciplina es- 22 Pr e fá c io pecífica na grade curricular. São iniciativas que valorizam o desempenho daqueles profissionais que, para sua atuação, demandam desenvoltura em gestão de processos, pessoas e empreendimentos ou que desejam abrir um negócio. Esse empenho, ao longo de muitas décadas, tem transformado realidades e contribuído para prolongar a sobrevivência dos pequenos negócios em nosso país. Educação, empreendedorismo e Pronatec Mas o que é educação empreendedora? Cada um dos ter- mos contidos nesse conceito “educação” e “empreendedoris- mo” pode ser analisado separadamente. Porém, somente jun- tos eles fazem sentido no contexto de formação emancipatória e autônoma de jovens e adultos da educação profissional. Educação é o processo social pelo qual uma geração transmite à outra a visão de mundo que define sua identidade coletiva. Assentada nas ideias de Paulo Freire, a vocação his- tórica e ontológica do homem é “ser mais”. A educação nesse sentido não é somente o processo de adaptação do indivíduo à sociedade, mas também o instrumento que possibilita aos ho- mens transformar a realidade, por meio do trabalho, para “ser mais”, para desenvolver suas potencialidades enquanto sujeito. A educação é a nossa própria vida. Para autores progres- sistas como Freire, educar é conscientização, emancipação. Defende-se a ideia da produção de uma “consciência verdadei- ra” e recusa-se a modelagem de pessoas, a “mera transmissão de conhecimentos” e a pura competição. Educação para emancipação humana é um empreendi- mento que exige um esforço transformador, coletivo e siste- Pr e fá c io 23 mático. Esse investimento requer a assunção de responsa- bilidades sociais por parte da sociedade de maneira geral e, especialmente, por parte do poder público e, como parte dele, o Ministério da Educação. Empreendedorismo é o estudo voltado para o desenvolvi- mento de conhecimentos e habilidades relacionados à criação de um projeto, seja ele um projeto de vida, um projeto técnico, científico, ou laboral. Tem origem no termo empreender, que significa realizar, fazer ou executar. Assim, compreendemos que toda educação é empreendedora, visto que, como prin- cípio, educar é realizar, é inventar, é criar, é inovar, é promover mudanças e construir transformação nos sujeitos. A educação empreendedora é um processo coletivo, in- tencional e sistemático de desenvolvimento de característicasde criatividade, capacidade de organização e planejamento. Envolve ainda responsabilidade, liderança, persistência, habi- lidade para trabalhar em equipe, visão de futuro, interesse em buscar novas informações e correr riscos, bem como desenvol- ver a capacidade de solucionar problemas e inovar em sua vida ou seu trabalho. Dessa forma, buscamos relacionar educação, trabalho e empreendedorismo em busca de novas políticas de inclusão social, a exemplo do Pronatec e, agora, do Pronatec Empre- endedor. Criado em outubro de 2011, o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), do MEC, tem como objetivo principal expandir, interiorizar e democrati- zar a oferta de cursos de educação profissional e tecnológica (EPT) para a população brasileira. Para tanto, prevê uma série de subprogramas, projetos e ações de assistência técnica e financeira, os quais, juntos, oferecerão 8 milhões de vagas a brasileiros de diferentes perfis até 2014. 24 Pr e fá c io Os referenciais curriculares nacionais da educação profis- sional de nível técnico (RCNEPT) preveem a construção de sa- beres para o desenvolvimento de competências ligadas, den- tre outros aspectos, à aplicação de conceitos e princípios de gestão e à percepção e análise de condições de oportunidade (mercado). Ou seja, o documento reforça a necessidade de aprender sobre empreendedorismo, além da aprendizagem por competências em si. Assim, surge o Pronatec Empreendedor, que poderá agregar ao Pronatec a perspectiva do autoemprego, além do desenvolvi- mento de competências empreendedoras que são fundamentais para a trabalhabilidade – conceito indicado nos RCNEPT como componente da dimensão produtiva da vida social. O público do Pronatec deve pensar no projeto de futuro (pessoal e profissional) de forma empreendedora. A qualificação profissional é peça-chave nesse processo. É preciso, porém, estabelecer metas, definir estratégias e meios para alcançá-las. O mundo está em constante mudança, e aprender a lidar com a mudança na vida significa, também, fazer um contraponto com a necessidade de estabilidade que, muitas vezes, aponta para um emprego fixo. Este volume, dedicado à educação empreendedora, reúne textos que poderão auxiliar os operadores do Pronatec a com- preender melhor as dimensões do empreendedorismo e sua fundamental complementaridade com a capacitação profissio- nal para que jovens e adultos estudantes tenham mais chances de inclusão social e produtiva na sociedade brasileira. EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA EM DEBATE Desafios da educação empreendedora: Revisitando Schumpeter Dez conselhos para os criadores de empresas Negócios em educação empreendedora: saberes para empreender Razão e emoção na educação empreendedora Novos tempos, nova educação para o empreendedorismo Capítulo 1 C a p ítu lo I – Ed uc a ç ã o e m p re e nd e d o ra e m d e b a te 29 Desafios da Educação Empreendedora: Revisitando Schumpeter Carlos Alberto dos Santos1 “Se a educação sozinha não pode transformar a sociedade, tampouco sem ela a sociedade muda.” Paulo Freire O desafio da educação empreendedora no Brasil é, antes de mais nada, o desafio quantitativo representado pelos mi- lhões de pequenos negócios já existentes em nosso país aos quais se juntam inúmeros outros, diariamente. Como levar educação empreendedora de qualidade em grande quantidade e em todo o território nacional? É nesse cenário que emerge o desafio de atender ao expo- nencial aumento da demanda por capacitação empresarial sem o comprometimento da sua qualidade. Por isso, a forte amplia- ção das atuais iniciativas e instrumentos de educação empreen- dedora deve ter como um de seus vetores a busca da excelên- cia na formação dos empreendedores. A excelência é imperativo próprio do ambiente de negócios e seu desenvolvimento, das oportunidades e desafios colocados pela conjuntura. 1 Doutor em economia pela Freie Universitaet Berlin, diretor-técnico do Sebrae 30 C a p ítu lo I – Ed uc a ç ã o e m p re e nd e d o ra e m d e b a te Mas o que é qualidade quando se trata de educação em- preendedora? De forma pragmática: a qualidade da educação empreen- dedora será tanto melhor, quanto maior for a sua capacidade de ajudar o empreendedor a desenvolver a sua atividade em- presarial em bases competitivas e sustentáveis. O duplo desafio de incremento da quantidade e da quali- dade sugere uma estratégia que esteja alicerçada para além da expansão das atuais experiências de educação empreendedora em nosso país. Tanto quantidade sem qualidade, como quali- dade sem quantidade não são soluções. Não basta fazer mais, é preciso também fazer melhor! Em um país continental como o Brasil, com mais de 10 milhões de pequenos negócios, esse desafio está sendo enca- rado não só com a vigorosa ampliação da atuação do Sistema Sebrae em todo o país, como também pela emergência de inú- meras e promissoras iniciativas de introdução de disciplinas de empreendedorismo no ensino formal, em todos os seus níveis, e o surgimento de um mercado privado de serviços empresa- riais de capacitações e consultorias. O desafio quantitativo diz respeito a uma ambiência favo- rável ao empreendedorismo, traduzida em políticas e recursos compatíveis com os volumes de investimentos necessários. Os desafios da educação empreendedora a partir da perspectiva da qualidade, por sua vez, coloca no centro do debate a per- gunta: quem é o empreendedor? Como é frequente, são as perguntas simples as mais difí- ceis de serem respondidas. O uso sem critério do conceito em- preendedor dificulta a construção de estratégias mais rigorosas e consistentes – e, consequentemente, mais efetivas – de apoio e fomento dos pequenos negócios, especialmente daquelas re- lacionadas com a educação empreendedora. C a p ítu lo I – Ed uc a ç ã o e m p re e nd e d o ra e m d e b a te 31 As reflexões contidas neste artigo são uma contribuição ao incipiente debate sobre essa questão. Adotamos como ponto de partida os ensinamentos de Malcolm Knowles sobre educa- ção de adultos e os elementos centrais do debate acadêmico sobre empreendedorismo em uma perspectiva econômica, re- ferenciada na obra seminal de Joseph A. Schumpeter, “Teoria do Desenvolvimento Econômico”. Andragogia, conhecimentos, habilidades e atitudes empreendedoras A complexidade e diversidade de estratégias e instrumen- tos de educação empreendedora resultam da amplitude de uma abordagem que abarque conteúdos e metodologias adequa- dos para disseminar conhecimentos e desenvolver habilidades e atitudes no campo do empreendedorismo. A partir dessa perspectiva, um debate profícuo sobre os di- versos e múltiplos desafios da educação empreendedora deve ter como referência a perspectiva andragógica proposta por Malcolm Knowles. Em sua obra seminal, Knowles2 define Andragogia como a arte e ciência que estuda as melhores práticas para orientar adultos a aprender. O pressuposto básico é o de que a expe- riência é a melhor fonte de aprendizagem para os adultos, cuja motivação resulta de suas necessidades e interesses. O mode- lo andragógico alicerça-se em seis princípios: 1. Necessidade de saber: adultos precisam saber por que de- vem aprender algo e qual será o fruto do aprendizado; 2 Knowles, Malcolm S. (1950). Informal adult education: a guide for administrators, leaders, and teachers. New York: Association Press. 32 C a p ítu lo I – Ed uc a ç ã o e m p re e nd e d o ra e m d e b a te 2. Autoconceito do aprendiz: adultossão responsáveis por suas decisões e por sua vida, portanto, querem ser vistos e tratados como tal; 3. Experiências: são a base do aprendizado do adulto; 4. Prontidão para aprender: é a disposição de aprender do adulto quando a ocasião exige algum tipo de aprendizagem relevante para o seu cotidiano; 5. Orientação para aprendizagem: é a contextualização da aplicação e utilidade dos conceitos apresentados; 6. Motivação: são os valores intrínsecos como autoestima, qualidade de vida e desenvolvimento, os quais exercem forte motivação no processo de aprendizagem de adultos. A ênfase na experiência, na contextualização, na relevân- cia prática dos conteúdos e em aspectos comportamentais dos princípios andragógicos é referencial constitutivo a ser observado no desenvolvimento e operacionalização de meca- nismos e estratégias de educação empreendedora. A impor- tância desses princípios aumenta com as possibilidades que as novas tecnologias de informação e comunicação propiciam para uma ampliação significativa, com grande flexibilidade e baixo custo, da educação empreendedora, por meio de meca- nismos de ensino a distância (EaD). Uma parte do sucesso de instrumentos e iniciativas de educação empreendedora dependeria, portanto, da capacida- de de transmitir conhecimentos já existentes com metodologias alinhadas aos princípios andragógicos. De fato, grande parte das dificuldades de constituição e operação de uma empresa diz respeito à legislação, regras e normas por um lado, e conceitos, métodos e rotinas de gestão, C a p ítu lo I – Ed uc a ç ã o e m p re e nd e d o ra e m d e b a te 33 por outro lado; os quais devem ser aplicados no gerenciamento e administração cotidiana do negócio, a partir de uma aborda- gem racional e rotinas preestabelecidas. A relevância prática de técnicas e métodos de gestão é au- toexplicativa. Logo, quanto mais eficiente for o seu processo de aprendizado, melhor será a gestão e com ela a competitividade e sustentabilidade do empreendimento. Nesse quadrante, o desafio da educação empreendedora diz respeito à capacidade de implementar, em grande escala, instrumentos e metodologias adequados para transmitir esse tipo de conhecimento3. Por outro lado, a importância desse aprendizado deriva da necessidade do dono do negócio exercer múltiplas funções de natureza gerencial e administrativa. Uma necessidade que é inversamente proporcional ao tamanho da empresa: conhecimentos gerenciais são tão mais importantes para o proprietário, quanto maior for a necessidade de seu en- volvimento direto em funções de gestão do seu negócio. Para estar à frente de um negócio, não basta conhecimen- to (saber) é necessário também habilidades (saber fazer). A racionalidade e os procedimentos operacionais da ges- tão financeira de uma empresa, por exemplo, demandam com- petências que podem ser adquiridas por meio do processo de aprendizagem já descrito. O mesmo não pode ser dito para o aprendizado de táticas de negociação, habilidade fundamental para uma boa gestão financeira empresarial. Exemplo análo- go pode ser encontrado no âmbito de uma capacitação sobre formação de preços que resulte na identificação da necessida- de de mudanças na estrutura de custos do empreendimento e demande, portanto, habilidades negociais de seu proprietário. 3 Nesse aspecto. o sistema de ensino tradicional, público e privado, também é fundamental para a disseminação de conhecimentos e técnicas de gestão e administração voltadas para quem já possui ou quer criar um pequeno negócio. 34 C a p ítu lo I – Ed uc a ç ã o e m p re e nd e d o ra e m d e b a te O desenvolvimento de habilidades não se restringe à apreensão de conhecimentos já existentes. Habilidades são desenvolvidas por meio de observação (aprendendo com os “casos de sucesso”, mas também e, especialmente, com os erros próprios e de terceiros4), experimentação e treinamento em um aperfeiçoamento constante baseado na prática concre- ta em um processo permanente de tentativa e erro. Interagir com outros empreendedores, trocar experiências, participar de feiras e missões, enfim, “ver para crer” facilita e es- timula o desenvolvimento de habilidades necessárias para uma competente gestão do negócio. Instituições de representação empresarial, associações de classe, sindicatos, arranjos produ- tivos locais e cooperativas são importantes espaços de apren- dizado coletivo e desenvolvimento de habilidades individuais. A pesquisa e o debate acadêmico sobre empreendedoris- mo da escola comportamentalista5 produziram uma vasta lite- ratura com grande diversidade de definições de empreendedor e suas características. Louis Jacques Filion6 identifica cerca de 60 definições de empreendedor na literatura e 24 características7, mais frequen- temente atribuídas aos empreendedores pelos behavioristas. À essa proliferação de definições e conceitos soma-se o controverso e inconcluso debate a respeito das possibilidades e limites de se ensinar atitudes empreendedoras. Não obstante, 4 Sobre a racionalidade de se aprender com os erros veja Santos (2012). 5 Psicólogos, psicoanalistas, sociólogos e outros especialistas em comportamento humano. 6 Renomado professor da Escola de Altos Estudos Comerciais (HEC) de Quebec e um dos maio- res estudiosos do empreendedorismo da escola behaviorista no mundo. 7 Inovação, liderança, riscos moderados, independência, criatividade, energia, tenacidade, ori- ginalidade, otimismo, orientação para resultados, flexibilidade, habilidade para conduzir situa- ções, necessidade de realização, autoconsciência, autoconfiança, envolvimento a longo prazo, tolerância à ambiguidade e à incerteza, iniciativa, capacidade de aprendizagem, habilidade na utilização de recursos, sensibilidade a outros, agressividade, tendência a confiar nas pessoas, dinheiro como medida de desempenho (Filion 1999). C a p ítu lo I – Ed uc a ç ã o e m p re e nd e d o ra e m d e b a te 35 a importância das atitudes e aspectos comportamentais para o sucesso de um negócio é consenso entre os estudiosos e especialistas que se dedicam ao tema. Discutíveis são também concepções e representações teó- ricas das características do empreendedor como um ser dotado de inúmeras qualidades subjetivas ideais, as quais, em sua quan- tidade e diversidade, encontram pouco amparo na realidade. Do ponto de vista prático, a idealização do empreendedor como um quase super-homem ou uma quase mulher-maravilha pode estar na origem de estratégias de capacitação empresarial que colocam esse tipo ideal como um objetivo a ser alcançado, na fronteira da indução do desenvolvimento pessoal do empreende- dor (a partir do ser) e a prescrição normativa e a priori do dever ser. A qualidade da educação empreendedora será discutida na sequência desde uma perspectiva econômica, alargando a abordagem behaviorista tradicional. Qualidade da educação empreendedora Produtos de educação empreendedora oferecidos em ba- ses comerciais têm sua qualidade atestada pelo próprio merca- do. Como o adágio popular: produto bom é aquele que vende! No Brasil, como em muitos outros países, entendeu o le- gislador que os pequenos negócios devem ter um tratamento diferenciado e favorecido e, para tal, à legislação pertinente (LC 123/06 e LC 128/08) soma-se a própria existência do Sebrae (e seus recursos subsidiados) para apoiar os pequenos negócios e fomentar o empreendedorismo. Frente a isso, como estabelecer uma oferta de serviços 36 C a p ítu lo I – Ed uc a ç ã o e m p re e nd e d o ra e m d e b a te educacionaissubsidiados para pequenos negócios com a maior qualidade possível? Instituições de apoio aos pequenos negócios enfrentam o desafio de ofertar serviços empresariais que correspondam, o mais próximo possível, à real demanda de seu público-alvo. Uma tarefa nada trivial, vista a diferença intrínseca entre ne- cessidade e demanda. Sempre existe uma grande quantidade de necessidades de capacitações e consultorias nos pequenos negócios. Entre- tanto, somente parte dessas necessidades traduz-se em de- manda por meio da disposição dos empreendedores em pagar por esses serviços. A disposição de pagar (ou não) por eles estabelece uma hierarquia de prioridades entre as diferentes necessidades, o que na microeconomia é conhecido como a função de utilidade e de preferências reveladas. Portanto, a oferta de serviços empresariais para peque- nos negócios em bases comerciais conta com o mecanismo de preços para identificar a real demanda de seus clientes po- tenciais. Dito de outra forma: um mercado, no qual, como em outro qualquer, a demanda é uma função do preço. Na inexistência do mecanismo de preço, como estabelecer uma oferta de serviços empresariais em bases subsidiadas que corresponda, o mais próximo possível, à real demanda dos pe- quenos negócios? Em posição contrária a dos economistas do mainstream, acreditamos que é possível utilizar subsídios de forma inteligen- te, por meio do estabelecimento de uma proxy entre as neces- sidades e as demandas dos pequenos negócios por serviços empresariais. No campo da educação empreendedora essa proxy deve ponderar as características inerentes do negócio e de seu pro- C a p ítu lo I – Ed uc a ç ã o e m p re e nd e d o ra e m d e b a te 37 prietário, dado a sua importância para o sucesso ou não do empreendimento, delas derivando as necessidades e, a partir dessas, estimar-se a demanda por educação empreendedora. A segmentação por porte, diferenciando micro de pequena empresa e essas do microempreendedor individual, é um pri- meiro e importante passo nessa direção. O raciocínio é simples e intuitivo: diferentes níveis de faturamento indicam diferentes graus de complexidade na gestão e inserção do negócio no mercado. Diferenças que devem ser observadas no desenvolvi- mento de produtos e estratégias de educação empreendedora, adequadas às características e especificidades dos pequenos negócios em seus diferentes segmentos. Nessa busca por qualidade, a segmentação por porte é condição necessária, mas insuficiente. Especialmente quan- do prevalece uma visão “biológica evolutiva” das relações de mercado, segundo a qual os diferentes portes de em- presa representariam estágios de um contínuo processo de crescimento. Uma concepção sem amparo na realidade: em economias de mercado os pequenos negócios são sempre a ampla maioria das empresas. É também uma concepção problemática por sugerir que o crescimento deve ser um ob- jetivo em si e função primordial de políticas e estratégias de fomento dos pequenos negócios. À segmentação por porte deve-se acrescentar uma acu- rada análise das características e perspectivas do negócio e de seu proprietário, elementos qualitativos que complementam a dimensão quantitativa expressa no volume de faturamento.8 8 Na sequência, serão discutidas estratégias de educação empreendedora para empresas já constituídas. O vasto e instigante campo do fomento e estímulo a novos negócios excede o escopo deste artigo. 38 C a p ítu lo I – Ed uc a ç ã o e m p re e nd e d o ra e m d e b a te Empreendedor, empresário, administrador, proprietários-gerentes: tudo a mesma coisa? Mundo afora, os conceitos de empreendedor e empreen- dedorismo, em suas inúmeras variações, estão associados ao economista austríaco Joseph Schumpeter autor da “A Teoria do Desenvolvimento Econômico”, reconhecida como uma das obras mais importantes da ciência econômica do século XX. Na contramão do mainstream, que preconiza o equilíbrio dos mercados em seus modelos econômicos, Schumpeter con- cebe a economia como um processo dinâmico, orientado para mudanças induzidas por inovações, e identifica no empresário, ao desenvolver e implementar “novas combinações dos fatores de produção”, o ator central no desenvolvimento econômico. As “novas combinações” (posteriormente denominadas inovações) concorrem com as práticas tradicionais e as supe- ram, induzindo a chamada “destruição criadora”, o motor da dinâmica do desenvolvimento capitalista. A inovação possibilita ao empresário obter uma lucratividade superior à da concor- rência, a qual reage imitando-a e copiando-a, desencadeando uma onda de investimentos que estimula a economia e impul- siona o crescimento econômico, a prosperidade e o bem-estar social. Para recuperar a dianteira o empresário precisa conti- nuar inovando – na linguagem atual: empresas inovadoras tem na busca incessante por inovação o cerne de sua estratégia. Para Schumpeter, só é empresário aquele que «... efetiva- mente ‹levar a cabo novas combinações› e perde esse caráter... quando dedicar-se a dirigi-lo, como outras pessoas dirigem seus negócios.” (Schumpeter 1999: 56). A quem se refere Schumpeter ao mencionar “outras pessoas”? C a p ítu lo I – Ed uc a ç ã o e m p re e nd e d o ra e m d e b a te 39 Ele estabelece uma tipologia com “...dois tipos de conduta que, seguindo a realidade, podemos descrever como dois tipos de indivíduos: os meros administradores e os empresários.” (Schumpeter 1999: 59). As outras pessoas a quem ele se refere são os “meros ad- ministradores”? Aqui podemos identificar um equívoco na tradução do “Theorie der wirtschaftlichen Entwicklung”9 para o português. Senão, vejamos. Os dois “tipos de conduta” identificados por Schumpeter não são, como consta na versão em português, o empresário e o administrador. O que ele diferencia são as condutas, os comportamentos do empresário (Unternehmer) e do Wirt. Ao contrário de Unternehmer (empresário) a palavra alemã Wirt, em seu significado econômico, não possui tradução para o português. Exprimir Wirt como administrador,10 além de equi- vocado, não faz sentido. Para Schumpeter, o que importa de fato – e isso é fundamental para uma estratégia consistente de educação empreendedora – são os dois tipos de conduta, não as funções que o empresário eventualmente exerça em seu es- tabelecimento11. Wirt deve ser definido como o proprietário de empresa que toca seu negócio de forma tradicional e que se contenta em obter o lucro médio de seu segmento empresarial. Dito 9 Veja a “Teoria do Desenvolvimento Econômico” da Coletânea Os Economistas, Editora Abril. 10 Verwalter em alemão. 11 Como sabemos, administrador é apenas uma das muitas funções que o proprietário de um pe- queno negócio pode assumir no dia a dia da empresa. “O empresário dos tempos mais antigos não só era, via de regra, também o capitalista, mas frequentemente era ainda – como ainda é hoje no caso de estabelecimentos menores – seu próprio perito técnico, enquanto um especia- lista profissional não fosse chamado para os casos especiais. Da mesma forma era (e ainda é), muitas vezes, o seu próprio agente de compras e vendas, o chefe de seu escritório, seu próprio diretor de pessoal e, às vezes, seu próprio consultor legal para negócios gerais, mesmo que, na verdade, via de regra, empregasse advogados. E era executando algumas dessas funções ou todas que ele preenchia regularmente seus dias.” (Schumpeter 1999: 56) 40 C a p ítu lo I – Ed uc a ç ã o e m p re e nd e d o ra e m d e b a te de outra forma: Wirt é o empresárioque não se comporta como (não demonstra a conduta de) um empreendedor, no sentido schumpeteriano.12 As consequências das dificuldades de tradução da influen- te obra de Schumpeter para o português não se limitam a uma curiosidade filológica ou preocupação linguística. Adiciona-se a elas a grande influência da literatura relacionada ao empreen- dedorismo de origem anglo-saxônica13 e tem-se um forte indi- cativo do porquê empreendedor é utilizado na linguagem co- loquial – refletindo e ao mesmo tempo influenciando o senso comum – ora como sinônimo de empresário, ora sugerindo que o empreendedor antecede o empresário (o empreendedor de sucesso se torna um empresário). Dessa forma, todos que já possuem, ou querem criar uma empresa, são ou deveriam se tornar empreendedores. Nessa visão a função da educação empreendedora seria transformar todos os proprietários de (pequenos) negócios em empreende- dores schumpeterianos. No entanto, na linha preconizada por Schumpeter, as evidências empíricas sugerem a predominância do Wirt na economia. O que não diminui, ao contrário ressalta, o papel do empreendedor no processo de desenvolvimento. Sabe- mos que a competitividade de uma economia depende de múltiplos fatores inter-relacionados, dentre os quais assu- me especial ênfase a sua capacidade de inovação. Nessa perspectiva, estimular e fomentar o empreendedorismo ino- 12 Filion (1999) define Wirt como proprietário-gerente de pequenos negócios que não assume um papel empreendedor. Certamente uma melhor caracterização do Wirt, ao identificá-lo como proprietário da empresa, mas insuficiente. Não a função desempenhada, mas sim a “conduta” frente ao negócio é a diferença que caracteriza o empreendedor, segundo Schumpeter. Um pro- prietário pode ser gerente de sua empresa e imprimir nela uma dinâmica inovadora no sentido schumpeteriano. 13 O equivalente em inglês para a palavra alemã Unternehmer é entrepreneur, o que, por sua vez, significa empreendedor, em português. C a p ítu lo I – Ed uc a ç ã o e m p re e nd e d o ra e m d e b a te 41 vador são tão importante quanto apoiar e induzir a grande maioria do segmento, o Wirt, a introduzir em suas empre- sas inovações já existentes no mercado14. Considerações finais Em nosso país consolidou-se, nas últimas décadas, a per- cepção bastante disseminada de que o empreendedorismo é um fator do desenvolvimento econômico e o empreendedor um agente das mudanças e transformações na economia. Assim sendo, ao facilitar e induzir uma melhoria na ação cotidiana dos empreendedores à frente dos seus negócios, investimentos em educação empreendedora constituiriam um importante vetor para fomentar o desenvolvimento econômico. O desafio de ampliar consideravelmente o alcance e a qua- lidade dos instrumentos de educação empreendedora ganha, portanto, premência na atual conjuntura. Uma forte ampliação dos instrumentos de educação em- preendedora depende de políticas e recursos compatíveis com os volumes de investimentos necessários. Já o desafio do in- cremento da qualidade da educação empreendedora deve con- siderar os princípios do modelo andragógico, cujo pressuposto básico é de que a experiência é a melhor fonte de aprendiza- gem para os adultos, cuja motivação para o aprendizado resul- ta de suas necessidades e interesses. Para além da perspectiva behaviorista, a qualidade da educa- ção empreendedora tem em Schumpeter um importante referen- 14 Alinhando assim a tipologia schumpeteriana referenciada na “conduta” com os conceitos de inovação incremental e de ruptura. 42 C a p ítu lo I – Ed uc a ç ã o e m p re e nd e d o ra e m d e b a te cial teórico, especialmente a distinção entre Wirt (o “empreende- dor não dinâmico”, voltado primordialmente para a sobrevivência e estabilização de seu negócio) e empresário/empreendedor. A edu- cação empreendedora, em suas estratégias de disseminação de conhecimento e desenvolvimento de habilidades e atitudes, deve levar em conta essas diferentes características e motivações. Por último, mas não menos importante, deriva da sua rele- vância empírica a acuidade do instrumental teórico de Schum- peter como referencial para a modelagem da necessária proxy identificadora das reais demandas dos proprietários de peque- nos negócios por produtos e serviços no âmbito da educação empreendedora. Referências bibliográficas FILION, L. Jacques (1999): Empreendedorismo: empreen- dedores e proprietários-gerentes de pequenos negócios. São Paulo: Revista de Administração, vol. 34, n. 2, p. 05-28, abril/junho 1999. KNOWLES, Malcolm S. (1950). Informal adult education: a guide for administrators, leaders, and teachers. New York: Association Press. SANTOS, Carlos A. (2012): Desafios e perspectivas para os próximos anos. Coletânea Pequenos Negócios: desafios e perspectivas, vol. 1, p. 12-26. Brasília: Sebrae, 2012. SCHUMPETER, Joseph A. (1982): Teoria do Desenvolvimen- to Econômico. São Paulo: Abril Cultural, 1982. Tradução feita a partir do texto em língua inglesa, intitulado The Theory of Econo- mic Development (1934). Título Original: Theorie der wirtschaftli- chen Entwicklung (1911). Berlin: Duncker & Humblot, 1987. C a p ítu lo I – Ed uc a ç ã o e m p re e nd e d o ra e m d e b a te 43 Este artigo foi publicado na revista L’Expansion Entrepreneuriat, nº. 6, junho 2010, pp.15 – 23. Uma versão anterior deste texto foi publicada pela primeira vez em: Filion, L.J. e C. Ananou (sob a direção) (2010) De l’intuition au projet d’entreprise Montréal, Trans- continental, capítulo 25, pp. 487- 500, com o título «Quelques conseils pour réussir la création de son entreprise» Dez conselhos para os criadores de empresas Louis Jacques Filion15 Cândido Borges16 A criação de empresas: uma aventura desafiadora Como passar pelo processo de criação de um novo ne- gócio com sucesso e sobreviver durante essa travessia? De acordo com nossas experiências práticas, segundo a análise das pesquisas e o ensino sobre empreendedorismo, nós iden- tificamos uma série de preceitos e conselhos e os transmitimos para aqueles que estão se preparando para abrir uma empre- sa. Nós escolhemos dez para compartilhar aqui. Eles estão primeiramente na Tabela 1, a seguir, e depois cada um deles é brevemente discutido. Dada a grande variedade de contex- tos e situações de novos empreendimentos, esses conselhos 15 Professor titular diretor, Cátedra de Empreendedorismo Rogers-J.-A.-Bombardier – HEC Montréal. 16 Professor-adjunto na Universidade Federal de Goiás (UFG) – Faculdade de Administração, Ciên- cias Contábeis e Ciências Econômicas (Face) – Campus II 44 C a p ítu lo I – Ed uc a ç ã o e m p re e nd e d o ra e m d e b a te são apresentados despretensiosamente porque eles não se aplicam forçosamente nem a todos os empreendedores nem a todos os contextos. Estes conselhos devem ser considera- dos com discernimento. Eles devem estimular uma reflexão e aprendizagem para melhorar as probabilidades de sucesso para a maioria dos empreendedores. Tabela 1 – Dez conselhos para os criadores de empresas 1. Estruturar seu modelo mental empreendedor 2. Estabelecer seus critérios de sucesso, determinar alguns objetivos e saber se organizar para agir 3. Conhecer e compreender seu setor, ouvir e estar focado no cliente 4. Valorizar a oportunidade de negócio identificada e saber escolher o momento oportuno (timing) 5. Contribuir com uma inovação e se diferenciar: no mode- lo de negócio, na escolha do nome, no preço 6. Adotar ferramentas de reflexão 7. Mobilizar sua rededesde o início, ter relações de apoio e contatos de negócio 8. Definir seu próprio espaço, o espaço dos outros e delegar 9. Saber estar rodeado de empreendedores: parceiros, mentor, coach e comitê consultivo 10. Preparar-se para a polivalência e saber perseverar C a p ítu lo I – Ed uc a ç ã o e m p re e nd e d o ra e m d e b a te 45 Estruturar seu modelo mental empreendedor A preparação para a atividade empresarial requer uma in- trodução ao conhecimento que leva a uma maneira de pensar e de inovar. Alguns adquirem esse conhecimento estando em contato com empreendedores na sua própria família, no seu ambiente durante seus estudos, ou por meio de leituras. O empreendedorismo segue a expressão de uma forma particular de pensar, foca na novidade, na mudança e na inovação. A cultura que está na base de toda maneira de pensar e de agir se desenvolve em contato com pessoas que incor- poram essa cultura e se integraram bem a ela. Isso se aplica a qualquer pessoa que esteja pensando em se tornar um empreendedor. Ele está se preparando, colocando-se em contato com os empreendedores. Não há uma geração es- pontânea. O empreendedor não é improvisado. É útil fazer um balanço e identificar os papéis que nós mes- mos temos desempenhado nas iniciativas ou nas atividades inovadoras e avaliar os pontos fortes e fracos nesse proces- so. Será que no passado tivemos uma tendência para definir o contexto das atividades futuras? Será que já mostramos ter capacidade para expressar um pensamento projetivo? Os em- preendedores tentam antecipar o futuro e imaginar o que pode- ria ser. Eles definem grupos de atividades que querem realizar e como vão se organizar para conseguir. Eles são iniciadores e agregadores em torno de seus projetos. 46 C a p ítu lo I – Ed uc a ç ã o e m p re e nd e d o ra e m d e b a te Estabelecer critérios de sucesso, determinar alguns objetivos e saber se organizar para agir A criação de uma empresa, por excelência, é um exercício de liberdade. Durante esse período o empreendedor define o que será possível para ele. Cada pessoa mantém critérios, quase sempre implícitos, do que ela quer realizar. Por que não torná-los explícitos e usá-los para definir o sistema de ativida- des que quer realizar? O que eu quero realizar? Quais são meus objetivos? Como devo me organizar para conseguir? O empreendedor tem a van- tagem de estabelecer os objetivos gerais, mas os objetivos devem ser específicos e mensuráveis ao logo do tempo. Por exemplo: atingir um nível “X” de venda em três meses; atingir o ponto de equilíbrio em seis meses; atingir o nível “X” de lucro durante o segundo ano de operação, etc. O fato de estabelecer e explicitar seus próprios critérios de sucesso, os quais poderão variar ao longo do tempo, oferece valores de referência para definir de objetivos, determinar as fron- teiras, definir melhor o alvo e escolher as atividades que realizará o que vai permitir tomar decisões mais rápidas e mais justas. O empreendedor é orientado para a ação. Ele pensa cons- tantemente na ação. Ele sabe escolher o momento oportuno para agir. Ele gosta de tomar decisões. Em suma, o empreen- dedor é um “artista da ação”. É a passagem para a ação de maneira bem articulada, com a qual ele se engaja e depois ge- rencia que faz o sucesso do empreendedor. Como empreendedores, é importante refletir sobre cada uma de nossas ações e que estejamos em condições de responder as seguintes perguntas: Por quê? Como? Com C a p ítu lo I – Ed uc a ç ã o e m p re e nd e d o ra e m d e b a te 47 quem? Quais os efeitos sobre as pessoas de dentro e de fora da empresa? Quais as contribuições e consequências para a realização de meus objetivos? Conhecer e compreender seu setor, ouvir e estar focado no cliente Existem alguns elementos indicadores de sucesso nos negócios. A experiência empresarial ou em gestão é um de- les. O conhecimento do setor no qual se vai inserir é ou- tro. Caminhar em um terreno familiar é normalmente menos arriscado que explorar o desconhecido. Começar um novo negócio não é diferente. Ter trabalhado no setor onde a empresa será criada repre- senta um fator positivo destacado pelos empreendedores para ter sucesso no seu desenvolvimento. Essas experiências ante- riores facilitam o aprendizado necessário para o desenvolvimen- to dos produtos/serviços e de tecnologias envolvidas. O conhe- cimento do funcionamento do setor e de alguns de seus atores, como fornecedores e potenciais clientes, permitirão o acesso a informações estratégicas e muito úteis para melhor adaptar e ajustar o que se quer fazer. Quem são meus clientes? Quem são meus clientes potenciais? Eles precisam de quê? Quais são as melho- res estratégias para vender a esses clientes? Quem são os clientes de meus clientes? Quem são meus concorrentes? Essas são perguntas que um empreendedor tem que se fazer antes de abrir sua empresa. Os empreendedores que evoluem no B2B (Business to Business) nos dizem que eles foram mais bem-sucedidos no momento em que se coloca- ram na pele do cliente para entender melhor as necessida- des dos clientes de seus clientes. 48 C a p ítu lo I – Ed uc a ç ã o e m p re e nd e d o ra e m d e b a te As pesquisas mostram que os gestores de pequenos negó- cios que têm as estratégias mais eficazes dedicam tempo para encontrar os fornecedores, o que lhes permite estar mais bem informados sobre as mudanças em curso e futuras no seu setor. O empreendedor que anteriormente não trabalhou na área na qual quer criar sua empresa, terá que encontrar maneiras para corrigir essa fraqueza. Existem várias maneiras para fa- zer isso, por exemplo, observando o funcionamento de uma das empresas mais inovadoras desse setor ou de um setor relacionado ao seu, caso se trate de um setor emergente. Ter contato com os fornecedores do setor ou com os usuários de produtos atuais ou de produtos relacionados, também pode ajudar a enriquecer sua referência sobre o que é realmente pertinente e pode gerar efeitos nas vendas dos produtos/ser- viços a serem comercializados. Valorizar a oportunidade de negócio identificada e saber escolher o momento oportuno (timing) A oportunidade de negócio é a pedra angular sobre a qual se constrói o plano de negócio. Deve haver uma estreita corres- pondência entre o empreendedor e sua oportunidade de negó- cio. Se o empreendedor tem uma paixão por um determinado assunto, ele será altamente motivado a continuar aprendendo e com certeza vai vencer. Os empreendedores pensam intensa- mente sobre as maneiras originais de valorizar a oportunidade. É preciso estar consciente que quanto mais nós avançamos no tempo, mais a janela de oportunidades diminui. Antigamente, uma oportunidade podia ser possível e estar disponível durante décadas. Atualmente, na maioria das vezes é uma questão de meses ou no máximo de alguns anos. Uma oportunidade per- C a p ítu lo I – Ed uc a ç ã o e m p re e nd e d o ra e m d e b a te 49 de sua força quando muitas pessoas conseguem identificá-la. É importante escolher o momento oportuno, não se alongar muito, se preparar, e agir. Muitas hesitações farão com que seja tarde demais, muitas precipitações farão com que seja muito cedo. Os empreendedores multiplicam os ângulos a partir dos quais eles analisam o setor deles e acabam desenvolvendo um sexto senti- do quanto ao momento oportuno (timing) para agir. É importante que a oportunidade identificada satisfaça uma necessidade. Muitagente se lança rapidamente a partir de uma ideia que elas acreditam que seja boa, mas na realidade ela não preenche uma real necessidade. Não é apenas a identificação de uma boa oportunidade de negócio que importa, mas também a maneira de dar forma a essa oportunidade. A maioria das oportunidades precisa passar por transformações e por combinações às vezes complexas. É por isso que vários autores preferem utilizar o termo “criação de oportunidades” em vez de simplesmente “identificação de oportunidades”. Uma vez finalizada, é preciso testá-la no mer- cado e ressaltá-la de maneira segura e inteligente; o momento oportuno é muito importante. Aqui, o «artista da ação» que é o empreendedor precisa saber ao mesmo tempo usar sua intui- ção, usar seu talento e “manter o faro em alerta”, saber fazer as coisas por conta própria e com os recursos disponíveis, dese- nhar e dar uma forma ao seu projeto potencial. Contribuir com uma inovação e se diferenciar: no modelo de negócio, na escolha do nome, no preço O empreendedor é uma pessoa que apresenta uma inova- ção, algo novo, diferente que agrega valor em relação ao que já existe. É preciso trabalhar e retrabalhar a maneira de valorizar 50 C a p ítu lo I – Ed uc a ç ã o e m p re e nd e d o ra e m d e b a te a oportunidade de negócio e de entrar no mercado com novos elementos de novidade e diferenciação. Dessa forma, os empreendedores aumentarão suas chances de sucesso se trabalharem e retrabalharem seu mo- delo de negócio17, a coerência entre as 4P ou 5P, a escolha do nome, a conexão lógica entre o tipo de produtos/servi- ços, a distribuição e um preço justo. Um nome comercial geralmente deve se referir ao que faz o negócio, deve ser um nome fácil de ser lembrado e, além disso, deve ser “global”, ou seja, que possa ser entendido em várias línguas, princi- palmente se planeja entrar para o mercado internacional. Para as empresas de alguns setores de serviços, pode ser vantajoso que o nome comece com uma palavra que se refi- ra ao serviço pertinente, por exemplo, «Viagens 4D» para uma agência de viagens, ou com uma letra no início do alfabeto. «Apple» aparece em primeiro lugar na lista das empresas, en- quanto que «Microsoft» é mais explícito. Não existe uma regra absoluta para a escolha do nome, mas existem várias questões que devem ser consideradas de- pendendo do setor e do tipo de negócio. É preferível escolher um nome que seja lembrado facilmente. Quanto ao preço, este tema é um dos pontos fraco de muitas empresas nascentes, principalmente no setor de ser- viço. É importante fazer vários testes de mercado antes de estabelecer o preço definitivo de venda dos produtos/servi- ços. Uma vez os produtos/serviços lançados será difícil fazer grandes alterações de preço. 17 Ver em particular : Verstraet (Thierry) et Jouisson-Laffitte (Estèle), Business Model pour entre- prendre, Paris,De Boeck, 2009. C a p ítu lo I – Ed uc a ç ã o e m p re e nd e d o ra e m d e b a te 51 Adotar ferramentas de reflexão Para adotar ferramentas de reflexão, é aconselhável pro- ceder com a elaboração de um quadro que vai esclarecer seu sistema de atividades empreendedoras. Primeiramente, conce- ber e descrever em algumas páginas a empresa ideal que você gostaria de organizar (duas a cinco páginas). Isso vai permitir especificar vários pontos de ancoragem sobre os elementos fundamentais que são importantes para o empreendedor e aos quais ele fará referência mais tarde. Em segundo lugar, esboçar um guia de atividades para implantar o projeto (duas ou três páginas). Em terceiro lugar, após a realização de um estudo de mercado, esboçar um pri- meiro rascunho do projeto de empresa, pode ser um resumo de cinco a seis páginas. É importante ver essas notas como um elemento de apoio a reflexão, a progressão e a concepção do projeto, mas não como planos a serem implantados a todo custo. Os empreendedores que fizeram esforços para conce- ber um projeto estão melhores equipados para enfrentar os imprevistos e as situações difíceis no futuro. Esse exercício vai estimular o pensamento projetivo. Vai permitir ao empreendedor especificar a informação e os recur- sos necessários para atingir seu objetivo, preparar seu plano de ação e se acostumar a trabalhar com vários cenários. O fato de considerar o que se quer fazer e como fazê-lo geralmente permite simplificar os processos e diminuir os recursos even- tuais necessários para levar as atividades a cabo. Isso permite também gerenciar melhor o principal recurso, que é muito curto para a maioria dos empreendedores: o tempo. Um mínimo de planejamento deverá levar a maioria dos cria- dores de empresa a aprofundar as análises de mercado, a com- preender melhor o mercado do setor assim como as necessidades 52 C a p ítu lo I – Ed uc a ç ã o e m p re e nd e d o ra e m d e b a te eventuais dos usuários quanto a produtos/serviço, para destacar melhor as vantagens competitivas e conceber com mais coerên- cia o sistema de recursos, particularmente, recursos humanos que precisarão para arrancar e gerenciar a empresa com mais eficácia. Depois do início da empresa, é normal aparecer impre- vistos, mudanças de situações. O projeto da empresa é um guia que não deve ser seguido “ao pé da letra” e que deve ser modificado e adaptado às novas condições enfrentadas pela empresa. O esboço do plano não deve limitar as ações do em- preendedor, nem sua intuição. Toda essa preparação deve ser usada com bom senso e discernimento. Trata-se de uma ferramenta de orientação e de acompa- nhamento que permite dar uma direção e nos ajudar a tomar decisões rapidamente. Ela também serve de ferramenta de co- municação para informar aos interessados o que se quer realizar. Mobilizar sua rede desde o início, ter relações de apoio e contatos – de negócio Quais são as informações que eu preciso? Quais são os supor- tes que poderiam ser úteis pra mim? Com quem eu posso começar o negócio? Eu vou precisar me envolver com que tipo de pessoa? De quais recursos vou precisar? Onde vou encontrar esses recur- sos? Quais são os serviços e programas que poderiam ajudar a criação de empresas e dos quais eu poderia me beneficiar? Os empreendedores ganham em começar cedo a criar e a mobilizar a rede de negócio deles. Primeiro, eles conversam so- bre as ideias de negócio deles com os clientes potenciais. Em alguns casos, esses clientes podem, inclusive, ser envolvidos no desenvolvimento de produtos. C a p ítu lo I – Ed uc a ç ã o e m p re e nd e d o ra e m d e b a te 53 Os clientes potenciais podem fornecer informações que permitirão ajustar melhor o produto às condições do mercado e melhor atender às necessidades dos usuários potenciais. Isso pode facilitar a primeira venda, momento sempre crítico para uma empresa que está começando. Um cliente potencial que participou do projeto poderá não apenas ser o primeiro comprador, mas também indicar outros clientes potenciais. Durante muitos anos, a imaginação popular manteve o mito do herói empreendedor, ou seja, aquele que abre uma empresa sozinho e se debate com uma coragem excepcional para sobre- viver. No entanto, a pesquisa nos ensinou que o empreendedo- rismo é um fenômeno coletivo, o empreendedor realizando seu sonho com a participação, a assistência e o apoio de muitas outras pessoas, parentes, parceiros, colaboradores, contatos da sua rede, assim como membros de organizações de apoio. É preciso ter um mínimo de pessoas na rede do empreendedor,o que permite, em primeiro lugar, ser informado sobre o que acon- tece no setor, estimular a reflexão e o aprendizado. Definir seu próprio espaço, o espaço dos outros e delegar Se a criação de uma empresa tem uma dimensão coletiva que garante que o empreendedor tenha vantagem em recor- rer à ajuda externa e interagir com as pessoas de sua rede, ela tem também, por outro lado, uma ação muito pessoal. Para conduzir bem seu projeto, o empreendedor tem que ter con- fiança em si mesmo, e nas suas competências e ser capaz vi- ver em harmonia consigo mesmo e com os outros. Isso pode exigir que ele redefina seu próprio espaço, o que lhe permitirá 54 C a p ítu lo I – Ed uc a ç ã o e m p re e nd e d o ra e m d e b a te definir melhor os espaços dos outros que vai precisar.18 Os empresários asiáticos dedicam muito tempo pensando em formas de organizar o sistema social da empresa, integran- do os valores que refletem a harmonia entre as pessoas. É im- portante projetar e implantar um sistema social que reflita equi- líbrio entre as energias exigidas e as capacidades das pessoas. Esse equilíbrio vai fazer bem ser refletido no próprio empreen- dedor, na empresa, na família e nas outras esferas de sua vida. Ao contratar é aconselhável definir um contrato psicológi- co claro entre o empreendedor e as pessoas contratadas para fazerem parte de sua equipe: o que cada colaborador tem o di- reito de esperar do empreendedor que dirige a empresa e o que o empreendedor tem direito de esperar de cada colaborador. É vantajoso considerar o critério de delegação eventual e potencial de tarefas no momento de recrutamento e contrata- ção. Não basta contratar pessoas com base no seu know-how para completar uma tarefa num determinado prazo. O cresci- mento de uma empresa passa pela delegação de tarefas e esta começa pela concepção de um processo durante o qual são definidas tarefas a serem cumpridas e depois são determinada as tarefas que poderão ser delegadas. Saber estar rodeado de empresários: parceiros, mentor, coach e comitê consultivo A cultura empreendedora se adquire, se desenvolve e se nutre por osmose em contato com os empreendedores. O 18 Filion (Louis Jacques) et Bourion (Christian) (Eds.), Les représentations entrepreneuriales, Pa- ris, ESKA, 2008. C a p ítu lo I – Ed uc a ç ã o e m p re e nd e d o ra e m d e b a te 55 empreendedorismo está crescendo com as equipes empreen- dedoras compostas de parceiros com competências com- plementares. As pesquisas mostram que a maioria das novas empresas é criada por equipes19. Essa percentagem está con- firmada nas nossas próprias pesquisas. No caso das empresas de tecnologia, esse número sobe para mais de 95%20. É importante que o empresário ou os futuros empreende- dores identifiquem um mentor, um coach e um grupo de acon- selhamento. Na área prática, como é o caso do empreendedo- rismo, não há substituto para a experiência. O empreendedor terá interesse em estar rodeado de especialistas. Esse é um fator importante de sucesso. Mencionamos aqui uma pesquisa realizada nos Estados Unidos (EUA) sobre a criação de empresas durante os últimos anos. Essa pesquisa indica que 52% das empresas criadas, na amostra, foram estudadas pelas equipes: Aldrich (Howard), Car- ter (Nancy) e Ruef (Martin), «Teams», no Gartner (William), Shaver. Primeiro, o empreendedor precisa de um mentor. O papel desse último é fazer perguntas fundamentais sobre o modelo e o percurso empresarial do empreendedor. As relações com o men- tor devem começar assim que o empreendedor decidir começar que quer começar um negócio. As reuniões geralmente são rea- lizadas uma vez por mês e acontecem durante alguns anos21. O mentor é quase sempre o empresário aposentado. Ele não é remunerado. Ele não é nem um coach, nem um par- 19 Mencionamos aqui uma pesquisa tipo realizada nos Estados Unidos sobre a criação de empre- sas durante os últimos anos. Essa pesquisa indica que 52 % das empresas criadas na amostra foram estudadas pelas equipes: Aldrich (Howard), Carter (Nancy) e Ruef (Martin), «Teams», no Gartner (William), Shaver (Kelly), Carter (Nancy) e Reynolds (Paul) (Eds.), Handbook of entrepre- neurial dynamics: The process of business creation, Thousand Oaks, Sage, 2004, p. 299-310. 20 Filion (Louis Jacques), Borges (Cândido) e Simard (Germain) «Étude du processus de création d’entreprises structuré en quatre étapes», Comunicação apresentada no 80 Congresso Inter- nacional Francofone sobre a PME, Fribourg, publicada nas Atas, CIFEPME 2006 21 Ver programa de mentor da Fondation de l’entrepreneurship (www.entrepreneurship.qc.ca). 56 C a p ítu lo I – Ed uc a ç ã o e m p re e nd e d o ra e m d e b a te ceiro e não investe na empresa. Ele orienta o empreendedor na aprendizagem de sua especialidade de empreendedor e de gestor. Os empreendedores tecnológicos costumam recorrer a dois mentores: um pesquisador da área da tecnologia e o ou- tro um empreendedor tecnológico com experiência. O mentor enquadra uma abordagem reflexiva para articular melhor a coe- rência do conhecimento para ser empreendedor. Após o início das operações da empresa, o empreendedor vai precisar de um coach. No hockey, o coach está atrás do banco dos jogadores e dá conselhos sobre o que deve ser feito durante a ação. No mundo dos negócios, o coach pode ser um empreen- dedor experiente, aposentado ou não, ou um executivo de uma empresa de grande porte, aposentado ou não, que tem a expe- riência no setor (no sentido amplo). Pode ser ainda um especialista de marketing. Ele dá conselhos sobre as ações a serem tomadas, ajuda a desenvolver cenários, a avaliar os efeitos das decisões e dá conselhos sobre as ações a serem realizadas assim como fazê-las. As reuniões com o coach acontecerão uma ou duas vezes por mês e duram de dois a quatro anos. Alguns coaches são remunerados, dependendo da quantidade de trabalho que lhe é exigida, e da frequência das reuniões. O empreendedor terá vantagem em implantar um grupo de aconselhamento, composto de três ou quatro pessoas com experiência com quem ele se reunirá três ou quatro vezes por ano para discutir sua estratégia e as decisões de escopo estra- tégico a serem tomadas. O empreendedor poderá transformar seu plano de negócios, ou a descrição da oportunidade ou a forma de apresentar seu plano empresarial em plano estratégi- co e usá-lo como referência de base para organizar o trabalho dos membros do grupo de aconselhamento que podem ser tanto de gestores de pequenas empresas como executivos de grandes empresas, ou especialistas em marketing, em finança, em gestão de operações, em recursos humanos ou outros. C a p ítu lo I – Ed uc a ç ã o e m p re e nd e d o ra e m d e b a te 57 Eles são remunerados pelo trabalho que desenvolvem. O mandato deles geralmente dura dois anos e pode ser renovado. As associações que agrupam os gestores de pequenas empresas geralmente oferecem capacitação e suporte para instalar grupos de aconselhamento na maioria dos países22. O grupo de aconselha- mento tem a vantagem de ser mais leve que um conselho de ad- ministração tradicional e não requer nenhuma documentação legal. O empreendedor que monta esses mecanismos de acon- selhamento terá uma estrutura que vai facilitar a aprendizagem e lhe permitirá reduzir muito seus riscos. Todas essas pessoas com experiência dispõem também de redes de relacionamento que poderão ser úteis ao empreendedor, principalmente durante os primeiros anos após a abertura da nova empresa. Essa dinâmica ajudará o crescimento
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