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Inadimplemento das Obrigações

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Aula-tema: Inadimplemento das obrigações
INTRODUÇÃO
O presente trabalho analisa o inadimplemento das obrigações, permeando temas importantes e atuais dentro do Direito Obrigacional, como o descumprimento da obrigação, que pressupõe uma série de questões, entre elas, as espécies de inadimplemento, as hipóteses de caso fortuito e de força maior, a culpa em sentido amplo e os efeitos jurídicos do inadimplemento.
Como espécies de inadimplemento voluntário, identificamos o inadimplemento absoluto e o relativo, onde o primeiro se resume à impossibilidade de prestação da obrigação em momento posterior ao tempo convencionado e o segundo se refere à viabilidade de cumprimento da obrigação, ainda que tardiamente.
Ademais, numa relação jurídica obrigacional, existem hipóteses de inadimplemento que pressupõem a culpa. Por outro lado, existem casos em que o descumprimento da obrigação se dá involuntariamente, como as hipóteses de caso fortuito e de força maior.
Além disso, acentuamos os efeitos de cada tipo de descumprimento da obrigação, como a indenização, a qual é mensurada de acordo com a extensão do dano causado pelo inadimplemento.
Ainda, acerca dos efeitos jurídicos gerados pelo inadimplemento, abordaremos, neste trabalho, a mora, as perdas e danos, os juros moratórios e compensatórios e a correção monetária.
PASSO 1 – Respostas das Questões:
1. O que é o inadimplemento obrigacional e quais as suas espécies?
O inadimplemento é o descumprimento da obrigação assumida, voluntaria ou involuntariamente, do estrito dever jurídico criado entre os que se comprometeram a dar, a fazer ou a se omitir de fazer algo, ou o seu cumprimento parcial, de forma incompleta ou malfeita. Não se pode confundir o inadimplemento, que é o cumprimento inadequado ou seu total descumprimento, com a mora, que, em linhas gerais, é o retardamento voluntário do cumprimento da obrigação, que também pode ocorrer quando o cumprimento é inadequado.
O inadimplemento pode ser absoluto ou relativo.
A inadimplência absoluta ocorre quando há o descumprimento ou frustração total no cumprimento da obrigação, não mais sendo possível cumpri-la de alguma forma. Exemplo: se alguém contrata uma orquestra para um baile e ela deixa de comparecer, de nada adiantará para o organizador da festa (credor) que a orquestra se disponha a apresentar-se no dia seguinte, uma vez que todos os convidados já estavam presentes na data agendada, garantindo ao credor o direito de ser indenizado.
A inadimplência relativa, ou cumprimento imperfeito, ocasião em que se caracteriza a figura da mora, ocorre quando a obrigação, apesar de cumprida, incide de maneira negligente, inadequada e sem os cuidados necessários, ensejando-se a reparação dos danos adicionais ou suplementares. Isso porque o devedor não está obrigado a cumprir somente o objeto da obrigação, mas também a cumpri-la diligentemente, efetuando a prestação devida de um modo completo e específico, no tempo e lugar determinado. Neste caso, como o inadimplemento é parcial, a prestação não é impossível de ser realizada, não impedindo que a obrigação seja cumprida com utilidade para outra parte.
A inadimplência opera-se no descumprimento das obrigações nas seguintes formas:
Obrigações de dar: quando o devedor recusa a entrega, devolução ou restituição da coisa.
Obrigações de fazer: quando se deixar de cumprir a atividade devida.
Obrigações negativas: quando se executa o ato de que se devia abster.
Obrigações personalíssimas: quando a obrigação de fazer não é executada pela pessoa determinada, cujas qualidades pessoais são essenciais ao cumprimento da prestação, não podendo ser substituída.
i. Qual a consequência jurídica?
As relações obrigacionais trazem, necessariamente em sua essência, mesmo que de forma implícita, a promessa de cumprimento das respectivas obrigações por parte das pessoas nelas envolvidas. 
Indica o bom senso que a regra é o cumprimento da obrigação. Assim, o seu não cumprimento acarreta responsabilidade para o inadimplente.
No inadimplemento relativo, caracterizando a mora, o descumprimento da obrigação não é definitivo, mas é sanável, porque a obrigação ainda pode ser cumprida com utilidade para o credor. Este caso é passível de purga conforme se depreende do art. 401, inciso I, do Código Civil, “purga-se a mora: por parte do devedor, oferecendo este a prestação mais a importância dos prejuízos decorrentes do dia da oferta”.
Já o inadimplemento absoluto a situação é oposta, pois o descumprimento gera a “morte” da relação obrigacional. Neste caso, a obrigação não pode mais ser cumprida, ou ainda que possa ser cumprida, a prestação não é mais útil ao credor. Assim, o Código Civil em seu artigo 389, caput, determina que não cumprida a obrigação, quando há inadimplemento, existe a culpa do devedor, sendo devida ao credor indenização pelas perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. O valor a ser reparado será sempre proporcional ao prejuízo experimentado pelo credor.
A consequência do inadimplemento da obrigação é, assim, o dever de reparar o prejuízo. De modo que, se a prestação não foi cumprida, nem puder sê-lo, proveitosamente, para o credor, apura-se qual o dano que este experimentou, impondo-se ao inadimplente o mister de indenizá-lo.
A responsabilidade ou pagamento de perdas e danos tem por finalidade recompor a situação patrimonial da parte lesada pelo inadimplemento contratual, respondendo o devedor com todos os seus bens.
ii. Diferenciar juros (moratórios e compensatórios) de correção monetária;
Os juros, de qualquer espécie, devem ser entendidos como o montante devido pelo uso do capital de terceiro por um determinado período.
Juros moratórios – decorrem do não pagamento do valor devido no prazo avençado e visam corresponder à simples privação do capital, isto é, os juros moratórios consistem na Indenização pelo retardamento do adimplemento. São juros decorrentes do atraso culposo do devedor ao cumprimento de obrigação. São aqueles que o credor tem o direito de haver do devedor quando este não pagar a dívida no vencimento acordado. É uma forma de se penalizar o devedor que fez o pagamento da dívida em data posterior à contratada sem tal fato ocorresse por motivos sérios a que deu causa. O artigo 406 do novo Código Civil determina que os juros moratórios legais “quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem sem taxa estipulada, ou quando provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional”, e o Código Tributário Nacional limita em 1% ao mês os juros de mora, se a lei não dispuser de modo diverso, consoante § 1º do artigo 161.
Juros compensatórios – são aqueles que remuneram o credor por ser privado de usar a coisa, são os juros devidos para indenizar danos causados pelo devedor quando ocorre a desapropriação compulsória de bens ou de direitos alheios. Um exemplo mais comum ocorre quando o poder público desapropria uma moradia para ser derrubada porque, onde está construída, vai ser aberta uma avenida. O poder público deve indenizar o proprietário pelo valor da moradia e dos aluguéis que pagou por ter que morar em outro local. A indenização chamada de juros compensatórios será paga pelo tempo decorrido da data em que o proprietário ficou impossibilitado dela (moradia) dispor até a data em que o valor da indenização seja efetivamente pago.
Correção monetária – não se trata nem de preço do dinheiro, nem penalidade, mas, tão somente, a atualização financeira do capital baseada na inflação do país. Considerando que a inflação corrói o capital no decorrer do tempo, a correção monetária irá, apenas, manter o poder de compra do dinheiro, evitando que o mesmo se decomponha. Assim, a correção monetária não traz aumento real ao capital, já que a sua função é apenas a de manter intacto e preservado o poder da moeda. A correção monetária é a recuperaçãodo poder de compra do valor emprestado. O índice a ser adotado para correção monetária deve estar expressamente pactuado em contrato, bem como um substituto, caso haja a extinção do primeiro pactuado. Portanto, a correção monetária é um acréscimo ao referido principal da dívida, sobre o qual, agora aumentado, passam a incidir, mais uma vez, os juros.
Desta forma, vale ressaltar que os juros são calculados em porcentagens e a correção monetária varia segundo indexadores, que são normas que tornam jurídicos os índices (os quais, na sua origem, são matéria de fato destinados a provar os níveis de variação dos preços).
iii. O que significa perdas e danos?
Perdas e danos é o prejuízo patrimonial efetivo e certo, ou de ganho previsto ou de utilidade que alguém deixou de perceber por culpa ou inadimplemento de obrigação de outrem, de quem por via especial pode reclamar a devida indenização.
As perdas e os danos devem cobrir todo o prejuízo experimentado pela vítima, no caso o credor, pois é isso que será pleiteado quando a pessoa pedir perdas e danos, em toda a sua extensão, há de abranger aquilo que efetivamente se perdeu e aquilo que se deixou de lucrar: o dano emergente e o lucro cessante.
Dano emergente é o efetivo prejuízo, a diminuição patrimonial sofrida pela vítima. É, por exemplo, o que o dono do veículo danificado por outrem desembolsa para consertá-lo, ou o adquirente de mercadoria defeituosa despende para sanar o problema. Representa, pois, a diferença entre o patrimônio que a vítima tinha antes do ato ilícito ou do inadimplemento contratual e o que passou a ter depois.
Lucro cessante é a frustração da expectativa de lucro. É a perda de um ganho esperado. Se um ônibus, por exemplo, é abalroado culposamente, deve o causador do dano ressarcir todos os prejuízos efetivamente sofridos por seu proprietário, incluindo-se as despesas com os reparos do veículo (dano emergente), bem como o que a empresa deixou de auferir no período em que permaneceu na oficina (lucro cessante). Apura-se, pericialmente, o lucro que a empresa obtinha por dia, e chega-se ao quantum que ela deixou de lucrar.
Quem pleiteia perdas e danos pretende, pois, obter indenização completa de todos os prejuízos sofridos e comprovados. Há casos em que o valor desta já vem estimado no contrato, como acontece quando se pactua a cláusula penal compensatória. Vale ressaltar que a interpretação da legislação referente ao tema, encontra-se nos artigos 402, 403, 404 e 405 do código civil.
2. O que é a mora? A culpa é o seu elemento?
O conceito clássico de mora restringe somente à demora, retardamento no cumprimento da prestação. No entanto, mora é a inexecução culposa ou dolosa da obrigação e como bem disposto no artigo 394, do Código Civil, mora refere-se tanto à figura do credor quanto à do devedor, quando não houver o cumprimento da prestação no lugar, tempo e modo convencionado.
O elemento objetivo da mora é o cumprimento imperfeito da obrigação, ou seja, a obrigação não foi corretamente cumprida. Além desse elemento objetivo, para o devedor entrar em mora se faz necessário a presença de um elemento subjetivo que é a culpa. Assim, o devedor só entra em mora se ficar provado que ele foi culpado pelo atraso no adimplemento da obrigação. Essa é a inteligência do art. 396 do Código Civil ao dispor que “não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre este em mora”. Desse modo, a culpa é elemento ínsito à mora.
i. Quando ocorre a mora?
A mora pode ocorrer por atuação do devedor ou do credor. Ambos os polos de uma relação obrigacional podem se encontrar em eventual inadimplemento por mora. 
Se o atraso do pagamento não se der por culpa, mas sim por um caso fortuito, ao devedor não poderá ocorrer mora, pela simples ausência de elemento subjetivo para a sua configuração.
Por outro lado, o devedor incorre em mora se não paga a sua dívida injustificadamente. Havendo negligência por parte do credor em cumprir a prestação a sua mora está configurada. Observa-se que a culpa descrita no art. 396 do Código Civil é presumida, isto é, o devedor é quem deve provar o fato alheio a sua vontade que lhe impede adimplir a obrigação. Há uma inversão no ônus da prova, pois o credor não precisa provar que o devedor está em mora. Caso o devedor não constitua prova em seu favor, presume-se a sua culpa e ele estará em mora.
O art. 394 do Código Civil traz os casos em que o devedor e o credor podem ser considerados em mora. Quando o devedor não quiser efetuar o pagamento ou o credor não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei estabelecer, considerar-se-ão em mora. Assim, desse dispositivo denota-se que a mora pode se dar em face do tempo, do lugar do pagamento ou da forma como o pagamento é realizado.
3. Explicar a mora do credor e a mora do devedor.
A mora do devedor ou mora solvendi, caracteriza-se quando este não cumprir, por sua culpa, a prestação devida na forma, tempo e lugar estipulados. A mora do devedor pressupõe um elemento objetivo e um elemento subjetivo: o elemento objetivo é a não realização do pagamento no tempo, local e modo convencionados; o subjetivo é a inexecução culposa de sua parte, esta, se manifesta de duas formas:
Mora ex re (Artigos 397, 1ª alínea, 390 e 398 do Código Civil): Decorre da lei. Esta resulta do próprio fato da inexecução da obrigação, independendo, de provocação do credor.
Mora ex persona (Artigos 397, 2ª alínea do Código Civil; Artigos. 867 a 873 e 219 do Código de Processo Civil): Ocorre quando o credor deva tomar certas providências necessárias para constituir o devedor em mora (notificação, interpelação, etc.).
Para a ocorrência da mora solvendi, são necessários alguns requisitos: A exigibilidade imediata da obrigação; A inexecução total ou parcial da obrigação por culpa do devedor (Artigo 396 do Código Civil); E interpelação judicial ou extrajudicial do devedor, no caso de Mora ex persona.
A mora do devedor traz algumas consequências jurídicas, como a responsabilidade pelos danos causados (Artigo 395, Código Civil), possibilidade de rejeição, pelo credor, do cumprimento da prestação, se por causa da mora ela se tornou inútil ou perdeu seu valor (Artigo 395, parágrafo único, Código Civil), e responsabilidade mesmo que se prove o caso fortuito e a força maior, se estes ocorrerem durante o atraso, exceto se provar isenção de culpa ou que o dano teria ocorrido de qualquer forma (Artigos 399 e 393 do Código Civil).
A mora do credor ou mora accipiendi, se dá quando este, sem justa causa, se recusa a receber o pagamento do devedor. O credor só tem direito a recusar a prestação oferecida se houver justa causa para tanto. Assim, conclui-se que está em mora o credor se a recusa em receber é injustificada.
Como para o credor, a sua mora independe de culpa, mesmo que este não possa receber por motivo de doença ou outro fortuito, caracterizada estará a mora accpiendi.
Segundo o art. 400 do Código Civil, a mora do credor subtrai o devedor isento de dolo à responsabilidade pela conservação da coisa. Dessa forma, se o devedor se mantém na posse de coisa que o credor se recusa injustificadamente a receber, aquele não terá nenhuma responsabilidade pelo perecimento da coisa devida, salvo se houver agido com dolo (com a intenção de causar o dano).
Como consequência dessa primeira regra, o mesmo art. 400 obriga o credor moroso a ressarcir o devedor das despesas empregadas na conservação da coisa. Ora, por mais que o devedor esteja isento de responsabilidade pelos riscos da coisa em caso de mora do credor, o legislador não permite ao devedor o abandono da coisa. Por isso, para evitar que o devedor seja injustamente sobrecarregado com os gastos de conservação da coisa devida, a lei obriga ao credor o ressarcimento desses prejuízos. Sílvio Rodrigues expõe que “o devedor não é obrigado a conservar a coisa recusada; todavia, se o faz, tem direito ao reembolso das despesas daí decorrentes”.
A última consequência advinda da mora accpiendi é a imposição ao credor em receber a prestação pelaestimação mais favorável ao devedor, se o seu valor oscilar entre a data estipulada para o pagamento e a data em que ocorrer a sua efetivação.
4. Apontar o momento da incidência dos juros conforme legislação, jurisprudência; súmulas, e etc.
TJ-AM - Apelação APL 00155311619978040012 AM 0015531-16.1997.8.04.0012 (TJ-AM)
Data de publicação: 28/10/2015
Ementa: DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO MONITÓRIA. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA A CONTAR DO DESFALQUE INFLACIONÁRIO SOBRE OS VALORES RECLAMADOS EM CUMPRIMENTO DE SENTENÇA MESMO QUE ANTERIORES AO AJUIZAMENTO DA AÇÃO. INEXISTÊNCIA DE DISPOSITIVO LEGAL QUE IMPONHA ENTENDIMENTO DIVERSO. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. PROGRESSÃO NOS CÁLCULOS DA DÍVIDA. INTERRUPÇÃO SÓ POSSÍVEL DIANTE DO SEU EFETIVO PAGAMENTO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL EM SENTIDO CONTRÁRIO. EMBARGOS. À EXECUÇÃO. IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. IMPOSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO. VALORES ORIGINADOS EM MOMENTO ANTERIOR À SENTENÇA EM FASE DE CUMPRIMENTO. INTELIGÊNCIA DO ART. 741, VI, E ART. 475-L, VI, AMBOS DO CPC. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. - A correção monetária incide a partir da efetiva desvalorização inflacionária sobre os valores reclamados em sede de cumprimento de sentença mesmo que anteriores ao ajuizamento da ação ante a inexistência de determinação legal que estabeleça tal marco temporal para o início da atualização monetária. - A progressão dos juros e da correção monetária de uma dívida só devem encontrar o seu termo quando do seu efetivo pagamento quando ausente qualquer determinação legal que estabeleça tal providência. - A compensação de valores alegados em sede de antigos embargos à execução e da atual impugnação ao cumprimento da sentença só é possível se a causa é posterior à sentença que estabeleceu o crédito judicialmente perseguido ex vi art. 741 , VI , e art. 475-L , VI , ambos do CPC . - Recurso conhecido e provido.
TJ-MS - Apelação APL 00070488020128120001 MS 0007048-80.2012.8.12.0001 (TJ-MS)
Data de publicação: 07/07/2015
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DECLARATÓRIA DE FALSIDADE DOCUMENTAL E NULIDADE CONTRATUAL C/C OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER, REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS E REPETIÇÃO DE INDÉBITO COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA – COBRANÇA INDEVIDA - NÃO CONFIGURAÇÃO DE DANO MORAL - MERO ABORRECIMENTO – PRETENSÃO DE RESTITUIÇÃO EM DOBRO AFASTADA – NÃO CONFIGURAÇÃO DE MÁ-FE – MOMENTO DAINCIDÊNCIA DE JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA – DATA DO EFETIVO PREJUÍZO, EVENTO DANOSO. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. Por mais que a situação tenha desagradado ou ensejado dissabor à apelante, a conduta da apelada, a cobrança indevida, não se afigurou apta a produzir-lhe vexame ou humilhação, muito menos a ponto de prejudicar imagem, honra ou reputação. Dano moral concerne a instituto que deve ser utilizado com parcimônia, não podendo abarcar indenizações por qualquer problema ou contratempo que as pessoas tenham na vida em sociedade, máxime considerando a inexistência de inscrição do nome do consumidor em órgãos de proteção ao crédito. Em demandas desse jaez, concernentes à responsabilidade civil extracontratual, os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, consoante Súmula nº 54 do Superior Tribunal de Justiça. De igual sorte, a correção monetária deve ter como marco inicial a data do evento danoso, do pagamento que se reconheceu indevido, do desembolso, sob pena de enriquecimento ilícito da instituição financeira, lembrando-se, ainda, que a correção monetária não constitui gravame ao devedor, não é um plus, mas tão-somente fator que garante a integra restitutio, representando a recomposição do valor real da moeda, possibilitando, como corolário, a incidência da Súmula nº 43, do STJ. A despeito da responsabilidade objetiva a ser observada em relações de consumo, da redação do próprio artigo 42 do Código de Defesa do Consumidor decorre a conclusão de que a devolução em dobro se afigura umbilicalmente vinculada à ausência de escusa justificável ou, então, à comprovação de má-fé ou dolo por parte do fornecedor.
TST - RECURSO DE REVISTA AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA RR-AIRR 839404520055120027 83940-45.2005.5.12.0027 (TST)
Data de publicação: 04/04/2008
Ementa: RECURSO DE REVISTA. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E ESTÉTICOS. MOMENTO DE INCIDÊNCIA DOS JUROS E CORREÇÃOMONETÁRIA. PROVIMENTO. O momento de incidência dos juros de mora é o ajuizamento da reclamação trabalhista, sem qualquer particularidade a respeito de valor correspondente à indenização por dano moral e estético decorrente de acidente de trabalho. Exegese dos artigos 39 , § 1º , da Lei nº 8.177 /91 e 883 da CLT . Quanto à correção monetária, considera-se sua incidência a partir da data em que se constituiu o direito, a partir da sentença de procedência da ação, momento em que se constituiu em mora o empregador. Recurso de revista conhecido e provido.
PASSO 2 – Dissertar sobre qual seria a solução do caso apontando os conceitos inerentes ao caso e as consequências jurídicas:
Uma notícia dura, difícil de receber. O diagnóstico do câncer assusta qualquer pessoa e enfrentar o tratamento exige muita coragem e determinação. É notório que Fernando é um bom pagador, já que, enquanto podia, nunca deixou de cumprir e honrar com a sua responsabilidade em efetuar o pagamento das prestações ao Banco. Entretanto, foi diagnosticado com a grave doença, câncer, que o obrigou, o forçou, a destinar toda a sua renda e recursos para à manutenção de sua família e principalmente, para o salvamento de sua vida.
Todavia, Fernando, após constatar que estava devidamente curado, voltou a efetuar normalmente o pagamento das parcelas faltantes, o que demonstra que ele nunca teve a intenção em ser um inadimplente, e sim alguém que se preocupa em estar em dia com seus compromissos, que cumpre com suas responsabilidades, que tem preocupação em executar o que foi firmado em contrato com a instituição financeira.
De fato, existiu o descumprimento da obrigação assumida, mesmo que involuntariamente, houve o inadimplemento, e a regra nestes casos é o cumprimento da obrigação e o seu não cumprimento a penalidade de juros e até ressarcimento pelas perdas e danos para o inadimplente. Mas, mesmo o devedor, Fernando, devido às circunstâncias alheias à sua vontade, já citadas anteriormente, não ter cumprido com sua responsabilidade, tem sim a obrigação de fazer, a obrigação de quitar a dívida, todavia, como não agiu com dolo, não foi de má fé o não pagamento das prestações, o caso necessita ser analisado.
É notório que a situação caracteriza-se sim como uma inadimplência relativa e até poderia se configurar a mora, já que a obrigação, apesar de cumprida, não foi no tempo e modo convencionado, mas, para o devedor entrar em mora se faz necessário a presença de um elemento subjetivo que é a culpa, ou seja, o devedor só entra em mora se ficar provado que ele foi culpado pelo atraso no adimplemento da obrigação, conforme art. 396 do Código Civil ao dispor que “não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre este em mora”. Como o atraso do pagamento não se deu por culpa, mas sim por um caso fortuito, ao devedor não poderá ocorrer mora, pela simples ausência de elemento subjetivo para a sua configuração. 
Além disso, o art. 248 do Código Civil nos diz que “se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação” e o art. 256 diz que “se todas as prestações se tornarem impossíveis, sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação”. Portanto, Fernando no momento em que estava doente, não tinha condições de continuar com o pagamento de sua dívida, era impossível manter os provimentos de subsistência necessários à sua família e o tratamento de sua doença, ao mesmo tempo que saldaria sua obrigação. Assim, decreto que o Banco deve aceitar o pagamento das parcelas faltantes no processo, sem juros, sem correção monetária e sem honorários de advogado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho delineou, em toda a sua análise, as espécies de inadimplemento nocampo do Direito das Obrigações. A fim de melhor explicar o tema, procuramos ponderar as situações que geram os inadimplementos voluntário e involuntário, para só assim apresentar uma abordagem mais específica do inadimplemento voluntário sob o prisma relativo ou absoluto.
Nesta linha de raciocínio, verificamos que ao se perscrutar o não cumprimento de um acordo outra consideração precisa ser feita: descortinar se o contrato é oneroso ou benéfico, isso porque a culpa apresenta contornos diferenciados em tais espécies contratuais, conforme assevera o artigo 393 do CC. 
Por fim, indicamos também os efeitos gerados pelo inadimplemento. Neste ponto, entendemos que a obrigação deve indicar informações precisas sobre a mora, as perdas e danos, os juros, a cláusula penal e as arras. Tais efeitos do não cumprimento do acordo podem gerar acréscimos econômicos consideráveis numa relação obrigacional, sendo importante, assim, que as partes delimitem previamente os seus índices, as suas consequências e as suas hipóteses de incidência de forma categórica, clara e sem nenhum tipo de obscuridade.
BIBLIOGRAFIA
ALVIM, Agostinho, Da Inexecução das Obrigações e suas Consequências, 5ª Ed., São Paulo, Saraiva, 1980.
DINIZ, Maria Helena, Curso de Direito Civil Brasileiro, v. II, São Paulo, Saraiva, 2004.
GONÇALVES, Carlos Roberto, Direito Civil Brasileiro, v. II, São Paulo, Saraiva, 2007 e 2008.
VARELA, João de Matos Antunes, Das Obrigações em Geral, v. II, 5ª Ed., Coimbra, Almedina, 1992.

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