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GESTÃO DE SERVIÇOS GESTÃO DE SERVIÇOS Eliane Teixeira Salomão Flaviana Totti Custódio dos Santos Gelson Luiz Benatti Lidiane Farias Costa Lucas Lopes Queiroga Luis Fernando Conduta Rosane Gomes dos Santos © Copyright 2017 da Dtcom. É permitida a reprodução total ou parcial, desde que sejam respeitados os direitos do Autor, conforme determinam a Lei n.º 9.610/98 (Lei do Direito Autoral) e a Constituição Federal, art. 5º, inc. XXVII e XXVIII, “a” e “b”. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Ficha catalográfica elaborada pela Dtcom. Bibliotecária – Andrea Aguiar Rita CRB) Reitor Prof. Celso Niskier Pro-Reitor Acadêmico Maximiliano Pinto Damas Pro-Reitor Administrativo e de Operações Antonio Alberto Bittencourt Coordenação do Núcleo de Educação a Distância Viviana Gondim de Carvalho Redação Dtcom Análise educacional Dtcom Autoria da Disciplina Eliane Teixeira Salomão, Flaviana Totti Custódio dos Santos, Gelson Luiz Benatti, Lidiane Farias Costa, Lucas Lopes Queiroga, Luis Fernando Conduta, Rosane Gomes dos Santos Validação da Disciplina Marcio Mori Designer instrucional Milena Rettondini Noboa Banco de Imagens Shutterstock.com Produção do Material Didático-Pedagógico Dtcom Sumário 01 Introdução à Gestão de Serviços ..........................................................................................7 02 Características e Elementos dos Serviços ........................................................................14 03 O Composto de Marketing para Serviços ..........................................................................21 04 Fluxo de processos de produtos x serviços ......................................................................28 05 Comportamento do consumidor .........................................................................................36 06 O modelo de três fases de consumo de serviços ............................................................44 07 Fundamentos da qualidade de serviço .............................................................................51 08 Gestão da qualidade em serviços .......................................................................................59 09 Gestão da produtividade em Serviços ...............................................................................66 10 Gestão de Pessoas em Serviços .........................................................................................74 11 Melhoria da qualidade e relacionamento com clientes ..................................................81 12 Qualidade em serviços ..........................................................................................................88 13 Estudo das falhas mais comuns na prestação de serviços ..........................................95 14 Gestão de performance em serviços ............................................................................. 102 15 Gestão do relacionamento com clientes de serviços .................................................. 109 16 Gestão do relacionamento e desenvolvimento da fidelidade ..................................... 116 17 Estratégias de relacionamento e desenvolvimento da fidelidade ............................. 124 18 Fundamentos do endomarketing (marketing interno) ................................................. 130 19 Papel da liderança no marketing interno ........................................................................ 137 20 Ações e ferramentas de endomarketing ......................................................................... 144 Introdução à Gestão de Serviços Lidiane Farias Costa Introdução A gestão de serviços está diretamente relacionada com a gestão administrativa, com o marketing, pessoas e processos. Então, você pode se questionar: por que precisamos separar a gestão de serviços em uma área específica? Porque os serviços requerem determinadas avalia- ções, estratégias e publicidade que extrapolam o modelo único de Produto, Preço, Praça e Promo- ção, adquirindo maior abrangência. Assim, nesta aula, entenderemos que a gestão de serviços trata da interação constante entre cliente e mercado, envolvendo muitos fatores. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • compreender os conceitos de serviço; • diferenciar serviços de produtos; • identificar tipos e características dos serviços; • compreender a natureza e a evolução dos serviços. 1 Da era dos produtos à era dos serviços Por muito tempo, o foco das empresas estava na venda de produtos. Porém, essa realidade foi mudando aos poucos, visto que o mercado demandava novas atividades e suportes para as efetivações, surgindo a necessidade por serviços. Observando o aumento da demanda de mercado e o rápido crescimento da economia, a partir de 1992 as empresas passaram a inserir a venda de serviços em seu quadro de atividades e a avaliar o comportamento do consumidor (CORRÊA e CAON, 2002). Assim, as organizações passaram a identificar as características que diferenciavam o trabalho focado em produto daquele focado em serviços, fazendo a transição de uma era para a outra. Para que possamos entender as mudanças que ocorreram nesse período, é importante conhecermos alguns conceitos. Vamos lá? 2 A diferença entre Produto e Serviço Ao estudarmos as eras de produtos e serviços nos deparamos com termos como intangibi- lidade, perecibilidade, inseparabilidade e variabilidade, principalmente relacionados como caracte- rísticas de serviços e considerados os marcos da virada desses dois períodos. – 7 – TEMA 1 Figura 1 – Aquisição de Produtos e/ou serviços Fonte: Anna Frajtova/Shutterstock.com Antes de nos aprofundarmos nesses termos é importante, no entanto, entendermos que o mais frequentemente utilizado entre eles, para diferenciar produtos e serviços, é o conceito de tangível. Mas o que isso quer dizer? De acordo com Corrêa e Caon (2002), tangível é aquilo que pode ser tocado. Ou seja: produtos são tocáveis (tangíveis), diferente dos serviços, que não podem ser toca- dos (intangíveis). Vale destacar, no entanto, que ambos são resultado de processos de trabalho, cada um atendendo a um ponto específico. SAIBA MAIS! O livro “Gerência de Serviços para a Gestão Comercial: um Enfoque Prático” (2012), de Edelvino Razzolini Filho, apresenta um foco detalhado acerca da discussão sobre produtos e serviços. Mesmo apresentando características distintas, como a citada anteriormente, é possível que ocorra certa confusão entre os conceitos. Isso porque existem muitos produtos no mercado que incluem serviços em sua oferta e vice-versa. Observe a situação a seguir: quando você contrata um profissional ou uma empresa para realizar o conserto de uma geladeira você adquire um ser- viço. Mas se você precisa comprar peças para consertar o problema do eletrodoméstico, você compra um produto. Ou seja, serviço e produto estão envolvidos no mesmo processo de conserto. Esse é o chamado serviço misto, que é composto da junção de produtos e serviços e de suas características para que a demanda do cliente seja executada. EXEMPLO Outra situação relacionada ao serviço misto é a manutenção de um carro. Apesar de ser vendido como serviço, o cliente pode pagar por uma peça que seja necessá- ria para a correção do problema. GESTÃO DE SERVIÇOS – 8 – FIQUE ATENTO! O termo “mistos” refere-se à junção de características de produto e serviços para atender à necessidade do cliente. 2.1 O que é um produto? Como você viu anteriormente, na década de 1990 surgiu uma tendência de mercado focada em trabalhar a venda de produtos e serviços. Mas você sabe como diferenciar um conceito de outro? Sabe como entender claramente os aspectos de cada um dentro da gestão? Acompanhe a definição de Seleme e Paula (2015, p.78): “Produto é o resultado de uma atividade humana ou de um processo natural e tem relação com um processo de produção. Também designa bens de consumo ou de comércio, como um artigo ou mercadoria à venda”. Figura 2 – A gestão baseada na aquisição de produtos Fonte: TZIDO SUN/Shutterstock.com A partir da definição de Seleme e Paula (2015) e avaliando os aspectos econômicos, pode- mos entender os produtos como bens duráveis e não duráveis que possuem um proprietário com direitos sobre ele. EXEMPLO Aquilo que uma loja vende, que um fazendeiro produz e colhe e que uma fábrica comercializa no mercado são considerados produtos, sejam eles roupas, carros, alimentos, bebidas etc. A partir do conceito de produto, podemos entender o foco da era dos produtos, que era sair do modelo voltado apenas para a produção de itens, sem preocupações como qualidade total e exce- lência nos resultados, evidenciando o surgimento de novos paradigmas para a gestão empresarial. GESTÃO DE SERVIÇOS – 9 – 2.2 O que é serviço? A palavra “serviço” tem origem do termo latim servitĭum e significa a ação de servir, ou seja, fazer algo a alguém por algum motivo. Figura 3 – Prestação de serviços de limpeza Fonte: Photographee.eu/Shutterstock.com De acordo com Seleme e Paula (2015, p. 80), podemos definir o conceito de serviços como “permitir fazer referência aos serviços públicos que são pagos pelos contribuintes através de taxas ou impostos e ao fornecimento de serviços prestados com vista a satisfazer alguma necessidade, desde que não consistam na produção de bens materiais”. Já na visão de economia e marketing, ainda segundo Seleme e Paula (2015, p.80), serviço “é o conjunto de atividades realizadas por uma empresa para responder às expectativas e necessidades do cliente. Por isso, o serviço é definido como sendo um bem não material”. FIQUE ATENTO! Serviço é a realização de atividades em prol de atender demandas de clientes ou consumidores e não envolve a venda/entrega de mercadorias. 2.2.1 Características dos Serviços O marketing moderno foi (e continua sendo) construído com base em ações que viabilizam a venda dos produtos. Porém, com a evolução e a globalização da economia, há uma crescente demanda para atender também o consumo de serviços. Diante dessa perspectiva, cabe aos ges- tores manter uma administração que seja desafiadora e adequada à nova proposta do mercado. GESTÃO DE SERVIÇOS – 10 – Segundo Corrêa e Caon (2002), diversos estudiosos analisaram as particularidades dessa recente relação de consumo e identificaram quatro características principais de serviços, que o diferencia da venda de produtos. Acompanhe. • Intangibilidade: diferentemente do produto, que pode ser observado e até mesmo tes- tado antes da compra, os serviços não dispõem dessa mesma proposta, tornando-se um desafio para a venda. • Perecibilidade: as empresas estavam habituadas ao processo de armazenamento de pro- dutos, trabalhando com estoques que poderiam ser disponibilizados para consumo poste- rior, sem alterar o valor de venda. Os serviços, por sua vez, não possuem precificação inicial, sendo taxados no ato da sua execução, levando à produção e consumo imediatos. • Inseparabilidade: os serviços são executados, entregues e consumidos de forma simul- tânea, fazendo com que o contato com o cliente seja mais próximo e constante, gerando uma preocupação, por parte das empresas, com a qualidade do serviço e a satisfação do consumidor. • Variabilidade: o serviço prestado é o mesmo, mas possui variações de padrão, quali- dade e custo, gerando uma relação entre consumidor e prestadores de serviços. 3 Fatores que influenciam no crescimento do setor de serviços O setor de serviços tem uma crescente participação na economia do país por estar envolvido em diferentes ramos, como transportes, comunicações, comércio, instituições financeiras e admi- nistrações públicas. De acordo com Seleme e Paula (2015, p. 98) “o setor de serviços responde por mais de 50% do PIB. Quanto ao emprego, este setor respondia por 25,9% da força de trabalho empregada em 1950, 33,1% em 1960 atingindo 54,4% em 1990”. Ainda segundo Seleme e Paula (2015, p. 101): Quanto mais se produz, maior será a atividade do comércio; quando há uma retração do produto da economia, o comércio para de vender e se retrai. Quando a economia está cres- cendo, mais agentes tendem a tomar emprestado para investir, antecipar consumo etc. Quanto maior a renda, maior tende a ser o turismo, a compra de seguros, a ida a cinemas, médicos etc. Percebe-se, portanto, que o setor serviços não determina o ciclo econômico, mas é por este determinado. Alguns autores atribuem o crescimento do setor de serviços às características do processo de industrialização do país e à estrutura agrária, em especial nas décadas de 70 e 80, quando a concentração fundiária no Brasil levou a um excedente de mão-de-obra rural sem ocupação, for- çando o êxodo rural. GESTÃO DE SERVIÇOS – 11 – SAIBA MAIS! O artigo “O conceito de serviço”, de Dimária Silva e Meirelles, aborda a diversidade de ati- vidades e explica como o setor prima pela heterogeneidade e variedade. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31572006000100007>. Figura 4 – O crescimento do setor financeiro no mercado Fonte: donut8449/Shutterstock.com Podemos dizer que, no decorrer dos anos, o setor de serviços se tornou um dos setores de mais avanço no cenário mercadológico, apresentando alta capitalização, tecnologias, funcionários mais qualificados e mais bem remunerados que a média da economia. FIQUE ATENTO! Os fatores não podem ser atribuídos ao setor serviço de forma generalizada, pois se consideramos a realidade das grandes redes de supermercados em comparação com as mercearias de bairro, há muitas diferenças que precisam ser consideradas. 3.1 Serviços na economia brasileira Além da contribuição do setor de serviços ao PIB nacional brasileiro, é importante avaliarmos que temos os serviços engajados em diversos setores, sejam públicos e privados. Atualmente, os serviços são representativos nos seguintes segmentos, conforme dados do IBGE (2014): • agropecuária; • extrativa mineral; • indústria de transformação; • construção, comércio, financeiro; GESTÃO DE SERVIÇOS – 12 – • serviços públicos; • energia, saneamento e gás; • serviços privados não-financeiros; • transporte, correios; • tecnologia; • demais prestações de serviços às famílias e empresas. Dessa forma, podemos perceber que cresce cada vez mais a participação dos serviços na economia, incluindo também os pequenos negócios, conhecidos como “informais”. Assim, é pos- sível concluir que, historicamente, a área de serviços no mercado cresce conforme o desenvolvi- mento da economia. Fechamento Nesta aula, você teve oportunidade de: • compreender conceitos de produto e serviço; • estudar as características de cada termo; • avaliar as particularidades e crescimento do setor de serviços. Referências CORRÊA, Henrique L.; CAON, Mauro. Gestão de Serviços. São Paulo: Atlas, 2002 MEIRELLES, Dimária Silva e. Artigo: O conceito de serviço. Disponível em: <http://www.scielo.br/ scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31572006000100007>. Acesso em: 31 out 2016. RAZZOLINI FILHO, Edelvino. Gerência de Serviços para a Gestão Comercial: um Enfoque Prático. São Paulo: Intersaberes, 2012 SELEME, Robson; PAULA, de Alessandra. Projeto de Produto Desenvolvimento e Gestão de Bens Serviços e Marcas. São Paulo: Intersaberes, 2015 GESTÃO DE SERVIÇOS – 13 – Características e Elementos dos Serviços Lidiane Farias Costa Introdução O crescimento e a evolução do mercado provocam um aumento na procura e oferta de servi- ços e isso ocorre porque o consumidor tornou-semais exigente e criterioso. É importante compre- endermos que esse crescimento e essa mudança de comportamento dos consumidores faz com que as empresas invistam mais em marketing, com o objetivo de sobressair no cenário mercado- lógico diante de seus concorrentes e garantir a qualidade dos serviços oferecidos. Dessa forma, fique atento, pois nesta unidade vamos acompanhar as características dos serviços e quais os tipos existentes. Acompanhe! Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • conhecer as características dos serviços (Intangibilidade, Simultaneidade, Perecibili- dade, Variabilidade ou Heterogeneidade). • compreender as tipologias dos serviços. 1 Serviços no contexto econômico Atualmente o setor de serviços brasileiro tem grande participação no PIB nacional e é res- ponsável por uma importante parcela da oferta de empregos e, como consequência, ocasiona o aquecimento da economia, conforme dados do IBGE (2014). Nesse contexto, as organizações investem constantemente em seu desenvolvimento e cres- cimento a partir da criatividade, permitindo-se inserir novidades em suas atividades e ofertar novas opções de serviços no mercado, criando diferenciais para os clientes. Figura 1 – A contratação de prestação de serviços profissionais Fonte: chainarong06/Shutterstock.com – 14 – TEMA 2 Avaliando o contexto econômico, Zeithaml e Bitner (2003) apontam que o crescimento do setor ocorre por conta da necessidade da prestação de serviços profissionais e pelo surgimento de novas tecnologias, que expandem o acesso aos serviços. 1.1 Características de Serviços Segundo Corrêa e Caon (2002), as principais características do setor são abordadas de forma ampla, sendo determinadas como: Intangibilidade, Simultaneidade ou Inseparabilidade, Perecibili- dade, Variabilidade ou Heterogeneidade. Acompanhe o quadro a seguir. Quadro 1 – Características de serviços Características de serviços Definição Intangibilidade Caracteriza-se pela ausência de contato físico ou de material específico. Não é possível estocar serviços. Não se pode patentear. Não podem ser testados antes da aquisição. Torna-se mais complexo precificar do que produtos. Heterogeneidade A realização de um serviço e a satisfação do consumidor depende da forma como este é executado. A qualidade dos serviços é impactada por fatores incontroláveis e desconhecidos. Após a conclusão dos serviços não se tem certeza de que este tenha atendido o cliente como fora planejado e divulgado. Simultaneidade Durante a execução do serviço, o cliente está presente e atua interferindo e avaliando o serviço. Os funcionários que atuam na execução do serviço têm ligação direta a qualquer fator, pois interferem imediatamente ao serviço prestado. Não é comum nem usual que serviços sejam produzidos em massa. Perecibilidade A sincronização entre a oferta e a demanda é difícil de ser tramitada. Os serviços não podem ser devolvidos ou revendidos a outros clientes. Cada serviço é único e exclusivo. Fonte: adaptado de ZEITHAML e BITNER, 2003. Ao analisar as informações do quadro 1, podemos observar que durante a execução dos serviços prestados existe contato entre o cliente e o fornecedor, diferente do que ocorre quando adquirimos um produto. Nesse contexto, para Zeithaml e Bitner (2003) a satisfação dos clientes e a qualidade dos serviços têm ligação direta com o momento da execução: desde as ações dos funcionários que executam as demandas até as interações entre eles e o consumidor. GESTÃO DE SERVIÇOS – 15 – Figura 2 – Interação entre cliente e fornecedor de serviços Fonte: Antonio Guillem/Shutterstock.com Lovelock e Wright (2005, p. 236) afirmam que “um serviço é uma ação ou realização, e não um artigo tangível que o cliente armazena, ele é perecível e não pode ser estocado, o que aponta a característica da perecibilidade dos serviços”. SAIBA MAIS! O livro “Administração de Serviços: operações, estratégia e tecnologia da informação” (2000), de Fitzsimmons e Fitzsimmons, aborda de forma esclarecedora, no segundo capítulo, as características dos serviços. Assim, temos explícitas as características que tornam os serviços diferentes dos produtos, seja pela dificuldade em definir o preço, acompanhar a qualidade, gerir as demandas dos clientes e zelar pela gestão dos serviços. 1.2 O marketing de serviços Para iniciarmos os estudos deste tópico, é importante entendermos que existe uma certa com- plexidade para gerenciar as características dos serviços, o que remete aos profissionais de serviços e à forma como ocorrem a comunicação e a divulgação de informações com o mercado. De acordo com Zeithaml e Bitner (2003), o reconhecimento da importância de executar uma boa gestão de serviços e investir em estratégias adicionais para as vendas levou o departamento de marketing a utilizar conceitos como propaganda e aprimoramento de serviços, que possam contribuir com a comunicabilidade do setor, levando a constituir uma cadeia de pessoas, processos e evidência física. GESTÃO DE SERVIÇOS – 16 – Figura 3 – O marketing de serviços em busca da excelência Fonte: Bloomicon/Shutterstock.com Neste ponto, vale destacar que o composto de marketing auxilia na competitividade atual, aprimorando as empresas quanto à prestação de serviços. Dessa forma, o foco principal será sem- pre o atendimento às necessidades do cliente, visando a qualidade a partir de três pilares princi- pais: pessoas, processos e evidência física. Vamos conhecer melhor cada um deles? Acompanhe! • Pessoas: esse pilar foca na relação da empresa prestadora de serviços e seus clientes em prol da obtenção da qualidade atribuída no marketing, sendo que a relação direta é dividida em duas categorias principais: funcionários e clientes, cabendo aos funcio- nário e empresas as atividades específicas relacionadas ao trabalho. Aqui também é avaliada a interação entre cliente e empresa, como a relação e negociação durante execução do serviço. EXEMPLO Como exemplos deste pilar do marketing podemos citar a preparação da equipe prestadora de serviço, que deve ser bem treinada e qualificada para que o trabalho seja bem executado. • Processo: para que um serviço seja bem executado, os processos, também conheci- dos como fluxos de trabalho, estão relacionados com a padronização e customização das atividades existentes. O que determina se será um processo simples ou complexo são os números de passos necessários para sua execução por completo. Também vale ressaltar que existe uma interação com os clientes, que pode ir de um nível baixo até um nível mais elevado. • Evidência física: neste pilar o foco está na distribuição de serviços, que requer avalia- ção sobre a disponibilidade destes no momento em que o cliente precisa, avaliando as condições de espaço e suprimentos necessários à execução dos trabalhos. GESTÃO DE SERVIÇOS – 17 – EXEMPLO Podemos citar como exemplos deste pilar os programas de treinamento, que visam a qualificação dos profissionais, a liberação de equipamentos para os serviços e um investimento no visual e apresentação, como cartões de visita e uniformes. Você pode perceber que no elemento ‘pessoa’ os funcionários da empresa prestadora de ser- viços e os clientes são considerados peças-chave, sendo que o cliente tem o poder de influenciar na decisão de outros clientes, com base no resultado que obtiveram, o que pode favorecer ou não o trabalho de marketing da organização. FIQUE ATENTO! Nesse contexto, consideramos ‘pessoas’ todos aqueles que de alguma forma exe- cutam funções no serviço e que interagem e influenciam, de forma simultânea, na gestão do serviço. Zeithaml e Bitner (2003) enfatizam que há diferenças entre empresas prestadoras de servi- ços, geralmente evidenciadaspela qualidade do atendimento aos seus clientes, que incluem agili- dade, cordialidade e educação. FIQUE ATENTO! Caso a prestação do serviço dependa muito do cliente, o resultado obtido poderá não ser tão satisfatório quanto o esperado e planejado pela empresa. Por fim, podemos entender que a evidência física (equipamentos, por exemplo) foca nos elemen- tos tangíveis que facilitam a execução e o desempenho do serviço em relação à demanda, pois visa ao aprimoramento dos serviços e foca na qualidade e nas condições necessárias para tal execução, tornando-se muito relevante para a empresa de serviços, pois quando o cliente desconhece informa- ções da empresa, este terá poucos aspectos para fazer análises em relação à qualidade de serviço. 1.3 Tipologia dos serviços Quando falamos em tipologia dos serviços devemos entender que se trata da sua classificação. Ainda que existam várias formas de se classificar um serviço, nesta unidade vamos trabalhar com os três principais: serviço de massa, serviços profissionais e serviços customizados. Observe a figura 4. GESTÃO DE SERVIÇOS – 18 – Figura 4 – Tipologia dos serviços e seu nível de atendimento Alto In te ns id ad e de c on ta to Ên fa se Ên fa se G ra u de c us to m iz aç ão AltoPessoas Front office Baixo Baixo Unidades Dezenas ? ? Centenas Milhares Tecnologia Equipa- mentos Back office Serviços profissionais Serviços profissionais de massa Serviços de massa customizados Serviços de massa Loja de serviços Fonte: CORREA E CANON, 2002, p. 75 De acordo com Zeithaml e Bitner (2003), os serviços são classifi cados efetuando uma cor- relação entre os elementos ‘pessoas’ e ‘evidências físicas’, bem como a forma como ocorrem o contato com o cliente, o nível de personalização do serviço e a avaliação fi nal de funcionários e clientes frente ao foco existente no elemento ‘processo’. Vamos entender melhor as categorias? • Serviço de massa: é aquele que abrange um grande número de clientes e que geral- mente não é customizado (quando ocorre é em pouquíssima escala de personaliza- ção). Essa classifi cação possui um alto grau de padronização das atividades operacio- nais a ele ligadas. EXEMPLO Podemos citar como exemplo de serviço de massa os transportes públicos urba- nos, que são serviços sem nenhuma customização criados para atender a uma grande quantidade de pessoas simultaneamente. • Serviços profi ssionais: este tipo de serviço tem um alto grau de contato com o cliente e é caracterizado por um atendimento personalizado, pois atende as necessidades espe- cífi cas de cada pessoa. Geralmente, o ciclo da prestação de serviço é longo. Um exem- plo são os atendimentos de especialidades médicas. • Serviços customizados: são produtos ou serviços produzidos e definidos em massa, mas que atendem a desejos específicos de cada cliente de modo individualizado, mantendo, ainda, um custo semelhante aos produtos não customizados. Isso gera, GESTÃO DE SERVIÇOS – 19 – então, uma oferta de produtos únicos com baixo custo (porque são produzidos em larga escala) e com um prazo de entrega curto. Exemplo: a compra de um veículo. O produto é produzido em massa, porém, por meio da tecnologia, é possível que o cliente customize o carro, escolhendo a cor, os detalhes e os acessórios. SAIBA MAIS! O artigo “O que é a customização em massa — e o que ela não é” aborda, a partir de uma leitura simples, alguns paradigmas desse tipo de serviço. Disponível em <http:// exame.abril.com.br/marketing/o-que-e-a-customizacao-em-massa-e-o-que-ela-nao- -e-m0040294/>. Fechamento Nesta aula, você teve a oportunidade de: • Conhecer e aprofundar as características dos serviços; • Compreender os tipos de serviços existentes. Referências BERRY, Leonard L. Marcas fortes nos serviços. HSM Management, v. 2, n. 49, p. 94-100, mar./abr. 2005. BRASIL. IBGE. Indicadores. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 01 nov. 2016. CORRÊA, Henrique L.; CAON, Mauro. Gestão de Serviços. São Paulo: Atlas, 2002. FITZSIMMONS, James A.; FITZSIMMONS, Mona J. Administração de Serviços: operações, estra- tégia e tecnologia da informação. São Paulo - MCGRAW-HILL BRASIL, 2000. LOVELOCK, Christopher; WRIGHT, Lauren. Serviços: marketing e gestão. São Paulo – Saraiva, 2005. REVISTA EXAME. O que é a customização em massa – e o que ela não é. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/marketing/o-que-e-a-customizacao-em-massa-e-o-que-ela-nao- -e-m0040294/>. Acesso em: 01 nov. 2016. ZEITHAML, Valerie A.; BITNER, Mary Jo. Marketing de serviços: a empresa com foco no cliente. 2. ed. Porto Alegre, Bookman, 2003. GESTÃO DE SERVIÇOS – 20 – O Composto de Marketing para Serviços Lucas Lopes Queiroga Introdução Profissionais que oferecem serviços em empresas ou como prestadores de serviço precisam estabelecer estratégicas orientadas ao mercado para criar valores a clientes, acionistas e donos de organizações. No atual contexto de marketing, aprender a estruturar os serviços oferecidos com base na satisfação do cliente é fundamental e um diferencial nos negócios. Nesta aula aprenderemos o que é o mix de marketing para serviços e quais são os instrumen- tos e técnicas que podemos utilizar para estabelecer estratégias de marketing. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • conhecer os oito fatores (8Ps) que compõem o mix de marketing para serviços; • compreender como o mix de serviços deve ser trabalhado para desenvolver as melhores estratégias. 1 4 Ps do Marketing x o 8 Ps do marketing de serviços Em primeiro lugar é importante pontuar que assim como temos o marketing de produtos, temos também o marketing de serviços, que é um conjunto de atividades operacionais com o qual tentamos otimizar a venda de um serviço, diferenciando a empresa da concorrência. O marketing de serviços procurará “atrair novos clientes, prometendo-lhes valor superior, e manter e cultivar os clientes atuais, propiciando-lhes satisfação” (Kotler; Armstrong, 2007, p. 3). Já de acordo com Las Casas (2008, p. 284) “o marketing de serviços, diferentemente do marketing de bens, apresenta desafios específicos, e podem ser considerados como atos, ações e desempenho”. Saiba que uma característica diferencia o marketing de serviços dos demais, a intangibilidade, o fato de os serviços não poderem “ser vistos, provados, sentidos, ouvidos ou cheirados antes da compra”, segundo Kotler e Armstrong (2007, p. 2.017). Perceba que por isso fica mais difícil traba- lhar o marketing de serviços. EXEMPLO Um advogado contratado para representar um cliente não pode garantir que irá ganhar a causa, pois dependerá do resultado do julgamento. Este é um exemplo de intangibilidade. – 21 – TEMA 3 E como você pode perceber, os serviços também não podem ser armazenados, devolvidos ou reaproveitados. Por causa das particularidades do marketing de serviços, dispomos de um conjunto de ferramentas que podemos controlar. Combinadas, elas nos dão uma resposta mais perto daquilo que desejamos. Além do conjunto tático comumente trabalhado no marketing de produtos, os chamados 4Ps (Produto, Praça, Preço e Promoção), o marketing de serviços leva também em conta outros 4Ps. São eles: Pessoas, Processos, Perfil/Evidência Física e Produtividade/Qualidade (LAS CASAS, 2008). A seguir, vamos entendê-los melhor. 2 Elementos do Produto, Preço (Custos de Serviço), Praça (Momento e Lugar), Promoção (Comunicação Integrada), Processo, Evidência Física, Pessoas, Produtividade e Qualidade. O conjunto de todos os elementos táticos são chamados de 8 Ps do mix do marketing para serviços. É importante destacar que na prestação de serviços eles são a base para que seja possí- velse diferenciar da concorrência. FIQUE ATENTO! Lembre-se que enquanto os 8 Ps do marketing de serviços são fundamentais para uma organização se diferenciar no mercado, os 4Ps do marketing são elementares no planejamento estrutural de uma empresa. Podemos aplicá-los em todos os ra- mos de negócios. Dada sua importância, vamos estudar cada um dos elementos dos 8Ps do marketing de serviços. Vamos a eles. • Produto: é considerado a parte palpável do serviço. Conforme Las Casas (2008), o pro- duto se relaciona à identificação e à construção das características dos serviços, priori- zando benefícios e vantagens do atendimento às necessidades do mercado. O produto agrega valor ao resultado final aos clientes. Ainda de acordo com o autor, a criação de uma marca representa uma experiência, é onde o serviço carrega respeito e credibilidade, ou seja, o consumidor tende a optar por um serviço em que deposite mais confiança. • Preço: é importante para que todo o esforço do serviço possa gerar receita e permitir retorno com todo o processo. Saiba que quanto mais complexo e específico o serviço, mais exigente for o perfil do cliente e maior o valor agregado da marca, maior deverá ser a valorização no preço final. Devemos também avaliar todos os custos e despesas gerados na prestação do serviço. GESTÃO DE SERVIÇOS – 22 – Figura 1 – A importância do preço Fonte: CHOATphotographer/Shutterstock.com FIQUE ATENTO! É importante ressaltar que o cliente tende a associar o valor do preço com qualidade. Se o preço for muito baixo o cliente poderá perceber o serviço como de baixa qualidade em princípio. E no caso de preço elevado, poderá atribuir ao serviço maior qualidade. Segundo Kotler e Keller (2006, p. 428), “o preço também informa ao mercado o posicionamento de valor pretendido para seu produto ou marca”. Vejamos três estratégias que podem ser úteis à delimitação correta do preço de um produto: primeiramente com base na satisfação. A empresa oferece garantias pelo serviço a ser prestado e estabelece um preço com descontos e benefícios. Em segundo lugar, com base no relacionamento, por meio de práticas com descontos especiais e outras vantagens aos clientes fiéis. De acordo com Las Casas (2008), a terceira estratégia é a efici- ência, em que a empresa tenta reduzir custos ao máximo possível e repassar aos clientes. • Praça: é o momento e o lugar. São os processos de distribuição e envolvem a forma de entrega dos serviços, de prazos a formas de execução. Quanto melhor for a locali- zação junto ao mercado alvo, mais eficiente será a logística de prestação do serviço. A distribuição de um serviço é complexa, exigindo toda uma estrutura de atendi- mento (Sebrae, 2015). • Promoção: relaciona-se às estratégias de comunicação e divulgação dos serviços, sendo importantíssima para atingir o público-alvo e promover os diferenciais e benefí- cios dos serviços, aponta também o Sebrae (2015). GESTÃO DE SERVIÇOS – 23 – Figura 2 – Redução de preços Fonte: Scanrail 1/Shutterstock.com FIQUE ATENTO! A venda corpo a corpo é importante e pode representar grande vantagem competi- tiva, e isso ocorrerá se os representantes da empresa souberem com profundidade o que vendem e não gerem expectativas acima ou abaixo do que é oferecido. Compreenda que em um mercado altamente competitivo, mais do que ser uma empresa sofisti- cada e tecnológica é preciso mostrar credibilidade e competência técnica para a promoção do serviço. SAIBA MAIS! Que tal uma dica de filme sobre um homem visionário e dos mais importantes para a tecnologia no século 20? “Jobs” é um filme de 2013 com direção de Joshua Michael Stern e protagonizado por Ashton Kutcher no papel de Steve Jobs. O filme conta a história de como um rejeitado aluno no colégio cria uma das empresas mais respeitadas do mundo. • Pessoas: é o ponto crucial nos serviços, pois atua direta ou indiretamente na execução. A atuação precisa ser planejada, pois poderá gerar boa ou má impressão, influenciando diretamente na qualidade dos serviços (LAS CASAS, 2008). O fator humano é o que leva à variabilidade dos serviços, podendo comprometer a qualidade. Para tanto, uma boa aparência, técnica, dedicação, educação, compromisso e eficiência no serviço vão influenciar na criação de uma imagem positiva e de respeito junto aos clientes. • Processos: vamos entendê-los como todos os procedimentos, ferramentas, fluxos, planeja- mentos e metodologias de trabalhos utilizados na prestação de serviço. É um meio impor- GESTÃO DE SERVIÇOS – 24 – tante de assegurar precisão e diminuir riscos no resultado final. Os processos são relevantes para diferenciação e qualidade dos serviços porque refletem desempenho (Sebrae, 2015). EXEMPLO Em uma linha de produção se uma parte do processo dá errada, o produto final chegará com problema, gerando descarte. Com serviços não, o cliente passará pelo processo. Por isso é fundamental a boa prestação do serviço e dar ao cliente o que ele espera. • Produtividade: é vista como eficiência e obtida pela otimização da matéria-prima à presta- ção de serviço, maximizando resultados (Sebrae, 2015). A finalidade é procurar qualidade ao menor custo. Ou segundo Kotler (200, p. 79): “[...] a qualidade é a totalidade dos atribu- tos e características de um produto ou serviço que afetam sua capacidade de satisfazer necessidades declaradas ou implícitas.” A produtividade aliada à qualidade é primordial no sucesso ou fracasso de uma empresa. Figura 3 – Maior qualidade e menor custo Fonte: Sergey Nivens/Shutterstock.com • Evidência física: trata-se de conhecermos o cliente e se ter um reconhecimento do ambiente onde o serviço será prestado. Conforme o Sebrae (2015), inclui apresentação pessoal dos funcionários até cartões de visita, instalações e equipamentos. Trata-se de uma importante iniciativa para a consolidação da marca da empresa prestadora de serviço e no desenvolvimento de um bom trabalho. Todos esses aspectos influenciam na forma como a empresa interage com o cliente. Ferra- mentas como pesquisas de mercado ou até uma visita prévia ao cliente podem ser importantes na coleta de opinião para que possamos adaptar o serviço ao perfil dele e ganhar sua credibilidade e confiança (LAS CASAS, 2008). GESTÃO DE SERVIÇOS – 25 – Figura 4 – Deve-se conhecer o cliente Fonte: Yurii Andreichyn/Shutterstock.com SAIBA MAIS! Um artigo interessante sobre a evidência física é “Pesquisa de mercado: ferramenta norteadora no processo decisório que antecede a tomada de Decisão”, de Paulo Antônio e Karen Estefan Dutra. O texto está disponível em: <http://re.granbery.edu. br/artigos/MTIw>. Segundo o Sebrae (2015), em resumo o mix de serviços de marketing é fundamental ao posicio- namento das empresas de serviços perante seus mercados-alvo. A empresa que souber combinar de forma harmoniosa e contínua todos os elementos do composto do marketing terá sucesso nos negócios, trabalhando com expansão na praça, atribuindo preço certo com sinônimo de qualidade, fortalecendo a marca, administrando processos, treinando pessoal e se adequando ao perfil do cliente. Fechamento Você conheceu os elementos que formam o mix de serviços de marketing e sua importância para a empresa ou ao prestador de serviços. Nesta aula, você teve oportunidade de: • entender o conceito do marketing de serviços; • conhecer o composto do mix do marketing de serviços. GESTÃO DE SERVIÇOS – 26 – Referências ANTÔNIO, Paulo; DUTRA, Karen Estefan. Pesquisa de Mercado: ferramenta norteadora no processo decisório que antecede a tomada de decisão. Revista Eletrônica da Faculdade Metodista Granbery, Juiz de Fora, 2008. Disponível em: <http://re.granbery.edu.br/artigos/MTIw>. Acesso em: 08 dez. 2016. ARMSTRONG, Gary; KOTLER, Philip. Princípios de marketing.12. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. JOBS. Direção de Joshua Stern. Estados Unidos, 2003. LAS CASAS, Alexandre Luzzi. Administração de marketing: análise, planejamento, implementação e controle. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2008. KELLER, Kevin Lane; KOTLER, Philip. Administração de marketing. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. KOTLER, Philip. Administração de Marketing. 10. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2000. SEBRAE. Marketing de serviços: uma visão baseada nos 8 Ps, fevereiro 2015. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/marketing-de-servicos-uma-visao-basea- da-nos-8-ps,a799a442d2e5a410VgnVCM1000003b74010aRCRD>. Acesso em 08 dez. 2016. GESTÃO DE SERVIÇOS – 27 – Fluxo de processos de produtos x serviços Lucas Lopes Queiroga Introdução Toda empresa ou organização tem algo a oferecer para alguém, não é mesmo? Afinal, é ofe- recendo um produto ou um serviço ao consumidor que a empresa obterá o lucro. Veremos que para produtos e serviços existem técnicas do marketing particulares que são aplicadas em busca do sucesso final: os 4 Ps e os 8Ps do marketing. Nesta aula, além de conhecer o que são os “Ps” do marketing, vamos aprender sobre o marketing de produtos e serviços, além de suas etapas. Veremos, inclusive, como essas eta- pas interferem na entrega de um produto ou serviço aos consumidores. Vamos começar? Então, acompanhe-nos e bons estudos! Objetivos de aprendizagem: Ao final desta aula, você será capaz de: • conhecer as etapas do fluxo de processos de produtos; • compreender como cada etapa do fluxo interfere na entrega de um produto; • conhecer as etapas do fluxo de processos de serviços; • compreender como cada etapa do fluxo interfere na entrega de um serviço; • reconhecer as diferenças entre cada fluxo e suas particularidades. 1 Marketing de produtos: pré-produção, pós-produção, venda, consumo, pós-venda Segundo Kotler e Keller (2013), quando falamos em produto, temos que ter em mente: varie- dade, qualidade, design, características, nome da marca, embalagem, tamanhos, serviços, garan- tias e devoluções. Para isso, os autores usam como base os chamados quatro “Ps” do marketing: produto, preço, praça e promoção: FIQUE ATENTO! A evolução da administração de marketing faz uma analogia aos quatro “Ps”, de- monstrando uma relação direta entre o elemento “P” e o elemento a ser influenciado ou impactado por ele (KOTLER; KELLER, 2013): Produto → Pessoas que adquirem o produto. Praça → Processos de venda do produto. Promoção → Programas que promovam o produto. Preço → Performance do produto. – 28 – TEMA 4 Perceba que o produto é o instrumental para que a equipe compreenda e determine as espe- cificações e características do que é oferecido no mercado. Figura 1 – Marketing de produto Fonte: cherezoff/Shutterstock.com. De acordo com Spiller et al. (2011), as etapas do marketing de produtos dividem-se em cinco fases distintas, porém bem delineadas. Vamos conhecê-las? 2 Pré-produção Spiller et al. (2011) apontam algumas ações dentro da pré-produção: • identificação das necessidades dos clientes: pesquisas de mercado e análise de ten- dências para atender as necessidades dos consumidores. A ideia é oferecer ao cliente aquilo que ele deseja possuir; • desenvolvimento do produto: configurações do conceito, da engenharia, da embala- gem, do preço, da logística e da divulgação do produto, isto é, quando o foco é o produto em si e tudo diretamente relacionado a ele; • estimulação da demanda: estímulos aos consumidores por meio da divulgação do produto, promoção, assessoria de imprensa, marketing direto e de relacionamento, merchandising de ponto de venda etc.; • divulgação da marca: corresponde ao branding (atividade estratégica, onde se planeja algo) e ao mix de comunicação (produto, promoção, assessoria de imprensa, marketing direto e de relacionamento, merchandising de ponto de venda). GESTÃO DE SERVIÇOS – 29 – 3 Pós-produção Depois de pensado e planejado, os autores apontam algumas ações dentro da pós-produção. São elas: • experimentação versus benefícios: a ideia é proporcionar experimentação e demons- trar benefícios de modo que o consumidor possa testar o produto antes de comprá-lo. Exemplos: degustação, amostra grátis, test-drive etc.; • preferência pela marca: são feitas pesquisas com os consumidores sobre as preferên- cias da marca por meio da comunicação de marketing, a fim transformar a imagem da empresa e atribuir referência ao produto. 4 Venda Antes de comprar um produto, sabemos que o cliente leva em conta a informação obtida no chamado “boca a boca” e até mesmo por meio do manuseio do produto nos pontos de venda. Figura 2 – A venda de produtos Fonte: Tyler Olson/Shutterstock.com. Ao tocar, cheirar e provar um produto, o consumidor consegue estabelecer a preferência por uma marca ou outra (SPILLER et al., 2011). 5 Consumo Quando chegamos à etapa do consumo, perceba que o cliente vivencia, de fato, o uso do pro- duto, além de conhecer sua performance. Arrependimento da compra e troca/devolução são dois fatores que merecem destaque nesta etapa (SPILLER et al., 2011). GESTÃO DE SERVIÇOS – 30 – EXEMPLO Um consumidor adquire um relógio e passa a usá-lo em casa. A partir disso, o con- sumidor conhece a performance do relógio e percebe que os ponteiros, ao se move- rem, tornam o relógio muito barulhento. Ao se arrepender da compra, o consumidor decide devolver o produto. Agora, vejamos o que acontece na etapa do pós-venda, principalmente, em casos como o do exemplo anterior, como se espera que a organização proceda para minimizar prejuízos. 6 Pós-venda O pós-venda é a última fase do processo de venda e é fundamental que o vendedor acompa- nhe o produto em virtude disso. Por quê? A ideia é garantir que o cliente fique satisfeito, continue comprando e consequente, dando lucro ao negócio (SPILLER et al., 2011). SAIBA MAIS! Conheça as possibilidades de utilização da internet como ferramenta para o marketing de produtos e serviços, por meio da leitura da matéria “Como utilizar a internet para o marketing de produtos no exterior”, disponível em: <https://www.sebrae.com.br/ sites/PortalSebrae/bis/como-utilizar-a-internet-para-o-marketing-de-produtos-no-exte rior,385d7b008b103410VgnVCM100000b272010aRCRD>. Vale a leitura! Agora que já vimos como funcionam os 4 Ps do marketing para os produtos, vejamos quais e como são os Ps do marketing para serviços. Acompanhe-nos! 7 Marketing de serviços: Pré-produção, Venda, Produção e consumo, Pós-venda Aprendemos que o marketing de produto conta com 4 Ps, certo? Porém, quando o assunto são os serviços, veja que o SEBRAE (2015) acrescenta quatro “Ps” ao mix de marketing, totalizando os 8 Ps: • produto; • preço; • praça; • promoção; • processo; • evidência física • pessoas; • produtividade e qualidade. Vamos conhecer um pouco mais sobre os outros quatro “Ps”? GESTÃO DE SERVIÇOS – 31 – • Processo: fluxos, procedimentos e metodologias de trabalho utilizados para ofere- cer um serviço, com o intuito de garantir precisão e assertividade no resultado final (SEBRAE, 2015). • Evidência física: é a percepção do ambiente onde o serviço é prestado, por exemplo, a apresentação pessoal dos funcionários e cartões de visita até a organização das insta- lações e equipamentos. É a maneira como a organização se relaciona com o cliente e o ambiente onde essa relação ocorre (SEBRAE, 2015). • Pessoas: os indivíduos que recebem o serviço, onde a força de trabalho é o insumo. Preocupar-se com as pessoas é essencial, por isso o treinamento, a capacitação, a motivação e a orientação ao cliente devem ser uma constante na empresa, resultando na qualidade do serviço oferecido (SEBRAE,2015). • Produtividade e qualidade: elementos fundamentais para empresas de quaisquer ramos de atividade. Quando falamos em serviços, são elementos vitais para o sucesso ou o fracasso de um empreendimento (SEBRAE, 2015). SAIBA MAIS! Sobre o marketing de serviços, sugerimos a leitura da matéria “Marketing de serviços”, disponível em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/ marketing-para-servicos,9f2936627a963410VgnVCM1000003b74010aRCRD>. Figura 3 – Marketing de serviço Fonte: Dragon Images/Shutterstock.com. Segundo Spiller et al (2011), para serviços, as etapas são as mesmas, no entanto ocorrem em uma sequência diferente das etapas do marketing de produto. Vejamos melhor como isso funciona. GESTÃO DE SERVIÇOS – 32 – 8 Pré-produção São elas: • identificação das necessidades dos clientes: são as pesquisas de mercado e análise de tendências, assim como no marketing de produtos. • desenvolvimento do “produto”: traçar um processo que represente benefício ao cliente com mapeamento dos momentos envolvidos desde a encomenda até a entrega do ser- viço, avaliando-se insumos que compõem o serviço, equipamentos, pessoas e tempo. • estimulação da demanda: são os estímulos aos consumidores por meio da divulgação do serviço, como no marketing de produtos. Porém, como o “produto” ainda não foi fabricado é necessário representar de forma visual (por meio de imagens) o serviço que será adquirido. • divulgação da marca: corresponde ao branding e ao mix de comunicação. No entanto, a reputação da empresa é mais relevante que no caso do produto, pois passará a servir como garantia de qualidade e procedência. FIQUE ATENTO! A grande diferença entre o marketing de produtos e o de serviços está no desen- volvimento e na estimulação da demanda, uma vez que o serviço se trata de algo dificilmente palpável para o consumidor. 9 Venda Quando adquirimos um produto, o item é palpável. Por outro lado, apostamos no serviço e só o imaginamos, já que ele será efetivado somente quando a compra for realizada (SPILLER et al., 2011). Figura 4 – O consumidor imagina o serviço antes de efetivar a compra Fonte: turgaygundogdu/Shutterstock.com. GESTÃO DE SERVIÇOS – 33 – 10 Produção e consumo Tanto a produção quanto o consumo acontecem simultaneamente. Assim como para o pro- duto, há ações que precisam ser conduzidas nesta etapa (SPILLER et al., 2011). São elas: • experimentação versus benefícios: proporcionar experimentação e demonstrar bene- fícios são ações que só acontecem durante e depois do serviço ter sido prestado. Por exemplo: exames de tomografia computadorizada. • preferência pela marca: deve acontecer quando houver interação prestador-cliente, relacionando-se a percepção e satisfação do cliente quanto à qualidade do serviço prestado. Exemplos: facilidade de acesso, flexibilidade de horários etc. FIQUE ATENTO! Sob o enfoque do marketing de serviços, conhecer as etapas desta fase pode ser o “xeque-mate” para ganhar o “jogo das vendas”. 11 Pós-venda As empresas podem oferecer serviços de pós-vendas aos clientes sob quatro enfoques (SPILLER et al, 2011): • departamento próprio: o lucro referente aos consertos e à reposição de peças pode ser superior do que o serviço em si; • credenciamento de empresas: multiplicam-se os pontos de atendimento e ganha-se em velocidade, uma vez que a empresa fica mais próxima do consumidor; • credenciamento de representantes: empresas especializadas na prestação do serviço atendem mais de um consumidor por operarem em escala; • transferência para o consumidor: grandes clientes encontram vantagem em ter seus próprios especialistas, já os pequenos clientes não preferem pagar por serviços secun- dários inclusos no preço. EXEMPLO Quando o cenário é o da transferência para o consumidor, não é difícil imaginar que os pequenos clientes não desejam pagar por serviços embutidos no preço, por exemplo, seguro contra fraudes em cartões de crédito, contratos de manutenção para equipamentos não muito utilizados, fretes de mercadorias que podem trans- portar em carro próprio (SPILLER et al, 2011). Com isso, vimos que o fluxo de processos para produtos e serviços possuem semelhan- ças, porém trabalhar com serviços exige adaptações, pois, frequentemente, o que é se oferece ao cliente é algo virtual e não palpável. Logo, exige um cuidado maior do prestador para que a satis- fação do cliente seja garantida. GESTÃO DE SERVIÇOS – 34 – Fechamento Chegamos ao fim desta aula sobre o fluxo de processos para produtos e serviços, em que pudemos reconhecer as diferenças entre cada um deles e suas particularidades. Nesta aula, você teve a oportunidade de: • conhecer as etapas do fluxo de processos de produtos; • compreender como cada etapa do fluxo interfere na entrega de um produto; • conhecer as etapas do fluxo de processos de serviços; • compreender como cada etapa do fluxo interfere na entrega de um serviço; • reconhecer as diferenças entre cada fluxo e suas particularidades. Referências KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Marketing essencial: conceitos, estratégias e casos. 5ª. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2013. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE. Como utilizar a internet para o marketing de produtos no exterior. 2016. Disponível em: <https://www.sebrae.com.br/sites/ PortalSebrae/bis/como-utilizar-a-internet-para-o-marketing-de-produtos-no-exterior,385d7b008b- 103410VgnVCM100000b272010aRCRD>. Acesso em: 28 jan. 2017. ______. Marketing de serviços. 2016. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/sites/Portal- Sebrae/artigos/marketing-para-servicos,9f2936627a963410VgnVCM1000003b74010aRCRD>. Acesso em: 28 jan. 2017. ______. Marketing de serviços: uma visão baseada nos 8 Ps. 2015. Disponível em: <https://www. sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/marketing-de-servicos-uma-visao-baseada-nos-8-ps,a- 799a442d2e5a410VgnVCM1000003b74010aRCRD>. Acesso em: 28 jan. 2017. SPILLER, Eduardo Santiago et al. Gestão de Serviços e marketing interno. 4. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2011. GESTÃO DE SERVIÇOS – 35 – Comportamento do consumidor Lucas Lopes Queiroga Introdução A todo o momento, tomamos decisões relativas ao ato de comprar, seja a mensalidade da escola dos filhos, o bilhete de um filme no cinema ou a passagem aérea para a viagem dos sonhos. Considerando que todos somos consumidores, você já parou para pensar sobre seu comportamento diante de um serviço veiculado na mídia, por exemplo? Nesta aula, além de entender o comportamento de compras do consumidor de serviços, trataremos também do fluxograma de entrega de serviços como ferramenta para conhecer os pro- cessos de vendas, e dos dois tipos de contato do consumidor com o prestador do serviço. Então, vamos começar! Acompanhe-nos e bons estudos! Objetivos de aprendizagem: Ao final desta aula, você será capaz de: • identificar o comportamento do consumidor de serviços; • compreender como os serviços podem ser utilizados para apresentar diferenciais com- petitivos ao mercado. 1 Comportamento do consumidor nos serviços O comportamento de compra dos consumidores finais, ou seja, daqueles indivíduos que adqui- rem um serviço para uso pessoal depende de fatores como idade, renda, grau de instrução e hobbies, os quais podem exercer influência no comportamento dos consumidores finais e, sobretudo, em suas decisões de compra (KOTLER; ARMSTRONG, 2015). Figura 1 – O consumidor e a tomada de decisão da aquisição de um serviço Fonte: Kaspars Grinvalds/Shutterstock.com – 36 – TEMA 5 Para os gestores, é fundamental entender como as pessoas tomam decisões de compra e porque utilizam determinado serviço, principalmente, compreender o que as deixa satisfeitas após adquiri-lo. FIQUEATENTO! Sem entender o que deixa os clientes satisfeitos, as organizações não têm subsídios para a criação e entrega de serviços que satisfaçam e fidelizem os consumidores. Lovelock, Wirtz e Hemzo (2011) afirmam que o consumo de serviços ocorre por meio de um processo e que é preciso entendê-lo. O processo de compra de um serviço é composto por três etapas: pré-compra, encontro de serviço e pós-encontro. Vamos conhecer essas etapas com mais detalhes? Acompanhe a seguir. • Pré-compra: nesta fase do processo, o consumidor percebe que precisa buscar informa- ções sobre o serviço desejado, ou seja, o consumidor vai em busca de esclarecimento para suas necessidades de compra, explorando soluções e detectando serviços e forne- cedores alternativos. Nesta fase, o consumidor também analisa alternativas de soluções e fornecedores por meio de pesquisa a sites, anúncios na mídia, avaliações publicadas, posts na Internet, reclamações, pesquisas de satisfação. Ao optar pela aquisição do ser- viço, o consumidor faz a reserva. A partir daí, veja o que acontece na próxima etapa. • Encontro de serviço: é hora de solicitar o serviço ao fornecedor, cujo pagamento pode ocorrer de forma antecipada (antes do serviço ser prestado) ou faturado após a presta- ção do serviço. Nesta fase, a prestação do serviço é realizada. • Pós-encontro: é a última fase do processo, na qual o consumidor avalia o desempenho do serviço adquirido e estabelece (ou não) suas futuras intenções de compra. FIQUE ATENTO! A seguir, vamos descobrir os porquês envolvidos no comportamento de compra do consumidor, o que não é uma tarefa fácil, pois nem mesmo os consumidores sabem dizer o que influenciam suas decisões. Você sabia que os fatores culturais, sociais, pessoais e psicológicos exercem influência sobre as decisões de compras? Vamos conhecer agora os elementos que compõem cada um destes fatores (KOTLER, ARMSTRONG, 2015). São eles: • Fatores culturais: cultura, subcultura e classe social; EXEMPLO Países como os Estados Unidos desenvolvem ações de marketing destinadas a diferentes subculturas, como latinos, negros e asiáticos. Desta forma, são organiza- dos programas para atender às necessidades e preferências destes grupos. GESTÃO DE SERVIÇOS – 37 – • Fatores sociais: grupos e redes sociais, família, papéis e status pessoais; • Fatores pessoais: idade e estágio no ciclo de vida, situação financeira, estilo de vida, personalidade e autoimagem; EXEMPLO A rede de lojas fictícia Móveis S.A. vende muito mais do que móveis, pois ela comercia- liza um estilo de vida a seus consumidores, que buscam sofisticação e casualidade. • Fatores psicológicos: motivação, percepção, aprendizagem, crenças e atitudes. Kotler e Armstrong (2015) ainda destacam que o consumidor passa por cinco fases na tomada de decisão de compra. Confira a seguir. 1. Reconhecimento da necessidade: o consumidor enfrenta estímulos internos que o levam a reconhecer a necessidade de compra. 2. Busca por informação: o consumidor que precisa de manutenção em seu veículo, por exemplo, dá mais atenção às propagandas de oficinas, em busca de informações sobre o serviço. 3. Avaliação das alternativas: é a maneira como as pessoas processam as informações para fazerem suas escolhas entre serviços alternativos, o que depende das caracte- rísticas pessoais do consumidor e da situação de compra. Cálculos ou pensamentos lógicos podem ajudar na avaliação das alternativas. 4. Decisão de compra: é o momento em que o consumidor adquire o serviço predileto. Nesta fase, é importante prestar atenção a dois fatores que podem surgir entre os atos da intenção e da decisão. São eles: atitude dos outros (se algum conhecido, por exem- plo, acha que ele deve visitar uma oficina que ofereça serviços mais baratos, isso dimi- nui a possibilidade de se comprar o mais caro) e situações inesperadas (com a econo- mia em crise, a concorrência reduz o preço ou um conhecido relata que se decepcionou com o serviço prestado por determinada oficina). 5. Comportamento pós-compra: é a insatisfação ou satisfação do consumidor que dará início a um comportamento pós-compra, resultado da relação expectativas versus desempenho do serviço. FIQUE ATENTO! Em compras do dia a dia, os consumidores pulam ou invertem algumas dessas fases, isso vai depender da natureza do consumidor, do serviço e da situação em que está sendo feita sua aquisição. Agora, vejamos como funciona o fluxograma de entrega de serviços. GESTÃO DE SERVIÇOS – 38 – 2 Fluxograma de entrega de serviços Saiba que fluxogramas são excelentes ferramentas para mapear processos e, quando fala- mos em processo de entrega de um serviço, não seria diferente. O fluxograma, técnica que demonstra a natureza e a sequência das etapas que envolvem a entrega de serviços aos clientes, oferece um meio fácil de compreender a totalidade da experiência de serviço do cliente. Ao elaborar o fluxograma da sequência de encontros que os clientes têm com uma organização de serviço, podemos obter valiosos insights sobre a natureza do serviço. Ao reconhecer que uma proposição de valor pode envolver a totalidade ou parte do conjunto de benefícios que uma empresa oferece, profissionais de marketing necessitam criar uma oferta coerente em que cada elemento seja compatível com os de- mais e todos sejam mutuamente reforçadores. (LOVELOCK; WIRTZ; HEMZO, 2011, p. 247). Figura 2 – Fluxogramas e entrega de serviços Fonte: NicoElNino/Shutterstock.com. Por isso, é fundamental que gestores de marketing criem fluxogramas para a venda de ser- viços de modo que possam distinguir as etapas em que os consumidores usam o serviço princi- pal, diferenciando-o dos serviços suplementares. Veja um exemplo: no caso de um restaurante, a comida e a bebida são o produto principal, e os serviços suplementares estão relacionados ao principal, como reservas, estacionamento com manobrista, uso de toaletes, entre outras coisas (LOVELOCK; WIRTZ; HEMZO, 2011). Fluxogramas também ajudam a entender o tipo de envolvimento dos consumidores com a empresa prestadora do serviço, variando entre quatro perspectivas (LOVELOCK; WIRTZ; HEMZO, 2011): 1. processamento de pessoas; 2. posses; 3. estímulo mental; 4. informações. Acompanhe na figura a seguir um exemplo de fluxograma onde as entregas de alguns tipos de serviços estão representadas segundo as quatro perspectivas apresentadas pelos autores: GESTÃO DE SERVIÇOS – 39 – Figura 3 – Fluxogramas utilizados para entrega de serviços Processamento de pessoas – Hospedar-se em um hotel Estaciona o carro Check-in Passa a noite em um quarto Café da manhã Check-out Camareira arruma o quarto Café da manhã é preparado Processamento de posses – Consertar um aparelho de DVD Técnico examina aparelho e diagnos- tica o problema Vai até a loja Sai da loja Volta, apanha o aparelho e paga (Mais tarde) Usa o DVD em casa Técnico conserta o aparelho Processamento de estímulo mental Assiste à previsão do tempo Liga a TV e seleciona o canal Confirma piquenique Coleta de dados do tempo a partir do resultado Meteorologistas inserem dados nos modelos e criam previsão a partir do resultado Assiste à previsão do tempo Processamento de informações Escolhe plano e preenche formulários Conhece as opções Paga Cobertura do seguro tem início Documentos da apólice chegam Universidade e seguradora concordam com os termos da cobertura Informações de cliente inseridas no banco de dados Fonte: Lovelock, Wirtz e Hemzo, 2011, p. 248. SAIBA MAIS! Se você deseja aprender como criar fluxogramas e como aplicá-los aos negócios, sugerimos a leitura do artigo “O que é e como fazer um fluxograma, e como aplicá- lo nas empresas”. Vale aleitura! Disponível em: <http://www.administracaobrasil. com/2014/04/o-que-e-e-como-fazer-um-fluxograma-e.html>. Continue conosco para compreender o que são os serviços de alto e baixo contato. GESTÃO DE SERVIÇOS – 40 – 3 Serviços de alto contato e de baixo contato Você sabe o que é um serviço de alto contato e de baixo contato? Então, a partir de agora, vamos conhecer mais sobre essa temática. Se consultarmos o dicionário, veremos que o termo “contato” significa: “1. Estado dos corpos que tocam uns nos outros; 2. Relação de comunicação ou de proximidade; 3. [Figurado] Proximidade, influência; 4. Informação que permite estabelecer comunicação com alguém.” (PRIBERAM, 2017). Acompanhe na figura a seguir a relação entre os serviços de alto e baixo contato com o pro- cesso de consumo de serviços. Figura 4 – Serviços de alto/baixo contato versus processo de aquisição do serviço Serviços de alto contato Serviços de baixo contato Três fases Principais conceitos Podem-se visitar locais físicos, ob- servar (+ opções de baixo contato) Pode-se visitar pessoalmente e observar (talvez testas) equipamen- tos e operações em ação; fazer contato com funcionários e clientes (+ opções remotas) No local físico (ou reserva remota) No local físico somente Navegar pela Web, folhear as páginas amarelas, telefonar Principalmente contato remoto (sites, blogs, telefone, e-mail, publicações) Remoto Remoto 1. Fase pré-compra Conscientizar-se da necessidade Buscar informações • Esclarecer necessidades • Explorar soluções • Identificar serviços e fornecedores alternativos Avaliar alternativas (soluções e fornece- dores) • Examinar informações de fornecedores (folhetos, anúncios publicitários, sites) • Examinar informações de terceiros (por exemplo, avaliações publicadas, classificações, comentários na Internet, blogs, reclamações a órgãos públicos, pesquisas de satisfação, prêmios) • Discutir opções com equipe de atendimento • Obter recomendações e feedback de consultores e outros clientes Decidir comprar o serviço e frequente- mente fazer reserva. 2. Fase de encontro de serviço Solicitar serviço do fornecedor escolhido ou iniciar autosserviço (pagamento pode ser antecipado ou faturado posteriormente) Entrega por funcionários ou autosserviço 3. Fase de pós-encontro Avaliar o desempenho do serviço Futuras intenções Despertar da necessidade Conjunto evocado Atributos de busca, experiência e credibilidade Risco percebido Geração de expectativas • Nível de serviço desejado • Nível de serviço previsto • Nível de serviço adequado • Zona de tolerância Momentos de verdade Encontros de serviço Sistemas servuction Teorias de papéis e roteiro Metáfora teatral Confirmação/não confirmação de expectativas Insatisfação, satisfação e encantamento Recompra Boca a boca Fonte: Lovelock, Wirtz e Hemzo, 2011, p. 47. Quando o assunto é a prestação de serviços, veja como Lovelock, Wirtz e Hemzo (2011) define os seus tipos. • Serviços de alto contato (alto grau de interação entre fornecedores e consumidores): os consumidores visitam pessoalmente locais físicos a fim de observarem os serviços que estão sendo oferecidos. Podem, até mesmo, testar o serviço, os equipamentos e as operações em ação. Estabelecem contato com os funcionários do prestador de serviço GESTÃO DE SERVIÇOS – 41 – e clientes. Exemplos: corte de cabelo, consultoria em administração e enfermagem em casa (BATTAGLIA; BORCHARDT, 2010). • Serviços de baixo contato (pouco ou nenhum contato entre fornecedores e consu- midores): os consumidores navegam pela web em busca de informações sobre deter- minado serviços, além de telefonar para os prestadores a fim de fazer uma sondagem de forma remota. Exemplos: serviços pela Internet, home banking, TV a cabo e forneci- mento de energia elétrica (BATTAGLIA; BORCHARDT, 2010). SAIBA MAIS! Você que deseja entender um pouco mais sobre os serviços de alto e baixo contato, sugerimos a leitura do artigo “Análise do processo de recuperação de serviços a partir das reclamações dos clientes: estudo de caso em três organizações”. O artigo faz uma análise do processo de recuperação de serviços com base nas reclamações dos consumidores. Além disso, o material fala de como as melhorias dos processos são conduzidas nas empresas considerando esses dois tipos de contato. Vale a leitura! Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/prod/v20n3/aop_t600020069.pdf>. Você percebeu que até mesmo os tipos de serviço podem influenciar na condução das ativi- dades das organizações? Por isso é tão importante conhecer suas particularidades, Fechamento Chegamos ao fim desta aula sobrea análise e maximização de lucro. Nesta aula, você teve a oportunidade de: • compreender o que influencia o comportamento de compra do consumidor; • reconhecer o processo de compra de um serviço; • conhecer fluxogramas de entrega de serviços; • compreender a importância de criar fluxogramas para a venda de serviços; • diferenciar serviços de alto e baixo contato. GESTÃO DE SERVIÇOS – 42 – Referências BATTAGLIA, Daniel; BORCHARDT, Miriam. Análise do processo de recuperação de serviços a partir das reclamações dos clientes: estudo de caso em três organizações. Revista Produção, v. 20, n. 3, p. 455-470, 2010. CONTATO. In: Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. 2017. Disponível em: <https://www.pri- beram.pt/dlpo/contato>. Acesso em: 03 fev. 2017. FONTINELE, Carlos. O que é e como fazer um fluxograma, e como aplicá-lo nas empresas. Dispo- nível em: <http://www.administracaobrasil.com/2014/04/o-que-e-e-como-fazer-um-fluxograma-e. html>. Acesso em: 03 fev. 2017. KOTLER, Philip; ARMSTRONG, Gaey. Princípios de marketing. 15. ed. São Paulo: Pearson Educa- tion do Brasil, 2015. LOVELOCK, Christopher; WIRTZ, Jochen; HEMZO, Miguel Ângelo. Marketing de serviços: pessoas, tecnologias e estratégia. 7. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. GESTÃO DE SERVIÇOS – 43 – O modelo de três fases de consumo de serviços Luis Fernando Conduta Introdução Em nossa sociedade, com o advento das tecnologias e da globalização, a oferta de produtos e meios de consumo se tornou intensa. Hoje, é fundamental entender que o foco do mercado é atender as necessidades dos consumidores, satisfazendo suas expectativas. Desse modo, para que possamos compreender como o processo de compra se desenvolve, devemos entender que o cliente passa por fases de consumo de serviços a partir dos seguintes estados mentais, conforme colocado por Sant’Anna (2016): a existência de uma necessidade, a consciência desta necessidade, o conhecimento do objetivo que a pode satisfazer, o desejo de satisfazê-lo e a decisão por determinado produto. Nesse contexto, Kotler (2003) acrescenta mais quatro importantes fatores psicológicos que ocorrem durante as escolhas dos consumidores: motivação, percepção, aprendizagem e crenças e atitudes. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • Compreender como as expectativas dos clientes se formam, bem como saber lidar de forma correta com cada uma das fases do consumo do serviço. • Identificar as condições ideais para a entrega de um serviço, possibilitando a satisfação dos clientes. 1 Fase pré-compra Você sabe o que é uma fase pré-compra? A decisão de comprar um produto ou utilizar um serviço é despertada por alguma necessidade. Logo, essa é a fase onde iniciamos a busca para solucionar essas necessidades, que podem ocorrer por meio de fatores inconscientes. EXEMPLO A fase pré-compra pode ser identificada em desejos pessoais, na autoestima ou mesmo nas necessidades fisiológicas (como a fome) e nos meios externos (por meio de atividades demarketing da empresa). – 44 – TEMA 6 1.1 Utilizando meios externos ou internos para o encontro de soluções Diante do cenário apresentado anteriormente, podemos entender que o consumidor é moti- vado a encontrar uma solução que satisfaça a sua necessidade/desejo. Isso o leva a buscar infor- mações sobre a maneira que ele pode utilizar para dar fim à sua busca, utilizando-se de experi- ências passadas (meios internos: sua própria experiência) ou fontes externas (meios externos: recomendações de outros consumidores). Dessa forma, o consumidor começa sua avaliação sobre um conjunto de produtos ou marcas e as alternativas que podem levá-lo a uma tomada de decisão são avaliadas. SAIBA MAIS! Com o objetivo de solidificar o conceito da fase pré-compra, indica-se a leitura do trabalho “Análise dos atributos da avaliação pré-compra que influenciam os consumidores finais a escolher entre os supermercados Prezunic e Mundial”. Disponível em: <http://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/19090/19090.PDF>. Para cada alternativa que o consumidor avalia, existem os atributos de serviços, que são classificados em: • atributos de busca; • atributos de experiência; • atributos de credibilidade. EXEMPLO Atributos de busca ocorrem por meio da localização, do preço e do tipo de serviço específicos para aquilo que o consumidor está procurando. Como um determina- do serviço que é oferecido em um centro comercial altamente movimentado, por exemplo, e que tem um preço mais competitivo que seus concorrentes, que estão melhor localizados. É importante termos em mente que os atributos de experiência não podem ser avaliados antes da compra, pois só serão conhecidos após essa etapa, quando o consumidor poderá clas- sificá-la como positiva ou negativa, validar a indicação de fontes externas ou comprovar, por si próprio, se a qualidade e atmosfera daquele serviço o agradam. Para toda a compra ou serviço que o cliente buscar, ele deve atribuir fatores que representam os riscos, que podem ser: funcionais (resultado de desempenho insatisfatório); financeiros (perda de dinheiro, custos extras que não eram esperados); temporais (desperdício de tempo, atrasos); GESTÃO DE SERVIÇOS – 45 – físicos (ferimentos pessoais ou danos a objetos); psicológicos (temores a emoções e sentimentos negativos); sociais (como os outros podem pensar ou reagir) e sensoriais (efeitos indesejados a cada um dos cinco sentidos). Figura 1 – Consumidora avaliando produtos e/ou serviços Fonte: nd3000/Shuuterstock.com Os atributos de credibilidade, por sua vez, são aqueles classificados como impossíveis de serem reconhecidos pelo cliente, mesmo após sua compra e consumo (requisitos como qualidade e higiene, por exemplo). 2 Fase de encontro do serviço Podemos caracterizar essa fase como um período em que o cliente interage diretamente com o fornecedor do serviço que ele está procurando. Esse relacionamento pode ser de alto con- tato, como a compra de sapatos em um estabelecimento comercial, que ocorre de forma presen- cial, ou de baixo contato, como a compra de sapatos pela internet, que ocorre à distância. Ao levar em consideração o nível de contato entre os participantes da ação, podemos classi- ficá-la também como de longa duração, como o conserto de um carro em uma oficina mecânica, ou de curta duração, como uma consulta médica. 2.1 O encontro de serviços como um processo intangível Consideramos que encontrar e utilizar um serviço é um processo intangível, pois ele não pode ser avaliado antes de ser experimentado. Esta fase também é marcada pela inseparabilidade, que significa um envolvimento pleno entre os clientes e os prestadores de serviço no momento em que o encontro se realiza. GESTÃO DE SERVIÇOS – 46 – Nesse contexto, podemos afirmar que a qualidade do encontro depende, quase que exclu- sivamente, das habilidades técnicas dos atendentes, da motivação, das ferramentas emprega- das pelo representante da empresa e da qualidade de interação entre eles e seus clientes. Sendo assim, podemos considerar que esse processo pode apresentar uma certa variabilidade, uma vez que os fornecedores prestam seus serviços de diversas maneiras, uma vez que é o comporta- mento do cliente e suas expectativas que criarão o processo de entrega e realização do serviço. FIQUE ATENTO! O relacionamento estabelecido envolve um ou mais bens, que podem ser tangíveis ou intangíveis, um ou mais clientes, um ou mais prestadores de serviços e uma ou mais organizações. 2.2 O teatro como metáfora Motta (2000) apresenta o teatro como uma metáfora com a finalidade de caracterizar a fase de encontro do serviço. Segundo ele, é possível entendermos o atendimento ao cliente como uma peça teatral: os atores são representados pela empresa prestadora de serviço/seus funcionários e pelos clientes que, em conjunto, desenvolvem no palco (ou local de atendimento) sua peça teatral (ou serviço). Motta (2000) evidencia, ainda, que os empregados podem utilizar uniformes, gestos e falas pré-programadas. É importante destacar que na fase de encontro de serviço existe o sistema Servuction, que está relacionado à produção e entrega de serviço, onde o cenário é visível e os bastidores invisíveis. Figura 2 – Habilidades do prestador de serviço Fonte: Monkey Business Images/Shutterstock.com GESTÃO DE SERVIÇOS – 47 – FIQUE ATENTO! As operações de serviço possuem um núcleo técnico, no qual os insumos são pro- cessados e elementos do serviço, criados. A entrega de serviço é onde ocorre a montagem final dos elementos de serviço e este é, finalmente, entregue. 3 Fase de pós-encontro A fase de finalização do serviço, mais conhecida como fase de pós-encontro, é caracteri- zada pela continuidade da avaliação, que foi iniciada no momento de encontro dos serviços, e que reflete a satisfação/insatisfação do consumidor com a experiência. O resultado deste processo irá afetar suas intenções futuras, tais como permanecer fiel àquele prestador de serviços ou recomen- da-lo positiva ou negativamente. 3.1 De que maneira os clientes avaliam o serviço? O serviço é avaliado pelos clientes diante de fatores que contemplem suas expectativas: se foram atendidas de maneira satisfatória ou até mesmo ultrapassadas, eles consideram a qua- lidade do serviço alta e, então, se tornarão clientes fiéis e leais mais facilmente. Caso ocorra o inverso, podem diminuir ou mesmo interromper a compra. Figura 3 – Satisfação do cliente Fonte: elomda/Shutterstock.com FIQUE ATENTO! Há ligações estratégicas entre a satisfação do cliente e o desempenho geral da organização, pois, ao criar mais valor para os clientes (maior satisfação), a empresa desenvolve mais valor para os seus proprietários, ou seja, cria valor aos mesmos. GESTÃO DE SERVIÇOS – 48 – 3.2 Indo além da satisfação Podemos entender que a satisfação do cliente não é um fim em si mesmo, mas sim um meio para atingir um grande número de negócios e uma vantagem competitiva. Dessa forma, a satisfação está relacionada à confiabilidade, credibilidade e lealdade dos clientes, uma vez que consumidores altamente satisfeitos são fontes de informações positivas. E caso haja falhas futuras com os serviços, estas serão mais facilmente compreendidas, além de proteger o serviço da concorrência. Por isso, podemos dizer que as empresas devem buscar mais do que a satisfação do consumidor: elas devem buscar o encantamento. SAIBA MAIS! O encantamento é uma função de três componentes, que podem ser caracterizados por níveis inesperadamente altos de desempenho, por estímulos como surpresa e entusiasmo e sentimentos positivos, como a alegria, felicidade, prazer, etc. 3.3 Condições ideais para entrega de um serviço Neste ponto, é fundamental termos em mente que não é possível atingir a excelênciainterna (onde pessoas e processos se integram em perfeita harmonia) e externa (onde os clientes sempre estão satisfeitos). Porém, não há problema em colocar isso como meta e todos na empresa tra- balharem sobre esse escopo. Se essa cultura estiver internalizada na organização, as chances de atingir o mais alto nível de qualidade e satisfação dos clientes tornam-se possíveis (HOFFMAN e BATESON, 2008). Cabe aqui ressaltar que é importante criar uma organização de serviço único, onde ocor- rem serviços sem interrupção, confusão ou inconveniência para o cliente. Pois o custo para uma empresa reter um cliente é cinco vezes menor do que o custo para conquistar um novo. Fechamento Nesta aula, você teve a oportunidade de: • compreender que a pré-compra é onde surge uma necessidade/desejo por parte do cliente; • aprender que o encontro de serviço é onde o cliente consolida sua experiência de com- pra e dá início ao processo de avaliação do serviço prestado; • identificar que o pós-encontro é onde o cliente continua sua avaliação após a experi- ência e identifica se sua expectativa sobre o serviço prestado foi positivo ou negativo. GESTÃO DE SERVIÇOS – 49 – Referências HOFFMAN, Douglas K.; BATESON John E. G. Princípios de Marketing de Serviços: Conceitos, Estratégias e Casos - Tradução da 2ª edição norte americana; tradução de Brasil Ramos Fernan- des; revisão técnica Tania Maria Vidigal Limeira – São Paulo: Cengage Learning, 2008. KOTLER, Philip. Marketing de A a Z. Rio de Janeiro: Campus, 2003. LEITE, Marcelo Rodrigues. Análise dos atributos da avaliação pré-compra que influenciam os con- sumidores finais a escolher entre os supermercados Prezunic e Mundial. Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: <http://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/19090/19090.PDF>. Acesso em: 03 nov. 2016. MOTA, Ana Elizabete da. Reestruturação do capital, fragmentação do trabalho e Serviço Social. In: MOTA, Ana Elizabete (org.). A nova fábrica de consensos. São Paulo: Cortez, 2ª ed., 2000. p. 23-44. SANT’ANNA, Armando. Propaganda: teoria, técnica e prática. 9ed. São Palo. Pioneira, 2016. GESTÃO DE SERVIÇOS – 50 – Fundamentos da qualidade de serviço Luis Fernando Conduta Introdução Para saber o que é qualidade, primeiramente você precisa saber que ela é apresentada sob diferentes olhares pelos autores que se propõem a estudá-la. A qualidade depende do conceito que cada indivíduo atribui a ela, sendo que vários fatores influenciam nessa visão, como a cultura do grupo, por exemplo. O termo qualidade é utilizado para especificar diversas situações. Existe qualidade de vida, qualidade de ensino e qualidade do serviço, que será o foco nesta aula. Podemos dizer que as definições de qualidade de serviço sempre vão depender de pessoas e de fatores, que, se forem alterados, podem provocar uma percepção diferente do serviço. Ao final desta aula você será capaz de: • compreender o conceito de qualidade; • entender os aspectos que influenciam a satisfação do cliente. 1 Compreendendo o conceito de qualidade 1.1 Contextualização do termo: qualidade Em primeiro lugar, é importante conhecermos a contextualização que abarca o termo qua- lidade. Saiba que qualidade advém de fazer de modo correto e com sustentação determinada tarefa. A ideia de qualidade vem sendo disseminada ao longo dos anos. No sentido do Marketing, os autores Costa et. al (2015, p. 1334) nos ajudam a entender que: [...]qualidade indica a capacidade que as características de um produto, processo ou siste- ma tem em atender às [sic] necessidades dos clientes. A partir dessa definição, pode-se resumir gestão da qualidade, portanto, como a forma de gestão de uma organização, definida pela alta direção, tendo como base as necessidades dos seus clientes, baseada na identificação de requisitos de qualidade do produto ou serviço, no estabelecimento de um planejamento para que esse padrão seja atingido e na constante busca pela melhoria, em todos os seus aspectos, visando à satisfação dos clientes e a eficácia da organização. – 51 – TEMA 7 SAIBA MAIS! Com o propósito de ampliar seus conhecimentos a respeito da qualidade, sugerimos a leitura do artigo “A qualidade em serviços no contexto da competitividade”, do professor André Luís Policani Freitas. O texto está disponível em: <https:// producaoonline.org.br/rpo/article/download/321/418>. Como mencionamos, a definição de qualidade varia de acordo com o emprego do termo, ou seja, de como o utilizamos. Machado, Queiroz e Martins (2006) nos ajudam a entender que qualidade é uma das principais formas de uma empresa ser diferente no amplo mercado. A quali- dade de serviços, então, surge como uma contribuição que impulsiona o Marketing a entender seu consumidor. Essa evolução traz um novo paradigma à área, uma vez que sendo individual esse julgamento, torna-se mais difícil de ser mensurado. Podemos dizer, portanto, que para um serviço obter sempre a mesma qualidade é necessário que ele siga sempre o mesmo padrão, desempenho e conformidade. 1.2 Elementos básicos da percepção da qualidade de serviços Vamos nos aprofundar um pouco em como o cliente entende e percebe a qualidade de servi- ços, procurando verificar o comportamento do consumidor. Para isso, estudaremos as cinco dimen- sões que fazem parte da percepção da qualidade, conforme Spiller (2011, p. 21). Acompanhem. • Credibilidade: é a capacidade de realizar e prestar o serviço prometido, de modo que seja confiável e preciso, adotando a filosofia de erro zero, acertar logo da primeira vez. Esse é o critério mais importante que os clientes julgam, a qualidade de serviço. • Tangibilidade: é a aparência física das instalações, dos funcionários e colaboradores, dos equipamentos e do material de comunicação. • Prestatividade/proatividade: é a disponibilidade apresentada a ajudar o cliente e a per- cepção em antecipar aos problemas, trabalhando em função de evitar que ocorram. • Segurança: é o oferecimento de cortesia, competência, que auxiliam na capacidade de inspirar confiança e credibilidade. • Empatia: dispensar atenção ao cliente; colocar-se no lugar dele e procurar assumir seu ponto de vista. GESTÃO DE SERVIÇOS – 52 – FIQUE ATENTO! Saiba que autores podem incluir mais ou menos itens entre os critérios de avalia- ção da qualidade dos serviços. Para Gianesi e Corrêa (1994), por exemplo, essa avaliação envolve os seguintes aspectos: consistência, velocidade de atendimento, atendimento em si, atmosfera, acesso, custo, tangibilidade, credibilidade/seguran- ça, competência e flexibilidade. Figura 1 – Selo de qualidade garantida Fonte: Lovin/shutterstock.com Como você pode ver, empresas que valorizam a qualidade dos serviços valorizam a si pró- prias, pois enxergam a possibilidade de agregar valor real a sua organização. 2 Momentos da verdade 2.1 No que a qualidade de serviços se baseia Podemos perceber até aqui que o nível de satisfação do cliente é constituído de detalhes que ele obtém no momento da experiência com o serviço prestado. A esses acontecimentos damos o nome de momentos da verdade (ALMEIDA, 1995). Segundo o autor, é o momento em que o cliente entra em contato com algum setor ou pessoa da empresa, e esse contato torna-se parte integrante do seu processo de formação de opinião sobre a qualidade do serviço. GESTÃO DE SERVIÇOS – 53 – EXEMPLO No caso de um produto como um notebook, o processo de fabricação pode ser controlado, por meio da checagem da produção de cada um dos componentes, e o produto completo inspecionado após sair da fábrica e testado no momento da ven- da. No caso de um serviço há uma variabilidade muito grande. Podemos citar como exemplo de serviço o corte de cabelo em um salão de beleza. Vários fatores podem influenciar,tais como: clima, iluminação e foco por parte do prestador de serviço. Figura 2 – Momento da verdade em salões de cabeleireiro Fonte: Tyler Olson. Shutterstock.com Em geral, o cliente vai com a elevada expectativa de que será bem tratado e de que rece- berá um bom serviço. Durante a entrega dos serviços, o cliente se baseia em ter ou não suas expectativas iniciais atendidas e, então, julga a qualidade do serviço de acordo com seus critérios para avaliação. FIQUE ATENTO! Lembre-se de que desde o primeiro momento, de chegada do cliente à empresa com a finalidade de obter algum produto ou serviço, ele já começa seu julgamento pessoal, comparando aquilo que é oferecido ao que ele gostaria de receber. 2.2 Por quais motivos os “momentos da verdade” são importantes? É necessário entender que o ciclo de serviços é formado a partir dos momentos da verdade, uma vez que podem se iniciar a partir do momento do próprio anúncio do produto/serviço. Logo, GESTÃO DE SERVIÇOS – 54 – a percepção de qualidade de serviços é fruto de vários contatos com a empresa (momentos da verdade), e não apenas do recebimento, do ato da prestação do serviço em si (ALMEIDA, 1995). Nos momentos da verdade o cliente avalia o serviço por si como negativo ou positivo. Esse momento da verdade é avaliado tendo como base todo o contexto em que o sujeito está inserido, não considerando apenas o serviço tomado. Algumas empresas não consideram ou não sabem trabalhar os momentos da verdade em seu negócio. SAIBA MAIS! A aplicação do conceito de momentos da verdade de um serviço que exige contato deve ser clara a todos os colaboradores da empresa, uma vez que cada funcionário em contato com o cliente representa e pode administrar o seu próprio momento da verdade, na medida em que controla o seu comportamento perante o consumidor. Temos que nos lembrar que é impossível atingir o nível de total excelência em todas as intera- ções. Porém, a partir do momento em que o fornecedor consegue mapear todos os momentos da verdade pelos quais o cliente pode passar, isso ajuda na elaboração de estratégias e medidas que evitem uma avaliação negativa. Logo, chega-se a um grau de percepção inesquecível. Consegue- -se cativar o cliente, o que contribui de forma decisória para sua lealdade e fidelização. 3 Ciclo dos serviços 3.1 O que são os ciclos de serviços Você pôde compreender até aqui o que significa qualidade de serviços e no que ela se baseia (em momentos da verdade). Agora veremos que o ciclo de serviços é um mapeamento dos momentos da verdade vivenciados pelos clientes para receber o serviço (ALMEIDA, 1995). A análise desse mapa é uma forma de garantir a satisfação do cliente, uma vez que ajuda na identi- ficação e diminuição de possível falhas que ocorrem ou possam vir a ocorrer. Em geral, os momentos da verdade não acontecem de forma aleatória, mas sim em uma sequência lógica e possível de ser mensurada. FIQUE ATENTO! Cada momento tem uma natureza diferente, e então, será avaliado com critérios di- ferentes pelo cliente, tais como credibilidade, segurança, dentre outros, porém o que valerá será toda a experiência durante a prestação do serviço (COSTA et. al, 2015). GESTÃO DE SERVIÇOS – 55 – 3.2 Como o ciclo de serviços funciona Podemos pensar o ciclo de serviços como uma corrente, em que cada momento da verdade é representado por um elo. Pensando assim, podemos dizer que o acontecimento de um momento da verdade ruim pode vir a comprometer todo o ciclo. Figura 3 – Ciclo de serviços em supermercado Fonte: Pixfly/Shutterstock.com EXEMPLO Para que fique mais clara a explicação sobre ciclo de serviço, vamos a um exemplo prático. Um cliente vai ao supermercado para adquirir algumas mercadorias. Pri- meiramente ele deixa o veículo no estacionamento do supermercado e, após, cami- nha pela entrada e cruza com o segurança do estabelecimento, que o cumprimenta. Na sequência o cliente segue as placas de orientação dispostas para localização dos produtos. Chegando à gôndola o cliente se depara com uma variedade de mar- cas e, assim, opta por algumas. Na sequência ele se dirige ao caixa para passar suas aquisições e é bem recebido pelo funcionário, que soma e cobra os valores das compras e depois embrulha a mercadoria. O cliente sai satisfeito com o atendi- mento e com a variedade de produtos disponível no estabelecimento. Podemos visualizar com maior facilidade o processo de ciclo de serviço por meio da figura apresentada a seguir. GESTÃO DE SERVIÇOS – 56 – Figura 4 – Exemplo de ciclo de serviço em uma clínica médica 1 Entrar no estacionamento 2 Achar vaga 3 Entrar na clínica 4 Ser atendido 6 Entregar documentos 7 Assinar formulários 8 Preencher histórico 9 Exames preliminares 10 Peso e altura 11 Esperar a vez 12 Consulta médica 13 Exames clínicos 14 Análise de exames 15 Orientação 16 Prescrição 17 Sair 5 Obter informações Fonte: Gianesi e Correia (1996) apud Spiller et al. (2011, p. 20). A partir dessas concepções o ciclo de serviços deve ser montado em ordem cronológica, respeitando os acontecimentos, mantendo uma ordem, mostrando que cada momento da verdade está inteiramente ligado ao seguinte e ao anterior. Fechamento Em nossos estudos conhecemos o conceito de qualidade e o quanto ela é subjetiva. Para conseguir mensurá-la, temos à disposição técnicas que nos ajudam a evitar falhas e é preciso, ainda, conhecer o serviço sob a ótica do cliente. Nesta aula, você teve a oportunidade de: • conhecer o que são os momentos da verdade, onde entendemos que cada interação do cliente com os processos da empresa representa uma experiência para ele; • entender que os ciclos de serviço são uma técnica utilizada para mapear momentos da verdade; • saber que os momentos da verdade ajudam no conhecimento dos processos do ser- viço e em meios de identifi car e minorar falhas. GESTÃO DE SERVIÇOS – 57 – Referências ALMEIDA, Sergio. Cliente – Eu não vivo sem você. São Paulo: Saraiva, 1995. FREITAS, André Luis Policani. A qualidade em serviços no contexto da competitividade. Revista Produção on line. Universidade Federal de Santa Catarina, v. 5, n. 1, março 2005. GIANESI, Irineu G. N.; CORRÊA, Henrique L. Administração estratégica de serviços: operações para a satisfação do cliente. São Paulo: Atlas, 1994. COSTA, Magno Ramon dos Santos; CORREIA, Ana Maria Magalhães; SILVA, Rosa Adeyse; SILVA, Armistrong Martins da. Avaliação da qualidade dos serviços: Estudo sobre as expectativas e percepções dos clientes de uma empresa de motopeças. Revista Eletrônica Gestão e Serviços, v. 6, n. 2, p. 1333-1358, julho/dezembro 2015. Disponível em: https://www.metodista.br/revistas/ revistas-ims/index.php/REGS/article/view/5645/5099. Acesso em: 12 dez, 2016. MACHADO, Melise Dantas; QUEIROZ, Timóteo Ramos; MARTINS, Manoel Fernando. Mensuração da qualidade de serviço em empresas de fast food. Gest. Prod., São Carlos, v. 13, n. 2, p. 261- 270, maio, 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104- 530X2006000200008&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 2 nov. 2016. SPILLER, Eduardo Santiago; PIÁ, Daniel; LUZ, João Ferreira da; SÁ, Patrícia Riccelli Galante. Gestão de Serviços e marketing interno. Rio de Janeiro: FGV, 2011. GESTÃO DE SERVIÇOS – 58 – Gestão da qualidade em serviços Luis Fernando Conduta Introdução Para que possamos compreender a qualidade de serviços de maneira geral, temos que enten- der a expectativa do serviço de acordo com o olhar do cliente. Podemos afirmar que os consumi- dores escolhem os fornecedores de serviços de acordo com comparações que realizam entre as percepções que têm do serviço recebido como serviço que foi esperado (SPILLER, 2011). Pode- mos chamar esse fato de qualidade de serviço percebida. Desse modo, dizemos que quando o serviço atinge a expectativa esperada ou a excede, o resultado necessariamente será uma boa qualidade nos serviços prestados. Objetivos da aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • compreender conceitos de qualidade que influenciam as expectativas de serviços. 1 Percepção das expectativas de serviços 1.1 Compreendendo as expectativas Para conseguirmos compreender o que é a percepção das expectativas, precisamos primeiro entender um pouco mais a respeito do que são expectativas, uma vez que são elas que levam o cliente a considerar o serviço positivo ou negativo. SAIBA MAIS! Para que você complemente seus estudos, sugerimos a leitura do artigo “Gestão da qualidade em serviço: a busca por um diferencial pelas empresas de pequeno porte do setor supermercadista da região noroeste paulista”, disponível em: <revista.feb. unesp.br/index.php/gepros/article/download/174/122>. Perceba que oferecer o serviço esperado depende de várias etapas que, em suma, não tenham falhas implícitas. Para se obter um estudo acerca das dificuldades obtidas a partir da prestação de serviço, é necessário se analisar de forma crítica todos os pontos em que possam haver falhas, focando-se na adoção de medidas preventivas. A seguir, você conhecerá como é formada a expectativa do cliente e do que depende essa expectativa. – 59 – TEMA 8 2 Fatores que influenciam as expectativas de serviço Agora você já sabe que as expectativas são criadas a partir dos desejos e necessidades das pessoas, deve entender também que isso se intensificará no momento em que o grau de necessi- dade for grande ou de pressão social, que leva a satisfazer fantasias e vaidades. Segundo Spiller et al. (2011), a formação das expectativas dos clientes se dá por meio de vários fatores. Para melhor entender, observe a figura a seguir. Figura 1 – Fatores que influenciam a formação de expectativas do cliente Comunicação boca a boca Necessidades pessoais Experiência anterior Expectativa do cliente Comunicações externas Fonte: GIANESI; CORRÊA, 1996, p. 95. A partir da visualização da Figura 1 podemos obter o conhecimento por meio de quatro fato- res: a comunicação boca a boca, a experiência anterior, comunicações externas e necessidades pessoais (GIANESI; CORRÊA, 1996). FIQUE ATENTO! Lembre-se de que a comunicação boca a boca é uma propaganda que possui uma gran- de importância, visto que quem a faz geralmente é uma pessoa que passou pela ex- periência dos serviços que indica (GIANESI; CORRÊA, 1996). Podemos ainda citar que quanto maior for a credibilidade e o poder de influência daqueles que criticam ou indicam serviços, maior o efeito que causam, podendo ser essa informação de qualquer origem. Os autores reforçam que a comunicação boca a boca, a experiência anterior, as comunica- ções externas e as necessidades pessoais formam um conjunto que resulta na expectativa dos consumidores. 3 A expectativa e a qualidade em serviços 3.1 Níveis de expectativa dos clientes acerca dos serviços Como você já sabe, existem fatos que influenciam o cliente a optar por tal empresa, com base em expectativas advindas de vários fatores. Porém, é necessário nos atentar ao fato de que GESTÃO DE SERVIÇOS – 60 – existem dois níveis de expetativas em relação ao serviço esperado: serviço desejado e serviço adequado (ZEITHAML; BITNER, 2003). • O serviço desejado pode ser defi nido como: nível de serviços que o cliente desejaria receber. • O serviço adequado pode ser defi nido como: nível de serviços que o cliente aceitará, sendo classifi cado como baixo nível de expectativa. Há ainda entre os dois serviços mencionados a chamada Zona de Tolerância. Ela tem a for- mação baseada no reconhecimento da variação entre o serviço desejado e o serviço adequado (ZEITHAML E BITNER, 2003). EXEMPLO Para que você possa entender melhor, vamos a um exemplo. Ao ir até uma lanchonete de fast food não esperamos encontrar um garçom ou serviço personalizado e individual, nem uma comida feita apenas por aquele local (serviço adequado), mas, procuramos encontrar um local organizado, limpo, atendimento rápido e funcionários bem treinados, educados e simpáticos e comidas padronizadas (serviço desejado). São tipos de servi- ços que nos deixam satisfeitos. Apenas isso. Apenas o mínimo aceitável. Pensando agora em um segundo exemplo, podemos citar um restaurante. Há clientes que saem encantados pelo atendimento, limpeza local, comidas diferenciadas e personalizadas, e preço dos produtos. A esse tipo de serviço chamamos de serviço desejado. É o tipo de serviço em que o cliente sai plenamente satisfeito, pagando um preço que classifi ca como justo pela quali- dade do atendimento. Este serviço, então, excede as expectativas e causa o encantamento. Sabe- mos, como já visto, que esse serviço leva à grande possibilidade de retorno do cliente e o estimula a compartilhar boas indicações a outras pessoas. Figura 2 – Como o serviço é percebido Serviço Esperado Serviço Desejado Zona de Tolerância Serviço Adequado FONTE: Elaborado pelo autor, adaptado de ZEITHAML; BITNER, 2003, p. 69. GESTÃO DE SERVIÇOS – 61 – FIQUE ATENTO! O profissional de Marketing precisa lembrar-se de que cada pessoa é única. Por esse motivo, a Zona de Tolerância de cada indivíduo pode variar, expandindo ou contrain- do. Também podemos nos lembrar de que a Zona de Tolerância varia em um mes- mo consumidor, dependendo do tipo de serviço que ele procura. Quanto maior a di- mensão ou mais importante for o serviço, menor costuma ser a Zona de Tolerância. 3.2 Expectativas em serviços adequados e em serviços desejados Entenda que os níveis de expectativas em serviços adequados diferem dos serviços deseja- dos. Em geral, as expectativas quanto a serviços adequados são flutuantes, tendo em sua natu- reza fatores menos estáveis do que o serviço desejado. Figura 3 – Qualidade no serviço prestado Fonte: Phoenixns/shutterstock.com Se o serviço ao qual estamos nos referindo for realizado de forma adequada, os níveis de serviço adequado serão elevados. Assim, o papel do serviço será percebido pelo cliente. Agora vamos estudar as fontes de expectativas de serviços desejados. Estas são mais está- ticas e duradouras, uma vez que são baseadas e conduzidas por fatores como necessidades pes- soais e intensificadores permanentes de serviços – influência de outros consumidores e influência da forma como o cliente acredita que o serviço será prestado. SAIBA MAIS! É importante assinalar que empresas posicionadas abaixo do nível de serviço ade- quado estão em desvantagem competitiva. Essa desvantagem aumenta na medida em que a lacuna também aumenta. O que uma organização deve ter em vista é uma verdadeira carteira de clientes com uma fidelidade imutável. Para isso as em- presas precisam superar não apenas o nível de serviço adequado, mas também o nível de serviço desejado. GESTÃO DE SERVIÇOS – 62 – Precisamos nos lembrar que a percepção dos clientes acerca da qualidade da prestação dos serviços apenas se dará a partir da experiência efetiva com os serviços. Um serviço mal prestado gera expectativas muito diminuídas, e reduz drasticamente a Zona de Tolerância com aquele ser- viço (ZEITHAML; BITNER, 2003). 4 A empresa influenciando os níveis de expectativas do cliente Neste tópico identificaremos os fatores que estão sob responsabilidade da empresa e que afetam diretamente as expectativas dos clientes. Estes podem ser: • Cuidados no pré-serviço e pós-serviço ou serviços de espera; • Preços e promoções; • Serviços pessoais; • Aspectos tangíveis do serviço e; • Imagem da empresa. (SPILLER et al., 2011.p. 49) Veja que o nível de expectativa pode ser caracterizado como um indicador dos serviços pres- tados ou que serão prestados por determinado indivíduo em um dado momento, considerando, por exemplo, que os preços e promoções podem influenciar diretamente nesse nível de expectativa. FIQUE ATENTO! Os fatores que afetam diretamente a expectativa do cliente perante determinado serviço tomado podem refletir diretamente no resultado financeiro da organização, visto que uma percepção negativa sobre a empresa faz com que ela perca clientela. Sobre os serviços de espera ou pré-serviços, podemos dizer que estes trazem expectativas duplas nos clientes, uma vez que a espera pode fazer com que o cliente tenha a percepção de que o nível de serviço previsto por ele foi diminuído. No entanto, o nível adequado pode aumentar, pelo motivo de este serviço ser bastante procurado, e o cliente precisa esperar. EXEMPLO Um indivíduo levou pela primeira vez seu veículo a uma oficina para que técnicos ha- bilitados pudessem sanar problemas elétricos apresentados em seu utilitário e dese- java que o atendimento fosse o mais breve possível. Contudo, ao chegar no endereço da oficina ela se encontrava com excesso de serviços. Desse modo, a expectativa desse indivíduo em relação ao serviço que seria feito naquela empresa diminuiu de- vido principalmente ao fator ‘aguardar’ ser muito prolongado. Porém, a expectativa sobre o serviço adequado foi aumentada, visto que a procura e a consequente espe- ra são sinais de que o mecânico e/ou a oficina prestavam serviço de boa qualidade. GESTÃO DE SERVIÇOS – 63 – Os pós-serviços também podem afetar as expectativas dos clientes. Receber os feedbacks dos clientes é garantir a detecção de falhas, além de uma oportunidade de corrigi-las, possibili- tando a transformação da insatisfação em desejo de ter outras experiências naquele local. Porém, precisamos nos lembrar que se o cliente resolver se relacionar uma segunda vez com a empresa, a zona de tolerância com os serviços tende a estar diminuída. Figura 4 – Mudando a expectativa dos clientes Fonte: Bacho/shutterstock.com Preços e promoções têm o poder de afetar qualquer nível de expectativa, uma vez que quando há um aumento de preço a expectativa aumenta também. Promessas feitas por funcionários responsáveis por serviços pessoais também podem modi- ficar uma expectativa, tanto para mais como para menos (SPILLER et al. 2011). Por fim, temos a imagem da empresa. Podemos dizer que quanto maior e melhor for a ima- gem de uma organização, maiores serão as expectativas em relação aos serviços prestados. A escolha do cliente entre consertar o carro no mecânico perto de casa ou em oficina credenciada pela marca leva a diferentes níveis de expectativa, maiores no segundo caso. Fechamento Você estudou os aspectos gerais sobre as expectativas dos clientes e compreendeu que elas têm vários significados, seguem diversas óticas, desde a expectativa de serviços, passando pelos influenciadores do nível de expectativa. Nesta aula, você teve a oportunidade de: • compreender mais a respeito da percepção da expectativa dos serviços; • identificar os níveis de expectativa a respeito dos serviços e; • conhecer os fatores que afetam as expectativas dos clientes, que são de responsabili- dade da empresa. GESTÃO DE SERVIÇOS – 64 – Referências GIANESI, I. G. N.; CORRÊA, H. L. Administração Estratégica de serviços: Operações para a satisfa- ção do cliente. São Paulo: Atlas, 1996 SPILLER, Eduardo Santiago; PLÁ, Daniel Reigosa Homedes; LUZ, João Ferreira da; SÁ, Patrícia Ric- celli Galante de. Gestão de Serviços e marketing interno. Rio de Janeiro: FGV, 2011. ZEITHAML, Valarie A; BITNER, Mary J. Marketing de serviços: a empresa com foco no cliente. 2. ed. São Paulo: Bookman, 2003. TOFOLI, Eduardo Teraoka. Gestão da qualidade em serviço: a busca por um diferencial pelas empre- sas de pequeno porte do setor supermercadista da região noroeste paulista. Revista Gepros – Ges- tão da Produção, Operações e Sistemas, Unesp, ano 2, v. 4, jul-set 2007, p. 139-150. Disponível em: <revista.feb.unesp.br/index.php/gepros/article/download/174/122>. Acesso em: 17 nov. 2016. GESTÃO DE SERVIÇOS – 65 – Gestão da produtividade em Serviços Luis Fernando Conduta Introdução A preocupação com a qualidade e a produtividade em serviços está presente em muitas empresas. Ambas são parte do capital de valor estratégico do planejamento, e o foco é ser uma empresa bem-sucedida, do ponto de vista da eficiência e da eficácia. Para que possamos compreender o que é a produtividade em serviços, precisamos saber que ela está se tornando um dos quesitos essenciais de estratégia, devido à competitividade cada vez maior no mercado. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • compreender o conceito de produtividade e; • identificar fatores que influenciam a capacidade e a demanda. 1 Conceitos básicos da produtividade em serviços 1.1 O que é a produtividade Você deve compreender primeiramente que a produtividade está relacionada à capacidade de prestar serviços em um determinado tempo e com menor gastos de recursos. De acordo com Spiller (2011), isso resulta em um dimensionamento adequado das estruturas das ações e dos ser- viços, com o objetivo de ajustarem-se de acordo com a oferta e demanda (procura), de modo que mantenham as características que determinam a qualidade de serviços percebida pelos clientes. 1.2 Produtividade x qualidade de serviços Podemos resumir a produtividade da seguinte forma: é a diminuição do tempo gasto para realizar um serviço ou o aumento da qualidade dos produtos sem acréscimo de custos de mão de obra ou de outros recursos (SPILLER, 2011). Podemos dizer ainda que não apenas é importante aumentar a produção de serviços, como também manter a qualidade. Ou seja, o máximo da pro- dução que a qualidade permitir. – 66 – TEMA 9 EXEMPLO Para entendermos melhor o conceito de produtividade em serviços podemos pen- sar no seguinte: uma empresa de salgados assava 50 salgados em uma fornada. Após remanejar os salgados na assadeira, passou a assar 75 salgados, o que dimi- nuiu custos e aumentou a produtividade sem perda de qualidade. Isto significa que houve um ganho de produtividade de 50%. Figura 1 – Produtividade com formação específica Fonte: welcomnia/Shutterstock.com E como podemos melhorar, então, a produtividade? Segundo Spiller (2011), por meio de estra- tégias, da criatividade e da formação específica e contínua. Precisamos considerar que, como já vimos, a produtividade está ligada à capacidade de prestação de serviços. Determinar esta capa- cidade é uma difícil tarefa às empresas, especialmente àquelas que possuem serviços intensos de mão de obra. Há fatores que muitas vezes não conseguimos prever, conter ou corrigir, como variação da produtividade individual, ausência ao trabalho e rotatividade de empregados. 1.3 As implicações do desperdício sobre a produtividade Há outros inimigos da produtividade, e um deles é o desperdício. Este problema aumenta cus- tos e diminui competitividade. Por isso as empresas desenvolvem medidas e políticas que visam evitar desperdícios de recursos, sejam eles humanos ou não. Conheça as principais políticas des- tinadas a este fim, segundo Spiller (2011, p. 26). • Ajuste da capacidade do sistema à demanda, mediante ampliação ou redução dos meios e recursos disponíveis, conforme as alterações de demanda, e; • Absorção das variações de demanda mediante o uso de estoques. GESTÃO DE SERVIÇOS – 67 – FIQUE ATENTO! Em empresas de serviços, qualidade e produtividade devem ser consideradas de maneira conjunta, já que o aumento da produtividade pode acarretar impactos ne- gativos sobre a qualidade, gerando insatisfação no cliente.Após conhecermos as políticas de desperdício devemos pensar que por esse motivo a ava- liação do desempenho de serviços deve contrabalancear receitas e custos. Assim, poderemos nos adequar às exigências dos clientes quanto a preço e a qualidade. 2 Fatores que influenciam a produtividade Vamos lembrar que a produtividade é, então, a relação entre o que se produz, os recursos disponíveis e a qualidade do produto, sem aumento de custos (SPILLER, 2011). Agora, vamos pen- sar sobre os fatores que influenciam a produtividade, considerando que estão ligados ao tipo de serviço oferecido. Segundo o autor, são eles: • Mão de obra: a capacitação técnica da equipe e a supervisão do trabalho são importan- tes, porém devemos considerar também como fundamental a motivação dos colabora- dores. Lembre-se de que motivados, trabalharão mais. • Horário de trabalho: uma boa utilização do horário disponível é fundamental. Paradas desnecessárias devem ser evitadas para não quebrar o ritmo de produção. • Metodologia de trabalho: planejar o ritmo da produção evita usar toda sua capaci- dade produtiva em um determinado momento, uma vez que a demanda gera estoque, aumentando custos. • Práticas gerenciais de controle: o uso da tecnologia nas empresas é uma maneira de obtermos informações precisas e rápidas, que, ainda, ajudam a reduzir tempo das tran- sações e a enfrentar a competitividade do mercado. • Utilização de insumos: a empresa precisa ter um controle sobre os cortes que podem ser feitos para evitar desperdício de dinheiro e tempo. Fatores como água, luz, sistemas difíceis e má utilização de matéria-prima podem aumentar gastos desnecessários. • Estrutura organizacional da empresa: a estrutura deve estar bem organizada de forma que os processos de tomadas de decisões não tenham que passar por vários níveis hie- rárquicos, impedindo agilidade da empresa. Deve haver uma hierarquia bem definida, uma vez que menos burocracia facilita o acesso à informação. GESTÃO DE SERVIÇOS – 68 – Figura 2 – O tempo é valorizado na produtividade Fonte: Nikita Savostikov/Shutterstock.com FIQUE ATENTO! Cada setor dentro da organização possui fatores específicos que influenciam na produtividade. Logo, devem ser estudados de acordo com a área de atuação. Outro aspecto importante é que gestores da organização devem ter consciência dos fatores que influenciam a produtividade e que podem afetar a lucratividade. 3 Gestão da Produtividade: capacidade X demanda 3.1 O que é a gestão da produtividade Agora que sabemos o que é a produtividade e os fatores que a influenciam, vamos contextu- alizar o que é a Gestão da Produtividade (GP). De acordo com Spiller (2011), é analisar, planejar e implementar ações na organização, a partir da avaliação da relação entre insumos utilizados e os resultados obtidos. É importante frisar que a produtividade é um instrumento de gestão e eficaz no processo de avaliação. De maneira geral, os recursos podem ser classificados em humanos, materiais e capital. GESTÃO DE SERVIÇOS – 69 – SAIBA MAIS! Uma dica é a leitura de “Gestão da Produtividade: metodologia aplicada a uma indústria de bebidas”, dos autores Gibson Barcelos Reggiani, Narlúbia Prada e Daniela Fonseca Figueiredo. O texto trata sobre gestão da produtividade e está disponível em: <http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:vjWcDpJMSosJ:www. s i m p e p . f e b . u n e s p . b r / a n a i s / a n a i s _ 1 2 / c o p i a r . p h p %3Farquivo%3DReggiani_G%255B1%255D.B._Gestao%2520da%2520 produtividade.pdf+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br&client=firefox-b-ab>. 3.2 O que é a capacidade e capacidade de produção Quando pensamos em produção, não podemos fazê-lo de forma isolada, ou seja, apenas com a ideia de competência ou volume ou quantidade máxima de alguma coisa. O termo capa- cidade de produção pode ser pensado a partir do ponto de vista que considera a quantidade ou volume de condições fixas de ativos ou instalações (SPILLER, 2011). SAIBA MAIS! Observe que capacidade é um termo genérico que pode ser aplicado a qualquer área de atuação, serviços, comércio e/ou indústria. É interessante que essa medida de capacidade de produção seja conhecida pelo gestor de produção, considerando também a capacidade em seu aspecto dinâmico, isto é, a dimensão de tempo a esta medida. Figura 3 – Gestão de serviço Fonte: Rawpixel.com/Shutterstock.com GESTÃO DE SERVIÇOS – 70 – EXEMPLO Acompanhe no quadro a seguir alguns tipos de produção de acordo com a atividade. Quadro 1 – Capacidade de produção ORGANIZAÇÃO MEDIDAS DE CAPACIDADE Insumos Produção Cervejaria Volume dos tanques de fermentação Litros/semana Faculdade Quantidade de salas, carteiras. Quantidade de alunos formados por ano Supermercado Área de vendas por m² Faturamento mensal por m² Companhia aérea Número de assentos disponíveis Número de passageiros por semana Hospital Número de leitos disponíveis Quantidade de pacientes atendidos por mês. Fonte: elaborada pelo autor, 2016. Após sabermos o que é capacidade de produção, vamos conhecer a relação entre capaci- dade e demanda. 3.3 O que é a demanda? Podemos pensar a demanda como a quantidade de um produto ou serviço que os clientes necessitam ou desejam adquirir. Ela pode ser colocada como uma procura, mas não necessaria- mente um consumo, pois, como indica Spiller (2011), é possível desejar e não consumir. FIQUE ATENTO! Em qualquer tipo de organização a demanda é importante, pois poderá proporcio- nar uma melhora nos resultados financeiros das organizações. GESTÃO DE SERVIÇOS – 71 – Ainda conforme o autor, chamamos de quantidade demandada a quantidade que os consu- midores querem e podem comprar. Figura 4 – Gerenciamento de serviços Fonte: GaudiLab/Shutterstock.com 4 Gestão da qualidade e da produtividade em serviços 4.1 Capacidade X demanda Após conhecermos o conceito de demanda, podemos dizer que a gestão da capacidade X demanda trata-se de: “[...] aproveitar melhor a capacidade existente, seja antecipando a demanda, seja retardando-a, pois em ambos os casos o que ocorre é a impossibilidade de atender plena- mente a procura no momento desejado pelo público-alvo.” (SPILLER, 2011, p. 27). Devemos compreender que aqueles que estão tomando um serviço conseguem identificar esse processo de gestão da qualidade e da produtividade, pois exigem dos prestadores de servi- ços determinado nível de qualidade e de produtividade. Spiller (2011) apresenta alguns elementos relacionados à gestão da qualidade, tais como: o momento da verdade, o ciclo do serviço, os canais de comunicação, capacidade X demanda, den- tre outros. Eles estão presentes em qualquer serviço prestado. GESTÃO DE SERVIÇOS – 72 – Fechamento Pudemos conhecer um pouco mais sobre a gestão da produtividade em serviços e sua impli- cação no aumento da produção sem perder de vista a qualidade do produto. Nesta aula, você teve a oportunidade de: • aprender conceitos básicos da produtividade em serviços; • entender os fatores que influenciam a produtividade; • compreender a gestão da produtividade: capacidade X demanda; • conhecer aspectos da gestão da qualidade e da produtividade em serviços. Referências SPILLER, Eduardo Santiago e outros. Gestão de Serviços e marketing interno. Rio de Janeiro: FGV, 2011. REGGIANI, Gibson Barcelos; PRADA, Narlúbia; Figueiredo, Daniela Fonseca. Gestão da Produtividade: metodologia aplicada a uma indústria de bebida. In: XII SIMPEP, Bauru (SP), 7 a 9 nov. 2005, anais eletrônicos. Disponível em: em: <http://webcache.googleusercontent. com/search?q=cache:vjWcDpJMSosJ:www.simpep.feb.unesp.br/anais/anais_12/copiar. php%3Farquivo%3DReggiani_G%255B1%255D.B._Gestao%2520da%2520produtividade. pdf+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br&client=firefox-b-ab>.Acesso em: 12 dez. 2016. GESTÃO DE SERVIÇOS – 73 – Gestão de Pessoas em Serviços Luis Fernando Conduta Introdução Sabemos que as pessoas fazem parte do capital de valor estratégico de uma empresa. Espe- cialmente em uma empresa de serviços, onde os colaboradores que estão na linha de frente pre- cisam ser rápidos e eficientes, as pessoas certas fazem toda a diferença, uma vez que são não apenas insumos, mas insumos fundamentais que ajudam a obter uma excelência em serviço, assim como vantagem competitiva. Objetivos de Aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • reconhecer a importância da gestão de pessoas em serviços, para o ganho de produti- vidade e conquista da satisfação dos clientes e; • compreender as melhores práticas na gestão de pessoas para a gestão dos serviços da empresa. 1 A importância das pessoas na gestão dos serviços 1.1 Atividades do Recursos Humanos (RH) eficaz. Podemos perceber que atualmente as empresas que investem em seus ativos humanos são certamente bem-sucedidas, uma vez que este é um tipo de ativo que é de difícil compreensão e manutenção. Logo, dizemos que as empresas que se comprometem seriamente com a gestão eficaz de recursos humanos o fazem por meio das seguintes atividades: • atrair as pessoas certas e realizar o recrutamento; • seleção eficaz; • treinamento; • motivação e; • retenção de funcionários. – 74 – TEMA 10 Figura 1 – Liderança e motivação dos funcionários Fonte: ESB Professional/shutterstock.com SAIBA MAIS! É importante destacar que em função de mudanças ocorridas no mercado de tra- balho e da escassez de mão de obra qualificada, as empresas que investem na ges- tão de pessoas também necessitam pensar estratégias que as ajudem a reter seus talentos. Para saber mais, leia o artigo “Retenção de talentos frente às mudanças no mercado de trabalho: uma pesquisa bibliográfica”. O texto está disponível em: <http://www.fucamp.edu.br/editora/index.php/getec/article/view/705/545>. Podemos complementar essa ideia lembrando que os ativos humanos de alto desempenho estão mais inacessíveis à concorrência. Provavelmente, empresas que possuem essa visão são exemplos de liderança e têm uma cultura de distinção em serviço. É geralmente exercida por ges- tores exemplares. EXEMPLO Em uma premiação realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) chamada “2º Prêmio FGV-EAESP de Responsabilidade Social no Varejo”, o Magazine Luiza foi considerado o melhor lugar para se trabalhar, em outubro de 2004. Eles explicaram que para alcançar esta posição, colocaram as pessoas em primeiro lugar, e para manter esse status, a cultura inicial da empresa é imperativa. Ou seja, traduz-se na valorização do ser humano, seja ele colaborador ou cliente. Sobre o RH, a pesquisa menciona que uma de suas estratégias é a análise do perfil comportamental para a contratação de colaboradores com perfil mais adequado ao cargo, além de orientar no desenvolvimento desses profissionais quando ingressam na empresa. Com isso seus líderes conhecem melhor a equipe e o colaborador. GESTÃO DE SERVIÇOS – 75 – 1.2 Encontro de clientes e funcionários em serviços. Vamos agora destacar outro aspecto fundamental sobre a gestão de pessoas. É preciso obser- var o serviço sob duas perspectivas: a do cliente e a da empresa, conforme Lovelock (2011, p. 258): Do ponto de vista do cliente, o encontro com o pessoal de serviço é provavelmente o as- pecto mais importante de um serviço. Da perspectiva da empresa, os níveis de serviço e o modo como ele é entregue pela linha de frente podem ser importantes fontes de diferencia- ção, bem como de vantagem competitiva. Observe que nesse modelo de gestão especificamos que se deve incluir a definição de perfis profissionais adequados e necessários para atuar naquele cargo, e não apenas com o cargo em si. Além disso, é necessário estabelecer uma política de sustentabilidade de gestão, para manter o elevado nível que buscamos com a manutenção dos funcionários. Figura 2 – Todos trabalhando pelo mesmo objetivo Fonte: totallypic/shutterstock.com Podemos dizer que a função da gestão de pessoas é criar meios para que a equipe alcance os objetivos estabelecidos pela organização, incentivando também que cada colaborar alcance seus objetivos. Trata-se de alinhar o foco da empresa com o foco do funcionário e, assim, obter um feedback positivo do cliente que busca o serviço. Como já sabemos, o pessoal da linha de frente em serviços é a porta de entrada e saída dos consumidores. Se pararmos para pensar, todos temos alguma história de experiência satisfaria ou insatisfatória em algum serviço. Por esse motivo, a equipe de trabalho cumpre um importante papel para o posicionamento competitivo da empresa. De acordo com Lovelock (2011), isso se deve a três motivos. Vamos a eles. • O pessoal de serviço é uma parte essencial do produto, uma vez que é quem entrega e determina parte significativa de sua qualidade; • O pessoal de serviço é a própria empresa de serviço, segundo a perspectiva do cliente; • Ele é a própria marca da empresa, uma vez que estando na linha de frente, também ajuda a determinar se a promessa realizada pela marca é mesmo cumprida. GESTÃO DE SERVIÇOS – 76 – FIQUE ATENTO! Lembre-se de que além das funções citadas acima podemos pensar sobre o pesso- al da linha de frente de uma maneira mais abrangente. Esses colaboradores desem- penham um papel fundamental de previsão de necessidades, adequando a entrega de serviços às necessidades e expectativas do cliente. Desta forma, auxiliam no desenvolvimento de um serviço personalizado, o que ajuda a criar um clima de con- fiabilidade e lealdade para com a prestadora de serviços. Perceba que nesta perspectiva podemos pensar que um dos aspectos estratégicos mais importantes de uma empresa é o seu alinhamento com o RH, pois por meio dele será possível estabelecer os objetivos organizacionais e a maneira de alcançá-los, auxiliando simultaneamente o alcance dos objetivos organizacionais, dos funcionários e dos clientes. SAIBA MAIS! É importante citar que o pessoal da linha de frente em serviços trabalha sob pressão, podendo viver situações conflitantes que podem afetar o desempenho. Para aprofundar esse assunto e entender melhor o papel da gestão nesse processo, não deixe de ler o artigo “Os empregados de linha de frente no ambiente de serviços: paradoxos, conflitos e ambiguidades”, disponível em: http://www.revista.ufpe.br/ gestaoorg/index.php/gestao/article/viewFile/386/356. 2 A gestão e importância dos processos dos serviços Agora, vamos conhecer os processos que envolvem os serviços e o papel que desempenham. 2.1 O que são os processos de serviços e qual sua importância? Para compreender melhor, podemos dizer que os processos são estruturas que descrevem o método e a sequência em que funcionam sistemas de operações de serviços, e também como estes se interligam para criar as experiências e os resultados de serviços, que terão valor sob a ótica do cliente (LOVELOCK, 2011). Assim, surgem as práticas de gestão por processos ou Business Process Management (BPM). Traduzindo, significa Gerenciamento de Processos de Negócios. Essas práticas estão voltadas para um sistema horizontal de processos, buscando reduzir diversas falhas que correm durante seu desenvolvimento e que ocasionam prejuízos, perda de tempo, perda de agilidade e eficiência, custos elevados, métricas diferentes e divergentes de trabalho (COBRA, 2009). GESTÃO DE SERVIÇOS – 77 – A literatura está voltada a entender como se dá a prática do BPM, uma vez que a prática se deu antes de uma teoria ser formulada e implantada. As ações foram validadas pela prática, e a literatura dedica-se a desenvolver teorias baseadas nos resultados significativos que a práticaapresenta por meio de saltos qualitativos. Como sabemos, em serviços os clientes fazem parte da operação. Eles podem ficar insatisfei- tos e frustrados diante de uma entrega mais lenta ou de má qualidade do serviço em decorrência de processos mal elaborados. A boa execução de outros processos também é importante no conjunto, para não acarretar baixa produtividade e aumentar o risco de falhas. Acompanhe no quadro. Quadro 1 – Quadro - Entendendo a gestão por processos Gestão por função Gestão por processos Visão restrita á estrutura organizacional. Abordagem focada no cliente. Nenhum departamento possui a responsabilida- de total por um processo de trabalho completo. Busca gerenciar, medir e melhorar os processos organizacionais de forma global, e não apenas localizada. Muitas vezes o departamento não compreende completamente seu papel na produção de produ- tos ou serviços entregues ao cliente. Gestão orientada à eficiência e eficácia, objetivos e tomadas de decisão baseadas nas necessida- des dos clientes. Barreiras interdepartamentais dificultam a gestão do fluxo de informações à otimização do trabalho. Estabelecimento de metas, idicadores de desempe- nho e controles através de equipes interfuncionais. Foco baseado apenas na gestão dos recursos internos. Foco na satisfação das necessidades dos clien- tes e nos resultado. Fonte: elaborado pelo autor, adaptado de Cruz (2010). FIQUE ATENTO! É importante que o profissional de Marketing entenda como o processo de serviço funciona e onde os clientes se encaixam nele. Do contrário, isso pode trazer conse- quências, obstruindo o sistema e impedindo seu fluxo de funcionamento. EXEMPLO O envolvimento de pessoas erradas, principalmente em cargos de gestão, pode acarretar uma falta de limites e um direcionamento confuso da empresa. GESTÃO DE SERVIÇOS – 78 – 2.2 Benefícios da gestão por processos Como vimos, é importante que os processos estejam bem definidos, pois assim haverá uma padronização do fluxo de trabalho local. De acordo com Mello (2010), há uma série de benefícios que compõe a gestão correta dos processos. Temos que nos lembrar de que esse é um conceito novo, por isso algumas empresas, principalmente as mais antigas, não veem sua real importância. Alguns paradigmas vêm sendo quebrados, a partir dos resultados obtidos nas organizações. Esse padrão passa, então, a se tornar consciente, e as empresas se pautam em melhorar suas estruturas. Figura 3 – Comparação dos benefícios da gestão por processos Benefícios Sa le rn o (1 99 9) Ve rn ad at (1 99 6) G ro ve r e Ke tt in ge r (2 00 0) G al br ai th , Do w ne y e Ka te s (2 00 2) Sm ith e Fi ng er (2 00 3) Uniformização de entendimentos sobre a forma de trabalho A melhoria do floxo das informações em função do uso da modelagem por processos Automatização do fluxo das informações Padronização dos processos Aumento da conceituação organizacional sobre processos Redução de tempo e custos dos processos Redução no tempo de entrega dos produtos Aumento da satisfação de clientes Aumento da produtividade Redução de falhas e defeitos Alinhamento da visão de negócios com tecnologia da informação Reduzir o tempo de implementação de solução de informática Fonte: Mello (2010, p. 35) Sobre a gestão por processos, como podemos analisar no quadro, os autores concordam em dizer que exerce um papel relevante dentro de uma organização, podendo habilitá-las a lidar melhor com as mudanças advindas em sua área de atuação. GESTÃO DE SERVIÇOS – 79 – Fechamento Neste tema pudemos conhecer a importância das pessoas em serviços, da gestão de pes- soas e de um RH bem estruturado. E, também, sobre a relevância da organização de processos, enfatizando a gestão por processos para a elevação do nível da empresa de serviços. Nesta aula, você teve a oportunidade de: • compreender atividades do Recursos Humanos (RH) eficaz; • entender a relação entre clientes e funcionários em serviços; • saber o que são os processos de serviços e qual sua importância; • identificar benefícios da gestão por processos. Referências 2º Prêmio FGV-EAESP de Responsabilidade Social no Varejo. Magazine Luiza: as pessoas em pri- meiro lugar. Finalistas na categoria grande empresa. Fundação Getúlio Vargas, outubro/2004. Dis- ponível em: <http://www.fgv.br/cev/rsnovarejo/arquivos/P000134.pdf>. Acesso em: 15/01/2017. ÁVILA, Lucas Veiga, STECCA, Jaime Peixoto. Gestão de Pessoas. Santa Maria: UFSM/Colégio Poli- técnico/Rede. e-Tec Brasil, 2015. Disponível em: http://estudio01.proj.ufsm.br/cadernos_coopera- tivismo/terceira_etapa/arte_gestao_pessoas.pdf. Acesso em: 29 dez. 2016. CRUZ, Tadeu. BPM & BPMS: Business Process Management & Business Process Management Systems, 2.ed., Rio de Janeiro: Brasport, 2010, p. 272. LOVELOCK, Christopher. Marketing de Serviços: pessoas, tecnologia e estratégia. 7. ed., São Paulo: Pearson Pretice Hall, 2011. MELLO, Paulo Ivan de. Impactos da adoção da gestão por processos em empresas seguradoras brasileiras. 2010, 121f. Dissertação – Curso de Engenharia de Produção da Escola Politécnica, Universidade de São Paulo. Disponível em: <www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3136/tde- 23052010-152838/publico/x.pdf> MARTINS, Sthefânia Magalhães; CUNHA, Norival Carvalho. Retenção de talentos frente às mudan- ças no mercado de trabalho: uma pesquisa bibliográfica. Revista Getec, v. 4, n. 8, p. 90-109/2015. Disponível em: <http://www.fucamp.edu.br/editora/index.php/getec/article/view/705/545>. JOB, Janos; ALBA, George dos Reis; RECKZIEGEL, Adriano; HENRIQUES, André Coelho Vaz, SCHE- FFER, Ângela Beatriz Busato. Os empregados de linha de frente no ambiente de serviços: parado- xos, conflitos e ambiguidades. Revista Gestão. Org, v. 11, n. 3, 2013. p. 520-530. Disponível em: http://www.revista.ufpe.br/gestaoorg/index.php/gestao/article/viewFile/386/356. Acesso em: 29 dez. 2016. GESTÃO DE SERVIÇOS – 80 – Melhoria da qualidade e relacionamento com clientes Gelson Luiz Benatti Introdução Em um ambiente de negócios altamente competitivo e com fácil difusão de informações, as empresas que queiram permanecer competitivas devem desenvolver bons relacionamentos com seus clientes. Além da produtividade operacional, as empresas devem adotar medidas que garan- tam a qualidade dos serviços, identificando e melhorando os aspectos considerados importantes pelos clientes. Objetivos de Aprendizagem Ao final desta aula você será capaz de: • compreender os elementos que o cliente reconhece como indicadores de qualidade; • reconhecer a importância dos elementos indicadores de qualidade para a satisfação dos clientes. 1 A qualidade em serviços e equação da satisfação do cliente Você já viveu situações em que o resultado de um serviço não foi exatamente aquele que você esperava e postou, em uma rede social, que nunca mais ia utilizar aquela empresa? Figura 1 – Experiências felizes deixam o cliente satisfeito Fonte: ESB Professional/Shutterstock.com – 81 – TEMA 11 E casos em que você ficou muito satisfeito com o resultado e recomendou o serviço da empresa para alguém? A maioria de nós já vivenciou ou vai viver essas situações. Elas estão relacionadas com o sen- timento proporcionado pela experiência que temos ao receber um serviço e afetam diretamente o que percebemos como qualidade, palavra que é difícil de conceituar, pois seu significado muda de acordo com o contexto. FIQUE ATENTO! Na gestão, um dos aspectos mais importantes para o sucesso é compreender os termos que são utilizados, e entender o que eles significamem cada contexto de utilização. Em gestão de serviços os conceitos mais comuns de qualidade são dados a partir de visões: a transcendente (as pessoas aprendem a reconhecer qualidade pela experiência adquirida e repe- tida); da manufatura (qualidade é um atributo das operações); do usuário (diferentes clientes têm diferentes desejos e necessidades) e baseada em valor (obtenção do melhor resultado de serviço possível com os recursos disponíveis) (LOVELOCK, 2011). Segundo Chiavenato (2007), é imprescindível para a continuidade dos negócios. Independen- temente da visão, devem ser realizados esforços para compreender quais são os elementos que ele utiliza para avaliar um serviço como sendo de boa qualidade e causador de satisfação. Figura 2 – Uma reclamação é uma oportunidade de melhoria Fonte: Antoniodiaz/Shutterstock.com. A reclamação, em que o cliente manifesta a insatisfação diante de um resultado inadequado, é um sinal claro de que o cliente percebeu o serviço como sendo de má qualidade e deve ser vista pela empresa como oportunidade de melhoria. GESTÃO DE SERVIÇOS – 82 – SAIBA MAIS! É impossível prever e gerenciar todos os fatores que podem causar problemas. En- tretanto, é perfeitamente possível reverter os efeitos de experiências insatisfatórias. Leia em: <http://exame.abril.com.br/negocios/dino/como-transformar-um-cliente- -insatisfeito-em-aliado-da-marca-shtml/> Os elogios e comentários positivos são sinais claros de boas experiências, que são um dos diferenciais competitivos mais relevantes à continuidade de um negócio. Estas situações devem ser vistas pela empresa como padrões a replicar. EXEMPLO Livrarias podem valorizar experiências desde a contratação de seus funcionários, estabelecendo, como requisito de contratação, por exemplo “gostar de ler”. Na loja, os clientes devem poder tocar e manusear os livros, em espaços de leitura que po- dem utilizar pelo tempo que quiserem. Satisfazer o consumidor não é fácil, pois o que um deles considera satisfatório pode não ser para outro (BEZERRA, 2013). Cada indivíduo possui características, opiniões e gostos peculiares. FIQUE ATENTO! Embora o serviço seja prestado sempre da mesma maneira, a percepção que cada cliente tem dele sempre será diferenciada. Satisfazer os clientes é uma meta complexa de atingir, porque os serviços são cada vez mais pare- cidos, os preços quase iguais e as campanhas de marketing parecem seguir todas um mesmo padrão. Se a experiência de compra é subjetiva e os clientes são tão diferentes entre si, de que maneira poderemos descobrir o que é qualidade de um serviço? Vamos entender melhor a seguir. Acompanhe-nos! 2 Dimensões da qualidade em serviços Como cada prestação de serviço é uma experiência, e sua natureza é intangível, não é pos- sível realizar comparações simples. Como, então, descobrir se o serviço é de qualidade ou não? Existem diversas maneiras de medir a qualidade dos serviços prestados por uma organização. Segundo LOVELOCK (2011, p. 452), a qualidade representa o que “atende ou excede as expe- tativas dos clientes. Deve, portanto, ser medida a partir da visão do consumidor. Qualidade não é um atributo do serviço, mas o conjunto das percepções que os usuários manifestam, a partir de suas experiências. GESTÃO DE SERVIÇOS – 83 – EXEMPLO A medição da qualidade não se faz somente pelo desempenho em um único as- pecto, mas pela relação entre os diversos elementos. O sucesso ocorre quando os fatores positivos eliminam ou minimizam os negativos. Após extensas pesquisas, foram identificados os diversos critérios que os consumidores utili- zam para avaliar serviços. Correlacionando as variáveis os pesquisadores chegaram a um modelo de cinco dimensões (LOVELOCK, 2011): • Tangibilidade (aparência física dos componentes); • Confiabilidade (grau de certeza em relação ao resultado); • Responsividade (rapidez e solicitude no atendimento); • Segurança (credibilidade no resultado); • Empatia (qualidade no relacionamento). Para cada dimensão existem características específicas que os consumidores levam em conta ao avaliar a qualidade de um serviço e estratégias específicas para medição e proposição de ações, normalmente definidas a partir de perguntas. SAIBA MAIS! A avaliação dos fatores que impactam na satisfação dos clientes não é uma tarefa simples, mas é de grande importância para entender o comportamento do usuário dos serviços. Leia em: <http://www.regeusp.com.br/arquivos/1056.pdf>. A tangibilidade está relacionada com a “aparência das instalações físicas, equipamentos, pessoal e material de comunicação” (LOVELOCK, 2011, p. 453). Para avaliar e medir esta dimensão, são realizadas perguntas como: • Os funcionários vestem-se de modo adequado? O ambiente é limpo e organizado? • Os documentos que a empresa emite são facilmente entendidos? A confiabilidade representa “a capacidade de realizar o serviço prometido com segurança e pre- cisão” (LOVELOCK, 2011, p. 453). Para avaliar e medir esta dimensão, são realizadas perguntas como: • A entrega foi realizada no horário agendado? • A fatura contém erros? • Foi preciso refazer o serviço? GESTÃO DE SERVIÇOS – 84 – Figura 3 – Cumprir o combinado gera confiança. Fonte: g-stockstudio/Shutterstock.com A responsividade é “a disposição para ajudar clientes e prestar serviço imediato” (LOVELOCK, 2011, p. 453). Para avaliar e medir esta dimensão, faz-se perguntas como: • Quando entro em contato, as pessoas se dispõem a me atender rapidamente e se mos- tram solícitas em responder as perguntas? • A empresa permite que eu marque horários e locais específicos ao atendimento? A segurança é avaliada em quatro aspectos: credibilidade; segurança; competência e corte- sia (LOVELOCK, 2011): • Credibilidade: está relacionada com honestidade e confiabilidade: 4. A empresa tem boa reputação? 5. A garantia do serviço é realizada de acordo com o que é divulgado? • Segurança: é medida pela ausência de riscos ou perigos: 1. Posso utilizar o serviço com tranquilidade? 2. Posso ter certeza de que o serviço vai acontecer conforme prometido? • Competência: avalia a existência de conhecimento e capacidade: 1. Os elementos do serviço são realizados de modo tecnicamente adequado? 2. Quando necessárias, as informações são prestadas de modo objetivo e confiável? • Cortesia: avalia a realização de atendimento educado e respeitoso: 1. O atendimento é um momento agradável? 2. Os atendimentos telefônicos são realizados de modo simpático? GESTÃO DE SERVIÇOS – 85 – Figura 4 – Uma boa reputação é um ativo valioso Fonte: Inspiring/Shutterstock.com A empatia é medida em três elementos: acesso; comunicação e entendimento do cliente (LOVELOCK, 2011): • Acesso: relaciona-se à facilidade de contato e acesso: 1. É fácil falar com quem pode resolver as coisas? 2. As instalações são preparadas para atender pessoas com diferentes graus de capacidade de locomoção? • Comunicação: avalia a habilidade de ouvir os clientes e prestar informação atualizada e adequada: 1. Os funcionários estão dispostos a me ouvir quando tenho reclamações a fazer? 2. O funcionário evita utilizar termos técnicos demais quando fala comigo? 3. Se o serviço não puder ser feito no horário agendado, a empresa avisa antes? • Entendimento do cliente: relacionado com a realização de esforços para conhecer o cliente e as suas necessidades. 1. Os funcionários me reconhecem? 2. A empresa tenta conhecer meu perfil para oferecer produtos de acordo com o que eu preciso? EXEMPLO Redes de farmácias costumam oferecer cartões de fidelidade, onde vão acumulan- do informações sobre os clientes, e podem oferecer experiências personalizadas. Por exemplo, para um cliente que use medicamento contínuo, ela pode enviar men- sagens divulgando promoções ou avisandoda necessidade de novas compras. GESTÃO DE SERVIÇOS – 86 – A partir destas perguntas, e tendo em mente a multiplicidade de respostas que os diferentes clientes podem dar, podemos afirmar que não existe diferencial no produto, mas sim na experiên- cia proporcionada, e esta é totalmente subjetiva, porque cada cliente é diferente. Nunca iremos satisfazer a totalidade dos clientes, porém podemos dedicar o máximo de esforço para garantir o mínimo de satisfação. Fechamento Concluímos a unidade relativa à melhoria da qualidade e relacionamento com os clientes, onde conhecemos os conceitos de qualidade e os principais modos de detectar o sentimento do cliente em relação aos serviços. Vimos que a qualidade de um serviço pode ser avaliada por muitas dimensões, por meio de comunicação constante com os clientes, para entender o que é avaliado por eles como sendo indicador de qualidade. Nesta aula você teve oportunidade de: • compreender os elementos que o cliente reconhece como indicadores de qualidade; • reconhecer a importância dos elementos indicadores de qualidade para a satisfação dos clientes. Referências BEZERRA, Igor Salume. Qualidade do ponto de vista do cliente. São Paulo: Biblioteca 24horas, 2013. CHIAVENATO, Idalberto. Empreendedorismo. São Paulo: Saraiva, 2007. DINO. Como transformar um cliente insatisfeito em aliado da marca. Exame.com, dez. 2015. Dis- ponível em: http://exame.abril.com.br/negocios/dino/como-transformar-um-cliente-insatisfeito- -em-aliado-da-marca-shtml/. Acesso em 06 mar. 2017. LOVELOCK, Christopher; WIRTZ, Jochen; HEMZO, Miguel Angelo. Marketing de Serviços: pessoas, tecnologia e estratégia. 7. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. SPINA, Daniele Thomazelli; GIRALDI, Janaina de Moura Engracia; OLIVEIRA, Márcio Mattos Bor- ges. A influência das dimensões da qualidade de serviços na satisfação do cliente: um estudo em uma empresa do setor de controle de pragas. Revista de Gestão da USP, São Paulo, v. 20, n. 1, p. 93-112, jan./mar. 2013. Disponível em http://www.regeusp.com.br/arquivos/1056.pdf. Acesso em 19 de março de 2017. GESTÃO DE SERVIÇOS – 87 – Qualidade em serviços Gelson Luiz Benatti Introdução A avaliação da qualidade em geral é mais facilmente identificada e, portanto, mais facilmente mensurada nos processos de fabricação de produtos do que nas experiências de prestação de serviços. Um dos grandes motivos que a literatura apresenta para esta dificuldade de mensurar a quali- dade em serviços é o forte componente de subjetividade envolvido na definição, tanto do que é ser- viço quanto do que é qualidade em serviços. Nesta aula vamos abordar a qualidade em serviços. Objetivos de Aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • compreender todos os elementos que fazem parte da qualidade em serviços; • identificar boas práticas da qualidade em serviços para obter a satisfação do cliente. 1 Elementos que compõem a qualidade dos serviços Se você é como a maioria das pessoas, é provável que costume almoçar ou jantar fora de casa algumas vezes, com a família ou com amigos ou com colegas de trabalho. Você vai aos mesmos restaurantes em todas estas situações? Como avalia o atendimento que recebe nestes lugares? Você provavelmente escolherá locais diferentes para um almoço com a família no feriado e um almoço de negócios com um cliente importante e formal. E vai esperar comportamentos dife- rentes de quem presta os serviços em cada ocasião. Figura 1 – Locais diferentes proporcionam experiências diferentes Fonte: Dragon Images/Shutterstock.com. – 88 – TEMA 12 Segundo Lovelock (2011, p. 82), fazemos escolhas “entre alternativas de serviço com base nas diferenças percebidas entre elas” e a capacidade destas alternativas de suprir nossas expectativas. Os serviços possuem características quantitativas, mais fáceis de medir diretamente - como o preço de um almoço e o tempo de preparação do prato – e qualitativas, mais complexas de se avaliar – como o nível de gentileza do garçom ou a satisfação pessoal após a refeição. As pri- meiras podem ser melhoradas pela empresa por meio de ganhos de produtividade. As segundas dependem da percepção do cliente. SAIBA MAIS! Neste vídeo são apresentados conceitos relacionados com qualidade, voltados aos empreendedores em produtos e serviços. Não deixe de assistir em <https://www. youtube.com/watch?v=jzGuFSpVkmI>. Fadel e Regis Filho (2009) apontam que a qualidade em serviços pode ser percebida pelos clientes de duas maneiras: por meio de seus componentes tangíveis e intangíveis A parte tangível é o que é tocado ou visto, como a aparência física das instalações. Já a parte intangível é a sensa- ção provocada pela experiência do serviço, como a gentileza de quem realiza o serviço. Lovelock (2011, p. 450) afirma que qualidade em serviços “focaliza os benefícios criados para o cliente”. Ou seja, nem sempre uma melhoria de eficiência no processo de prestação do serviço pode se traduzir em uma melhor qualidade percebida pelos usuários. FIQUE ATENTO! Qualidade em serviços é aquela que é avaliada pelo cliente. Pouco importa que sua empresa seja aquela que atende mais rapidamente, se o que seus clientes buscam são experiências que reduzam o ritmo de suas vidas, por exemplo. Neste contexto, definimos a qualidade de serviços como aquilo que atende ou supera as expectativas dos clientes (LOVELOCK, 2011). Mas quais são, então, os elementos que fazem parte do conceito de qualidade em serviços? Figura 2 – O que torna um serviço excelente? Fonte: Jirsak/Shutterstock.com. GESTÃO DE SERVIÇOS – 89 – Para se alcançar a qualidade em serviços, os autores Freitas (2005); Fadel e Regis Filho (2009) apontam três elementos que devem ser considerados: serviço, pessoas e suporte. O serviço ou técnica consiste nos procedimentos e ações que devem ser planejados e imple- mentados para captar, entender e suprir as reais necessidades dos clientes. A organização deve coletar junto aos clientes opiniões, sugestões e reclamações sobre seus serviços, permitindo a identificação dos pontos onde o cliente sente-se satisfeito e aqueles aspectos em que existem pontos que devem ser melhorados. Deste modo, pode ser definido o foco do serviço. SAIBA MAIS! A qualidade é um dos principais diferenciais para a sobrevivência de qualquer empresa. Neste artigo, autores analisam a importância da qualidade e da excelência no atendimento ao cliente para as organizações. Leia em http://www.cairu.br/ riccairu/pdf/artigos/2/10_QUALIDADE_ATEND_CLIENTE.pdf As pessoas são todos os profissionais que pertencem à organização e que, uma vez defi- nido o foco do serviço, devem ser capazes de realizá-lo. Estas pessoas devem ser treinadas e remuneradas de modo adequado, para que as relações existentes entre elas e os clientes gerem experiências positivas. Todos devem conhecer a estrutura da empresa e as atribuições de cada setor, para poder encaminhar os clientes aos locais adequados. A informação correta evita a criação de reclama- ções que, por sua vez, geram imagem negativa da empresa. Figura 3 – Uma boa imagem gera bons negócios. Fonte: Pressmaster/Shutterstock.com. O suporte técnico envolve sistemas, técnicas e processos que ajudam na prestação dos serviços. Deve existir um processo bem estruturado para solução de problemas e apoio ao cliente durante e após a execução do serviço. GESTÃO DE SERVIÇOS – 90 – Mesmo conhecendo os elementos que compõem a qualidade, satisfazer clientes cada vez mais exigentes em um ambiente competitivo é um desafio diário das organizações. É preciso implantar processos que gerem o encantamento nos clientes. Vamos abordar algumas dessas práticas. 2 Boas práticas de qualidade em serviços Entender o que satisfaz os clientes e o que garante queeles tenham uma percepção positiva dos serviços oferecidos não é uma atividade trivial. De fato, talvez seja este o maior dos desafios dos gestores de empresas de serviços. Existem aspectos gerenciais importantes, como o “planejamento, a revisão de processos e o acompanhamento de performance, assim como melhorias constantes, passaram a ser vitais para o posicionamento das organizações no mercado” (BONATO, 2011, p. 319). Estas questões, entre- tanto, nem sempre estão próximas ao dia a dia, tanto das operações internas como dos clientes. FIQUE ATENTO! As boas práticas podem acontecer no nível gerencial da empresa, que toma deci- sões estratégicas relacionadas aos serviços, e no nível operacional, onde é realiza- do o relacionamento com os clientes e materializada a qualidade. Para oferecer níveis de qualidade adequados e crescentes, a empresa deve adotar ações específicas, que podemos chamar de boas práticas, “mais racionais e focadas nas demandas dos clientes” (BONATO, 2011, p. 319). Figura 4 – Experiências não podem ser padronizadas Fonte: ch_ch/Shutterstock.com. GESTÃO DE SERVIÇOS – 91 – Não há receita de bolo para melhores práticas. Como estamos falando de clientes, que pos- suem necessidades específicas, e de serviços, que têm como uma das principais características a intangibilidade, cada empresa desenvolverá as práticas que proporcionam melhores resultados. FIQUE ATENTO! Uma boa prática não é, necessariamente, uma ação sofisticada ou de grande al- cance. Uma ação simples como, por exemplo, prestar o serviço na forma como foi contratado já é um diferencial competitivo importante. As boas práticas podem ser divididas em tipos, de acordo com o aspecto organizacional que tratam. Alguns organismos, entretanto, como a FNQ (Fundação Nacional de Qualidade), estabe- lecem comunidades de troca de experiências, das quais podemos coletar algumas sugestões. Vamos conhecê-las. • aprendizado organizacional: relacionada à melhoria da performance das pessoas e dos serviços a partir de avaliação constante do ambiente. Envolve ações relacionadas com avaliação de desempenho e reconhecimento dos colaboradores. EXEMPLO A prática de gestão à vista tem como finalidade principal permitir o livre acesso dos colaboradores às principais informações sobre a empresa, evitando que o conhe- cimento adquirido seja esquecido ou que tenham diferentes interpretações. Pode envolver ações que permitam que os procedimentos operacionais estejam atualiza- dos e expostos com livre acesso aos colaboradores, de maneira clara e direta, e que os colaboradores tenham a compreensão das atividades e processos realizados na empresa. Os temas são expostos em painéis, afixados em locais com acesso fácil a todos os colaboradores. • responsabilidade social: relacionada com a melhoria da imagem da empresa e com a participação na sociedade. Envolve ações relacionadas a sustentabilidade, preservação do ambiente e eliminação de desperdícios. • conhecimento sobre mercado e cliente: relacionada com a criação e manutenção de relacionamentos efetivos com os clientes. Envolve ações como pesquisas de satisfa- ção de atendimento e estudos de mercado. GESTÃO DE SERVIÇOS – 92 – EXEMPLO Em uma empresa de suporte, após todo atendimento pode ser enviado um link ao cliente para que ele avalie o atendimento com o enfoque do relacionamento e não os critérios técnicos. O objetivo é incentivar o colaborador a realizar um atendimen- to de suporte técnico personalizado, transformando este contato em uma experiên- cia agradável e pessoal. • cultura de inovação: relacionada com o desenvolvimento de novas ideias e práticas que gerem melhorias na prestação de serviços. Envolve ações como coleta de sugestões e análise de reclamações. Prestar um serviço de qualidade e garantir a satisfação dos clientes não são tarefas sim- ples, mas são essenciais para que a empresa possa assegurar sua sobrevivência e continuidade nos negócios. Fechamento Com a conclusão deste tema, você conhece agora a importância da qualidade dos servi- ços prestados e compreende como um bom atendimento se torna um diferencial de peso para a manutenção da relação com o cliente, bem como para a sobrevida das organizações. Nesta aula, você teve a oportunidade de: • compreender todos os elementos que fazem parte da qualidade em serviços; • identificar boas práticas da qualidade em serviços para obter a satisfação do cliente. Referências BONATO, Vera Lúcia. Gestão de qualidade em saúde: melhorando assistência ao cliente. O mundo da Saúde. São Paulo, v. 35, n. 5, p. 319-331, 2011. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/ artigos/gestao_qualidade_saude_melhorando_assistencia_cliente.pdf>. Acesso em: 24 mar. 2017. COSTA, Ariana de Sousa Carvalho; SANTANA, Lídia Chadas de; TRIGO, Antônio Carrera. Qualidade do atendimento ao cliente: um grande diferencial competitivo para as organizações. Revista de Iniciação Científica – RIC Cairu, v. 2, n. 2, p. 155 – 172, jun. 2015. Disponível em: <http://www.cairu. br/riccairu/pdf/artigos/2/10_QUALIDADE_ATEND_CLIENTE.pdf>. Acesso em: 23 mar 2017. FADEL, Marianella Aguilar Ventura; REGIS FILHO, Gilsée Ivan. Percepção da qualidade em servi- ços públicos de saúde: um estudo de caso. Revista de Administração Pública, RAP/FGV, Rio de Janeiro, v. 43, n. 1, p. 7-22, jan/fev, 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rap/v43n1/ a02v43n1.pdf>. Acesso em: 22 mar 2017. GESTÃO DE SERVIÇOS – 93 – FREITAS, André Luís Policani. A qualidade em serviços no contexto da competitividade. Revista Produção on-line. UFSC, Florianópolis, v. 5, n. 1, mar. 2005. Disponível em: <https://producaoonline. org.br/rpo/article/download/321/418>. Acesso em: 22 mar. 2017. FNQ. FUNDAÇÃO NACIONAL DE QUALIDADE. Disponível em: <http://fnq.org.br/>. Acesso em: 23 mar. 2017. LOVELOCK, Christopher; WIRTZ, Jochen; HEMZO, Miguel Angelo. Marketing de Serviços: pessoas, tecnologia e estratégia. 7. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. GESTÃO DE SERVIÇOS – 94 – Estudo das falhas mais comuns na prestação de serviços Gelson Luiz Benatti Introdução Um serviço, ao contrário de um produto, é algo que não pode ser replicado de modo exato. Ou seja, cada experiência de prestação de serviços é única. A diretriz básica, portanto, deveria ser: faça certo da primeira vez. Nem sempre é assim. Erros e falhas podem acontecer. O importante, então, é compreender o que são falhas, como elas acontecem e como podemos lidar com elas, quando acontecerem. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • compreender as falhas mais comuns na prestação de serviços e suas causas; • conhecer medidas preventivas para reduzir os riscos das falhas mais comuns acontecerem. 1 Hiatos da qualidade de serviços Quando compramos um aparelho eletrônico, e ele apresenta defeitos, a existência de uma garantia nos assegura que, caso não seja possível realizar o conserto, poderemos ter o equipa- mento substituído por um novo. Esse processo é relativamente simples. Figura 1 – Falhas de produtos e serviços são diferentes Fonte: Dmitry Kalinovsky/Shutterstock.com – 95 – TEMA 13 Em serviços, isso não é possível. Imagine que você contratou um profissional para instalar um ar condicionado em sua casa. No final, percebeu que foi colocado em local diferente do combi- nado. Para consertar, você precisará desfazer todo o trabalho feito e refazer a parede. FIQUE ATENTO! Olhando do ponto de vista do consumidor, quando fazemos algo PARA ele, falamos de um produto. Quando fazemos algo POR ele, estamos falando de serviços. As falhas e erros na prestação de serviços ocorrem, basicamente, quando existe “uma dife- rença entre o que os clientes esperavam e o que perceberam ter sido entregue” (LOVELOCK, 2011, p. 454). Ou seja,existe um espaço vazio (hiato) entre uma expectativa e uma realidade. EXEMPLO Você agenda uma consulta médica para as 14h00 horas, quando ocorre o intervalo para o almoço em seu trabalho. Ao chegar ao consultório, descobre que o médico não vai comparecer e que o profissional responsável pelos agendamentos “esque- ceu” de entrar em contato para lhe avisar do imprevisto. Há dois tipos de falhas em serviços: a que o cliente percebe e aquela que não chega até ele. Pense na lavanderia de um hotel. Falhas podem incluir a lavagem incorreta de toalhas, que ficam impróprias para uso. É um erro de processo, não visível pelo cliente. Mas, se esta toalha for colo- cada em um quarto, o hóspede tem contato com a falha, e isto resultará em insatisfação. SAIBA MAIS! As empresas prestadoras de serviços precisam se preparar melhor para atender os seus clientes. Isto porque as falhas dos prestadores de serviços geram reações emocionais negativas, como a raiva, assim como processos judiciais. Leia no link: <http://www.anpad.org.br/admin/pdf/MKT-B3165.pdf>. As falhas nos serviços podem ter diferentes origens. Lovelock (2011) apresentou um modelo que identifica os vários hiatos (em inglês, gaps) que podem acontecer em qualquer ponto entre a solicitação de um serviço e a realização efetiva. Na próxima seção, vamos detalhar o modelo de gaps no projeto e na entrega dos serviços. GESTÃO DE SERVIÇOS – 96 – 2 Modelo das cinco falhas na prestação de serviços (gaps) Toda vez que recebe menos do que esperava, independentemente da situação em que esteja envolvido, você fica com uma sensação de vazio: suas expectativas não foram preenchidas. Na prestação de serviços, esses vazios são estudados em um modelo de gaps (hiatos, lacu- nas). Segundo Lovelock (2011, p. 454), o “gap ocorre sempre que há uma diferença entre a expec- tativa do cliente e sua interpretação pela empresa”. A estrutura proposta pelo autor identifica seis tipos de gaps: de conhecimento, de política, da entrega, das comunicações, das percepções e da qualidade do serviço (LOVELOCK, 2011). FIQUE ATENTO! As diferenças entre as expectativas dos clientes e os resultados das experiências dos serviços podem se originar pelos mais diversos motivos. Estes são agrupados por similaridade no modelo dos 5 gaps, para racionalizar a busca de soluções. O gap do conhecimento demonstra a diferença entre “o que os provedores do serviço acham que os clientes esperam e as reais necessidades e expectativas dos clientes” (LOVELOCK, 2011, p. 454). Para resolver este gap, sugere-se: • refinar procedimentos de pesquisa de mercado (questionários, entrevistas, amostra- gem), e repita de tempos em tempos; • implantar um sistema eficaz de feedback de clientes (pesquisa de satisfação e análise de reclamações); • aumentar as interações diretas entre gerentes e clientes. Figura 2 – Pesquisas de mercado reduzem o gap do conhecimento Fonte: Graphic farm/Shutterstock.com GESTÃO DE SERVIÇOS – 97 – O gap da política apresenta a diferença entre “as percepções da gerência sobre as expecta- tivas dos clientes e os padrões de qualidade estabelecidos para a entrega do serviço” (LOVELOCK, 2011, p. 454). Ele é assim posto, pois ocorre quando a gerência decide, como política da empresa, não entregar o que os clientes esperam, normalmente motivada pelos custos elevados. São ações para resolver este gap: • utilizar processos de atendimento rigorosos, sistemáticos e centrados no cliente para planejar e replanejar processos de serviços; • desenvolver categorias de serviços que atendam às expectativas dos clientes (diferen- tes níveis de serviço e preço para diferentes tipos de clientes); • estabelecer, comunicar e reforçar padrões mensuráveis de serviço orientado ao cliente para todas as unidades de trabalho. O gap da entrega é a diferença entre “os padrões de entrega especificados e o real desempenho do provedor de serviço” (LOVELOCK, 2011, p. 454). Este gap é resolvido por meio das seguintes ações: • assegurar que o desempenho do serviço cumpra com os padrões; • direcionar esforços para que as equipes de atendimento ao cliente estejam motivadas e sejam capazes de seguir os padrões de serviço; • instalar tecnologias, equipamentos, processos de suporte e capacidade corretos, asse- gurando que os funcionários que trabalham no setor interno prestem bons serviços ao pessoal de linha de frente. FIQUE ATENTO! O gap da entrega guarda relação com o desempenho das pessoas ou processos que executam o serviço, tendo forte relação com a disponibilidade de tecnologias, equipamentos e processos alinhados e executados com excelência. O gap das comunicações é a diferença entre “o que a empresa comunica e o que é de fato entregue. É causado por dois gaps secundários. O primeiro, o de comunicação interna que é a diferença entre o que a propaganda e o pessoal de vendas entendem como características de produto, o desempenho e o nível de qualidade do serviço e o que a empresa pode entregar de ver- dade. O segundo, o da promessa exagerada que pode ser causada pelo pessoal de propaganda e de vendas, avaliado a partir dos negócios gerados” (LOVELOCK, 2011, p. 455). Para resolver este gap, usamos as seguintes ações: • assegurar que as comunicações internas sejam realistas e corretamente compreendi- das pelos clientes; • treinar os gerentes responsáveis pelas vendas e comunicações de marketing em com- petências operacionais; • buscar insumos com o pessoal da linha de frente e de operações para criar os progra- mas de propaganda; GESTÃO DE SERVIÇOS – 98 – • ser específico quanto a promessas e monitorar o entendimento dos clientes quanto ao conteúdo das comunicações; • fazer pré-testes de anúncios publicitários, folhetos e roteiros de telemarketing e conteú- dos antes da divulgação externa, verificando o entendimento do público-alvo. Figura 3 – Alinhar os participantes reduz o gap de comunicação Fonte: Lionel Alvergnas/Shutterstock.com O gap das percepções é a diferença entre “o que é realmente entregue e o que os clientes percebem como recebido (porque não conseguem avaliar com precisão a qualidade do serviço)” (LOVELOCK, 2011, p. 455). Para resolver este gap, são adotadas ações como: • tornar a qualidade do serviço tangível e comunicar efetivamente o que foi entregue; • desenvolver ambientes de serviço e evidências físicas que sejam compatíveis com o nível de serviço prestado; • manter os clientes informados durante a entrega do serviço sobre o que está sendo feito e fornecer explicações após a entrega, de modo que os clientes possam apreciar a qualidade do serviço recebido; • fornecer evidências físicas do serviço (por exemplo, em uma troca de peças, mostrar as peças que foram substituídas). GESTÃO DE SERVIÇOS – 99 – Figura 4 – Modelo de gaps Comunicações de boca a boca Necessidades pessoais Experiência passada Serviço esperado Gap 6 O gap da qualidade de serviço Serviço percebido Gap 5 O gap das percepções Gap 3 O gap da entrega Gap 2 O gap da política Gap 1 O gap do conhecimento Percepções gerenciais das expectativas dos consumidores Conversão das percepções em especificações de qualidade de serviço Gap 4 O gap das comunicações Comunicações externas aos consumidores Entrega de serviço Consumidor Empresa de serviço Fonte: LOVELOCK, 2011, p. 454. O gap da qualidade de serviço é a diferença entre “o que os clientes esperam receber e as suas percepções do serviço que foi entregue” (LOVELOCK, 2011, p. 455). Este gap é o acumulado de todos os anteriores. Para resolver o gap de qualidade do serviço, portanto, a empresa deve procurar preencher os gaps de até cinco, de modo que as expectativas dos clientes sejam satisfeitas constantemente. SAIBA MAIS!Existe uma diferença significativa entre a grandeza dos esforços dispendidos pelas empresas em recuperar as falhas nos serviços e o que os clientes percebem desses esforços. Leia mais em: <http://www.simpoi.fgv.br/arquivo/2013/artigos/ E2013_T00350_PCN19695.pdf>. A existência de gaps em qualquer ponto entre o desenvolvimento e a entrega do serviço pode prejudicar os relacionamentos com os clientes e afetar negativamente os resultados das empre- sas (LOVELOCK, 2011). EXEMPLO Pesquisas mostram que 89% dos clientes param de fazer negócios com empresas por causa do mau atendimento e são mais propensas a falar das experiências ruins, gerando dúvida em novos clientes. GESTÃO DE SERVIÇOS – 100 – Melhorar a qualidade dos serviços envolve estudar o ambiente de atuação da empresa, iden- tificar as causas de cada gap e desenvolver estratégias específicas para preenchê-los. O modelo fornece atividades genéricas, que devem ser customizadas por cada organização. Fechamento Concluímos a unidade relativa ao estudo das falhas mais comuns na prestação de serviços, e, por meio do modelo dos gaps, vimos as falhas mais comuns na prestação de serviços e quais as ações que o gestor pode adotar para reduzir os riscos de ocorrências destes erros. Nesta aula, você teve a oportunidade de: • compreender as falhas mais comuns na prestação de serviços e suas causas; • conhecer medidas preventivas para reduzir os riscos das falhas mais comuns acontecerem. Referências CAMPOS, Juliana Kucht et al. Tipos de Falhas, práticas de recuperação e o impacto na fidelização de clientes de serviços hospitalares. XVI Simpósio de Administração da Produção, Logística e Operações Internacionais. São Paulo, SP, 29 e 30 de Agosto de 2013. Disponível em: <http://www. simpoi.fgv.br/arquivo/2013/artigos/E2013_T00350_PCN19695.pdf>. Acesso em: 12 de mar. 2017. CORRÊA, Stela Cristina Hott. et al. Comportamentos e Emoções durante Falhas e Recuperações de Serviços: Um Estudo com Clientes de Bancos e Operadoras de Telefonia. XXXI Encontro da ANPAD. Rio de Janeiro, RJ, 22 a 26 de setembro de 2007. Disponível em: <http://www.anpad.org. br/admin/pdf/MKT-B3165.pdf>. Acesso em: 12 de mar. 2017. LOVELOCK, Christopher. Marketing de serviços: pessoas, tecnologia e estratégia. Versão Kindle. 7. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. GESTÃO DE SERVIÇOS – 101 – Gestão de performance em serviços Gelson Luiz Benatti Introdução Uma das frases mais citadas por quem atua em gestão de performance e qualidade é o bordão: o que não é medido não é gerenciado. Quando avaliamos produtos, é fácil estabelecer critérios objetivos de avaliação. O mesmo não pode ser dito para serviços. O escopo de um serviço é semelhante em todos os lugares que o oferecem. Entretanto, um mesmo serviço pode ser prestado de maneiras muito diferenciadas de um lugar para outro. No setor de serviços, medir a qualidade é um enorme desafio. Vamos compreender como isso fun- ciona? Acompanhe! Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • compreender métodos de medição de qualidade em serviços; • identificar a estratégica genérica para melhoria da qualidade. 1 Métricas tangíveis de qualidade de serviços Quando você compra um celular, é possível levar em conta fatores como duração da carga da bateria, tamanho da tela, capacidade de processamento e outros. Mas, e no caso da experiência de utilização dos serviços de telefonia e de comunicação? Como avaliar? Quais medidas usamos? Os critérios para avaliação de um serviço podem ser separados em dois grupos: tangíveis e intangíveis. As métricas intangíveis (LOVELOCK, 2011, p. 455) “não podem ser observadas direta- mente e devem ser coletadas em conversas com clientes, funcionários e outros”. SAIBA MAIS! Competência técnica, limpeza do ambiente, utensílios higienizados, atender no ho- rário previsto e estar bem localizado. Estas são as características apontadas como determinantes na qualidade dos serviços de salões de beleza. Leia o artigo “Deter- minantes da satisfação e atributos da qualidade em serviços de salão de beleza”, disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/prod/v23n3/aop_t6_0002_0679.pdf>. Uma medição tangível é relacionada com “características e atividades que podem ser obtidas diretamente, contadas, cronometradas ou medidas por meio de instrumentos” (LOVELOCK, 2011, p. 455). Por exemplo, o tempo de espera em uma fila de banco. – 102 – TEMA 14 Os padrões de medições tangíveis costumam ser apresentados em números percentuais de sucesso de alguma atividade, como o percentual de clientes que permanece na fila menos de 5 minutos antes de ser atendido. Importante mencionar que o foco da medição deve ser sempre o cliente e as expectativas que ele possui (LOVELOCK, 2011, p. 457). FIQUE ATENTO! A qualidade do serviço é dada pela experiência do cliente. De nada adianta um exce- lente serviço, que oferece algo que o cliente não considera relevante. Assim, uma medida tangível se refere aos resultados de processos operacionais, que podem representar pontos de interação com o cliente (tempo de espera, prazo de entrega) ou elementos de bastidores (quantidade de mercadoria separada por hora). Mas, somente a medição, entretanto, não garante a existência de padrões de qualidade. É preciso que, a partir dos dados coletados, sejam realizadas análises que apontem mudanças e melhorias, utilizando ferramentas específicas para essa finalidade. 1 Analisar e tratar problemas de qualidade em serviços A partir da adoção de métricas de qualidade dos serviços, é preciso agir sobre as falhas e erros encontrados, para melhorar continuamente, de acordo com as expectativas dos clientes. As ferramentas de controle de qualidade servem a essa finalidade. Os métodos de análise de causas principais, desenvolvido por Kaoru Ishikawa, utiliza o Dia- grama de Ishikawa, também conhecido como Espinha de Peixe (por causa do formato). Figura 1 – Diagrama de Espinha de Peixe Discutindo em detalhes as atividades da empresa, é possível elencar as causas dos problemas. Separando em tipos, a visualização do conjunto fica mais fácil. Equipamentos Pessoas Processos Materiais Fonte: elaborada pelo autor, 2017. GESTÃO DE SERVIÇOS – 103 – Para utilizar a ferramenta, “grupos de gerentes e funcionários reúnem-se para discutir em detalhes todas as razões que poderiam causa um problema especifico, separando em fatores que são categorizados em: equipamentos, mão de obra, materiais, procedimentos e outros” (LOVE- LOCK, 2011, p. 468). Identificadas as causas dos problemas, é preciso definir quais delas são mais relevantes, que serão tratadas em primeiro lugar. Para isso, usamos a análise de Pareto, método desenvolvido pelo italiano Vilfredo Pareto, em 1897. Figura 2 – Diagrama de Pareto Identficar corretamente as causas de problemas é essencial, mas, para ser efetivo na resolução de problemas, é importante que seja descoberto qual delas causa efeitos mais relevantes. Fonte: elaborada pelo autor, 2017. A análise de Pareto está fundamentada na regra de que “oitenta por cento do valor de uma variável, deve-se somente a vinte por cento da variável causal” (LOVELOCK, 2011, p. 469). EXEMPLO Algumas estatísticas que demonstram a ocorrência da análise de Pareto: 80% dos acidentes de trânsito são causados por 20% dos motoristas e 20% dos empregados são responsáveis por 80% dos resultados. Aplicando a análise de Pareto aos resultados coletados durante a construção do diagrama de Espinha de Peixe, a empresa conhece as causas mais relevantes de falhas, e, agindo sobre elas, obtém ganhos significativos com menor esforço. Enquanto essas duas ferramentas permitem conhecer falhas e priorizar mudanças, a técnica de blueprint permite um “exame minucioso para identificar o ponto exatoem que um problema foi causado” (LOVELOCK, 2011, p. 470). GESTÃO DE SERVIÇOS – 104 – FIQUE ATENTO! O termo blueprint é a denominação, em inglês, dos antigos projetos de edifícios ou navios, chamados assim porque eram impressos em papéis especiais, nos quais todos os desenhos e anotações apareciam na cor azul. Um blueprint é um fluxograma sofisticado, que especifica, em detalhes, como o processo de serviço é construído, incluindo o que é visível para o cliente, onde há potencial para gargalos e onde ocorrem interfaces entre os participantes. O uso de técnicas de análise e tratamento de problemas permite melhorar os níveis de quali- dade específica do serviço e as percepções dos clientes. Outro aspecto importante para a compe- titividade empresarial é a produtividade, estudada a seguir. 2 Identificar e medir a produtividade Gerenciar é, basicamente, fazer a melhor utilização dos recursos disponíveis para obter resul- tados. Isso nos leva à ideia de produtividade, que representa o que conseguimos fazer com o os recursos que temos. Lovelock (2011, p. 473) define produtividade como “a quantidade de produto resultante em relação à quantidade de insumos utilizados”. Assim, para melhorar a produtividade, podemos pro- duzir mais com o mesmo recurso, ou produzir o mesmo com menos recurso. No caso de um produto, insumo é um material físico. Por exemplo, para fabricar um celular, utilizamos plástico para a carcaça e cristal líquido para os visores. Mas, e no caso de serviços, o que são insumos? EXEMPLO Ao contratar um plano de telefonia, podemos considerar como insumos deste pro- cesso: o local onde você vai ser atendido; a pessoa que faz o atendimento; os siste- mas onde os seus dados são cadastrados. Segundo LOVELOCK (2011, p. 473), no contexto dos serviços, “insumos variam conforme a natureza do negócio, incluindo mão de obra (física e intelectual), materiais, energia e capital (ter- reno, edificações, equipamentos, sistemas e ativos financeiros)”. A definição de produtividade, em serviços, é muito mais difícil do que em empresas indus- triais, especialmente por conta dos fatores intangíveis envolvidos na criação, entrega e avaliação de desempenho do setor de serviços. FIQUE ATENTO! Os aspectos que são considerados como diferenciadores de desempenho mudam conforme o produto ou o serviço, mercado, cliente e o contexto envolvidos. GESTÃO DE SERVIÇOS – 105 – O mesmo vale para a medição da produtividade, porque seu produto é difícil de definir (LOVE- LOCK, 2011). Em um hospital, por exemplo, é fácil de medir a taxa de ocupação de leitos (fator tan- gível), mas como avaliar a eficiência de um tratamento de ossos quebrados (que envolve fatores intangíveis, como conforto do paciente)? Figura 3 – Como avaliar um atendimento médico Fonte: wavebreakmedia/Shutterstock.com Uma alternativa envolve o uso dos conceitos de eficácia (até que ponto a organização cum- pre suas metas), eficiência (comparação com padrões, normalmente baseados em tempo) e pro- dutividade (avaliação através de indicadores financeiros e de uso de recursos). Depois de analisarmos os problemas, identificar os elementos de produtividade e acumular medições nos indicadores, passamos a realizar a melhoria na qualidade e produtividade dos nos- sos serviços, que vamos abordar na próxima seção. 3 Melhorias na qualidade e produtividade Serviços são experiências. Você pode, por exemplo, escolher uma dentre milhares de oficinas mecânicas para levar seu carro. O que faz com que você seja fiel a uma delas, em específico? O que te leva a considerar o serviço dessa oficina como qualificado? SAIBA MAIS! A qualidade dos serviços, no setor bancário, pode ser avaliada segundo uma ampla gama de critérios. Leia o artigo “Avaliação da qualidade em serviços bancários: um estudo de caso em bancos comerciais”, disponível no link: <http://www.abepro.org. br/biblioteca/TN_STO_207_232_26517.pdf>. GESTÃO DE SERVIÇOS – 106 – Segundo LOVELOCK (2011, p. 474), “a intensa concorrência em muitos serviços obriga as empresas a procurar continuamente modos de melhorar a sua produtividade”. Gerentes de opera- ções e atendimento podem utilizar diversas estratégias genéricas para melhorar a produtividade em seus serviços, veja: • controlar cuidadosamente os custos de cada uma das etapas do processo de serviços; • reduzir, continuamente, os desperdícios de materiais e de mão de obra dos envolvidos na prestação de serviços; • ajustar a capacidade produtiva aos níveis médios de demanda e não aos de pico; • substituir trabalhadores por máquinas automatizadas e tecnologias de autosserviço; • capacitar os funcionários a trabalhar de modo mais rápido ou com maior nível de qualidade; • instalar sistemas especializados que permitam que funcionários menos qualificados realizem tarefas antes realizadas por funcionários especializados/experientes. O aumento da qualidade do serviço e a melhoria da produtividade costumam ser duas faces de uma mesma moeda (LOVELOCK, 2011). Figura 4 – Qualidade e produtividade caminham juntas Fonte: Jirsak/Shutterstock.com O desafio das empresas de serviços é entregar para os seus clientes melhores serviços, com resultados financeiros satisfatórios e eficiência no uso de recursos. Assim, podem-se manter atu- antes em mercados altamente inovadores e competitivos. GESTÃO DE SERVIÇOS – 107 – Fechamento Concluímos a unidade relativa à gestão de performance em serviços, em que abordamos as métricas de qualidade e discutimos sobre a importância de analisar as atividades, medir a produ- tividade e buscar, continuamente, melhorias na qualidade. Nesta aula, você teve a oportunidade de: • compreender métodos de medição de qualidade em serviços; • identificar a estratégica genérica para melhoria da qualidade. Referências AMORIM, Reginaldo Freitas et al. Avaliação da Qualidade em Serviços Bancários: Um estudo de caso em Bancos Comerciais. XXXV Encontro Nacional de Engenharia de Produção, Forta- leza, CE, 13 a 16 de outubro de 2015. Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/TN_ STO_207_232_26517.pdf>. Acesso em: 10 de mar. de 2017. LOVELOCK, Christopher. Marketing de serviços: pessoas, tecnologia e estratégia. Versão Kindle 7. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. RIBEIRO, José Luis Duarte et al. Determinantes da satisfação e atributos da qualidade de servi- ços de salão de beleza. Produção, v. 23, n. 3, p. 609-624, jul./set. 2013. Disponível em: <http://www. scielo.br/pdf/prod/v23n3/aop_t6_0002_0679.pdf>. Acesso em: 03 de mar. de 2017. GESTÃO DE SERVIÇOS – 108 – Gestão do relacionamento com clientes de serviços Gelson Luiz Benatti Introdução Atualmente as pessoas possuem acesso facilitado a elevados volumes de informações sobre produtos e empresas, apresentando altos níveis de exigência em relação à qualidade no atendimento. Conhecer o cliente e entender suas expectativas tornaram-se essenciais para a sobrevivência da organização. Integrar empresa e consumidor através da gestão dos relacionamentos é uma vantagem competitiva. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • compreender a importância do feedback do cliente sobre os serviços prestados, bem como formas corretas de reação às avaliações; • conhecer estratégias de relacionamento com o cliente. 1 Estratégias de relacionamento com o cliente Você é um experiente consumidor: em quase todas as suas interações de um dia comum, se houver no outro lado uma entidade empresarial, você está no papel de cliente ou consumidor. A criação de relações sólidas e duradouras com os clientes é condição essencial para que as empresas conquistem e mantenham participação em mercados que oferecem uma grande varie- dade de produtos e serviços (OLIVEIRA et al, 2009).FIQUE ATENTO! As interações com os clientes são e podem parecer triviais, mas são elementos extremamente importantes, pois são os clientes que mantêm a empresa. Lovelock (2011) destaca a importância dos esforços para a fidelização dos clientes por meio de estratégias de marketing de relacionamento bem concebidas, que permitam obter volumes crescentes de receita para a empresa. – 109 – TEMA 15 EXEMPLO Em quase todas as lojas de departamentos, são oferecidos os “cartões da loja”, que permite o acesso a condições diferenciadas. As estratégias de criação de relacionamentos duradouros são classifi cadas por Lovelock (2011) em duas espécies de marketing, considerando o tipo de contato com o cliente: banco de dados e interação. Figura 1 – Tipos de relacionamentos Marketing de Banco de Dados Utiliza tecnologia para mediar os relacionamentos. Exemplo: Serviços de TV a Cabo Marketing de Interação Existe o contato entre clientes e representantes da empresa. Fonte: elaborado pelo autor, 2017. O marketing de banco de dados é usado para identifi car clientes; entregar mensagens dife- renciadas e rastrear os relacionamentos. Ainda que a tecnologia permita personalizar a experiên- cia de consumo, os relacionamentos são, em certa medida, distantes. O marketing de interação ocorre quando existe contato face a face (ou por telefone) entre cliente e fornecedor. Embora o serviço seja importante, são as pessoas e as relações sociais que agregam valor (LOVELOCK, 2011). SAIBA MAIS! Este artigo explora os elementos das principias teorias ligadas ao marketing de relacionamento. Leia no link: <http://www.convibra.com.br/2008/artigos/215_0. pdf>. Os relacionamentos entre clientes e organizações devem satisfazer os dois lados e possuir caráter duradouro. E a empresa deve conhecer o ambiente, adaptar as estratégias e desenvolver processos para enfrentar as ameaças ao relacionamento com os clientes. GESTÃO DE SERVIÇOS – 110 – 2 Gerenciamento de reclamações e recuperação do serviço Por mais que as empresas façam esforços para atender ou superar as expectativas dos seus clientes, nem sempre as interações saem como esperado. Erros acontecem. FIQUE ATENTO! A reclamação do cliente somente acontece quando o que ele experimenta na intera- ção com a empresa é diferente (negativamente) do que ele esperava. Lovelock (2011) afirma que as interações na prestação de serviços são vulneráveis a colap- sos. A maneira como a empresa lida com as reações dos clientes nestes momentos pode deter- minar se ela fideliza ou perde clientes. Figura 2 – Clientes reagem de formas diferentes Quando estão insatisfeitos, os clientes podem adotar três tipos de condutas. Reclamar para o prestador do serviço. Reclamar para um terceiro. Adotar medidas legais para buscar reparação. Mudar de fornecedor. Fazer propaganda boca-a-boca negativa. AÇÃO PÚBLICA AÇÃO PRIVADA NENHUMA AÇÃO Fonte: adaptado de LOVELOCK, 2011. Para abordar de modo adequado as reclamações dos clientes, Lovelock (2011) elenca condu- tas que os gerentes podem adotar, baseadas em perguntas: • por que estão reclamando? Existem quatro motivos principais para reclamar: obter res- tituição ou compensação; dar vazão à raiva; ajudar a melhorar o serviço e por altruísmo; GESTÃO DE SERVIÇOS – 111 – • qual a proporção de insatisfeitos que reclama? Uma proporção muito pequena (entre 5 e 10 por cento) dos clientes insatisfeitos efetivamente reclamam; • por que os descontentes não reclamam? Clientes não gostam de perder tempo, não acreditam que vale a pena ou simplesmente não sabem onde reclamar; • quem tende a reclamar? Pessoas com maior nível de educação e conhecimento ten- dem a reclamar mais; • onde os clientes reclamam? A maior parte das pessoas prefere reclamar no local onde o serviço é prestado. SAIBA MAIS! É importante conhecer as diferentes estratégias de fidelização de clientes. Leia o artigo que avalia as estratégias utilizadas por uma empresa de informática. Disponível em: <http://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos12/37616590.pdf>. Uma reclamação é uma oportunidade de melhoria e recuperação de serviço, que é um “esforço sistemático da empresa para corrigir um problema logo após uma falha e conservar a boa vontade do cliente” (LOVELOCK, 2011, p. 421). Ainda segundo o autor, um sistema de recuperação de serviços envolve fazer certo da pri- meira vez; administrar de modo eficaz as insatisfações; identificar e solucionar efetivamente as reclamações e aprender com a experiência da recuperação. Para gerenciar esses processos de fidelização de clientes e recuperação de serviços, a empresa utiliza sistemas de apoio, chamados de CRMs (Customer Relationship Management Systems). 3 O uso da ferramenta CRM Em suas interações de compra e uso de serviços, você está sempre se relacionado com fornecedores nos quais precisa confiar, como o padeiro do bairro e o seu mecânico de confiança. Esse tipo de relacionamento está no cerne do CRM.EXEMPLO Para entender como o CRM pode ser usado para a gestão de relacionamento com o cliente, pense em um cliente que está assistindo um programa na TV por assina- tura, quando ocorre uma queda de sinal e interrompe o seu programa. Ele acessa o site da empresa e solicita atendimento. Esse contato é registrado no CRM, com um número de protocolo, e será utilizado pela operadora para melhorar seus serviços. GESTÃO DE SERVIÇOS – 112 – Lovelock (2011) defende uma visão mais estratégica do CRM, que enfoca o desenvolvimento lucrativo e o gerenciamento de relacionamentos. Em empresas com milhares de clientes, é impos- sível fazer isso sem apoio da tecnologia. Figura 3 – CRM personaliza experiências Umsistema de CRM bem implementado pode oferecer uma experiência única para cada cliente, mesmo quando atendendo a milhares de clientes diferentes. E empresa pode, a partir do cruzamento de dados, segmentar e classificar melhor sua base de clientes, realizando ações com alvos bem definidos. Com o CRM, cada cliente pode ter uma experiência única, mesmo que o serviço seja padronizado. CRM: tecnologia a serviço de relacionamentos Fonte: adaptado de LOVELOCK, 2011. Já Oliveira et al (2009, p. 87) destacam o papel da tecnologia, afi rmando que os CRMs são softwares “baseados em Banco de Dados que permitem receber e armazenar informações sobre clientes, comportamentos, desejos e necessidades.” FIQUE ATENTO! O CRM permite que a empresa automatize diversas etapas do atendimento, ofere- cendo ao cliente a sensação de receber um atendimento altamente individualizado, embora seja tratado em lotes pelo sistema. L ovelock (2011) aponta os usos possíveis para os sistemas CRM: coleta de dados (detalhes de contato, histórico de compras e preferências); análise de dados (divisão de base de clientes e personalização); automação de força de vendas (geração de oportunidades de vendas e vendas cruzadas); automação de marketing (campanhas um a um); automação de central de atendimento (identifi car o cliente e direcionar o atendimento). Todos os esforços de relacionamento, utilizando ou não CRMs, podem ser inefi cientes, se não for dada a importância adequada para a comunicação e feedback. Vamos ver mais sobre isso a seguir. GESTÃO DE SERVIÇOS – 113 – 4 A importância do feedback O processo de aprendizado é o que permite que algumas empresas sobrevivam, e outras não. LOVELOCK (2011, p. 458), afirma que “em mercados cada vez mais competitivos, a vantagem suprema para uma empresa é aprender a mudar antes que a concorrência o faça. Sistemas efica- zes de feedback facilitam a aprendizagem rápida”. Os sistemas de feedback apoiam três categorias de objetivos, mediados por perguntas (LOVELOCK, 2011): • avaliação de qualidade e desempenhodo serviço: qual o nível de satisfação dos nos- sos clientes? • aprendizado e melhoria direcionada ao cliente: O que deixa nossos clientes felizes ou infelizes? Quais os pontos fortes e os pontos fracos? • criação de cultura orientada ao cliente: Como mobilizamos nossos recursos para ofe- recer um serviço de qualidade para os nossos clientes? Para ouvir o cliente, existem diversas ferramentas, cada uma com características próprias. A combinação de várias ferramentas permite que a empresa “explore os pontos fortes e compense os pontos fracos de cada uma” (LOVELOCK, 2011, p. 459). Figura 4 – Ferramentas de CRM Comprador Misterioso Pessoas contratadas pelas empresas, para verificar se as equipes de atendimento se comportam como esperado. Grupos de Discussão Usuários mais significativos são reunidos para detalhar suas necessidades. Feedback Espontâneo Reclamações e elogios que os clientes fazem por conta própria. Levantamento de Mercado Pesquisas que apontam aspectos da empresa do ambiente. Cartões de Feedback Formulário preenchido depois da entrega do serviço, onde o cliente avalia a experiência. Pode ser feito por SMS. Revisões de Serviços Entrevistas profundas e individuais, realizadas com os clientes mais valiosos da empresa. Fonte: adaptado de LOVELOCK, 2011. A escolha de uma ferramenta é uma decisão estratégica, portanto, deve ser cuidadosamente realizada pelos gestores da empresa. Entretanto, selecionar as ferramentas adequadas e coletar as informações será inócuo, se elas não forem disseminadas para todas as partes envolvidas. (LOVELOCK, 2011). GESTÃO DE SERVIÇOS – 114 – Todos os questionamentos dos consumidores devem ser respondidos de forma individuali- zada, com oferecimento de solução e prazos que deverão ser rigorosamente cumpridos. Assim, a análise das informações coletadas servirá como base para uma mudança na cultura da organização e para a sobrevivência no mercado competitivo. Fechamento Concluímos a unidade relativa ao estudo da gestão de relacionamento com os clientes de serviços, onde pudemos conhecer ferramentas tecnológicas importantes para entender às neces- sidades dos clientes e percebemos como o feedback é primordial para qualificar os serviços prestados. Nesta aula, você teve a oportunidade de: • compreender a importância do feedback do cliente sobre os serviços prestados, bem como formas corretas de reação às avaliações; • conhecer estratégias de relacionamento com o cliente. Referências LOVELOCK, Christopher. Marketing de serviços: pessoas, tecnologia e estratégia. Versão Kindle. 7. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. NEGRÃO, Eunice Ester et al. Marketing de relacionamento: uma reflexão teórica. V Convibra – Congresso Virtual Brasileiro de Administração. Disponível em <http://www.convibra.com.br/2008/ artigos/215_0.pdf>. Acesso em: 05 de mar. de 2017. OLIVEIRA, Benjamin Délcio Coelho et al. Marketing de relacionamento: uma análise das ações estratégicas do processo de fidelização de clientes sob a ótica dos gerentes e colaboradores do setor de vendas da empresa Computer Store BR. IX SEGeT – Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia. Rio de Janeiro, 24 a 26 de Outubro de 2012. Disponível em: <http://www.aedb.br/ seget/arquivos/artigos12/37616590.pdf>. Acesso em: 05 de mar. de 2017. OLIVEIRA, Edson Gomes et al. Marketing de Serviços: Relacionamento com o cliente e estratégias para a fidelização. Revista de Administração da FATEA, v. 2, n. 2, p. 79-93, jan/dez, 2009. GESTÃO DE SERVIÇOS – 115 – Gestão do relacionamento e desenvolvimento da fidelidade Luis Fernando Conduta Introdução No cenário atual, encontramos diversas ofertas de serviços e produtos que visam o mesmo escopo de mercado, e entre eles, não há diferenciação. Por meio de estratégias previamente estu- dadas, o gestor do negócio procura captar os clientes certos, de modo a oferecer um serviço adequado, tendo em vista sua fidelização. Sabemos que o principal foco de uma empresa deve ser o cliente, prevendo e satisfazendo suas necessidades. Vamos conhecer, então, a importância do cliente satisfeito para a empresa? Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • compreender a importância da satisfação do cliente para construção de uma base de fidelização. 1 Entendimento e busca da fidelidade do cliente Sabemos que houve uma mudança no comportamento consumidor, que conta com a larga oferta de opções, que influencia na competitividade do mercado. Isso faz com que as empresas tenham que se organizar em relação ao entendimento de seu público. 1.1 Entendendo o cliente Procurar o cliente certo é entender qual o tipo de consumidor se deseja ter. Possuindo um alvo, mais facilmente o profissional de marketing e os gestores conseguirão estudar seu perfil e o que busca. (SPILLER, 2011). FIQUE ATENTO! É necessário descobrir quais são as necessidades e desejos do cliente, o que ele deseja daquele produto ou serviço. Além disso, é importante refletir a respeito disso sob a perspectiva do consumidor e não pela do fornecedor e nem do proprietário do negócio, como nos define Marcos Cobra na obra “Administração de Marketing no Brasil” (2009). – 116 – TEMA 16 Figura 1 – Busca de estratégias de destaque Fonte: Anson0618/Shutterstock.com Diante de tal cenário, o nível de satisfação do cliente conta muito para o desenvolvimento da fidelidade. As empresas devem estar atentas ao investimento de estratégias que visem elevar os níveis de satisfação, fazendo disso sua principal meta. Figura 2 – Estudo do perfil dos clientes Fonte: Lonely/Shutterstock.com GESTÃO DE SERVIÇOS – 117 – SAIBA MAIS! Uma pessoa é única em sua personalidade e esta influencia sua maneira de agir. Temos estudos que reverenciam o perfil de alguns tipos de clientes e como agir com eles. O artigo “Como lidar com os 8 principais tipos de clientes”, publicado pela revista Exame, faz uma análise interessante a respeito; mas lembre-se que efetivar essas estratégias também é estudar as necessidades individuais dos consumidores. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/pme/como-lidar-com-os- 8-principais-tipos-de-clientes/>. Spiller (2011) e Lovelock (2011) colocam que fidelizar o cliente produz recompensas reais, como a criação de uma boa imagem da empresa e maior lucratividade. Para tanto, é preciso moni- torar o grau de satisfação dos clientes. Isto é fundamental para que as empresas tenham condi- ções de estudar o seu público e oferecer serviços e produtos com a qualidade que ele busca. EXEMPLO Existem várias maneiras de medir a satisfação do cliente perante o serviço ofereci- do pela empresa. Citamos aqui como exemplo a pesquisa de pós-venda, onde um programa é criado pela empresa para que os clientes possam dar o seu feedback sobre as sensações e sentimentos que tiveram com o atendimento realizado e com a satisfação da prestação do serviço. 2 O que é a fidelidade? É necessário ter em vista que o cliente, em primeiro lugar, é um ser humano, um indivíduo que busca um serviço ou produto para satisfazer os seus desejos e/ou necessidades. Em segundo lugar, devemos pensar nele como consumidor. Ele espera receber a qualidade de serviço, que a promessa se cumpra refletindo integridade, agilidade, competência, educação, comunicação, cre- dibilidade e segurança. GESTÃO DE SERVIÇOS – 118 – Figura 3 – Fidelização de clientes Fonte: hvostik/Shutterstock.com Podemos entender que diante dos fatores percebidos, ele estabelece a fidelização ou não com a marca. Como coloca Lovelock (2011), a fidelidade é um termo utilizado para descrever a lealdade. No contexto do marketing, essa fidelidade é a “disposição de um cliente para continuar a prestigiar uma empresa no longo prazo, comprar e utilizarseus bens e serviços repetidamente, e, de preferência, com exclusividade, e, recomendar seus produtos e serviços a amigos e colegas” (LOVELOCK, 2011, p. 293). SAIBA MAIS! Podemos imaginar que há ramos de empresas que têm mais dificuldade em atingir a fidelização. Para entender melhor esse aspecto convidamos a ler “Um estudo sobre a fidelização de clientes a partir de estratégias de marketing de relacionamento no segmento de farmácias e drogarias”, de Paula Fernanda Prado Pereira e Fabrício César Bastos, apresentado no VI Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia - SEGeT, 2009. Disponível em: <http://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos09/229_ Artigo_Seget_utima_versao.pdf>. 3 O papel do marketing de relacionamentos Segundo Cobra (2009, p. 6), o marketing de relacionamentos pode ser definido “com o obje- tivo de criar, conquistar e manter clientes, estabelecendo relacionamentos mutuamente satisfa- tórios de longo prazo com partes-chave como clientes, fornecedores e distribuidores, a fim de ganhar e reter suas preferências de negócio”. GESTÃO DE SERVIÇOS – 119 – Diante da globalização do mercado, podemos pensar no relacionamento como uma estraté- gia muito valiosa para a colocação no mercado concorrencial. Satisfazer o cliente por meio da qua- lidade de produtos e serviços está se tornando o ponto principal do novo pensamento do marke- ting. (LOVELOCK, 2011; COBRA, 2009). A política em que se baseia o marketing de relacionamentos é a ganha-ganha (SPILLER, 2011). Neste tipo de política, tanto o cliente quanto a empresa saem ganhando, o que gera fideli- zação e lealdade do cliente. FIQUE ATENTO! Antes do marketing de relacionamentos surgir, o cliente não tinha nenhum papel na definição de valor do produto ou serviço. Ele apenas se adequava (ou não) ao que era oferecido pela empresa, que criava o valor de seu produto ou serviço iden- tificando sua necessidade e fornecendo-o. Atualmente, o cliente exerce um papel fundamental na definição do valor que se espera daquele serviço ou produto. As- sim, esse valor é criado juntamente com o consumidor e não pelas empresas, ex- clusivamente. Podemos perceber que o marketing de relacionamento traz ao negócio benefícios reais. Alguns dos apresentados por Spiller (2011): • a redução de custos pelo fato de que a cultura focada no cliente ajuda a evitar desperdícios; • o correto direcionamento, que faz com que a empresa conheça os desejos e expectati- vas do cliente, criando a oportunidade de organizar-se melhor frente a eles; • as empresas se empenham apenas naquilo que trará valor ao cliente, ganhando agili- dade e flexibilidade ao enfrentar desafios; • retorno compensador, onde a busca da satisfação do cliente faz aumentar a lucrativi- dade da empresa, sem que isso acarrete em preços e encargos mais elevados. EXEMPLO A pesquisadora Maria Arnilda Mattos fez uma análise dos benefícios do marketing de relacionamentos para retenção de clientes pessoa física no Banco do Brasil, na região de Saldanha Marinho/RS. Questionários foram aplicados entre clientes (70 pessoas) e funcionários (8 pessoas). O resultado encontrado foi que o Banco do Brasil tem investido na retenção e fidelização de seus clientes, através do marketing de relacionamentos, bem como na reestruturação organizacional para que todos trabalhem sob esse objetivo (reter e fidelizar). A pesquisa também mostrou que a maioria dos clientes está satisfeito com atendimento prestado pelo Banco e 95% dos clientes tem total confiança ao realizar transações e negócios junto ao Banco. GESTÃO DE SERVIÇOS – 120 – Diante de tal exposto, pudemos ter uma conscientização sobre o que é o marketing de rela- cionamento e o que ele busca. 4 Construção de uma base para a fidelização Para construir uma base de fidelização do cliente, temos que pensar em vários níveis de cui- dados, uma vez que nem sempre um cliente satisfeito é um cliente leal. 4.1 Como iniciar o processo de fidelidade? Sabemos que o público nunca estará plenamente satisfeito, a não ser que o produto ou o serviço atinja o nível de encantamento Isto é, quando o consumidor se encontra completamente satisfeito, criando uma afinidade com a marca. Kotler (2001) apud Cobra (2009) explica que as empresas estão se dedicando para garanti- rem uma alta satisfação, porque desta maneira os consumidores criarão afinidade também emo- cional com a marca, resultando em alta lealdade. Se estiverem apenas satisfeitos, estão dispostos a mudar quando houver uma oferta melhor. Segundo Cobra (2009), “a satisfação é construída por meio da qualidade e valor de um bem ou serviço”. Sendo assim, deve-se estabelecer um perfil, conhecendo os clientes, funcionários e fornecedores da empresa, para que se possa integrar os momentos que os clientes passam com os demais ramos da empresa, promovendo o estabelecimento de canais de comunicação que realizarão o feedback constante sobre suas atividades. (SPILLER, 2011). Figura 4 – Avaliação dos clientes Fonte: Blan-k/Shutterstock.com GESTÃO DE SERVIÇOS – 121 – FIQUE ATENTO! Os clientes são os maiores patrimônios de uma empresa. Podemos dizer que co- nhecer o seu produto e serviço, saber o seu ramo de mercado, e conhecer a fundo seu cliente, oferendo um atendimento e preço personalizado, faz com que a empre- sa tenha ganhos sem ter que dispender dinheiro. Lembrando de que nada vale um bom produto, se não houver orientações corretas de seu uso, ou se o cliente recebeu um mal atendimento. Por isso, hoje, as empresas se preocupam com programas que incentivam a qualidade de vida de seus funcionários e investem também em meios de fidelização de seus clientes, sendo eles financeiros ou sociais. Fechamento Identificamos a importância de se conhecer os clientes, para entender sobre o processo de fidelização. Neste sentido, o marketing de relacionamento veio para abrir as perspectivas de abran- gência de mercado, ajudando na recuperação e renovação de vínculos de fidelidade por meio de estratégias como procurar os clientes certos. Nesta aula, você teve a oportunidade de: • compreender o que é a fidelização; • conhecer a respeito de quem é o cliente; • entender porque o marketing de relacionamentos é necessário; • entender como construir uma base de fidelização ao cliente. GESTÃO DE SERVIÇOS – 122 – Referências COBRA, Marcos. Administração de Marketing no Brasil. 3. ed. 4ª reimpressão. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. LOVELOCK, Christopher. Marketing de Serviços: pessoas, tecnologia e estratégia. 7. ed. São Paulo: Pearson Pretice Hall, 2011. MATTOS, Maria Arnilda Favaretto. Benefícios da aplicação do Marketing de relacionamento para a retenção de clientes pessoa física no Banco do Brasil na região de Saldanha Marinho. Programa de Pós-Graduação em Administração (Especialização em Gestão de Negócios Financeiros) da Universidade Federal de Rio Grande do Sul – UFRGS. Porto Alegre, 2007. Disponível em: <http:// www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/14130/000649887.pdf?sequence=1>. Acesso em: 27 mar. 2017. PEREIRA, Paula Fernanda Prado; BASTOS, Fabrício César. Um estudo sobre a fidelização de clientes a partir de estratégias de marketing de relacionamento no segmento de farmácias e drogarias. VI Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia - SEGeT, 2009. Disponível em: <http://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos09/229_Artigo_Seget_utima_versao.pdf>. Acesso em: 27 mar. 2017. SPILLER, Eduardo Santiago e outros. Gestão de Serviços e marketing interno. Rio de Janeiro: FGV, 2011. ZUINI, Priscila. Como lidar com os 8 principais tipos de clientes. Revista Exame, Editora Abril, 2014. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/pme/como-lidar-com-os-8-principais-tipos-de- clientes/>. Acesso em: 27 mar. 2017. GESTÃO DE SERVIÇOS – 123 – Estratégias de relacionamentoe desenvolvimento da fidelidade Luis Fernando Conduta Introdução Esta aula nos propõe estudar as estratégias de relacionamento e desenvolvimento da fide- lidade. Sabemos que após a empresa desenhar o perfil do cliente certo, é preciso desenvolver as estratégias que os façam ser fiéis a ela e, assim, gerar uma onda de crescente relacionamento e lucratividade. Vamos saber mais sobre utilizar os clientes já conquistados a favor da empresa? Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • identificar as estratégias para fidelização de clientes. 1 Estratégias para desenvolver vínculos e recuperação de clientes 1.1 Porque as empresas perdem os clientes? Podemos considerar um desafio desenvolver estratégias de fidelização com o cliente, pois as empresas têm dificuldades para pensar a retenção deles. Constantemente as vemos investindo em novos clientes e deixando os consolidados de lado. EXEMPLO Podemos citar como exemplo algumas empresas que oferecem os serviços de TV à cabo, internet e telefonia. Estas inovam em promoções para captar novos clien- tes, oferecendo altas velocidades de internet e um sem-número de novos canais de televisão a um preço baixo para eles, enquanto os velhos ficam pagando a mais sem receber metade dos serviços oferecidos aos consumidores mais recentes. As empresas se concentram na captação de clientes novos por acharem mais interessante sua conquista, uma vez que isso demanda estratégias bem definidas e um curto prazo de tempo. Já os clientes atuais demandam estratégias mais específicas e que obtém resultados em médio e longo prazo de tempo. – 124 – TEMA 17 FIQUE ATENTO! Ao nos depararmos com situações como a citada no exemplo anterior, percebe- mos como várias empresas deixam de prestar atenção ao seu público já conquis- tado. Cenários como este influenciam nos níveis de satisfação do relacionamento do cliente com a empresa. Ele pode sentir-se deixado de lado ou mesmo ofendido pagando mais, por menos benefícios. Precisamos ter em mente que a empresa precisa de novos clientes, além dos que já foram conquistados. A organização deve dar atenção às duas situações. Porém, quando os clientes reti- dos se fidelizam com o local, o gasto para conquistar novos é menor, uma vez que os retidos já fazem a propaganda pela empresa. EXEMPLO As situações envolvendo empresas que se esquecem dos clientes já conquistados, podem ser analisadas por meio da analogia conhecida como “teoria do balde fura- do”. Imaginemos uma pessoa enchendo um balde que tem vários buracos em sua estrutura, por onde a água sai. Sendo assim, deveríamos primeiramente tampar os buracos, para, posteriormente, encher o balde. Podemos imaginar uma empresa que investe recursos de tempo e energia para captação de novos clientes, porém se esquece dos clientes antigos. Esta empresa precisará investir novo tempo e energia para entender porque estes clientes estão “vazando”, isto é, deixando de consumir seus serviços. Porém, gastaria muito menos energia para retê-los do que para cap- tar novos (KOTLER, HAYES e BLOOM, 2002). Figura 1 – Teoria do balde furado Fonte: adaptado de Slavoljub Pantelic/Shutterstock.com. GESTÃO DE SERVIÇOS – 125 – A seguir, veremos os motivos pelos quais é importante a conquista/retenção e a recuperação de clientes. Já sabemos também que reter os clientes custa menos do que conquistar novos. Agora também conseguiremos entender porque isto ocorre. 1.2 Estratégias de conquista e recuperação de clientes Spiller (2011) e Kotler, Hayes e Bloom (2002) nos ajudam a entender as razões porque a manutenção de clientes, com níveis altos de satisfação, resultam em lucros maiores. Lembrando que conquistar e recuperar clientes é uma tarefa que exige esforço diário e dedicação da empresa. SAIBA MAIS! Para que você conheça os meios de identificação dos níveis de satisfação de uma empresa e como funcionam as estratégias para contornar as insatisfações identifi- cadas, sugerimos a leitura da monografia de José Lopes Melo Junior, “Qualidade no Atendimento: um estudo na agência bancária Santander Asa Norte em Brasília – DF”. Disponível em: <http://repositorio.uniceub.br/bitstream/235/7988/1/51204488.pdf>. A empresa deve ter o cliente em seu núcleo. Saber a fundo os seus desejos e necessidades permite investir corretamente e aprimorar os serviços diante da clientela. Figura 2 – Mudanças históricas no foco da empresa Foco NO produto Foco NO cliente Foco DO cliente Fonte: VAVRA, 1993, p. 45. É preciso ouvir suas sugestões, críticas e reclamações, atendendo todas as suas insatisfa- ções e oferecendo recursos como o ressarcimento, garantias, compensações e um serviço de atendimento ao consumidor 0800 (SAC). Spiller (2011) diz que a empresa deve buscar incessantemente por melhorias. O que vemos são organizações atingindo o objetivo esperado de número de clientes e depois estagnando. Para que o negócio se mantenha estável, deve-se ouvir a voz do cliente, estudá-la e implementá-la - se fizer sentido no âmbito da empresa. Quando a empresa precisa de novos clientes, tem que investir recursos e se empenhar na ampliação da conscientização dos colaboradores, além de iniciar pesquisas investigatórias. Mais tarde, quando ela já tiver os seus clientes conquistados, além de não mais precisar investir tantos recursos e energias nisto, perceberá que a clientela consolidada indicará novos consumidores, GESTÃO DE SERVIÇOS – 126 – reduzindo mais ainda o custo de captação. Os clientes fiéis também trazem maior lucratividade, pois a empresa já obteve a confiança deles, o que aumenta a probabilidade de negócios futuros. Há ainda a criação de programas de fidelidade. Estes envolvem três benefícios, segundo Berry e Parasuraman (1992): os sociais, os estruturais e os financeiros. Quadro 1 – Benefícios dos programas de fidelidade Benefícios sociais este tipo de benefício inclui o estabelecimento de grupos sociais, encorajando o uso dos produtos e o envolvimento social dos clientes; Benefícios estruturais a empresa aprimora a estrutura dos melhores clientes, fornece produtos extras, fazendo com que fique difícil o cliente mudar de fornecedor. Quando estes laços es- truturais ficam firmes, mesmo os consumidores insatisfeitos preferem permanecer, diante do alto custo de mudanças; Benefícios financeiros este tipo de programa busca recompensar os consumidores mais frequentes, atra- vés de descontos por volume de compras, ou pontuação por compras repetidas. Fonte: adaptado de Berry e Parasuraman, 1992, p.109. SAIBA MAIS! Para saber mais sobre a importância da manutenção dos clientes e como criar um programa de fidelidade, leia o artigo “7 passos para criar um programa de fidelidade: o objetivo é ajudar a empresa a vender mais para os mesmos consumidores”, de Camilla Gianesi, publicado no site da revista Exame. Disponível em: <http://exame. abril.com.br/pme/como-fazer-o-cliente-voltar/>. 2 Sistemas de gerenciamento do relacionamento com o cliente Após a empresa ter selecionado os clientes certos para sua empresa e realizado investimen- tos estratégicos para retê-los, ela passa a decidir que tipo de clientela pode atender bem. Desta forma, escolhendo a fatia de mercado para a qual deseja se dedicar, ao invés de atender bem a todos os clientes, o que acaba sendo uma tarefa, por vezes, difícil e dispendiosa (LOVELOK, 2011). FIQUE ATENTO! Não são todos os clientes que necessitam receber o aporte da empresa. Entender o tipo de cliente é importante, pois permite à empresa dispensar os clientes que não trazem lucro. GESTÃO DE SERVIÇOS – 127 – Figura 3 – Atraindo os clientes certos Fonte: Dream Master/Shutterstock.com O bom relacionamento entre empresa e cliente não ocorre repentinamente. Para acontecer,deve ser cultivado, ampliado e estrategicamente gerenciado. Kotler, Hayes e Bloom (2002) colo- cam que “a empresa deve utilizar informações disponíveis para identificar os clientes que são lucrativos não apenas agora, mas também no futuro”. Manter bons relacionamentos não é fácil, ainda mais se tratando de uma empresa grande, que possui canais de comunicação com milhões de usuários que se relacionam com ela por diver- sos meios. Lovelock (2011) diz que quando os sistemas de relacionamentos com o cliente (CRM – customer relationship management) são bem implementados, proporcionam aos gerentes as ferramentas necessárias para entender a clientela e modelar seus serviços. Segundo Kotler, Hayes e Bloom (p. 486, 2002): Os componentes de um relacionamento forte com os clientes são a confiança, o conheci- mento sobre eles, a acessibilidade para eles e a tecnologia. Todos esses fatores facilitam o cultivo, o desenvolvimento e a ampliação de relacionamento de negócios a longo prazo. Observando esta citação, podemos entender que, se empresa focar em um menor e mais consistente número de clientes, terá melhores resultados e atenderá a suas expectativas de lucro. FIQUE ATENTO! Entender sobre o ramo de segmento de mercado é necessário para trabalhar com os relacionamentos de uma empresa. De acordo com essa perspectiva, podemos fazer os seguintes questionamentos: • a quem interessa o serviço da empresa? • quem está interessado em receber os benefícios desse tipo de serviço? • qual o perfil do cliente? • quais são seus hábitos de compra? GESTÃO DE SERVIÇOS – 128 – Fechamento Com base nos estudos aqui apresentados, adquirimos o conhecimento sobre os motivos que levam uma empresa entender pelo foco do cliente, investindo seu potencial estratégico para conquistá-lo. Nesta aula, você teve a oportunidade de: • entender estratégias para desenvolver vínculos e recuperação de clientes; • conhecer os sistemas de gerenciamento do relacionamento com o cliente. Referências BERRY, Leonard L. PARASURAMAN, A. Serviços de Marketing: competindo através da qualidade. São Paulo: Maltese, 1992. GIANESI, Camilla. 7 passos para criar um programa de fidelidade: o objetivo é ajudar a empresa a vender mais para os mesmos consumidores. Exame.com, São Paulo, set. 2013. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/pme/como-fazer-o-cliente-voltar/>. Acesso em: 20 fev. 2017. KOTLER, Philip; HAYES, Thomas, BLOOM, Paul. Marketing de Serviços Profissionais: estraté- gias inovadoras para impulsionar sua atividade, sua imagem e seus lucros. 2. ed. Barueri: Editora Manole, 2002. LOVELOCK, Christopher. Marketing de Serviços: pessoas, tecnologia e estratégia. 7. ed., São Paulo: Pearson Pretice Hall, 2011. MELO JUNIOR, José Lopes. Qualidade no atendimento: um estudo na agência bancária Santander Asa Norte em Brasília – DF. (Monografia – Pós-Graduação em Gestão de Pessoas e Coaching). Brasília: Centro Universitário de Brasília (UNICEUB/ICPD), 2014. Disponível em: <http://repositorio. uniceub.br/bitstream/235/7988/1/51204488.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2017. SPILLER, Eduardo Santiago e outros. Gestão de Serviços e marketing interno. Rio de Janeiro: FGV, 2011. VAVRA, Terry G. Marketing de Relacionamento: Aftermarketing. São Paulo: Atlas, 1993. GESTÃO DE SERVIÇOS – 129 – Fundamentos do endomarketing (marketing interno) Luis Fernando Conduta Introdução Com o objetivo de os colaboradores aderirem e cumprirem os objetivos organizacionais, Saul Bekin (1995) criou o conceito de Endomarketing, que estudaremos nesta aula. O prefixo “endo”, que foi acrescentado, tem origem grega e significa ação interior ou movimento para dentro. Então, juntando os termos, é definido como marketing para dentro. Vamos conhecer melhor o Endo- marketing e suas aplicações? Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • compreender os conceitos de Endomarketing (marketing interno); • reconhecer sua importância na gestão dos serviços. 1 Conceito de Endomarketing O Endomarketing, um nova técnica de marketing, é ainda desconhecido por muitas empresas em nosso país. No Brasil, a maioria das organizações foca no marketing externo e em tecnologias, visando atender a sua demanda de mercado, mas existem diversos fatores que podem compro- meter o clima de uma organização. A nova modalidade de marketing, vem adicionar à empresa uma maneira de obter mais qualidade em seus serviços e o encantamento dos seus clientes. (SANTOS, ALMEIDA E FEITOSA, 2016). Figura 1 – Cadeia serviços-lucro Satisfação e fidelidade do cliente interno (colaborador) Valor criado e entregue ao cliente Satisfação e fidelidade do cliente externo Lucratividade da operação de serviço Fonte: adaptado de CORRÊA e CAON, 2002. – 130 – TEMA 18 A interação entre a gestão de pessoas e o marketing se faz presente nesta nova ideia. Alia- dos, são um diferencial competitivo. As ferramentas utilizadas pela área de recursos humanos já são velhas conhecidas nossas: programas de avaliação, benefícios, recompensas, treinamentos e participação nos resultados (SPILLER, 2011). A fusão com o marketing é importante, uma vez que ele estende a mesma valorização que o cliente externo recebe ao colaborador, agora chamado de cliente interno. Isso se deu após os pesquisadores perceberem que a aplicação dos conhecimentos, da lealdade e da experiência dos seus empregados é um bem intangível preciosíssimo à organização (SPILLER, 2011). O objetivo do Endomarketing é cuidar também do cliente interno. A prática proporciona que ele se conecte com os ideais da empresa, e, como diz o ditado: “vista a camisa”. FIQUE ATENTO! Devemos lembrar que a gestão de pessoas é a área responsável por integrar ativi- dades de diferentes especialidades e gerentes com o objetivo de agregar, desenvol- ver, manter e monitorar colaboradores. Já sabemos que os colaboradores são as pessoas responsáveis por entregar tudo o que foi planejado ao cliente. Se esse colaborador gosta de seu trabalho e do ambiente em que está, leva ao consumidor tudo o que aprendeu dentro da empresa: o atendimento, a antecipação de proble- mas e a solução destes; ou seja, todo esse clima favorável, o que cria alta satisfação e fidelização. Essa nova realidade atende os interesses da empresa, dos colaboradores e dos clientes. Figura 2 – Via de mão dupla Fonte: Kao-Ien/Shutterstock.com Segundo Santos, Almeida e Feitosa (2016) “o que as organizações precisam entender é que o Endomarketing é uma ferramenta tão importante quanto o marketing, já que a mesma também é um processo gerencial, cíclico e contínuo”. GESTÃO DE SERVIÇOS – 131 – EXEMPLO A fabricante de carros FIAT captou a ideia do Endomarketing e adotou a filosofia de tratar os seus colaboradores como clientes. Eles realizam, por exemplo, o pri- meiro test drive dos carros. Ela também valoriza a família deles, oferecendo festas de debutantes e de aniversários de casamento. Ainda desenvolveram uma plata- forma virtual para comunicação interna, com estatísticas, promoções e contato direto com o Presidente. Conheça mais detalhes no artigo de Thiago Terra para o portal Mundo do Marketing. Disponível em: <https://casesdesucesso.wordpress. com/2008/10/30/endomarketing-muito-mais-do-que-incentivo/>. 1.1 Conhecendo algumas ferramentas e ações do Endomarketing Para que a aplicação do Endomarketing funcione, a empresa deve ter em mãos os instru- mentos necessários para sua implementação. Há algumas ferramentas e ações que fazem parte do marketing interno e podem ser exploradas a fim de tornar a gestão mais eficiente e produtiva. SAIBA MAIS! Um dos autores mais conceituados na área, Saul Bekin (2004, p. 70 e 71) escreveu que um programa de Endomarketing deve conter os seguintes tópicos: Treinamento soba ótica de educação e desenvolvimento; proces- sos de seleção; planos de carreira; motivação, valorização, compro- metimento e recompensa: sistema de informações e rede de co- municação interna: segmentação do mercado de clientes internos, cenários para novos produtos, serviços e campanhas publicitárias. Conheça algumas ferramentas importantes. • Tornar-se o empregador preferido - esta ferramenta está pautada na cultura da empresa. Está ligada fortemente com o que as pessoas pensam sobre o trabalho den- tro dela. Segundo Corrêa e Caon (2002), atributos como credibilidade, respeito, justiça e orgulho são relevantes nessa eleição. Isso traz benefícios às empresas, fazendo com que hajam ofertas de currículos mais qualificados a ocuparem as funções, menor índice de rotatividade no emprego, reduz os gastos com a saúde do trabalhador; apre- sentam maiores índices de clientes e colaboradores satisfeitos e apresentam maior produtividade e lucratividade. • Atrair as pessoas certas - se a empresa for o empregador preferido pelas pessoas, atrairá currículos competentes. Sabendo dessa possibilidade, a empresa deve se pre- ocupar não apenas em atrair, mas também de selecionar essas pessoas certas e retê- GESTÃO DE SERVIÇOS – 132 – -las. É importante que uma entrevista de emprego seja abrangente, não apenas conhe- cer as aptidões e habilidades do candidato, mas investigar se ele se identifica com a cultura organizacional e integra-se com sua função (SPILLER, 2011). Segundo Chia- venato (2010), o recrutamento pode ser tanto interno, quanto externo. O interno visa realizar o recrutamento de pessoas que já trabalham dentro da empresa, realocando-os em atividades mais complexas e/ou motivadoras. O externo, é a captação de pessoas que ainda não fazem parte da empresa. FIQUE ATENTO! Uma empresa sempre procura os melhores colaboradores. Realiza sua busca por talentos por meio de habilidades curriculares. Quando os candidatos realizam en- trevistas, alguns selecionadores usam de perguntas confusas e ambíguas para tes- tar o candidato, porém é importante ressaltar a necessidade de procurar uma boa atitude. O ser humano tem uma capacidade incrível de aprender e ganhar novas habilidades, mas uma atitude dificilmente é aprendida ou modificada. • Oferecer treinamentos - não é difícil irmos a locais que oferecem serviços de alto contato com o cliente e nos depararmos com pessoas que estão entre os mais mal remunera- dos e mais mal treinados pela empresa. Como colocam Côrrea e Caon (2002), parece contraditório, mas as empresas dispendem mais tempo e dinheiro com colaboradores chamados de back office (gestores, supervisores) e acabam negligenciando seus cola- boradores de linha de frente. É indiscutível que o investimento em gestores tenha grande importância, porém são as pessoas da linha de frente que repassam toda essa estrutura da empresa ao cliente. Chiavenato (2010) coloca que realizar o treinamento não é apenas informar sobre novas habilidades ou repassar tarefas; mas, sim, passar ideias e concep- ções sobre novas formas de enxergar suas próprias atitudes e hábitos, entendendo que o colaborador pode se tornar mais eficaz por ter a oportunidade de refletir. Figura 3 – Treinamento é importante Fonte: Rawpixel.com/Shutterstock.com GESTÃO DE SERVIÇOS – 133 – • Avaliação de desempenho - pode ser realizada por meio da chamada Avaliação 360 graus (CHIAVENATO, 1999 apud SANTOS, ALMEIDA e FEITOSA, 2016). Segundo os autores, essa forma de avaliação visa contribuir para o desenvolvimento das pessoas à medida em que realiza uma análise do desempenho do profissional em função das ati- vidades que ele desenvolve. Desta maneira, ele é avaliado por superiores, pares, subor- dinados e por ele mesmo, recebendo um feedback do seu contexto em geral. FIQUE ATENTO! A avaliação de desempenho é uma “arma” muito poderosa. Não pode conter con- teúdos subjetivos do avaliador e nem interpretações. Apenas o que foi recebido de informação durante o momento da avaliação. • Empowerment (empoderamento – dar poder) - está ligado com a autonomia do cola- borador, onde a empresa dá maior poder de decisão ao funcionário em função de res- ponsabilidades que exigem seu cargo. Spiller (2011) nos complementa que essa auto- nomia não é imposta, mas se dá de forma natural, pelo fato do colaborador necessitar dela para conseguir desenvolver seu trabalho com maior agilidade e confiança. EXEMPLO A fim de entendermos melhor sobre esse assunto, podemos pensar o colaborar como o consumidor de um produto da empresa, que, para ele, é o emprego. Com esta visão, o emprego (“produto”) pode ser trabalhado sob a mesma ótica do marke- ting externo: por meio de planejamento (como remuneração, descrição de cargos, faixas de salários, benefícios, treinamentos etc...), pesquisa de satisfação, comuni- cação (jornal interno e murais) e promoções (premiações, homenagens, serviços especiais, eventos, etc.) 2 Impactos do Endomarketing: públicos, motivação... Segundo Spiller (2011) as habilidades que os serviços necessitam vão muito além da compe- tência técnica. A empresa deve ter enraizado em sua cultura, inserir o discernimento, coragem para assumir riscos e aceitar responsabilidades. Tem que haver um envolvimento efetivo e para isso ocorrer, é necessário um esforço de integração da empresa para com os clientes internos, visando atingir o alto grau de satisfação do cliente. GESTÃO DE SERVIÇOS – 134 – Figura 4 – Sem comunicação não há Endomarketing Fonte: elomda/Shutterstock.com SAIBA MAIS! A comunicação é essencial à integração dos colaboradores, pois sua ausência diminui o alcance dos objetivos e contribui para insucesso das ações de Endomarketing. Uma comunicação eficiente e eficaz proporciona um fator canalizador de envolvimento e empenho dos colaboradores com a empresa. Saiba mais como implantá-la por meio do artigo “Endomarketing como ferramenta estratégica: a adequada utilização dos canais de comunicação aos níveis organizacionais no século XXI”, de Vanessa Inácio Araújo e Vinícius Nunes Carvalho. Disponível em: <http://bd.centro.iff.edu.br/ jspui/handle/123456789/91>. Pudemos perceber, por meio desta aula, que o Endomarketing contribui para o envolvimento os colaboradores com a empresa, porém que isso depende de sua estruturação e aplicação para colher os benefícios. GESTÃO DE SERVIÇOS – 135 – Fechamento Por meio do Endomarketing, é possível à organização ter mais controle sobre a qualidade ofere- cida aos seus clientes dos seus serviços, por meio de políticas e ações voltadas ao seu cliente interno. Nesta aula, você teve a oportunidade de: • entender o conceito de Endomarketing; • perceber a importância que o Endomarketing tem nas empresas de serviços. Referências ARAÚJO, Vanessa Inácio; CARVALHO, Vinícius Nunes. Endomarketing como ferramenta estraté- gica: a adequada utilização dos canais de comunicação aos níveis organizacionais no século XXI. 2014. Disponível em: <http://bd.centro.iff.edu.br/jspui/handle/123456789/91>. BEKIN, Saul Faingaus. Endomarketing, como praticá-lo com sucesso. São Paulo: Person Educa- tion, 2004. CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organiza- ções. 3ª ed. Rio de Janeiro, 579 págs. Elsevier, 2010. CORRÊA, Henrique Luiz; CAON, Mauro. Gestão de Serviços. São Paulo: Atlas, 2002. SANTOS, Daniella Maria Lopes dos; ALMEIDA, Yasminy Tássulla Moreira de; FEITOSA, Águida Maria da Veiga. O Endomarketing como estratégia de gestão e crescimento organizacional. SPILLER, Eduardo Santiago e outros. Gestão de Serviços e marketing interno. Rio de Janeiro: FGV, 2011. GESTÃO DE SERVIÇOS – 136 – Papel da liderança no marketing interno Gelson Luiz Benatti Introdução O endomarketing pressupõe que cada pessoa precisa sabere sentir que é única, sentir que é necessária ao sucesso da empresa e ter sua individualidade respeitada. Nesses tempos em que a pressão dos custos leva a maioria das empresas a buscar elementos de comunicação de massa, resta àqueles que estão mais próximos da operação realizar este contato pessoal: os gestores e líderes. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • compreender a importância do endomarketing fazer parte da gestão estratégica da empresa; • reconhecer o papel do gestor na transformação de funcionários em profissionais de marketing nas organizações. 1 O papel do gestor no endomarketing Um primeiro aspecto para compreender o papel da liderança nas ações de comunicação interna é definir de que estamos falando. Na maior parte das empresas, existem vários níveis de liderança, como diretores, chefes, coordenadores, supervisores. Segundo Brum (2010), o fluxo de informação em uma empresa segue dois caminhos: por meio das lideranças e pelos canais, instrumentos e ações. O primeiro caminho tem um caráter mais pessoal e específico, no sentido de contato direto, enquanto o segundo tende a massificar a comunicação, no sentido de elaborar mensagens mais padronizadas. FIQUE ATENTO! O fluxo de informações, em uma empresa, possui dois aspectos bastante diferen- ciadores: o papel pessoal, que envolve a comunicação dos líderes e a rádio corredor, por exemplo; e o papel institucional, que trata dos canais formais de comunicação, como a intranet. – 137 – TEMA 19 Um líder (BRUM, 2010, p. 859) “deve ser capaz de promover o direcionamento da informação, ter uma visão empresarial ao repassá-la e fazer com que ela sirva de fator de motivação para o público interno”. O líder é, para as pessoas que atuam na operação da empresa, um representante da direção da empresa. Em outras palavras, para um funcionário da base da pirâmide, o líder é a empresa. É, portanto, um exemplo das condutas que a empresa espera das pessoas. SAIBA MAIS! No artigo “Refletindo sobre liderança em Enfermagem”, as autoras abordam o papel do líder de equipes, que consideram um formador de opinião, agente de mudanças e educador com a missão de transmitir informações fidedignas. Vale a pena ler. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414- 81452006000100014&lng=en&nrm=iso>. Brum (2010, p. 870) alerta para o fato de que “quando a liderança não comunica e o empre- gado não encontra a informação nos canais de comunicação interna da empresa, ele acaba se contentando com o acesso informal”. É a famosa rádio peão, ou rádio corredor. Modernamente, podemos chamar de rádio Whatsapp. Figura 1 – Rádio corredor entra em cena Fonte: studiostoks/Shutterstock.com Nestes casos, o vácuo da informação é preenchido pelos empregados com o boato, que pode causar elevados prejuízos, tanto do ponto de vista anímico quanto do ponto de vista operacional e financeiro. GESTÃO DE SERVIÇOS – 138 – FIQUE ATENTO! A rádio corredor se alimenta da inércia dos canais formais de comunicação. Se a empresa decide ficar em silêncio, ou seja, não comunicar, os boatos, naturalmente, tendem a ganhar força. As empresas de melhor desempenho são aquelas que desenvolvem sistemáticas para que a comunicação interna aconteça e flua não somente a partir dos canais de comunicação estabele- cidos, mas também pelas suas lideranças. Entretanto, existem algumas dificuldades dos próprios gestores nesse processo. Brum (2010), aponta que “muitos líderes, por timidez ou despreparo, enfrentam grandes dificuldades na hora de estabelecer um diálogo com a sua equipe ou um subordinado”. Por isso, é importante que o líder se prepare para este exercício de comunicação todos os dias. EXEMPLO Nas praias da Califórnia, existem trechos da costa onde podem ser vistas placas que avisam, com letras grandes e normalmente em negrito, coisas como: “nunca vire as costas para o mar”. E surge a pergunta: por que, na praia, perto do mar, não se deve vi- rar para o continente e admirar a paisagem terrestre? Porque grandes ondas, que são muito comuns, podem pegar os turistas desprevenidos e carregá-los mar adentro. Esse alerta vale para os líderes, enquanto realizam comunicação: não basta apenas perder a timidez, mas também é importante adquirir competências técnicas. Além deste aspecto comportamental, ainda deve ser observado o aspecto técnico. Existem, neste caso, duas linhas de pensamento. A primeira, de acordo com o Brum (2010, p. 899), diz que “um líder deve saber desempenhar as funções de seus subordinados melhor do que eles”. Por outro lado, outra corrente prega que, para liderar, uma pessoa não precisa executar todas as tare- fas dos seus subordinados. Podemos argumentar que ambas estejam certas, ou, avaliando, possamos chegar à conclu- são de que ambas estejam erradas. O importante é que o líder esteja em constante preparação para exercitar da melhor maneira as suas funções. GESTÃO DE SERVIÇOS – 139 – Figura 2 – Comunicação pode ser apreendida Comunicação é uma arma poderosa e definidora para o tipo de líder que cada um deseja ser. Reaprender a ouvir Ouvir é tão importante quanto falar Exercitar a paciência Saber perguntar Atenção na linguagem não verbal Buscar pontos em comum Ter clareza na articulação das ideias Ter um bom vocabulário Ter poder de síntese Conhecer os temas a serem tratados Ter uma voz bem colocada Usar os gestos de modo adequado Fonte: elaborada pelo autor, 2017. O ideal, de acordo com Brum (2010) é que o líder, além de saber quais as informações que precisa repassar, carregue consigo o conjunto de características e elementos que considere impor- tante para si e que sejam relevantes para a empresa e funcionários. Ao agir assim, o líder passa a ser visto como alguém que realmente valoriza sua carreira, a empresa e os demais colegas, passando a ser respeitado pelas suas características pessoais e profi ssionais. 2 Alinhamento estratégico (missão, visão e valores) Um líder exemplar é um líder que olha para a frente, alinhado com os objetivos da empresa. Institucionalmente, esse olhar para a frente é construído pelos instrumentos do planejamento estratégico, que defi nem missão, visão e valores da empresa. Ainda que a defi nição destes elementos seja atribuição da empresa, Posner e Kouzes (2013, p. 91), destacam que “a visão, porém, não pode ser apenas do líder. É preciso que seja uma visão comum”. Todas as pessoas que fazem parte da estrutura da empresa têm os seus sonhos, aspira- ções e anseios. Todos querem que o futuro seja melhor do que o presente. GESTÃO DE SERVIÇOS – 140 – O objetivo do alinhamento estratégico é suprir as necessidades das pessoas de “se sentir informado, sabendo o que faz, por que faz, para quem e para que faz e, sobretudo, que resultados são esperados do grupo como um todo e dele em particular” (GUIMARÃES, 2012, P. 163). Figura 3 – O líder e a estratégia Os líderes têm um papel essencial na disseminação da estratégia entre todos os níveis da organização. ESTRATÉGIA CHEFE CHEFE CHEFE CHEFE FUNCIONÁRIO FUNCIONÁRIO FUNCIONÁRIO FUNCIONÁRIO FUNCIONÁRIO FUNCIONÁRIO FUNCIONÁRIO FUNCIONÁRIO Fonte: elaborado pelo autor, 2017. Uma das ferramentas mais utilizadas para obter o alinhamento é a adoção de práticas de gestão do conhecimento. Daft (2015) caracteriza estas práticas como a reunião de esforços para encontrar, organizar e tornar disponível sistematicamente um capital intelectual da empresa e para estimular uma cultura de “aprendizagem contínua e o compartilhamento de conhecimento”. SAIBA MAIS! No contexto atual da era do conhecimento, um dos maiores desafios enfrentados pelas organizações é o de gerir o conhecimento tácito, mas como gerenciar o conhecimento que estána cabeça das pessoas? Como motivá-las ao compartilhamento? Leia mais no artigo “Compartilhamento do conhecimento em portais corporativos”. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/tinf/v22n1/ a02v22n1.pdf>. Em uma empresa, existem conhecimentos tácitos e codificados e ambos devem ser gerenciados como conhecimentos relevantes. O conhecimento tácito é o conjunto que reúne a “experiência pessoal, as regras práticas de convivência a intuição e o julgamento das pessoas” (DAFT, 2015, p. 493). FIQUE ATENTO! O conhecimento, na empresa, está espalhado em duas grandes categorias: há o conhecimento da prática de trabalho, passada adiante de modo informal, chamado de tácito, e aquele dos regulamentos e documentos, chamado de codificado. GESTÃO DE SERVIÇOS – 141 – Por outro lado, o conhecimento codificado é o conhecimento “formal e sistemático”, que pode ser “articulado, escrito e repassado” para todos os níveis da organização, através de “documentos, regras ou instruções gerais” (DAFT, 2015, p. 493). Todas as organizações, de tempo em tempo, fazem mudanças na sua estratégia, alterando estruturas, procedimentos gerenciais e operacionais. No passado, com ambiente estável, as mudanças aconteciam facilmente. Atualmente, as mudanças são cada vez mais rápidas. Daft (2015, p. 434), aponta que atualmente existe a competição baseada no tempo, que “significa entre- gar produtos e serviços mais rapidamente que a concorrência”. EXEMPLO Sergio Marchionne, quando foi presidente da fábrica de automóveis Chrysler, cortou camadas da hierarquia e criou uma organização achatada na qual os 25 mais altos executivos da Chrysler reportam-se diretamente a ele. Eles podem contatá-lo por telefone ou e-mail 24 horas por dia, sete dias por semana. Marchionne toma, em minutos, decisões que costumavam levar semanas ou meses viajando pela hierar- quia (DAFT, 2015). Uma das principais mudanças nas estruturas, neste sentido, é a redução dos níveis de geren- ciamento e descentralização das decisões para os níveis mais baixos. Quando comunica a visão da liderança, é importante que os líderes tenham a clareza tanto do cenário da empresa (qual sua missão, visão e valores), quanto de como se está utilizando as formas de comunicação (FURLAN, 2016). Figura 4 – Comunicação clara é vantagem Fonte: Hiero Graphic/Shutterstock.com GESTÃO DE SERVIÇOS – 142 – Assim, o líder exerce com eficácia seu papel e realiza o alinhamento entre missão, visão e valores da empresa como todos os colaboradores e demais participantes do cenário. Fechamento Chegamos ao final desta aula, onde abordamos o importante papel do líder nas ações de marketing interno e nos processos de alinhamento da estratégia com a operação. Nesta aula, você teve a oportunidade de: • conhecer aspectos do papel da liderança na criação de uma comunicação efetiva; • compreender o papel do endomarketing para a criação de visões estratégicas compartilhadas. Referências BRUM, Analisa de Medeiros. Endomarketing de A a Z: como alinhar o pensamento das pessoas à estratégia da empresa. Versão Kindle. São Paulo: Integrare, 2010. DAFT, Richard. Organizações: teoria e projetos. 11. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2015. FURLAN, João Marcelo. FLAPS! Liderança Adaptágil. 2ª Edição. São Paulo: DVS Editora, 2015. GUIMARÃES, Gilberto. Liderança Positiva. São Paulo: Évora, 2012. MORESI, Eduardo Amadeu Dutra & MENDES, Sérgio Peixoto. Compartilhamento de Conhecimento em Portais Corporativos. Revista TransInformação, São Paulo, v. 22, n. 1, p. 19-32, abr., 2010. Dis- ponível em: <http://www.scielo.br/pdf/tinf/v22n1/a02v22n1.pdf>. Acesso em: 15 abr. 2017. POSNER, Barry e KOUZES, James. O Desafio da liderança: como aperfeiçoar a capacidade de lide- rar. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. RIBEIRO, Mirtes; SANTOS, Sheila Lopes dos & MEIRA, Taziane Graciet Balieira Martins. Refletindo sobre liderança em enfermagem. Revista de Enfermagem da Escola Anna Nery. Rio de Janeiro, v. 10, n. 1, p. 109-115, abr., 2006. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/ean/v10n1/v10n1a14. pdf>. Acesso em: 14 abr. 2017. GESTÃO DE SERVIÇOS – 143 – Ações e ferramentas de endomarketing Gelson Luiz Benatti Introdução Pessoas felizes produzem mais e melhor. Em uma empresa, a felicidade organizacional é a soma do contentamento de cada um, medida pelo clima organizacional, que reflete o ambiente de trabalho. Uma das ferramentas essenciais na missão de construir um bom clima é a informação, utilizada pelo endomarketing para estabelecer relacionamentos produtivos, saudáveis e duradou- ros com os empregados. Este é o objeto de estudo da nossa aula. Vamos conhecê-lo? Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • reconhecer as principais ações de endomarketing; • compreender as práticas de endomarketing mais aderentes aos objetivos da organização; • identificar as principais ferramentas do endomarketing e suas formas de aplicação. 1 Ações de endomarketing Como em quase todas as ações relacionadas com gestão, um dos primeiros passos para rea- lizar qualquer plano é conhecer o que se está abordando e esclarecer o que está envolvido no tema. No endomarketing, o instrumento para isso é a pesquisa de clima. Segundo Brum (2010), a pesquisa é um dos principais canais para conhecer a opinião e o nível de satisfação dos emprega- dos. Normalmente aplicada uma vez por ano, serve para estruturar as ações da gestão de pessoas. FIQUE ATENTO! A pesquisa de clima é um instrumento que deve ser realizado de modo contínuo, pois sua principal vantagem é medir a evolução do clima organizacional de uma empresa. É importante que a empresa esteja preparada para os resultados da pesquisa. Tanto no aspecto relacionado com a adoção de ações para melhorar aqueles aspectos onde o desempe- nho não é o esperado, quanto com relação ao fato de que “nem sempre a percepção das pessoas coincide com a realidade existente” (BRUM, 2010, p. 1145), situação em que devem ser dedicados esforços para melhorar a comunicação. – 144 – TEMA 20 Figura 1 – Pesquisa de clima Fonte: elaborado pelo autor, 2017. O que deve fi car claro é que a pesquisa de clima mostra a percepção das pessoas sobre um tema, e não, necessariamente a realidade sobre aquele tema (BRUM, 2010). Assim, as ações do endomarketing visam modifi car a percepção das pessoas sobre os aspectos da empresa. SAIBA MAIS! No artigo “Clima Organizacional: fator de satisfação no trabalho e resultados efi cazes na organização”, os autores analisam conceitos como clima organizacional e satisfação no trabalho, apontando as possíveis consequências e benefícios que o ambiente pode trazer tanto para a empresa quanto para seus colaboradores. Será interessante aprofundar seus conhecimentos nesse tema. Disponível em: <http:// www.aedb.br/seget/arquivos/artigos12/37116504.pdf>. Conhecendo as percepções, a empresa deve agir. Duas ferramentas apoiam a criação de um ambiente de trabalho positivo. O empowerment, que signifi ca, literalmente, empoderamento, é caracterizado pela “descen- tralização de poderes” (POSNER e KOUZES, 2013, p. 214) e pelo “compartilhamento da autoridade” (DAFT, 2015, p. 313). GESTÃO DE SERVIÇOS – 145 – O conceito apresenta um aparente paradoxo: o poder e a influência da liderança aumentam quando se transfere poder. Posner e Kouzes (2013) afirmam que líderes mais efetivos entendem que a crença das pessoas na própria capacidade de realização é ampliada quando os líderes trans- ferem o poder, passando a atuar como orientadores. EXEMPLO Na empresa A, os funcionários de chão de fábrica não participam e não têm ne- cessidade de participar do processo decisório da empresa. Os gerentes possuem apenas autoridade e autonomia no que diz respeito ao conteúdo de seus trabalhos, não cabendodecidir sobre as estratégias empresariais. Na empresa B, onde há empowerment, os gerentes têm poder de decisão junto ao gerente mundial da orga- nização para a definição da estratégia empresarial (RODRIGUES, 2004). Segundo Daft (2015), o empowerment envolve dar aos empregados três elementos para rea- lizar o trabalho com mais liberdade: • informação sobre o desempenho da empresa, com treinamentos e capacitações; • conhecimento por meio de programas estruturados de desenvolvimento de pessoas; • poder para tomar decisões que influenciam os procedimentos organizacionais. O empowerment facilita a adoção da gestão participativa, uma prática onde nenhuma pes- soa, independentemente de qual seja seu nível hierárquico, é excluída do processo decisório. Figura 2 – Empowerment cria clima positivo Fonte: PlusONE/Shutterstock.com Brum (2010) aponta que, neste modelo participativo, os líderes caminham pela empresa, con- versam, frequentam os ambientes onde as pessoas trabalham, almoçam e descansam, desco- brindo seus gostos e observando suas atitudes. GESTÃO DE SERVIÇOS – 146 – FIQUE ATENTO! Não basta realizar pesquisas de clima, mas sim fazer com que a liderança efeti- vamente participe da criação e da manutenção de um bom ambiente de trabalho. Um clima organizacional positivo é um dos aspectos mais importantes para que uma empresa tenha empregados dispostos a manter e aumentar os negócios. E ele não se faz sozinho, sendo fruto de ações estruturadas e dedicadas a este objetivo. 2 Ferramentas do endomarketing O endomarketing possui ferramentas para criar um ambiente positivo na empresa. As principais são os canais de relacionamento, disponíveis em vários formatos e mídias. O importante não é conhecer todos, mas saber escolher o que mais se adapta à cultura da empresa. Cultura, segundo Daft (2015) é o conjunto de valores, normas, crenças, entendimentos e modos de pensar compartilhados e transmitidos aos membros da organização como sendo as maneiras certas de pensar, sentir e se comportar. Figura 3 – Cultura organizacional Fonte: Kzenon/Shutterstock.com A partir do conhecimento da cultura da empresa, Daft (2015) aponta o uso dos sistemas de informação como vantagem competitiva para ações de endomarketing que, usando redes, pode ligar pessoas e departamentos, permitindo compartilhar informação e cooperar. GESTÃO DE SERVIÇOS – 147 – FIQUE ATENTO! As ferramentas de endomarketing devem ser adequadas à cultura da empresa e ao mercado em que a empresa está atuando. O uso de intranet (redes que só podem ser utilizadas por quem faz parte da empresa) permite que os funcionários se mantenham atualizados, encontrem informações de modo rápido é fácil, compartilhem ideias e trabalhem de modo cooperativo e colaborativo. EXEMPLO Antigamente, as indústrias tinham muitos problemas com acidentes de trabalho: pessoas perdiam braços, pernas e até morriam. Hoje, as empresas comemoram centenas de dias sem acidentes que, quando ocorrem, já não mutilam nem matam. Isso aconteceu pela disseminação interna de conceitos e técnicas de segurança, via canais, campanhas e instrumentos de endomarketing. As intranets evoluíram para as redes sociais. Daft (2015) lista as mídias sociais como uma ferramenta que o endomarketing pode utilizar para transformar o conhecimento tácito em explí- cito, utilizando, por exemplo, blogs (páginas onde as pessoas postam ideias e opiniões) e wikis (espaços de criação, compartilhamento e edição de conteúdo). SAIBA MAIS! No artigo “Endomarketing e tecnologia: a aliança para melhoria da comunicação interna”, os autores mostram a importância da utilização do endomarketing aliado a novas ferramentas tecnológicas para auxiliar na aproximação dos diversos setores internos das empresas, implicando em melhoria nos processos de comunicação por meio da Internet. Vale a leitura! Disponível em: <http://re.granbery.edu.br/ artigos/NDg4.pdf>. Dentre as ferramentas que não usam tecnologia, as mais tradicionais são relatórios, boletins ou murais. A cada dia, estes formatos perdem espaço, por conta da necessidade do aumento da agilidade nas comunicações. Segundo Marins (2010), as ferramentas mais utilizadas pelas empresas são: • vídeos institucionais, que têm como objetivo colocar os clientes internos em contato com a visão que a empresa passa ao mercado; • manuais técnicos e educativos, que apresentam produtos e serviços; • revistas ou jornais internos; • cartazes motivacionais ou informativos; GESTÃO DE SERVIÇOS – 148 – • canais diretos, como reuniões com diretores; • palestras internas, para apresentar as novidades, tendências e a evolução da empresa; • roupas com a marca da empresa; • memoriais com a história da empresa; • rádio interna; • vídeo jornal; • intranet; • convenções internas. Figura 4 – Vantagens e desvantagens dos diferentes canais Pontos Positivos Pontos Negativos pessoais voa dupla feedback rápidio não tem registros espontâneas difícil disseminação Conversa Pessoal Telefone E-mail, Mensagens Intranet, Redes Sociais Memorandos Boletins escritos Relatórios Formais pfornecem registro premeditadas facilmente disseminadas impessoais via única feedback lento Fonte: adaptado de FURLAN, 2016. Em resumo, são muitos os instrumentos que podem ser aplicados ao endomarketing. No pro- cesso de escolha, é importante conhecer a cultura da empresa e saber qual a visão em relação aos custos envolvidos, como, por exemplo, o tempo para desenvolver e manter a ferramenta escolhida. Fechamento Nesta aula, você teve a oportunidade de: • entender aspectos importantes sobre as ações de endomarketing que a empresa pode desenvolver; • conhecer as ferramentas de endomarketing que podem ser utilizadas para criar um ambiente positivo e um clima organizacional que favoreça a produtividade. GESTÃO DE SERVIÇOS – 149 – Referências BERNARDO, Juliana Maioli Laval; VIANNA, Laísa Morais; SOUZA, Larissa Marôcco de. Endomarketing e Tecnologia: a aliança para melhoria da comunicação interna. Revista Eletrônica da Faculdade Metodista Granbery, n. 14, jan./jul. 2013. Disponível em: <http://re.granbery.edu.br/artigos/NDg4. pdf>. Acesso em: 18 abr. 2017. BRUM, Analisa de Medeiros. Endomarketing de A a Z: Como alinhar o pensamento das pessoas à estratégia da empresa. Versão Kindle. São Paulo: Integrare, 2010. DAFT, Richard. Organizações: Teoria e projetos. 11. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2015. FURLAN, João Marcelo. FLAPS! Liderança Adaptágil. 2. ed. São Paulo: DVS Editora, 2016. MARINS, Cristiano Souza et al. Endomarketing: uma ferramenta estratégica para aumentar a produtividade. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DA PRODUÇÃO, 30., 2010, São Carlos, SP. Anais eletrônicos. Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2010_tn_ sto_113_739_15201.pdf>. Acesso em: 18 abr. 2017. OLIVEIRA, Daniele; CARVALHO, Roberto José; ROSA, Adriano Carlos Moraes. Clima organizacional: fator de satisfação no trabalho e resultados eficazes na organização. In: SIMPÓSIO DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO E TECNOLOGIA, 9., 2012, Resende, RJ. Anais eletrônicos. Disponível em: <http://www. aedb.br/seget/arquivos/artigos12/37116504.pdf>. Acesso em: 18 abr. 2017. POSNER, Barry; KOUZES, James. O Desafio da liderança: como aperfeiçoar a capacidade de lide- rar. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. RODRIGUES, Claudia Heloisa Ribeiro; SANTOS, Fernando César Almada. Empowerment: estudo de casos em empresas manufatureiras. Gestão e Produção, v11, n. 2, p. 263-274, mai/ago, 2004. São Carlos, SP. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/gp/v11n2/a12v11n2.pdf>. Acesso em: 18 abr. 2017. GESTÃO DE SERVIÇOS – 150 –