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AFECÇÕES RESPIRATÓRIAS DE EQUINOS Prof. Msc. Daniela Junqueira de Queiroz INTRODUÇÃO • Cavalos de esporte: lugar de destaque Afecções do sistema locomotor < afecções do sistema respiratório • Demais categorias: 1º lugar!! REVISÃO ANATÔMICA • Vias aéreas: condutos que se estendem das narinas até os alvéolos • Classificadas em superiores e inferiores - localização • Vias aéreas superiores (VAS): narinas, seios paranasais, faringe, bolsas guturais, laringe e traqueia • Vias aéreas inferiores (VAI): condutos originários da traqueia - sucessivas ramificações culminando nos alvéolos REVISÃO ANATÔMICA • Entrada do tórax: traqueia emite dois condutos extrapulmonares denominados brônquios primários • Brônquios primários separados pela carina • Parênquima pulmonar: brônquios primários se ramificam em dois ou três brônquios secundários - ramificações adicionais até formar os bronquíolos REVISÃO ANATÔMICA • Bronquíolos terminais - bronquíolos respiratórios - sacos cegos denominados alvéolos • Revestimento interno: epitélio ciliado pseudoestratificado REVISÃO ANATÔMICA • Células caliciformes secreções - proteção • Glândulas tubulares • Alvéolos Pneumatócitos tipo I: função estrutural Pneumatócitos tipo II: surfactante • VAI: células de defesa – macrófagos e linfócitos; neutrófilos, mastócitos e eosinófilos VARIAÇÕES NA PO2, PCO2 E ÍON H+ QUIMIORECEPTORES CENTRAIS (bulbo) QUIMIORECEPTORES PERIFÉRICOS (bifurcação das aa carótidas e arco aórtico) CENTRO RESPIRATÓRIO (localizado no bulbo e ponte) AUMENTO DA VENTILAÇÃO • Movimento mucociliar • Tosse • Espirro • Imunidade humoral: imunoglobulinas • Imunidade celular: macrófagos alveolares ETIOLOGIA • Fatores predisponentes: Esporos de fungos e plantas Gases poluentes - ureia e amônia Poeira Umidade Stress Frio Vasoconstricção Redução do fluxo sanguíneo nas mucosas das vias aéreas Diminuição da atividade dos macrófagos Frio ETIOLOGIA • Fatores determinantes: responsáveis pelo desenvolvimento de inflamação ou obstrução das vias aéreas • Dois tipos: inflamatórios ou mecânicos Inflamatórios: vírus, bactérias aeróbias ou anaeróbias, fungos e parasitas Obstrutivos (mecânicos): alterações em estruturas morfológicas - hemiplegia laríngea, aprisionamento da epiglote, prolongamento ou paralisia do palato mole e timpanismo da bolsa gutural TERAPÊUTICA • Antibióticos • Mucolíticos – acetilcisteína, bromexina, sol. salina • Broncodilatadores – clembuterol, salbutamol, aminofilina • Anti-inflamatórios não esteroidais – AAS, dipirona • Glicocorticóides – dexametasona, fluticasona • Estabilizadores de membrana – cromoglicato de sódio INFLUENZA EQUINA ETIOLOGIA • Vírus – família Myxovirus – dois subtipos: A equi-1 e A equi- 2 • Acomete o homem, equinos, suínos e aves • Facilmente inativados : calor, luz ultravioleta, formaldeído, solventes orgânicos, detergentes sintéticos, sabão e agentes oxidantes INFLUENZA EQUINA FISIOPATOGENIA • Porta de entrada: trato respiratório • Vírus ataca as células ciliares, onde se multiplica rapidamente, causando sua morte – erosões na mucosa • Descamação epitelial + muco (irritação e maior afluxo de sangue devido – congestão) • Inflamação exsudativa grave - mecanismos fisiológicos de eliminação do muco estão prejudicados INFLUENZA EQUINA FISIOPATOGENIA • A equi-1: menos patogênico - inflamação restrita às regiões nasofaríngea e laringotraqueal • A equi-2 pode provocar pneumonia (potros); miosites e miocardites • Infecções secundárias: Streptococcus zooepidemicus - podem provocar a morte, principalmente de animais mais jovens INFLUENZA EQUINA SINAIS CLÍNICOS • Tosse seca e frequente: único sinal por dois a três dias • Rinite com secreção seromucosa/ mucosa • Tosse se torna mais profunda e úmida ou produtiva • Febre (40/41°C) • Apatia, anorexia e, eventualmente lacrimejamento INFLUENZA EQUINA SINAIS CLÍNICOS • Auscultação: crepitações, focos de silêncio – edema, pneumonia • Asininos e muares são extremamente sensíveis INFLUENZA EQUINA DIAGNÓSTICO • Sinais clínicos • Teste sorológico DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Rinopneumonia Grupo pequeno de animais/ animais isolados INFLUENZA EQUINA TRATAMENTO • Casos leves: antitérmico – temp. retal ≥ 39°C • Casos mais graves: ATB, expectorantes, inalação (vapores, O2) PROGNÓSTICO • Bom quando não ocorrem infecções secundárias • Reservado: asininos e muares • ORVA PROFILAXIA: vacina inativada RINOPNEUMONIA • Enfermidade respiratória importante também associada a distúrbios neurológicos e aborto ETIOLOGIA • EHV-1 e EHV-4: enfermidade respiratória • Apenas EHV-1: lesões nervosas e aborto RINOPNEUMONIA FISIOPATOGENIA • Transmissão: contato direto, secreções • Porta de entrada: células epiteliais de revestimento das vias aéreas Mecanismos de defesa • Se o vírus passar pelos mecanismos de defesa do sistema respiratório superior pode seguir duas rotas 48 horas – nervo trigêmio – latente 72 horas – sistemas circulatório e linfático RINOPNEUMONIA MORBIDADE ALTA – 100% MORTALIDADE BAIXA SINAIS CLÍNICOS • Febre • Sinais de infecção do trato respiratório superior • Infecção do trato inferior – broncopneumonia • Aborto • Sinais nervosos RINOPNEUMONIA DIAGNÓSTICO • Isolamento do vírus – secreções • Testes sorológicos TRATAMENTO • ATB: combater infecção bacteriana secundária Penicilina, sulfonamidas • Sinais nervosos: soluções hidroeletrolíticas, corticosteróides e DMSO PROFILAXIA: vacina HERPESVÍRUS EQUINO TIPO 2 • EHV-2 • Quadro clínico semelhante a uma gripe branda • Animais que se contaminam tornam-se portadores – espalham o vírus ARTERITE VIRAL EQUINA ETIOLOGIA • RNA vírus – família Togaviridae SINAIS CLÍNICOS • Febre com duração de 5 a 9 dias • Edema – membros pélvicos, ao redor dos olhos, escroto e prepúcio • Corrimento ocular e nasal • Anorexia e apatia • Aborto • Tosse, diarreia, ataxia – mais raro ARTERITE VIRAL EQUINA DIAGNÓSTICO • Isolamento do vírus Secreção da nasofaringe, em tecidos fetais ou placentários Sêmen de garanhões • Alguns garanhões eliminam o vírus pelo sêmen por toda a vida e contaminam 100% das éguas cobertas TRATAMENTO: sintomático PROFILAXIA: vacina OBSTRUÇÃO RECORRENTE DAS VIAS AÉREAS (ORVA) INTRODUÇÃO • Sinonímia: Pneumopatia Obstrutiva Crônica “Asma” do cavalo Enfisema Alveolar Crônico Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) DEFINIÇÃO • Doença obstrutiva das vias aéreas inferiores • Comum em equinos de meia idade • Sem predileção por raça e sexo CARACTERIZAÇÃO • Perda de desempenho esportivo • Dispneia • Formação de linha de esforço FATORES PREDISPONENTES • Estabulação • Feno • Poeira • Mofo/Fungos • InfecçõesVirais FATORES PREDISPONENTES • Microspolypora faeni • Aspergillus fumigatus FATORES PREDISPONENTES • Infecções prévias Influenza Equina: lesão do epitélio ciliar PATOGENIA Citocinas (IL-4 e IL-13) Antígenos (poeira, esporos de fungos) Destruição das células ciliadas Sensibilização das células T-helper 2 Linfócitos B Receptores na superfície dos mastócitos PATOGENIA DISPARO DA CRISE ALÉRGICA • Fase imediata – minutos!!! Reexposição ao antígeno Ag IgE Mastócito Histaminas Proteases Citocinas PATOGENIA DISPARO DA CRISE ALÉRGICA • Fase tardia – horas Leucócitos: neutrófilos, linfócitos e monócitos Novos mediadores Broncoconstrição, edema de mucosa Diminuição dos movimentos ciliares Acúmulo de células e muco Dificuldade respiratória SINAIS CLÍNICOS • Dificuldade respiratória – Narinas dilatadas – Respiração abdominal • Formação de linha de esforço • Queda de desempenho • Secreção (chão da baia ou cocho) • Variam de acordo com a gravidade SINAIS CLÍNICOS • Tosse profunda (intermitente ou constante) • Sibilos a auscultação DIAGNÓSTICO • Histórico • Endoscopia Exsudato Muco Edema Broncoconstrição • LBA (citologia) Neutrófilos extremamente aumentados DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Doença Pulmonar Obstrutiva Associada às Pastagens de Verão Sinais clínicos semelhantes Causada pela inalação de pólen Animais a pasto Também acomete animais jovens TRATAMENTO • Controle ambiental Remoção do animal da baia Retirada do feno Baia ventilada Cama sem pó – maravalha Feno peletizado Ração peletizada sem pó Limpeza constante TRATAMENTO GLICOCORTICOIDES • Sistêmicos Diminuir a resposta inflamatória Dexametasona: 0,05 a 0,1 mg/Kg/IV (2 semanas) Acetato de isuflopredona: 5 a 10 mg/animal/5 dias IM (até 20 dias) Predinisolona: 1 a 2 mg/Kg/IM/3 a 7 dias-0,5mg/Kg 10 a 14 dias TRATAMENTO GLICOCORTICOIDES • Via inalatória Grande n° de receptores Concentração máxima da droga Menos efeitos colaterais Dipropionato de beclometasona Propionato de fluticasone TRATAMENTO BRONCODILATADORES • Receptores simpatomiméticos beta-2 Clembuterol: 0,8 µ/kg, BID, IV Albuterol Salbutamol Fenoterol Salmeterol TRATAMENTO • Glicocorticoides+Broncodilatadores Dipropionato de beclometasona + Salbutamol Propionato de Fluticasone + Xinofoato de Salmeterol TRATAMENTO BRONCODILATADORES • Parassimpatolíticos Derivado da atropina - Ipratropium bromide Bloqueia a ligação da acetilcolina aos receptores muscarínicos causando broncodilatação TRATAMENTO • Administração por via inalatória TRATAMENTO • Administração por via inalatória TRATAMENTO • Administração por via inalatória TRATAMENTO ESTABILIZADORES DE MEMBRANA • Cromoglicato dissódico: 80mg/ SID Atua inibindo as fases imediata e tardia da resposta inflamatória pulmonar aos antígenos Profilático TRATAMENTO EXPECTORANTES Bromexina: 30mg/Kg/SID/2-3semanas Denbrexina: 0,3mg/Kg/BID/2-3 semanas Hiperhidratação: 30 litros/3 horas/SID/3 dias PROGNÓSTICO • Uma vez instalada não mais desaparece • Tratamento busca melhor sobrevida Possibilita o retorno a vida esportiva • Recidivas podem ocorrer sempre que o animal for reexposto aos fatores desencadeantes Doença Inflamatória das Vias Aéreas (DIVA) INTRODUÇÃO • Processo inflamatório das vias aéreas • Causa queda de desempenho no cavalo atleta • Comum em animais jovens ETIOLOGIA • Mutifatorial • Agentes infecciosos, virais e bacterianos • Origem Imune Compostos orgânicos e inorgânicos Poeira Fungos Debris de ácaros Endotoxinas bacterianas Gases nocivos Partículas metálicas Inflamação Inespecífica SINAIS CLÍNICOS • Tosse - durante a alimentação ou no início do exercício • Corrimento nasal seroso/mucoso/mucopurulento • Dificuldade respiratória leve • Queda de desempenho • Presença de exsudato mucopurulento na traqueia e brônquios DIAGNÓSTICO • Histórico • LBA Inflamação mista: neutrofilia, linfocitose e monocitose Inflamação eosinofílica Células metacromáticas (mastócitos) • Endoscopia Presença de exsudato mucopurulento DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • ORVA Diferenças na citologia do LBA > 25% de neutrófilos - ORVA Ausência de broncoespasmos, obstrução das vias aéreas e sibilos Pouco esforço respiratório Menor perda do desempenho TRATAMENTO • Redução dos antígenos ambientais • Glicocorticóides + Broncodilatadores – 4 semanas • Cromoglicato de sódio • Interferon-alfa (antiviral) – 50 a 150 U/SID/5 dias Reduz exsudato Altera o perfil citológico LBA – recrutamento de leucócitos Hemorragia Pulmonar Induzida pelo Exercício INTRODUÇÃO • Afecção comum em animais atletas • Caracterizada pela presença de sangue na árvore traqueobrônquica após a realização de exercício moderado/intenso ETIOLOGIA • Rompimento de capilares pulmonares - hemoptise Hipertensão (120mmHg) Pressão negativa nos espaços intrapleural e alveolar • Idade – fator predisponentes Lesões fibrosas Cicatrizes enfraquecimento da barreira sangue-gás SINAIS CLÍNICOS • Hemoptise Após exercício Menos de 10% • Presença de sangue ao exame endoscópico SINAIS CLÍNICOS SINAIS CLÍNICOS • Tosse • Dificuldade respiratória • Alta frequência de deglutições • Queda do desempenho • Morte súbita DIAGNÓSTICO • Endoscopia Presença de sangue Deve ser realizada após 30 a 60 minutos após o exercício Pode ser classificado em 5 graus de acordo com a gravidade • LBA Presença de hemossiderófagos TRATAMENTO • Não existe tratamento efetivo • Evitar afecções das pequenas vias aéreas • Furosemida 0,3 a 0,6 mg/Kg Meia dose 5 ou 6 horas antes do exercício Meia dose 120 minutos antes do exercício Diminui o sangramento DÚVIDAS???